A prática do amor ao próximo e o zelo pela Lei

Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” Gálatas 5:14

Como cristãos, somos convidados por Deus a testemunhar de Seu amor ao mundo. Contudo, devido à nossa natureza pecaminosa, somente contemplando a Cristo, e pela ação do Espírito Santo, podemos amar como Deus deseja que amemos. Somente reavivando nossas vidas e recebendo o batismo diário do Espírito Santo seremos habilitados a testemunhar fielmente de Seu amor.

Uma das dificuldades do ser humano, no que diz respeito ao amor ao próximo, está em conciliar esse amor com o zelo pela lei de Deus. Às vezes, a impressão que tenho é que, ou optamos por zelar pela lei, ou optamos por amar ao próximo. No entanto, de acordo com o texto de Gálatas 5:14 o cumprimento da lei se dá em amar ao próximo como a nós mesmos.

Quantas vezes, em nome do zelo pela lei de Deus temos passado por cima das pessoas, apontado seus defeitos de caráter e condenado suas ações? É errado mostrar ao irmão onde ele está pecando? É correto fechar os olhos para algumas atitudes que desonram a Deus diante do mundo e fingir que nada está acontecendo e que não temos nada com isso?

Há algumas semanas, ouvi uma pessoa dizer, durante o estudo da lição da escola sabatina que ninguém tem que se meter na vida do irmão porque cada um deve prestar conta de sua própria vida a Deus. Confesso que me arrepiei ao ouvir isso e rapidamente busquei uma resposta na Palavra de Deus. Não sei que bíblia aquele irmão havia lido, para chegar àquela conclusão, pois na Bíblia que tinha em minhas mãos estava escrito: “Irmãos, se algum dentre vós se tem desviado da verdade, e alguém o converter, saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados.” Tiago 5:19-20.

É certo que cada um prestará contas a Deus de sua própria vida, queridos, mas também prestaremos contas a Deus pelas ocasiões em que poderíamos ter aconselhado nosso próximo e o exortado na verdade, e não o fizemos. Está escrito: “Não odiarás a teu irmão no teu coração; não deixarás de repreender o teu próximo, e por causa dele não sofrerás pecado.” Levítico 19:17.

Sobre esse texto de Levítico, o Espírito de Profecia diz: “se alguém negligencia o dever que lhe é imposto por Cristo, de procurar restabelecer os que se acham em erro e pecado, torna-se participante do pecado. Somos tão responsáveis por males que poderíamos haver reprimido, como se fôssemos nós mesmos culpados da ação.” O Desejado de Todas as Nações, p. 441.

Mas a grande questão continua: como conciliar o amor ao próximo com o zelo pela lei? Sim. A questão continua levantada porque existe uma tendência a permanecer em um de dois extremos – (1) considerar que não temos nada a ver com a vida do nosso próximo (como foi dito por alguém durante o estudo da lição) e com isso consentir com atitudes que desonram a Deus e, muitas vezes, dificultam a pregação do evangelho; (2) ter um “falso zelo” em relação a lei e, por isso, exortar o nosso próximo da forma como nos convém, em nome da honra das coisas de Deus.

Quanto ao primeiro aspecto, já tratamos acima e vimos que é contrário ao ensinamento bíblico. Mas, e o segundo aspecto? Como exortar corretamente? Como zelar pela honra de Deus ao repreender alguém? Somente pelo poder do Espírito de Deus. Somente sendo usados pelo Espírito Santo, recebendo dEle as palavras corretas, podemos fazer isso da forma correta.

A instrução divina é: “Em espírito de mansidão, “olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado” (Gál. 6:1), vai ter com o que está em falta, e “repreende-o entre ti e ele só” Mat. 18:15. Não o exponhas à vergonha, contando sua falta aos outros, nem desonres a Cristo tornando público o pecado ou o erro de uma pessoa que Lhe usa o nome. Muitas vezes, a verdade deve ser francamente dita ao que está em erro; ele deve ser levado a ver esse erro, para que se emende. Mas não te compete julgar nem condenar. Não faças tentativas de justificação própria. Sejam todos os teus esforços no sentido de o restabelecer. Exige o mais delicado tato, a mais fina sensibilidade, o tratamento das feridas da alma. Unicamente o amor emanado da Vítima do Calvário pode aí ser eficaz. Trate o irmão com piedosa ternura o outro irmão, sabendo que, se for bem-sucedido, “salvará da morte uma alma”, e “cobrirá uma multidão de pecados”. Tia. 5:20.” O Desejado de Todas as Nações, p. 440.

Quando alguém se dirige a um irmão para exortá-lo, sozinho, sem o Espírito de Deus, não faz nada mais do que criticá-lo ou condená-lo. As palavras de exortação não têm o mesmo poder, a pessoa é tentada a comentar o pecado do irmão com outros e, por vezes, expõe suas faltas a outras pessoas. Em resumo, ela mesma, em nome do zelo, viola a lei de Deus.

A atitude cristã diante do pecado do próximo é de amor ao próximo e zelo pela lei, sem conflito entre amor e zelo. Isso porque reavivado, batizado diariamente pelo Espírito Santo, o cristão é usado por Deus para essa exortação. Às vezes as palavras serão duras, como por vezes foram duras as palavras dos mensageiros de Deus ao longo de toda a história desse mundo. Mas mesmo duras, serão as palavras corretas, porque procedem do alto!

Não é seguidor de Cristo aquele que, desviando os olhos, se afasta do transviado, deixando-o sem advertência prosseguir em sua degradante carreira. Os que são mais prontos a acusar a outros, e zelosos em os levar à justiça, são freqüentemente em sua própria vida mais culpados que eles. Os homens aborrecem o pecador, ao passo que amam o pecado. Cristo aborrece o pecado, mas ama o pecador. Será esse o espírito de todos quantos O seguem. O amor cristão é tardio em censurar, pronto a perceber o arrependimento, pronto a perdoar, a animar, a pôr o transviado na vereda da santidade e a nela firmar-lhe os pés.” O Desejado de Todas as Nações, p. 462.

Nem todo aquele que é exortado, mesmo que através de palavras inspiradas pelo Espírito de Deus, decide converter-se de seus maus caminhos. Deus é o Deus da liberdade, Sua lei é a lei da liberdade (Tiago 2:12). Nosso papel é entregarmo-nos diariamente nas mãos de Deus para que sejamos usados por Ele. Buscar reavivamento diário, experimentar uma reforma genuína, essa é a nossa necessidade atual. E quando formos exortados, atender à repreensão. Deus deseja santificar-nos, mas Ele respeita nosso direito de escolher viver ou não em conformidade com Sua vontade.

Deus nos abençoe, e nos use!

Graça e Paz!

Mulher Adventista

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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