As Duas Alianças

O Plano da Redenção do Homem pela Divindade (Heb 9:14 e 15), efetivado através do novo concerto, é o tema central das escrituras. Nossa salvação depende de abraçarmos este concerto.

Trataremos futuramente deste assunto de forma bem detalhada; no entanto, por ser um tema que gera dúvidas vamos aproveitar para fazermos juntos uma análise bíblica dos concertos de Deus.

Antes da queda, Adão tinha um concerto com Deus (Gen 2:15 a 17). Após comer do fruto proibido e quebrar esta aliança (Oséias 6:7)”Mas eles transgrediram a aliança, como Adão; eles se portaram aleivosamente contra mim.”, o homem deveria morrer (Rom 6:23). Porém, em sua infinita misericórdia, Deus veio ao encontro do homem, para oferecer seu “dom gratuito”, revelando pela primeira vez, seu plano redentor, já pronto desde a fundação do mundo:

“Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” Gen 3:15

Este é o concerto eterno de Deus, baseado no descendente que viria. É o mesmo repetido aos patriarcas, dos quais Cristo seria descendente. Por ser Abraão o patriarca mais destacado na aliança, ficou conhecido como concerto abraâmico. A ele foi declarado:

“Em tua semente serão benditas todas as nações da Terra.” Gen 22:18

Tanto esta semente de Abrãao como aquela semente da mulher em (Gen 3:15) referem-se a Cristo (Gal 3:16). Este é o concerto da graça, o “novo concerto”, que nos oferece o perdão dos pecados nos méritos de nosso Salvador.

Outro concerto foi estabelecido no Sinai, chamado “velho concerto”. Este foi um concerto provisório, condicionado à obediência (Exo 19:5 e 6). Quando proclamada a condição deste concerto ao povo hebreu, que acabara de ser resgatado do cativeiro egípcio e não compreendia a dimensão do pecado e que sem Cristo não poderia guardar a lei, declarou o povo: “Tudo o que falou o SENHOR faremos e obedeceremos” (Exo 24:7), após a leitura do livro da aliança. Assim estavam definidas as condições do “velho concerto”: Obedece e vive. (Lev 18:5Eze 20:11Gal 3:12Rom 10:5). Por isso, em Gálatas, ao se tratar das duas alianças, é dito que a aliança do Sinai gera filhos para a escravidão (Gal 4:24).

Não passou muito tempo e os Israelitas quebraram seu concerto com Deus quando adoraram o bezerro de ouro. A sentença foi decretada por Deus a Moisés:

“Agora, pois, deixa-me, para que se acenda contra eles o meu furor, e eu os consuma; e de ti farei uma grande nação.” Exo 32:10

Foi então que Moisés intercedeu pelo povo e apelou para o concerto eterno de Deus (Exo 32:13), O qual mediante a este apelo, mudou Sua conduta (Exo 32:14).

Se o povo dependesse unicamente do concerto estabelecido no Sinai, estaria morto (entende agora porque Paulo ao tratar com os Judaizantes chama o Sinai de “ministério da morte” (2 Cor 3:7), pois a função da lei é “definir o padrão de justiça” e não a de “justificar” (Gal 3:11Gal 3:21); assim, o novo concerto é denominado como “ministério da justificação”(2 Cor 3:9) para o perdão dos pecados Jer 31:34.

O novo concerto ser anterior ao velho pode parecer estranho. O que ocorre é que embora a nova aliança tenha sido dada a Adão, só foi ratificada posteriormente à aliança do Sinai, através do sangue de Cristo (Mat 26:28), enquanto o velho concerto foi ratificado no Sinai, através do sangue de sacrifício de animais (Exo 24:7 e 8).

O Texto de Hebreus 9:16 a 26
 esclarece bem este conceito. Quando Paulo diz em Hebreus 9:16: “Porque onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador”, a palavra traduzida por “testamento” é diatheke, que quer dizer “contrato, acordo ou pacto“. O texto completo explica que a velha aliança foi confirmada primeiro com o sangue da morte de animais e que o novo concerto foi confirmado o sangue de Cristo.

Porém, a idéia de que a nova aliança (graça) não era válida no antigo testamento é falsa. Esta aliança sempre foi válida, pois estava baseada nas promessas de Deus (Heb 6:17 e 18); quando foi dada outra no Sinai, não a invalidou (Gal 3:17 e 18). Na verdade, o velho concerto foi estabelecido porque o povo hebreu, em sua vida no Egito, tinha perdido a noção do pecado, e assim foi concedido por causa de suas transgressões, até a vinda do descendente (Gal 3:19).

Outra lição que o povo aprendeu ao quebrar o concerto, após adorar o bezerro de ouro, foi que sem Cristo não poderia obedecer aos reclamos da lei. Isso tudo o preparou para o novo concerto, a lei foi importante para conduzí-lo até Cristo(Gal 3:24).

Ao ser ratificado o novo concerto com a morte de Cristo, o concerto do Sinai perdeu seu sentido (Heb 8:6 a 13) ; a dívida que era contra nós (pois quebramos o concerto) foi cancelada (Col 2:14 e 15).

A idéia da invalidade do concerto do Sinai talvez tenha feito você pensar que estejamos falando contra a obediência aos Dez Mandamentos, presentes naquele concerto, mas é exatamente o contrário (Rom 6:14 e 15)“Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça. E daí? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, e sim da graça? De modo nenhum!”. O velho concerto ter sido abolido não implica que a eterna Lei de Deus (Mat 5:18) (também presente naquele concerto) tenha sido cancelada. Os dez mandamentos são antes do Sinai, e temos exemplos na Bíblia de todos, antes de Êxodo 20.

A Lei de Deus foi a base do novo concerto; a ordem a Abrãao era: “Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito.” (Gen 17:1), e sobre ele Deus declarou: “Abraão obedeceu à minha palavra e guardou os meus mandados, os meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis” (Gen 26:5). O novo concerto visa, através do poder de Cristo, nos levar à conformidade com a Sua vontade. Deus estabelece o Seu concerto eterno de forma diferente da estabelecida na antiga aliança (Jer 31:31 a 36) e (Heb 8:6 a 13) ; a dívida que era contra nós (pois quebramos o concerto) foi cancelada (Col 2:14 e 15)”tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu- o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz.”. Para isso, Deus quer escrever Sua lei, não mais em tábuas de pedra, mas em nossa mente e em nosso coração. Em Mateus 5:17 Cristo diz: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir.”

É interessante notar que a palavra “cumprir” vem do grego pleroo, um dos significados desta palavra é justamente “ampliar”.

Se você seguir na leitura desse capítulo, verá que é justamente isso que Cristo estava ensinando, uma ampliação de Sua santa lei. Após afirmar que nossa justiça deve exceder a dos escribas e fariseus (Mat 5:20), Cristo começa a analisar os preceitos, dando a eles uma maior dimensão: Homicídio (Mat 5:21 a 26), adultério (Mat 5:27 a 32), juramentos (Mat 5:33 a 37), vingança (Mat 5:38 a 42)“Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes.” e do amor ao próximo (Mat 5:43 a 48).

A guarda do mandamento motivada por amor (João 14:21 e 23)”Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele. Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada.”, sem dúvida, não tem limitações, pois não se baseia em nosso próprio poder, mas no poder dAquele que é todo poderoso (Efe 3:20) e nos predestinou para ser conforme a Sua imagem (Rom 8:29).

“Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna.” Rom 6:22

Novo Concerto

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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