A Semana Através dos Séculos

Dominguitas e anomistas(a) alegam que a semana originada na criação foi ao longo do tempo alterada e que, o sétimo dia da semana que atualmente é conhecido não corresponde ao que Deus estabeleceu. Esta ficção de que a ordem cronológica dos dias da semana se perdeu com o passar dos séculos é facilmente aniquilada pelos fatos bíblicos, registros históricos e dados da astronomia(b).

A INTEGRIDADE SEMANAL – FATOS BÍBLICOS

Existe a especulação de que a contagem dos dias da semana foi alterada entre o período de Adão e Moisés. E, para esta frágil hipótese surgi a seguinte pergunta: Por que Deus reafirmaria no Monte Sinai a observância sabática tendo como referência o sétimo dia da criação? (Êxodo 20:8-11 cfGênesis 2:1-3). Há uma importante e inseparável dependência entre o quarto mandamento e a semana registrada emGênesis capítulo 1. Se essa contagem de tempo original houvesse sido realmente perdida, o SENHOR não iria deliberadamente se abster de disponibilizar alguma orientação quanto a isso.

Seria incoerente por parte de Deus, se Ele, após fixar a ordem dos dias da semana e, reservar o último especificamente para a santificação e adoração à Ele, permitisse o extravio da seqüência semanal original. Isso anularia tais propósitos. Outro agravante, o homem ficaria desprovido das bênçãos que o SENHOR reserva para o sétimo dia (Isaías 56:1-8; Isaías 58:13-14).

Jesus Cristo durante a Sua estadia na Terra santificou o Seu santo sábado.1 Acaso seria correto, Ele, como autor da Criação (João 1:1-3 cf Marcos 2:27-28) e zeloso pelos Seus mandamentos (João 14:21;João 15:10), manter a observância sabática baseada em um “sétimo dia” que não estaria vinculado àquele originado no Éden?

A Bíblia quando se refere ao sábado do SENHOR o relaciona sempre ao sétimo dia estabelecido na primeira semana registrada em Gênesis capítulo 1, e esta referência é feita diversas vezes por ela. Afirmar que houve extravio na contagem dos dias da semana ao longo dos séculos é atribuir às Escrituras idoneidade duvidosa.

A INTEGRIDADE SEMANAL – REGISTROS HISTÓRICOS

“Uma carta enviada pelo procônsul romano da Síria, Publius Cornelius Dolabella, aos magistrados do conselho e aos civis de Éfeso, orientava estes a conferir aos judeus o direito de dispensa do serviço militar e permissão para seguir seus próprios costumes, como o de se reunirem para os rituais sagrados de acordo com sua lei.”2 Nela, tem-se o seguinte trecho: “… o sumo sacerdote e etnarca(c) dos judeus, explicou-me que seus concidadãos não podem realizar o serviço militar porque eles não devem portar armas ou marchar nos dias de sábado.”Isso é demonstrado também por outro registro da época, um pequeno manuscrito de autoria dos magistrados da cidade de Laodicéia destinado ao procônsul Gaius Rabirius confirmando a obediência às instruções sobre o direito dos judeus de observar o sábado e ritos litúrgicos descritos por suas antigas leis.4

“A observância do sábado foi um dos sinais mais visíveis do judaísmo. Assim, enquanto no primeiro século do cristianismo o respeito e a tolerância com o dia judaico foram mostrados em Roma moderadamente, até mesmo por cristãos não-judeus; no secundo século, pelo contrário, tornou-se regra (Justino Mártir, ‘Dial. cum Tryph‘. ii., § 28). No Oriente, no entanto, menos oposição foi mostrada as instituições judaicas. Ambos, sábado e domingo foram comemorados “abstendo-se de jejum e da oração em pé” (Rheinwald, ‘Arqueologia‘, § 62).”5

Considerando esses fatos históricos, aliados a diáspora judaica ocorrida após a destruição de Jerusalém que os conduzira a várias nações, deveria existir pelo menos um relato descrevendo a discrepância cronológica entre o sétimo dia semanal considerado pelos judeus, com o sétimo dia semanal de alguma nação que eles adentraram. Porém, não há nenhum registro quanto a essa divergência.

O Rev. William Mead Jones, de Londres, com a cooperação de linguistas de diversas parte do mundo, elaborou um mapa comparativo da semana em 160 idiomas. Todos reconheceram a mesma ordem dos dias da semana e, 108 deles denominaram o sétimo dia, de sábado.6 Nas enciclopédias, nas cronologias seculares e eclesiásticas, o domingo é reconhecido como o primeiro dia da semana, vindo após o sábado (sétimo dia).

“Os pagãos tinham uma tradição entre eles a respeito do caos primordial de onde se originou o mundo e, a criação de todas as coisas pela eficiência de uma mente suprema; as semelhanças dela [tradição] conduzem ao relato da criação de Moisés, o que prova que todos eles [pagãos] provinham de uma fonte comum; enquanto o impressionante contraste entre a simplicidade despojada de um [Moisés], e o exagero alegórico dos outros [pagãos], precisamente distingue a narrativa inspirada da tradição distorcida. Esta observação é especialmente válida para as cosmogonias(d) caldeia, egípcia, fenícia, indiana, chinesa, etrusca, gótica e grega.

Uma das mais impressionantes garantias da história de Moisés sobre a criação é a utilização geral da divisão do tempo em semanas, que se estende desde os Estados cristãos da Europa até as margens remotas do Hindustão, e prevaleceu igualmente entre os hebreus, egípcios, chineses, gregos, romanos, bárbaros setentrionais; – nações nas quais tiveram pouco ou nenhum contato entre si.”7 “A semana é um período de sete dias, não havendo qualquer referência aos movimentos celestes, circunstância a que se deve a sua uniformidade inalterável.”8

INTEGRIDADE SEMANAL – DADOS DA ASTRONOMIA

A seguir posicionamentos de especialistas na área da astronomia que denunciam, também, o falso argumento quanto ao extravio da contagem dos dias da semana.

“Tivemos a oportunidade de investigar os resultados dos trabalhos de especialistas em cronologia, e jamais se soube de um sequer que tivesse a menor dúvida acerca da continuidade do ciclo semanal desde muito tempo antes da era cristã. Nenhuma das reformas havidas em nosso calendário, em séculos passados, afetou de algum modo o ciclo da semana.”9

“Tanto quanto se sabe, nas várias mudanças do Calendário, não tem havido nenhuma alteração na ordem dos sete dias da semana, a qual transcorre inalterada desde os tempos mais remotos.”10

“A regularidade ininterrupta da seqüência das semanas, que têm decorrido sem uma quebra por mais de três mil anos, está agora levantando debates (…) Alguns destes (judeus, além de muitos cristãos) aceitam a semana como uma instituição divina, na qual é ilícito alterar, outros, sem esses escrúpulos, ainda percebem que ela é útil para manter a unidade de tempo que, ao contrário de todas as outras, procede de forma absolutamente invariável desde o alvorecer da História.”11

“Evidência clara é que o período de sete dias era contado independentemente do mês e de todos os períodos astronômicos. Da Igreja Judaica passou-se ele para a Igreja Cristã.”12

“A instituição da semana é certamente destacada entre os costumes mais antigos registrados da nação judaica (…) Levada pelos judeus em sua dispersão, adotada pelos astrólogos caldeus para o uso em suas adivinhações, recebido pelo cristianismo e islamismo, esse ciclo, tão conveniente e igualmente útil para a cronologia, foi adotado em todo o mundo. Seu uso pode ser rastreado por cerca de 3.000 anos, e há muitas razões para acreditar que ela irá durar através dos séculos por vir, resistindo a loucura da inovação inútil e as investidas dos iconoclastas(e) do presente e do futuro.

(…) Muitos acreditam que a semana teve a sua origem a partir das sete estrelas visíveis a olho nu que cruzam o zodíaco celestial. (…) o mais antigo uso de uma semana livre(f) e uniforme é encontrada entre os judeus, que tinham apenas um conhecimento limitado dos planetas. A igualdade do número de dias na semana com a dos planetas é puramente acidental, e não é admissível afirmar que o número anterior é derivado deste último.”13

REFORMAS DE CALENDÁRIOS14

Houve, de fato, mudanças no calendário. Nenhuma delas, porém, alterou a ordem dos dias da semana. Não serão avaliadas às reformas precárias que não foram adotadas, ou que foram simbólicas, como por exemplo, as realizadas no Calendário Positivista e no Calendário Revolucionário Francês. Analisemos resumidamente aquelas implementadas e que alteraram a contagem dos meses e anos.

Calendário Romano – Reforma Juliana

O mais antigo, que se crê fora dado por Rômulo, na qual propôs um ano de 305 dias em 10 meses, com início em março. Numa, sucessor de Rômulo, acrescentou dois meses, elevando o ano civil para 365 dias. Quando Júlio César assumiu o poder de Roma, notando que o calendário vigente era deficiente, chamou o astrólogo Alexandrino Sosígenes para estudar a questão. Este determinou que se abandonasse o calendário dos meses lunares, e se adotasse o egípcio. Essa reforma foi feita em 45 a.C. e, a semana que vinha no calendário egípcio era paralela à do calendário judaico. Assim, as mudanças ocasionadas por Júlio César não alterou a ordem dos dias semanais.

Isso ocorreu antes do nascimento de Cristo. Nos tempos de Jesus e dos apóstolos, a semana na Palestina coincidia com a semana dos romanos quanto a ordem dos dias. Em ambos os casos (nos calendários judaico e romano) a seqüência dos dias da semana era a mesma de Gênesis capítulo 1.

Calendário Romano – Reforma Gregoriana

Esta foi outra reforma que modificou a contagem de dias e meses, mas não a seqüência semanal, e foi comandada pelo Papa Gregório XIII. Espanha, Portugal e Itália aceitaram-na em 1582. A reforma se fez no dia 04 de outubro daquele ano. Após o dia 04 de outubro contou-se o dia 15 (havendo portanto uma subtração de 10 dias). O dia 04 foi quinta-feira e o dia 15 logo a seguir, ocorreu na sexta-feira, permanecendo inalterado o ciclo semanal. Nos países de fala inglesa a mudança gregoriana só foi aceita em 1752 (setembro daquele ano). Assim o dia 02 foi seguido pelo dia 14. Na época o dia 02 de setembro ocorreu numa quinta-feira, e, a sexta-feira contou-se como dia 14 de setembro. E, novamente, não houve alteração na ordem cronológica da semana.

A seguir a transcrição do trecho de debates ocorridos em torno da reforma de calendários, no Congresso de Washington15, sessão de 21/01/1929, entre os congrecistas Sol Bloom, Cyrenus Cole e W. S. Eichelberger, que confirmam esses fatos:

Mr. Bloom: Não é um fato que, nas mudanças produzidas no calendário, as datas foram mudadas, porém nunca os dias? V. Exa. sabe de algum tempo na História em que algum calendário, a partir do princípio do remoto calendário egípcio, em que o dia da semana se tenha trocado?

Mr. Eichelberger: Não, não sei absolutamente.

Mr. Bloom: Mas as datas foram mudadas?

Mr. Eichelberger: Sim, não há dúvida.

Mr. Bloom: V. Exa. pode mudar qualquer data do calendário a seu critério, como o fez o Papa Gregório, desprezando 10 dias em 1582, e o britânicos 11 dias em seu calendário, instituindo-se assim o calendário sob o qual vivemos. As datas foram trocadas, mas não foi alterado sequer um dia da semana…

Mr. Eichelberger: Tanto quando eu saiba, isto é exato.

Mr. Cole: Há fundamento na crença de que o sábado, ou outros dias da semana se têm sucedido em ininterrupta continuidade desde tempos remotos?

Mr. Eichelberger: Tanto quanto eu sabia, isto é verídico.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sob os cuidados de Deus o sábado instituído no sétimo dia da semana ao longo dos tempos vem sendo preservado e assim, o quarto mandamento de Sua lei continua fortemente alicerçado. Os dominguistas e anomistas que o anulam de suas vidas e, conduzem outros a fazer o mesmo, brevemente prestarão contas por seus atos.16 Resta, ainda, que estes demonstrem em que momento da história houve a alteração cronológica dos dias da semana.

Nessa deprimente atitude de tentar desmerecer o sábado do SENHOR, os dominguistas ampliam o abismo de incertezas que os cercam, pois, além de guardarem um falso dia de descanso (domingo), não podem afirmar dentro de suas próprias convicções se a observância dominical – atual – ocorre realmente no primeiro dia da semana.


Vídeo relacionado: O Sétimo Dia – Programa 02

a. Derivado de anomia (do grego “anomia” – ανομια) e significa condição daquele que não cumpre a lei; desprezo e violação da lei, iniqüidade, maldade; em teologia rejeição à lei divina.

b. Ciência que trata do universo sideral e dos corpos celestes com o objetivo de situá-los no espaço e no tempo, explicando sua origem e seu movimento. Diferenciar de astrologia, que trata da doutrina, estudo, arte ou prática, cujo objetivo é decifrar a influência dos astros no curso dos acontecimentos terrestres e na vida das pessoas, em suas características psicológicas e em seu destino, explicar o mundo e predizer o futuro de povos ou indivíduos. (Definições: dicionário Houaiss).

c. Antigo termo grego utilizado para designar o líder civil das comunidades judaicas.

d. Teorias que se ocupam em explicar a origem do universo.

e. Derivação: Sentido figurado. Que ou aquele que ataca crenças estabelecidas ou instituições veneradas ou que é contra qualquer tradição. (Definição dicionário Houaiss)

f. Livre da influência ou relação do culto aos astros; livre da astrologia.

1. Marcos 1:21 cf Lucas 4:31-32; Lucas 4:16-19; Lucas 6:6-7 cf Mateus 12:9-14; Marcos 3:1-6.

2, 3. ZEEV, M. P. B. (1998). Jewish rights in the Roman worldthe Greek and Roman documents quoted by Josephus Flavius, Tübingen: Mohr Siebeck, p. 139-140; (Miriam Pucci Ben Zeev, obteve o título de Ph. D. pela Universidade de Jerusalém em 1978. E, atua como professora associada de História Judaica (Período do Segundo Templo) na University of the Negev).

4. ZEEV, M. P. B. ibidem, p. 192-193.

5. JACOBS, J.; HIRSCH, E. G. Jewish Encyclopedia, entry: “Sabbath and Sunday”.

6. A Chart Of The Week (08-07-1928), Published: Trail Guides, Altamont, TN, p. 1-4.

7. HORNE, T. H. (1840). An Introduction to the Critical Study and Knowledge of the Holy Scriptures, vol. I, Philadelphia: Published by Joseph Whetham, sec. II, § 1, col. 2, p. 69.

8. “Calendar”. (1910). Encyclopaedia Britannica, Cambridge, 11.ª ed., England: University Press, vol. IV, col 1, p. 988.

9. Declaração feita pelo astrônomo norte-americano Dr. A. James Robertson (na ocasião, diretor do Observatório Naval de Washington, DC. Foi também diretor do periódico “Nautical Almanac Office“), enviada em resposta a carta de consulta do Pr. Francis David Nichol. A fotocópia desse esclarecimento esta publicada em: NICHOL, F. D. (1932). Answers to Objections, p. 560.

10. Carta-resposta encaminhada em 04 de março de 1932 pelo astrônomo britânico Frank W. Dyson, do Real Observatório de Greenwich (Londres), ao Pr. Francis David Nichol. A fac-símile desta encontra-se em: NICHOL, F. D. obcit., p. 562.

11. Nature 127, 869 (6 June 1931); “Our Astronomical Column”.

12. “The Calendar” by J. K. Fotheringham, 1929 (RGO 28/175), London: H.M.S.O.; Reprinted from the “Nautical Almanac” for 1931, p. 740; (John Knight Fotheringham foi um historiador britânico, especialista em cronologia e membro da “Royal Astronomical Society”).

13. SCHIAPARELLI, G. (1905). Astronomy in the Old Testament, Oxford: Clarendon Press, chap. IX, p. 133-135.

14. Item baseado em: CHRISTIANINI, A. B. (1981). Subtilezas do Erro, 2.ª ed., p. 169.

15. “Entre 20 de dezembro de 1928 e 21 de janeiro de 1929, as audiências foram realizadas pela Comissão de Assuntos Externos da Câmara dos Deputados em Washington, DC, conforme o projeto de lei (H. I. Res. 334), que convocou uma conferência internacional para a simplificação do calendário. Uma das testemunhas que compareceu perante a comissão foi W. S. Eichelberger, do Observatório Naval dos EUA, cujo principal trabalho consistiu na elaboração da programação anual “Nautical Almanac”, a bíblia de todos os navegantes.” – NICHOL, F. D. (1947). Reasons For Our Faith, p. 120.

16. Mateus 5:17-20; Mateus 16:27; Isaías 24:4-6; Hebreus 4:12-13.

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Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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