A Verdade da Ressurreição dos Mortos Parte 4

APÊNDICE

  1. a)Conceitos de “Alma” e “Espírito”

As palavras “alma” e “espírito” nas Escrituras provém de palavras hebraicas e gregas, línguas em que a Palavra de Deus foi escrita. Vejamos:

Alma – No Antigo Testamento, vem do hebraico vpn (nephesh). Ocorre aproximadamente 755 vezes, sendo traduzida de diferentes formas, dependendo do contexto. No Novo Testamento, a palavra grega é quch (psyche) e ocorre aproximadamente 105 vezes.

Espírito – No Antigo Testamento, são usadas as palavras Mwr (ruach) e hmvn (neshamah). Aparece 377 vezes. No Novo Testamento, a palavra grega para espírito é pneuma (pneuma); ocorre 220 vezes.

Ambas são traduzidas de diversas formas nas Escrituras; eis alguns exemplos:
Alma – vida (Gn 9:4,5; 35:18; Sl 31:13, etc), pessoa (Gn 14:21; Dt 10:22; At 27:37, etc), cadáver (Números 9:6); apetite (Ec 6:7) coração (Ex 23:9) ser vivente (Ap 16:3) pronomes pessoais (Sl 3:2; Mt 26:38)

A palavra “alma” aparece na Bíblia aproximadamente 1600 vezes, e em nenhum caso refere-se a uma entidade fora do corpo, ou que seja “imortal”.

Espírito – vento (respiração – Gn 8:1), espírito (no sentido de alento – Jz 15:19), atitude ou estado de espírito (Rm 8:15; I Co 4:21, etc), sopro ou hálito de Deus (II Ts 2:8, etc) consciência individual (I Co 2:11, primeira parte).

Possui também outras definições: anjos e demônios (Hb 1:14; I Tm 4:1, etc) aplica-se como apelativo a Cristo (II Co 3:17) a Divina natureza de Cristo (Rm 1:4), a Terceira Pessoa da Divindade (Rm 8:9-11; I Cor. 2:8-12)

O termo “espírito”, em todas as vezes que aparece nas Escrituras referindo-se ao ser humano, não expressa o conceito de que o mesmo seja uma entidade imaterial consciente capaz de sobreviver fora do corpo.

  1. b)A Palavra “Inferno” na Bíblia Sagrada

Muitas pessoas têm duvidado da existência de Deus, quando ouvem o ensino errôneo de que a Bíblia ensina que Deus criou um lugar de tortura eterna para castigo dos maus. Queremos com esta pesquisa esclarecer nossos estudantes para estes dois aspectos:

1º) Quais as palavras hebraicas e gregas que foram impropriamente traduzidas por inferno.

2º) Que significavam no original e as dificuldades em bem traduzi-las.

A doutrina de um inferno para tormento eterno é de origem pagã, foi aceita pela igreja dominante, nos séculos escuros da Idade Média, para intimidar os pagãos a aceitar as crenças católicas.

O que levou o jovem Lutero para dentro do convento, a fim de tornar-se sacerdote foi o medo do inferno. Pensava ele que aderindo às crenças e práticas da Igreja Católica Romana, encontraria o único meio de escapar à morte eterna.

Na mitologia greco-romana o inferno era o reino de Plutão. A idéia de um lugar debaixo da Terra para tormento dos maus nasceu da mitologia romana (basta ler a Eneida de Virgílio para nos cientificarmos desta realidade), daí a origem da palavra inferno – do latim inferi, inferior, que vai para baixo.

Esta palavra normalmente foi usada pelos tradutores para expressar o sentido do termo hebraico sheol e dos gregos “Hades”, “Geena” e “Tártaro”.

Sheol

Este vocábulo aparece 62 vezes no Velho Testamento. Sheol era o lugar para onde iam os mortos, por isso é sinônimo de sepultura, ou lugar de silêncio dos mortos. Sheol nunca teve em hebraico a idéia de lugar de suplício para os mortos. Sendo difícil traduzi-los porque nenhuma palavra em português dá exata idéia do significado original, o melhor é mantê-la transliterada como fazem muitas traduções. A tradução brasileira não a traduz nenhuma vez.

Experimente traduzir Sheol por inferno nestas duas passagens: Gên. 42:38 e Jonas 2:1-2.

Hades

É usada apenas 10 vezes no Novo Testamento, Mat. 11:23; 16:18; Luc. 16:23; Atos 2:27, 31; Apoc. 1:18; 6:8; 20:13, 14 (I Cor. 15:55).

Sobre o emprego desta palavra em 1 Cor. 15:56, Edilson Valiente numa Monografia sobre a palavra Hades, pág, 27 (1978), declarou:

“A passagem de Paulo de 1 Cor. 15:56 apresenta um problema de crítica textual. Na leitura feita na Septuaginta, encontramos também neste verso a palavra hades, no vocativo. As traduções mais antigas da Bíblia, antes das descobertas do século XIX para cá, traziam a palavra ‘inferno’ como sendo a tradução de hades.

“Com estudos feitos na área da crítica textual, valendo-se das importantíssimas descobertas de Tishendorf, verificou-se que a palavra usada não era hades, mas a palavra yanate (morte). Este estudo foi baseado nos mais fidedignos MSS descobertos até hoje.

“Com tudo isto ficou claro que Paulo não usou nem uma vez o termo hades em seus escritos, provavelmente para não confundir com os conceitos deturpados do hades que existiam em sua época. Outra razão é dada por Edwards, dizendo que Paulo, escrevendo em grego, procurava fugir do mau agouro que acompanhava a palavra e causava terror ao povo; cita Platão para reafirmar sua idéia: ‘O povo em geral usa a palavra Pluto como eufemismo de hades, com seus temores de levá-los para as partes errôneas do invisível’. É certo, também que Paulo não usou nenhuma vez a expressão Pluto, mas subentendendo o conceitualismo bíblico, em Rom. 10:7 usa o termo abismo.”

Nas melhores traduções da Bíblia, inclusive na Versão de Almeida Revista e Atualizada, o termo inferno já foi substituído por morte.

A palavra “Hades no Novo Testamento corresponde exatamente à palavra SHEOL do Velho Testamento. No Salmo 16:10 Davi disse: “Pois não deixarás a minha alma na sepultura.” Pedro usando esta passagem profética do Velho Testamento afirmou em Atos 2:27: “Porque não deixarás a minha alma no hades.”

Outra prova da sua exata correspondência se encontra na tradução da Septuaginta, pois das 62 vezes que SHEOL é usada no Velho Testamento, 61 vezes ela foi traduzida por hades.

Geena

Palavra hebraica transliterada para o grego geena, que se encontra nas seguintes 12 passagens: Mat. 5:22, 29, 30; 10:28; 18:9; 23:15, 33; Mar. 9:43, 45, 47; Luc. 12:5; Tiago 3:6.

Geena vem da referencia ao Vale de Hinon. Neste vale havia uma elevação onde ímpios queimavam seus próprios filhos. Este vale se situava a sudeste de Jerusalém; neste local, antes da conquista de Canaã pelos filhos de Israel, cananitas ofereciam sacrifícios humanos. Posteriormente, judeus apostatados continuaram com esta prática nefanda e abominável, como nos relata II Crônicas 28:3. “Também queimou incenso no vale de Hinon, e queimou a seus próprios filhos no fogo, segundo as abominações dos gentios que o Senhor lançara fora de diante dos filhos de Israel.”

Por estas circunstâncias, este vale se tornou desprezível e amaldiçoado pelos judeus e símbolo do terror, da abominação e do asco e mencionado por Jesus com estas características. Ser atirado à Geena após a morte, era sinônimo de desprezo ao morto, abandonado pelos familiares, não merecendo ao menos uma cova rasa, estando condenado à destruição eterna do fogo.

O vale de Hinon era um crematório das sujidades da cidade de Jerusalém. O fogo ardia constantemente neste sitio e com o objetivo de avivar as chamas e tornar mais eficaz a sua força lançavam ali enxofre. Devido a estas circunstâncias, Jesus com muita propriedade usou este vale para ilustrar o que seria no fim do mundo a destruição dos ímpios, sendo queimados na geena universal.

Os rabis mais primitivos baseiam a idéia de ser a Geena um tipo do fogo do último dia da passagem bíblica de Isaías 31:9.

A GEENA SE REFERE A DESTRUIÇÃO DOS MAUS NA SEGUNDA RESSURREIÇÃO.

Tártaro

A palavra grega “tártaro” ocorre somente uma vez no Novo Testamento. Encontra-se em II Pedro 2:4 e diz o seguinte:

“Ora, se Deus não poupou a anjos quando pecaram, antes precipitando-os no inferno (tártaro no original) os entregou a abismos de trevas, reservando-os para juízo.”

A palavra tártaro, usada por Pedro se assemelha muito à palavra “Tartarus”, usada na mitologia grega, com nome de um escuro abismo ou prisão; porém, a palavra tártaro, parece referir-se melhor a um ato do que a um lugar. A queda dos anjos que pecaram foi do posto de honra e dignidade à desonra e condenação; portanto a idéia parece ser: Deus não poupou aos anjos que pecaram, mas os rebaixou e os entregou a cadeias de trevas. Não existe nenhuma idéia de fogo ou tormento nesta palavra, ela simplesmente declara que estes anjos estão reservados para um julgamento futuro.

Também se REFERE AS TREVAS ESPIRITUAIS DOS ANJOS CAÍDOS JÁ QUE ELES FORAM EXPULSOS PARA A TERRA E NÃO PARA UM ABISMO LITERAL (APOC 12:9). NO entanto eles ficarão presos aqui durante o milênio e a Terra terá se tornado um ABISMO literal (Gen 1:1 e Aoc 20:3)

Assim Concluímos que:

1- SHEOL em hebraico e hades em grego eram usadas para sepultura, não trazendo nenhum sentido de sofrimento e castigo eterno.

2- Geena foi usada por Jesus como um símbolo das chamas destruidoras dos últimos dias e também da morte eterna que os participantes da SEGUNDA RESSURREIÇÃO sofrerão.

3- TÁRTARO SE REFERE SIMPLESMENTE A PRISÃO DOS ANJOS- o abismo, que profeticamente é o que se tornará a Terra durante o milênio.

Salvo citação em contrário, os textos bíblicos foram retirados da Bíblia Sagrada, traduzida por João Ferreira de Almeida, Edição Revista e Atualizada no Brasil SBB 1989.    (A versão Almeida é a tradução mais fiel dos originais, equivalente a versão King James da língua inglesa.)

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

Verifique também

1 O que significa “Fogo Eterno” em São Mateus 18:8?

O que significa “Fogo Eterno” em São Mateus 18:8? Significa que os ímpios ficaram eternamente …

Deus pode morrer?

Quando um cristão adota a perspectiva mortalista a respeito da alma humana, uma das mais …

A IMORTALIDADE DA ALMA

  INTRODUÇÃO: Gên. 3:4.1. ” Mediante os dois grandes erros – a imortalidade da alma …

Deixe uma resposta

×

Sejam Bem Vindos!

Sejam bem Vindo ao Portal Weleson Fernandes !  Deixe um recado, assim que possível irei retornar

×