Bate, sacode e pronto!

É uma tentação: Você mistura duas ou três colheres do pozinho mágico em leite desnatado, sacode e pronto. Toma no lugar do desjejum ou do jantar e os quilinhos a mais vão se esvaindo um a um numa velocidade bem agradável. Para muitos, a saída para o emagrecimento passa pelos shakes emagrecedores que abarrotam as prateleiras de farmácias, mercados e produtos naturais. Mas essa “maravilha” pode não ser assim tão fantástica quanto pensam, embora, sim, emagrecem!

A proposta é substituir duas refeições pela vitamina um tanto insossa, com a promessa de que ali você encontra todos os minerais, nutrientes e elementos essenciais à uma refeição completa. E foi com esse apelo que o designer gráfico Eduardo de Oliveira, 32 anos concordou. Depois de encontrar um amigo que era gordo e tinha ficado magrinho ele quis saber a receita do sucesso. O amigo não só tomou um shake de marca internacional, como se havia tornado revendedor do produto. O paulistanto resolveu experimentar também e em cinco meses passou de 98 para 76 kg. “Eu acabei relaxando, arrumei uma namorada e a levava aos melhores restaurantes de São Paulo, sem me dar conta de que os ponteiros da balança estavam subindo. Em cinco anos eu recuperei os 22 kg, mas agora eu já sei o caminho de volta e comecei a tomar o shake de novo”, explica ele que em 20 dias de retomada já mandou embora outros seis quilos.

Efeito rebote

Casos de sucesso assim empolgam quem procura uma saída rápida para a obesidade, que já é mais preocupante que a fome no mundo. Mas isso não é garantia de resultado fácil nem duradouro. Que o diga Michela Borges Nunes, 33. A catarinense que, na adolescência, começou a luta com a balança também se jogou em dietas rápidas. “Comecei tomando o Diet Shake, que era mais fácil de encontrar na minha cidade. Como eu era novinha, até consegui emagrecer. Depois experimentei o shake Bio Slim e aliado a uma dieta rigorosa, também perdi peso. Há dois anos voltei a tomar o Diet Shake para substituir o jantar, pois achava prático e rápido e também perdi alguns quilinhos”, enumera a servidora pública federal que pelo contar das vezes mostra também que sempre recuperou o peso perdido. “Suculento mesmo é um sanduíche, não um shake destes e tem as mesmas calorias. Embora nunca tenha sentido efeito colateral, entendi que uma reeducação alimentar vale mais a pena e hoje sigo um cardápio orientado por uma nutricionista. Se é pra tomar shake, faço o meu em casa com leite de soja, fruta e fibras”, ensina a moça que enjoou dos sabores artificiais dos produtos.

Que enjoa, enjoa! E esse fato por si só revela que não é possível manter a dieta por longo prazo. Logo, o perigo do efeito rebote – engordar tudo de novo em pouco tempo – fica à espreita. “Comida é pra ser comida. Se não tem como fazer um lanchinho e se recorre a um shake deste de vez em quanto, até vai, mas todos os dias, não. Fomos feitos para mastigar e saborear os alimentos e a comida natural deve ser a fonte de energia e nutrientes, não suplementos químicos”, pondera o nutricionista Alexandre Scardoelli, de Curitiba.

E no que se refere à propaganda de nutrientes, a situação também não é muito favorável aos shakes. A Pro Teste analisou recentemente as seis marcas mais vendidas no Brasil: Bio Slim, Diet Shake, Diet Way, Herbalife, In Natura e Slim Fast. A conclusão do instituto é de que os fabricantes não sabem calcular corretamente os valores diários recomendados que devem constar na tabela nutricional, que é feita de acordo com cada empresa e não seguem uma norma nacional clara para o consumidor. Além disso, o valor calórico é menos do que o recomendado para uma refeição, não devendo ser usado para substituir a mesma. Sem falar que não bastasse não constar fibras suficientes, ainda exageram no teor de carboidratos e proteínas.

Depois de criteriosa análise, a Pro Teste afirmou que os produtos são desequilibrados nutricionalmente e não podem ser considerados substitutos de refeições, podendo trazer problemas de saúde para quem os usa rotineiramente.

A nutricionista Manuela Dias, que participou da análise da Pro Teste, explica que o lado bom dos shakes industrializados é que têm vitaminas e minerais, embora sintéticos, contudo o emagrecimento rápido se deve à queima de proteína (massa magra) e não de gordura. “As vitaminas de frutas naturais são uma opção, pois os shakes apresentaram deficiência em vários pontos e podem representar problemas para a saúde como sobrecarga dos rins e fígado, além de aumento da excreção de cálcio com o uso prolongado e contínuo”, adverte a especialista.

Vale lembrar, no entanto, que mesmo estas deficiências estão dentro da lei que preconiza os níveis de lipídios, carboidratos e proteína para alimentos emagrecedores.

Para se ter uma ideia, cada porção de shake deve ter até 30% de lipídios, quando uma refeição completa deve ter de 30% a 35%. O encontrado nos testes ficou entre 2% e 7%. No caso das proteínas, uma refeição deve ter entre 10% e 15% e a lei admite índices de 25% a 30%. A avaliação mostrou produtos com até 50%. Se a indústria que prepara esses pseudo-alimentos não consegue controlar esses números básicos, quem garante sua segurança alimentar na mão deles?

Não se esqueça de que o melhor mesmo é praticar uma alimentação saudável (veja quadro) aliada à prática constante de exercício físico. Esse é o melhor shake que existe.

Fabiana Bertotti é Colaboradora Especial de Vida e Saúde

Programa alimentar antiobesidade

Ao invés de focalizar a atenção em dietas, prefira manter um regime constante onde a preferência é pelo bom alimento e onde se faz exclusão total de comida insalubre, deixando-a, no máximo, para uso em situações emergenciais. No dia a dia, dê preferência ao que é melhor.

1 – Futas (laranja, banana, mamão, manga, maçã, tangerina, uva etc.). Use principalmente à noite ou pela manhã.

2 – Hortaliças cruas (Alface, couve, almeirão, rúcula, agrião, cenoura, rabanete, tomate, alho, cebola etc.). Faça dessas amigas o prato principal em seu almoço ou desjejum.

3 – Cereais integrais (arroz, milho, trigo, quinua, aveia). Combinam bem no desjejum e almoço.

4 – Tubérculos (inhame, cará, batata-doce, mandioca). São a melhor opção de carboidratos integrais.

5 – Nozes, castanhas, amêndoas. Em qualquer refeição do dia podem se fazer presentes.

6 – Exercício físico. É a melhor forma de alimentar seus músculos com oxigênio puro e força.

[Fonte: Vida e Saúde – Set 2010, p. 30 a 32]

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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