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Uma das características sociais marcantes do início do século 21 é a cultura da celebridade. Com as novas formas de relacionamento interpessoal e a destruição de muitas barreiras na comunicação dentro da aldeia global, uma onda de celebrização desenfreada toma conta das pessoas, que se digladiam para ter seus “quinze minutos de fama”.
Na vida do cristão, a síndrome da celebridade afeta diretamente seu relacionamento com Deus e com o próximo. Tal relacionamento torna-se secundário em sua vida, o que acaba dando vazão para pecados como idolatria, arrogância, egoísmo e presunção.
No contexto da construção da torre de Babel, Gênesis 11:4 revela os dois propósitos daquele empreendimento ambicioso: “Tornemos célebre o nosso nome” e “para que não sejamos espalhados por toda a Terra” Deus demonstrou Sua desaprovação ao descer e confundir a linguagem das pessoas.
Se fôssemos transportados para Babilônia, bem mais tarde, veríamos Nabucodonosor passeando no palácio real e exclamando: “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder e para a glória da minha majestade?” (Dn 4:30).
Anos mais tarde, se nos infiltrássemos numa conversa de Jesus com Tiago e João, perceberíamos sinais de técnicas chamadas, hoje, de “networking” e “marketing pessoal” Os discípulos disseram: “Permite-nos que, na Tua glória, nos assentemos um à Tua direita e o outro à Tua esquerda” (Mc 10:37). E aproveitando a grande oportunidade para reverter as idéias comuns sobre a grandeza da liderança, Jesus disse: “Entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva” (Mc 10:43).
No entanto, foi na entrada em Jerusalém que Jesus deu uma das principais aulas sobre a síndrome da celebridade, quando, contrariando as expectativas, usou um jumentinho para apresentar Seu plano de paz.
Recentemente, li sobre uma interessante versão da síndrome da celebridade que se apresenta entre cristãos: síndrome do jumentinho. Essa parábola nos apresenta esta condição:
O jumentinho acordou e sua mente ainda desfrutava a glória do dia mais feliz de sua vida. Nunca antes ele havia sentido essa mistura de prazer e orgulho ao mesmo tempo.
Ele foi à cidade, encontrou um grupo de pessoas junto ao poço, e pensou: “Vou deixar que eles me vejam.” Mas eles não o notaram. Continuaram a tirar água e não lhe deram a menor atenção.
“Estendam as suas vestes” ele insistiu. “Vocês não sabem quem eu sou?” Olharam para ele sem entender e alguém o enxotou dali.
“ímpios miseráveis!” ele resmungou. “Vou ao mercado, onde estão pessoas boas. Elas vão se lembrar de mim.” Mas a mesma coisa aconteceu. Ninguém prestou atenção no jumentinho, enquanto ele passava pela rua principal, em frente ao mercado.
“Os ramos de palmeira! Onde estão os ramos de palmeira!” ele gritava. “Ontem, vocês balançavam ramos de palmeira!”
As pessoas tinham feito uma recepção real. A multidão havia estendido as suas roupas e ramos de árvores pelo caminho para o jumentinho passar. E todos os que iam à frente e os que vinham atrás do jumentinho clamavam: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas maiores alturas!” (Mt 21:9).
Por um momento, o jumentinho poderia ter pensado que era tudo por causa dele. Afinal, era ele que estava fazendo todo o trabalho naquele dia. Mas, na realidade, não era. Nada tinha que ver com ele. Ele estava levando o Mestre. E sem Ele, o jumentinho era somente mais um jumentinho.
Como cristãos, não devemos pensar que somos celebridades. A síndrome do jumentinho faz com que muitos levem a mensagem, sem conhecê-la, em busca de destaque.
A Bíblia apresenta a promessa de que, quando Jesus fosse “levantado da terra”, atrairia a todos (Jo 12:32). Mas isso não funciona quando o ser humano é que é levantado. Jesus é o grande ímã. Idolatrar aqueles que O exaltam só pode atrapalhar o magnetismo do Salvador. Jesus não deve ficar à sombra do seguidor. O cristão é que precisa ficar à sombra da cruz.
