Desmascarando o CACP – Rebatendo os erros doutrinários de um artigo do Sr. Paulo Sérgio Araújo

“Afinal, Que Sentido Tem a Palavra “Alma” na Primeira Metade de Mateus 10:28?

 

Diz o texto: “E não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo”.

Em vista de que um artigo de Paulo Sérgio Araújo foi postado com grande estardalhaço no website do CACP, como se ele tivesse a palavra final sobre o tema da condição e destino do homem, quando o que faz é incorrer no erro metodológico primário de firmar doutrinas sobre um segmento isolado das Escrituras, tomado-o como verdadeira “fortaleza inexpugnável” em defesa da doutrina da imortalidade da alma (seu “samba anti-holístico de uma nota só”) reproduzimos aqui a resposta que lhe demos e que JAMAIS foi dada a público pelos que já são conhecidos por suas análises unilaterais, sempre mostrando só o lado que lhes pareça favorável, com isso passando uma falsa imagem ao “respeitável público”, submetido só a essa visão parcial do estudo.

Num debate sobre o tema da imortalidade segundo as concepções dualísticas e holísticas, o Paulo Sérgio Araújo, que veio a público desafiando-me a respeito, foi repetidamente indagado quanto às origens bíblicas de sua conclusão de que o termo ‘alma’ deve ser entendido como “elemento imaterial/imortal embutido no ser humano”, seja na primeira metade de Mateus 10:28 ou outros textos bíblicos. Contudo, ele nunca soube responder, a não ser raciocinando em círculos, repetindo a DEDUÇÃO PARTICULAR de que assim deve ser porque assim deve ter sido empregada na primeira metade de Mateus 10:28. O condicionamento cultural de sua formação sob influência da cosmovisão greco-romana sobre a natureza humana é evidente nessa sua análise tão superficial quanto ilógica, pois não consegue documentar biblicamente tal conclusão.

Infelizmente, o referido debatedor revelou-se um pesquisador não só fraco e sofístico, mas desonesto, pois fez questão de postar o seu estudo num site de inimigos de nossa fé, destacando o meu nome como alguém que ele teria refutado, mas torcendo o sentido de minhas palavras. E embora eu tenha esclarecido a ele insistentemente o real sentido de minha linguagem e apelado a que alterasse sua argumentação firmada em tal distorção de declarações minhas, ele jamais atendeu a meu justo pedido. Ora, eu uso apenas como um ponto secundário o fato de que falamos em “dobrar o espírito”, como exemplo dos muitos usos do termo “espírito”, que nem sempre significa um elemento imortal e eterno que sobrevive à matéria, e sim levar alguém a mudar de disposição mental. O Paulo S. Araújo faz a maior “onda” em torno disso, como se fosse o ponto fundamental do pensamento holístico, o que é uma falsidade muito grande.

O fato é que não há nas Escrituras nenhuma passagem que traga as palavras “alma” ou “espírito” modificadas pelos adjetivos “eterno” ou “imortal”, o que parecerá estranho, sendo essa uma doutrina tão importante a merecer melhor esclarecimento e sendo supostamente o SENTIDO PRIMÁRIO no uso de tais termos, tanto no Velho quanto no Novo Testamento–o de uma entidade imaterial/imortal que sobreviveria conscientemente a morte do corpo.

A Bíblia Interpreta-se a Si Mesma

O texto de Lucas 12:4, 5 repete os dizeres de Cristo em Mateus 10:28, e é significativo, não só pelo que diz, mas pelo que DEIXA de dizer. Ora, se a discussão de Cristo fosse para “provar” a imortalidade da alma, porque Lucas não expande a questão, e, em lugar disso, deixa de fora a noção de “não matar a alma”? Eis como Lucas repete as palavras de Cristo:

“Não temais os que matam o corpo e, depois disso, nada mais podem fazer. Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: Temei aquele que depois de matar, tem poder para lançar no inferno”.

Lucas não falou em “não matar a alma” porque decerto quis evitar qualquer ambiguidade com as noções pagãs, da filosofia grega, quanto à imortalidade da alma ao pensar em seu leitores gentios, acostumados a pensar na alma em termos de um componente independente e imortal que sobrevive à morte. Como diz o Dr. Bacchiocchi, “Para tornar claro de que nada sobrevive à destruição divina de uma pessoa, Lucas evita empregar o termo “alma-psychê” que poderia ser confuso para os seus leitores gentios”. E prossegue:

“Achamos confirmação para esta interpretação em Lucas 9:25, onde ele novamente omite o termo psychê-alma; “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou a causar dano a si mesmo [eauton]?”.

Presumivelmente, Lucas empregou aqui o pronome “ele” em lugar de alma-psychê, como empregado em Marcos 8:36, porque o último, como Edward Schweizer sugere, “poderia ser mal entendido [pelos leitores gentios] como punição da alma após a morte”. Por empregar, em vez disso, o pronome “ele”, Lucas indica que Jesus quis dizer a perda da pessoa inteira”. Portanto, quem melhor poderia interpretar-nos o texto em disputa, a não ser um autor bíblico?

Sem dúvida tal interpretação de Lucas supera qualquer uma que eu ou o Paulo S. Araújo tenha a oferecer. . .

E conclui o Dr. Bacchiocchi: “Quando temos em mente o sentido ampliado que Cristo faz do termo ‘alma’, então o sentido de Sua declaração faz-se clara. Matar o corpo significa tirar a vida presente de sobre a Terra. Mas isso não mata a alma, ou seja, a vida eterna recebida por aqueles que aceitaram a provisão da salvação de Cristo. Tirar a vida presente significa pôr uma pessoa a dormir, mas uma pessoa não é finalmente destruída até a segunda morte, a qual, como veremos, é comparada na Escritura com o inferno”.

A Vida Em Seu Potencial Eterno—Garantia Presente de Bem-Aventurança Futura

A melhor maneira de analisar as palavras de um personagem bíblico em certo ponto é ver como esse mesmo personagem trata da questão ou utiliza a mesma palavra em outras ocasiões. Sendo que Jesus foi quem disse o que disse na disputada passagem de Mateus 10:28 nada como ver como Cristo mesmo trata do tema da natureza humana, que sentido dá à concepção de “alma”.

Em Marcos 8:35, Mateus 16:25; Lucas 9:24 temos repetidamente a expressão “perder a sua vida/ganhar a vida”. Ou seja, a pessoa ganha a vida (alma) por perdê-la (a alma também). E em ambos os casos do perder a “alma”/ganhar a “vida” aparece psychê como termo original. Em Lucas 12:20 encontramos a expressão “Deus lhe disse: Insensato, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” Logicamente neste caso, perder a “alma” significa perecer para sempre no geena, perder o potencial eterno para a vida, dada à perda eterna do indivíduo integral.

Quem “ganha” a sua alma é aquele que tem a promessa de vida eterna. Terá garantida a vida em seu potencial eterno, conquanto a morte física venha a ocorrer eventualmente.

Num estudo bíblico que preparei sobre o tema da justificação e santificação expus alguns pensamentos que merecem ser aqui considerados:

Justificação é o veredito do divino Juiz nas cortes celestiais de que o perdão é nosso, nossa a vida eterna, nossa a celestial herança, nosso o Espírito Santo. Pela fé já fomos declarados perfeitos (Heb. 10:14), passamos escatologicamente da morte para a vida (João 5:24), já ressuscitamos e subimos para o céu para assentar-nos nos lugares celestiais (Efé. 2:5, 6).

Ponderando: O evangelho não aponta apenas para o passado—o Calvário– mas apresenta-nos as boas novas de que temos os nossos nomes registrados no livro da vida (Luc.10:20; Fil. 4:3) e é um retrato que temos do futuro como fato presente e real para ser agora desfrutado. O Segundo Advento será o desdobramento concreto e empírico daquilo que já é nosso em Cristo Jesus porque “fé é a certeza de cousas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem” (Heb. 11:1).

A Bíblia diz claramente que “Aquele que tem o Filho, tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida” (1 João 5:12). Assim, estão escritos no livro da vida os que já têm a vida, em seu potencial eterno. Portanto, poderia ser até chamado “o livro das almas”. Esse texto de 1 João 5:12 é interessante pois fala também de algo futuro como sendo presente. As pessoas que não têm o Filho são vivas, porém, é como se não a tivessem. O sentido é escatológico—a vida futura, eterna, de que não desfrutarão.

O cristão vive pela fé, mas já no presente tem a garantia de vida. Jesus garantiu que “quem comer a Minha carne e beber o Meu sangue tem a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia” (João 6:54). A pessoa que participa da vida de Cristo JÁ TEM POR ANTECIPAÇÃO a vida eterna. Cristo também declarou: “O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10:10). Aqueles para os quais Ele veio eram vivos, contavam com a vida física, mas não a vida em seu potencial eterno.

E esta garantia de “vida abundante” é dada magnificamente com a promessa, “Eu o ressuscitarei no último dia”, nada sendo referido quanto a tal posse da vida eterna ocorrer por ocasião da morte do corpo e preservação de uma “alma imortal”. Aliás, isso é significativo nas promessas constantes de Cristo quanto à vida, fazendo a ligação entre isto e a ressurreição, como veremos mais adiante.

“O justo viverá pela fé”, e essa fé se constitui na certeza da vida futura, já antecipada no presente. Aliás, ele já passou da morte para a vida (João 5:24), e até já é ressurreto, assunto ao céu e já está assentado nos lugares celestiais (Efé. 2:5, 6). Tudo isso já desfrutado pela fé.

Potencial Eterno Que Pode Ser Eliminado

Esta certeza e garantia de ter a vida não poderá ser eliminada com a morte do corpo de um fiel servo de Deus. A “alma” é a vida potencialmente eterna, firmada em sua fé em Cristo. Como diz uma enciclopédia bíblica,

“Embora os homens possam matar o corpo, não podem matar a pessoa para sempre, visto que ela vive no propósito de Deus (veja Lu 20:37, 38), e Deus pode restaurar e restaurará a vida de tal pessoa fiel como criatura, por meio duma ressurreição. Para os servos de Deus, a perda de sua “alma” ou vida como criatura é apenas temporária, não permanente. . . . Por outro lado, Mateus 10:28 declara que Deus ‘pode destruir na geena tanto a alma psy·khén como o corpo’. Isto mostra que psy·khé não se refere a algo imortal ou indestrutível. De fato, não existe nem sequer um caso em todas as Escrituras, Hebraicas e Gregas, em que as palavras né·fesh ou psy·khé sejam modificadas por termos tais como imortal, indestrutível, imperecível, imorredouro ou algo parecido. . . . Por outro lado, há dezenas de textos, tanto nas Escrituras Hebraicas como nas Gregas, que falam de né·fesh ou de psy·khé (alma) como mortal e sujeita à morte (Gên 19:19, 20; Núm 23:10; Jos 2:13, 14; Jz 5:18; 16:16, 30; 1Rs 20:31, 32; Sal 22:29; Ez 18:4, 20; Mt 2:20; 26:38; Mr 3:4; He 10:39; Tg 5:20), como morrendo, sendo . . . destruída (Gên 17:14; Ex 12:15; Le 7:20; 23:29; Jos 10:28-39; Sal 78:50; Ez 13:19; 22:27; At 3:23; Re 8:9; 16:3), quer pela espada (Jos 10:37; Ez 33:6), quer por sufocamento (Jó 7:15), ou por correr o risco de morrer afogada (Jon 2:5), e também como descendo à cova ou ao Seol (Jó 33:22; Sal 89:48), ou sendo livrada dali (Sal 16:10; 30:3; 49:15; Pr 23:14)”.

Com isso, fica claro que o uso de “alma” em Mateus 10:28 NÃO SIGNIFICA uma entidade que conscientemente, separada do corpo, sobrevive à morte, pois EM PARTE ALGUMA tal conceituação é fornecida nas Escrituras.

A Bíblia jamais ensina que a alma NÃO MORRE, e sim o contrário disso, tanto no Velho quanto no Novo Testamento: “A alma que pecar, essa morrerá” (Eze. 18:20); “Aquele que converte o pecador do seu caminho errado, salvará da morte a alma dele. . .” (Tia. 5:20).

A alma neste caso é o indivíduo completo, com o potencial de vida eterna negado, pois não tendo o Filho, não pode desfrutar a vida.

Finalmente, pode-se acrescentar que Jesus, que, seja lembrado, não falava em português, usou a expressão “alma” na primeira parte de Mat. 10:28 para não ser ambíguo. Se Ele dissesse, “não temais os que podem matar o corpo mas não eliminam a vida” isso ficaria confuso na mente dos ouvintes. Por isso recorreu a uma expressão cuja variedade de sentidos é bem óbvia na comparação de vários textos bíblicos.

O próprio Cristo em Mat. 22:31 e 32 declara:

“E, quanto à ressurreição dos mortos, não lestes o que foi dito por Deus: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos”.

É incrível ver como os defensores das teses dualistas usam este texto tentando provar sua visão, quando a passagem fala SOMENTE em ressurreição final, nunca em ida de alguém para o céu imediatamente após a morte. Deus é Deus de vivos EM FUNÇÃO DA PROMESSA DA RESSURREIÇÃO, e não por causa de haver uma alma imortal embutida no ser humano.

A Segunda Metade do Texto

E temos ainda a 2a. metade do texto que é um golpe de morte sobre a interpretação que se dá à 1a. “Temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo”.

Qual é o sentido de “perecer no inferno-geena”? Para entender isto temos que recorrer ao ensino bíblico global sobre o destino final dos pecadores. Aliás, para qualquer sentido específico de palavras ou frases bíblicas o caminho é esse, e não criar uma tese firmada num texto isolado, e teimar, teimar, teimar que a Bíblia inteira deva ser interpretada com base nessa interpretação particular, independente e firmada na mera “tradição” dos homens, ou em condicionamento cultural, como se dá com a interpretação da primeira metade de Mateus 10:28 pelo Paulo S. Araújo. Em lugar de ressaltar que a alma NÃO MORRE, a segunda parte do texto confirma a declaração bíblica de que “a alma que pecar, essa morrerá” (Eze. 18:4).

No próprio texto de Mateus 10:28 encontramos fundamento para confirmar o que a Bíblia declara, tanto no Velho quanto no Novo Testamento: a palavra “perecer” é derivada de apollumi, que significa em 2 Pedro 3:6-10 “destruição”. E Pedro faz um paralelo inegável entre os antediluvianos que pereceram nas águas do dilúvio com a “destruição dos homens ímpios” ao final da história humana:

“. . . pelas quais coisas pereceu (apoleto) o mundo de então, afogado em água; mas os céus e a terra de agora, pela mesma palavra, têm sido guardados para o fogo, sendo reservados para o dia do juízo e da perdição (“destruição”, apoleias) dos homens ímpios. Mas vós, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se. Virá, pois, como ladrão o dia do Senhor, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há, serão descobertas”.

O texto em destaque não só traça um paralelo entre os antediluvianos que pereceram sob as águas, como mostra que o próprio planeta na sua forma presente passará por uma destruição total e plena. Ora, nem os homens antediluvianos continuaram sob as águas conscientes e sofrendo torturas perenes, nem o planeta será submetido a um fogo inextinguível. O “perecer” tanto dos antediluvianos quanto do planeta significa indiscutivelmente “destruir”. O apóstolo Paulo foi claríssimo também ao falar em destruição dos ímpios, em linguagem plenamente compatível com o que Pedro descreve:

“. . . se de fato é justo diante de Deus que ele dê em paga tribulação aos que vos atribulam, e a vós, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder em chama de fogo, e tomar vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus; os quais sofrerão, como castigo, a perdição eterna, banidos da face do senhor e da glória do seu poder, quando naquele dia ele vier para ser glorificado nos seus santos e para ser admirado em todos os que tiverem crido (porquanto o nosso testemunho foi crido entre vós)”. – 2 Tess. 1:6-10.

Esta passagem é muito significativa pois Paulo mostra que a tribulação sob que vivem os cristãos findará, não quando estes morrerem e suas almas forem para o céu, mas quando “se manifestar o Senhor Jesus com anjos do seu poder”. Também ele demonstra que o castigo “em chama de fogo” para “tomar vingança dos que não conhecem a Deus” é algo FUTURO. Logo, a noção de um inferno já em operação cai por terra diante de tão claras palavras do apóstolo. E o castigo é o BANIMENTO eterno pelos que sofrem “perdição eterna”, ou “destruição eterna”, “ruína eterna”, como consta da Versão King James, e da versão em francês da Alliance Biblique Universelle.

Essa noção de destruição dos homens ímpios harmoniza-se com inúmeras outras passagens bíblicas que apontam exatamente a isso—à extinção total de pecado e pecadores nos momentos finalíssimos da história humana.

Há passagens claras na Bíblia sobre a destruição total dos iníquos: os ímpios perecerão(Salmo 37:20); serão destruídos (Salmo 145:20); morrerão (Ezequiel 18:4); serão consumidos (Salmo 21:9); inexistirão (Salmo 37:10); serão eliminados (Provérbios 2:22) perderão a vida (Provérbios 22:23); tornar-se-ão em cinzas (Malaquias 4:3); se desfarão em fumaça (Salmo 37:20); derreterão como a cera (Salmo 68:2); os que não crerem no Filho Unigênito enviado por Deus perecerão (João 3:16), pois “o salário do pecado é a morte” (Romanos 6:23).

Isaías 14:12ss retrata o rei de Babilônia em linguagem que se interpreta geralmente como também referindo-se ao próprio Lúcifer. O mesmo se dá com Ezequiel 28:14ss, que retrata o rei de Tiro, mas a linguagem descritiva é claramente uma referência a Satanás. Os vs. 18 e 19 falam de sua queda final e a destruição eterna com fogo que o transformaria em cinzas, “. . . e nunca mais serás para sempre”, dizem algumas versões. Esse é o fim de Satanás, a “raiz”, que junto com os “ramos” de seus seguidores encontrarão a destruição, como descrito em Malaquias 4:1-3:

“Pois eis que aquele dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como restolho; e o dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo. Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo curas nas suas asas; e vós saireis e saltareis como bezerros da estrebaria. E pisareis os ímpios, porque se farão cinza debaixo das plantas de vossos pés naquele dia que prepararei, diz o Senhor dos exércitos”.

As Palavras de Jesus

Jesus comparou a destruição dos ímpios com ervas reunidas em molhos para serem queimadas (Mat. 13:30,40), os maus peixes lançados fora (Mat. 13:48), as plantas prejudiciais que são arrancadas (Mat. 15:13), a árvore infrutífera que é cortada (Luc. 13:7), os galhos secos que são queimados (João 15:6), os servos infiéis que são destruídos (Luc. 20:16), o mau servo que será despedaçado (Mat. 24:51), os galileus que pereceram (Luc. 13:2, 3), as dezoito pessoas que foram esmagadas pela torre de Siloé (Luc. 13:4, 5), os antediluvianos que foram destruídos pelo dilúvio (Luc. 17:27), as pessoas de Sodoma e Gomorra que foram destruídas pelo fogo (Luc. 17:29) e os servos rebeldes que foram mortos quando do retorno do seu mestre (Luc. 19:14, 27).

Todas essas ilustrações empregadas pelo Salvador descrevem vividamente a destruição final dos ímpios. O contraste entre o destino dos salvos e o dos perdidos é um de vida versus destruição. Em Mateus 25:46 Cristo mostra a ANTÍTESE entre “vida eterna” dos remidos e “morte eterna”, dos condenados. Há um paralelo na sorte de ambos os grupos—o caráter eterno de sua sorte futura, de um lado vida eterna, do outro, morte eterna.

Jesus disse: “Eu lhes dou [aos remidos] a vida eterna; jamais perecerão, eternamente, e ninguém as arrebatará da minha mão” (João 10:28). “Entrai pela porta estreita (larga é a porta e espaçoso é o caminho que conduz para a perdição e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela”. Dentro do contexto destas passagens, não há razão para reinterpretar a palavra “perecer” ou “destruir” para significar permanência de vida em tormento infindável, absolutamente eterno.

Cristo Não Ensinou a Imortalidade da Alma

Se a intenção das palavras de Cristo na primeira parte de Mateus 10:28 fosse indicar a natureza dualística do homem esperar-se-ia ver isso claramente desenvolvido em outras passagens. Contudo, não é o que constatamos ao lermos sobre promessas de Cristo relativas à vida futura. Vejamos alguns exemplos:

Em João 14:1-3 e João 5:28, 29 não há pista alguma de “almas imortais” referidas em qualquer desses textos com os Seus dizeres:

“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também”.

“Não vos admireis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida, e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo”.

São bem significativas as palavras de Cristo sobre “preparar moradas” para os Seus, seguidas de Sua promessa de retorno: “virei outra vez, e vos levarei para Mim mesmo, para que onde eu estiver, estejais vós também”. Ora, se Cristo ensinasse a imortalidade da alma iria dizer que as moradas estariam disponíveis aos salvos conforme fossem morrendo e suas almas chegassem no céu para assumi-las. O fato de Ele relacionar o Seu retorno ao encontro com os remidos para, então, ocuparem tais moradas é altamente significativo. Simplesmente não há espaço para a noção de almas ou espíritos indo para o céu nessa fala do Salvador.

Por outro lado, o texto sobre a ressurreição de João 5:28 e 29 é antecedido por alguns comentários muito significativos de Cristo: “Em verdade, em verdade, vos digo que vem a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem, viverão” (vs. 25).

Observem que Ele fala que “os mortos” ouvirão a voz do Filho de Deus e VIVERÃO. Neste verso específico Ele certamente se refere aos salvos, pois fala: “os que a ouvirem, viverão”. Estas palavras não fazem sentido para quem creia na imortalidade da alma, porque os que ouvirem a voz JÁ ESTÃO VIVOS, na forma de uma “alma imortal”. Os que VIVERÃOsão os que estiverem nas sepulturas, não os que estejam em algum local do universo esperando esse “ouvir a voz”, para terem vida.

Se as almas é que vêm de diferentes locais, primeiro, não precisariam ouvir voz alguma para despertar—já estão muito bem despertas. E se estão despertas é por estarem vivas, e o “VIVERÃO” a elas não pode aplicar-se!

E há mais uma ponderação a considerar: Jesus diz, “os MORTOS ouvirão a voz. . .” Ora, se Cristo cresse na imortalidade da alma iria dizer—“as almas dos que morreram se reincorporarão e ouvirão a voz. . .” A preocupação Dele não é com os que estão em alguma parte do espaço, mas com “OS MORTOS”. E esses mortos são “todos os que se acham nos túmulos”. O tema no contexto é o juízo a que todos devem submeter-se—a ressurreição da vida e a do JUÍZO.

E o Que Dizer Da Ressurreição de Lázaro?

Quando se lê o que é considerado o maior dos milagres de Cristo—a ressurreição de seu amigo Lázaro, morto já fazia quatro dias (João cap. 11)—as palavras do Salvador não deixam igualmente qualquer pista para a crença na imortalidade da alma. Senão, vejamos:

a) Cristo diz aos discípulos que o amigo Lázaro estava “dormindo”, utilizando a metáfora do sono para falar da morte, algo muito comum nas Escrituras tanto do Velho quanto do Novo Testamento. A morte é retratada na Bíblia como um sono inconsciente (Salmo 146:4; Ecl. 9: 5, 6 10; 1 Tes. 4:13-18).

b) Na rápida conversa que teve com as enlutadas irmãs, Cristo jamais diz algo sobre Lázaro estar desfrutando as bênçãos celestiais, mas aponta à ressurreição “no último dia” como fonte de consolação. Marta reage às palavras Dele na mesma base—confirmando sua esperança na ressurreição (João 11: 23, 24).

c) Cristo faz a declaração magnífica e confortadora: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em Mim, ainda que morra viverá” (vs. 25). A ênfase não está em almas indo para o céu, mas, de novo, na ressurreição do dia final. Por isso quem aceita o Evangelho viverá, não por ter uma alma imortal, mas graças à ressurreição que resulta em imortalidade, concedida como um dom aos que crêem (2 Tim. 1:10).

d) Quando Lázaro é trazido à vida, nada tem para contar de seu tempo “no além”. Decerto se ele tivesse algo a narrar do período em que esteve morto, o apóstolo João haveria de registrar sem hesitação. Seria tema importantíssimo e do maior interesse da comunidade de crentes. Contudo, Lázaro nenhuma informação trouxe da sua possível passagem pelo céu, porque nada teve para contar a respeito.

e) Se Cristo tivesse trazido Lázaro do céu para voltar a sofrer sobre a Terra ter-lhe-ia feito uma maldade. Se o trouxe do inferno (improvável, pois era um seguidor do Mestre) ter-lhe-ia dado nova oportunidade de salvação, o que é antibíblico.

As palavras e atos de Cristo são coerentes com o que Ele havia dito em João 6:39: “E a vontade de quem me enviou é esta: Que nenhum Eu perca de todos os que Me deu; pelo contrário, Eu o ressuscitarei no último dia”. Tais palavras são repetidas nos vs. 40, 44 e 54. Este último verso é muito significativo: “Quem comer a Minha carne e beber o Meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”. E no vs. 58 Ele novamente acentua: “Este é o pão que desceu do céu, em nada semelhante àquele que os vossos pais comeram, e contudo morreram: quem comer este pão viverá eternamente”. Está muito claro que Ele relaciona a posse da vida eterna com a ressurreição no último dia!

Se Cristo ensinasse a imortalidade da alma sem dúvida Suas palavras refletiriam tal noção nestas declarações, pois é incrível que deixasse de mencionar um fato tão relevante no que diz respeito ao destino dos salvos, o tema que está expondo nessas passagens.

Portanto, o Paulo S. Araújo e seus patrocinadores não têm escora alguma para defender sua tese de que “alma” nas Escrituras tem o “sentido primário” de entidade imaterial/imortal que sobrevive à matéria. Diante disse ele tem duas opções:

a) ser humilde e reconhecer a falácia de seus argumentos, firmados, não no “assim diz o Senhor” das Escrituras consideradas globalmente; b) continuar teimando e teimando e teimando com um sentido de um termo isolado num pedaço de texto sem perceber que o faz por seu próprio condicionamento cultural dentro da linha de pensamento da cosmovisão greco-romana para a natureza e destino humanos, não da visão global bíblica do sentido de “alma” e “espírito”, que reflete a concepção hebraica, a dos autores inspirados por Deus tanto no Velho quanto no Novo Testamento.

Tomara que o Paulo prefira a primeira opção e venha unir forças com o crescente contingente de estudiosos da Bíblia das mais diferentes confissões que têm assumido essa posição muito mais avançada sobre a natureza e destino humanos, abandonando o dualismo que deriva da primeira mentira satânica sobre este planeta, “É certo que não morrereis” (Gên. 3:4).

Esta postagem conclui nossa resposta à insistente pergunta do Paulo Araújo, que ao desafiar-nos abertamente quanto ao sentido de Mateus 10:28 tem agora nossa devida resposta, que demoramos para apresentar para que ele primeiramente cobrisse os capítulos 2 e 3 do livro Imortalidade ou Ressurreição?, onde o autor, Dr. Samuele Bacchiocchi, magnificamente demonstra que os sentidos vários de “alma” e “espírito”, tanto no Velho quanto no Novo Testamento, JAMAIS dão margem à noção de origem pagã de “elemento imaterial/imortal que sobrevive à matéria”.

Agora, que tal o Paulo Araújo responder às 10 perguntas que lhe dirigimos antes e que ele JAMAIS dispôs-se a responder? Afinal resposta à pergunta dele foi dada. Então, nada mais justo do que agora requerermos dele também respostas às nossas insistentes indagações.

LEGENDA:

VERMELHO: RESPOSTAS DO PAULO SÉRGIO ARAÚJO.

AZUL: MEUS COMENTÁRIOS

Comentário do Paulo Sérgio Araújo: Abaixo, as 10 perguntas que o Professor Azenilto deixou para eu responder. Como ele é Professor, e eu sou aluno, então vamos ver que nota ele dá para mim nessa prova. Se tem 10 perguntas, então cada uma vale 1 ponto… Porém, acho que esse professor não vai muito com a minha cara, e muito provavelmente ele me dará um zero bem grande… Se depender da nota do Professor Azenilto, então eu repetirei de ano… nem de recuperação vou ficar…

1 – Que provas bíblicas tem de que Deus colocou uma alma imortal ao criar o homem, sendo que este nem precisaria disso pois a morte não foi prevista no plano original de Deus, e sim a vida física do homem, eternamente preservada no Paraíso físico?

Ler os textos de 1Rs 17:21, 22; Mt 10:28; Lc 23:46; Jo 19:30; At 7:59; 20:10; 1Co 2:11; 5:5; 14:14, 32; Hb 12:23;Ap 6:9; 18:13; 20:4, e outros que eu nem me lembro…

ABSOLUTAMENTE NENHUM dos textos enumerados responde à pergunta. Não há a mínima informação de que Deus haja colocado um elemento imaterial/imortal no homem ao criá-lo. Mesmo porque não era para esse homem morrer, e sim viver eternamente como um ser físico, num Paraíso físico. Portanto, nem necessidade ele tinha de uma suposta “alma imortal”.

O que se passa é que o Paulo Araújo parte de deduções do sentido de termos, aplicando o que imagina ser o seu sentido segundo o condicionamento cultural de origem greco-romana que lhe domina a “alma”.

Simplesmente não apresentou qualquer PROVA, segundo o que perguntamos. Nota ZERO já na primeira de suas respostas.

2 – De que parte da Bíblia extraiu o conceito claramente definido de que “alma” tem o sentido de “elemento imaterial e imortal que prevalece sobre a morte tendo consciência, à parte do corpo” (Obs.: meras deduções à base de conceitos extrabíblicos não servem)?

Se as passagens acima mostram a alma sobrevivendo à dissolução do corpo, então a única conclusão a chegar-se é que ela é imaterial e imortal!

Ele começa com um SE, o que é significativo, pois é condicional. Só que eu deixei claro que “meras deduções à base de conceitos extrabíblicos NÃO SERVEM”. E ele não demonstrou DENTRO DA Bíblia o que pretende—que alma é um elemento imaterial/imortal que sobrevive à matéria. Não há tal informação nas Escrituras, a não ser forçando o sentido de textos para amoldar-se a pressupostos de condicionamento cultural, como é o caso do Paulo S. Araújo. Mas isso já é partir para DEDUÇÕES extrabíblicas. . .

Logo, ganha outro ZERO na resposta à segunda pergunta.

3 – Poderia mostrar uma só descrição bíblica clara (não em textos parabólicos ou simbólicos) de almas conscientes deixando o corpo na morte e partindo para o céu, inferno, purgatório ou qualquer outro “departamento do além” que a teologia popular criou?

Há passagens que falam sobre a sobrevivência da alma após a morte do corpo (elas estão na resposta número 1). Porém, quando Jesus e Estevão disseram: “recebe o meu espírito”, isso indica que a parte imaterial deles estava indo para junto de Deus, ou seja, para o céu. As almas debaixo do altar descritas em Apocalipse 6:9 (e os “espíritos dos justos aperfeiçoados de Hb 12:23) também falam que as almas dos justos estavam no céu.

Não há NENHUMA passagem que fale de almas conscientes que saiam do corpo indo para qualquer outra parte do universo. Os textos que ele cita simplesmente não falam isso, pois o “entregar o espírito” a Deus significa simplesmente despedir-se do fôlego vital que Deus concede a todos os seres, homens e até animais (ver Sal. 104:25-29—“se lhes tiras a respiração [ruach], morrem, e voltam ao seu pó. . .”).

Salomão falou sobre isso em Ecl. 12:7: “e o pó volte para a terra como o era, e o espírito [ruach] volte a Deus que o deu”. Observem que ele trata dos que morrem e vão para o pó, como TODOS, não só os salvos. O mesmo se aplica ao fôlego de TODOS que como volta para Deus, por Lhe ser devolvido, reintregrado ao espaço.

E onde aparecem tais “espíritos” no céu? Onde há a mínima descrição de ida de tais espíritos para lá, e sua permanência por lá? Por que Jesus disse que ia “preparar lugar” para os remidos, em João 14:1-3, mas vinculou a posse de tais lugares, não quando os remidos morressem e suas almas fossem para o céu, e sim quando Ele retornasse?

Quanto às almas debaixo do altar, eu disse que não valiam textos parabólicos ou simbólicos, mas o Paulo Araújo não respeitou tal critério porque sabe que não tem outros recursos de que valer-se. A passagem que fala de “almas debaixo do altar” é apenas uma figuração do autor bíblico para lembrar os muitos que foram martirizados ao longo da história, e cujo sangue está debaixo do altar, onde ficava acumulado o sangue dos sacrifícios no culto israelita. É bom lembrar que um dos sentidos de “alma” é exatamente “sangue”.

O sangue de Abel também “clamava” desde a Terra (Gên. 4:10), bem como o salário dos trabalhadores (Tia. 5:4). Portanto, é linguagem altamente simbólica e não serve de “prova” de modo algum para a imortalidade da alma, e não responde nem de longe à pergunta feita. Mais um ZERO lamentável para o Paulo Araújo.

4 – Poderia apresentar uma só descrição bíblica clara de almas ou espíritos voltando de algum lugar do além para reincorporar quando da ressurreição final?

Desconheço qualquer versículo que fale sobre almas retornando aos corpos por ocasião da ressurreição final. Porém, há 3 casos registrados na Bíblia de que as almas voltaram para os corpos quando as pessoas foram ressuscitadas.

Que coincidência! Eu também desconheço. Mesmo porque Paulo descreve em detalhes o que se passará nos momentos finalíssimos da história da Terra, especialmente em 1 Coríntios 15, quando se dará o encontro do Senhor com os remidos, e “se esqueceu” de descrever essas supostas almas vindas do alto ou de baixo para reincorporarem.

Portanto, o Paulo S. Araújo mesmo reconhece a falta de dados a respeito de algo que seria importantíssimo aparecer na Bíblia, caso a tese de imortalidade da alma tivesse fundamento seguro. Pela falta de saber o que dizer, só pode ganhar o 4o. ZERO de nosso teste.

5 – Poderia nos explicar como os corpos dos ímpios que ressuscitam teriam capacidade de ser eternamente refratários ao fogo, pois somente os remidos são descritos como tendo corpos incorruptíveis (Fil. 3:20, 21; 1 Cor. 15:53-55)?

Além de ser uma pergunta sem sentido, ela indica que você acredita que as chamas do inferno são literais. Sendo assim, eu te pergunto: os corpos ressurretos dos maus suportarão as chamas literais do inferno enquanto estiverem sofrendo por um período proporcional e temporário? Veja que esse seu argumento não tem sentido, visto que essa pergunta pode ser feita também para os aniquilacionistas.

A pergunta faz todo o sentido. A Bíblia não descreve os critérios divinos para a graduação dos castigos, mas que se dará pelo fogo é claríssimo. Muitas passagens falam de fogo, como os ímpios que serão destruídos nos fogos finais, tal como os antediluvianos o foram nas águas do dilúvio (2 Ped. 3:6-10), e “derreterão como cera” (Sal. 68:2), se transformarão em “cinzas” (Mal. 4:1-3).

O Paulo Araújo é que tem de PROVAR que o castigo NÃO SERÁ com fogo. Sua resposta à quinta pergunta resulta em inescapável ZERO, novamente.

6 – Poderia nos explicar para onde o lago de fogo parte após cumprir sua função de “segunda morte”, já que queima SOBRE A SUPERFÍCIE DA TERRA (Apo. 20:5ss) e não é dito em parte alguma que salte de sobre a Terra para prosseguir queimando eternamente noutro recanto do universo, já que o contexto fala que há “novos céus, e uma nova terra .. . . e o mar já não existe [nem o lago de fogo]” (Apo. 21:1)?

Farei outra pergunta para aniquilar com essa feita por você: Ap 20:9 diz que “desceu” o quê do céu: fogo ou o lago de fogo? Bem, leia o versículo e depois responda para todos verem a sua resposta:

“Marcharam, então, pela superfície da terra e sitiaram o acampamento dos santos e a cidade querida; desceu, porém, fogo do céu e os consumiu” (Ap 20:9)

Pois basta ler a sequência toda do capítulo para ver que o fogo que desce do céu se transforma no lago de fogo, assim como a chuva que cai do céu se transforma em poças dágua, lagoas e lagos. . .

O Apocalipse nem sempre apresenta uma rigorosa sequência cronológica nos seus vários capítulos. Por exemplo, a descida da cidade santa é dada em pormenores no capítulo 21, embora haja uma antecipação disso no capítulo anterior.

Então, não há porque haver dúvida. O fogo que consome os pecadores é o mesmo do lago de fogo que representa a “segunda morte” (Apo. 20:14; 21:8).

A consequência da má resposta é outro ZERO.

7 – Como explica a 2a. parte de Mateus 10:28 onde claramente o Cristo fala que Deus fará “perecer” no geena tanto o corpo quanto a alma, no sentido de ser o indivíduo integral, à luz de 2a. Ped. 3:6-10 onde o mesmo termo no grego para “perecer” (apollumi) aparece com claríssimo sentido de “destruição dos homens ímpios”, num paralelo entre a destruição dos antediluvianos sob as águas do dilúvio e a destruição final dos pecadores sob os fogos de vingança no futuro (1 Tes. 1:7-10)?

Se apollumi na segunda parte de Mateus 10:28 e no trecho de 2 Pedro 3:6-10 tem o sentido de “aniquilar”, então você é obrigado a sustentar que os pecadores dos tempos de Noé, que morreram pelas águas do dilúvio, já foram aniquilados! Você crê nisso? Se sim, então aqueles pecadores não ressuscitarão no futuro! Crê nisso também? Logo, é mais do que evidente que apollumi em 2Pedro 3:6-10 de forma alguma significa “aniquilar”.

Isso é puro sofisma, pois os antediluvianos foram realmente “aniquilados” pelas águas, assim como o homem do pecado, o filho da perdição será aniquilado pelo sopro da boca do Senhor (2 Tess. 2:8), mas haverá ainda de ressuscitar para comparecer ao juízo.

E também não nos limitamos a 2a. Pedro 3:6-10 para entender pela Bíblia que o que ocorrerá é mesmo a aniquilação dos ímpios, segundo inúmeros versos tanto do Velho Testamento quanto do Novo Testamento (Sal. 37:20; 68:2; 92:8; Eze. 28:14-19; Mal. 4:1-3; Mat. 10:28b; 2 Tess. 1:7-10; 2a Ped. 3:6-10; Apoc. 20:14; 21:8).

Assim, o Paulo S. Araújo falhou em mais uma resposta, e ganha mais um sonoro ZERO.

8 – Como explica o fato de que, a despeito de tantas vezes aparecer na Bíblia, as palavras “alma” e “espírito” NUNCA são modificadas pelos adjetivos “eterno” ou “imortal”?

O fato de uma palavra (“alma” ou “espírito”) não aparecer na Bíblia não indica que uma doutrina (a imortalidade da alma) seja falsa. As doutrinas não são estabelecidas em cima das palavras que estão registradas na Bíblia, mas em cima dos ensinamentos que essas palavras nos passam. A palavra “trindade”, por exemplo, não aparece nas Escrituras, mas cremos nessa doutrina porque muitas passagens a ensinam.

Essa foi muito boa! Só que as palavras “alma” e “espírito” APARECEM na Bíblia, e o que não se dá é JAMAIS serem modificadas pelos adjetivos “imortal” ou “eterno”.

Ora, se é tão relevante e claro na Bíblia a questão da imortalidade da alma, não parece estranho que expressões tais como “alma imortal”, “espírito imortal” NÃO apareçam nas páginas bíblicas?

Ademais, não existe texto nenhum que ensine que haja uma parte imaterial/imortal no homem, pois na “receita” da formação do homem não é dito que tal “ingrediente” haja sido acrescentado. Ora, se uma dona de casa vai fazer um bolo de chocolate, o ingrediente “chocolate” há de aparecer obrigatoriamente em tal bolo. Se não houver chocolate, poderá ser bolo de qualquer coisa, menos de chocolate.

E na “receita” da composição do homem originalmente, NÃO APARECE nenhum elemento imaterial/imortal que sobrevive à matéria, conceito que se desenvolveu mais tarde inspirado na primeira mentira proferida pelo diabo sobre o planeta, “É certo que não morrereis” (Gên. 3:4), e que caracteriza o pensamento de TODOS os povos pagãos. . .

Lamentavelmente, o mundo protestante não se despertou para esse erro, sendo um dos DOIS grandes erros que a Reforma Protestante ficou devendo de nos corrigir.

Novamente, o ZERO é a retribuição pela inadequação da resposta.

9 – Poderia citar uma só vantagem, dentre as dez que eu indico, de manter o entendimento dualístico sobre o holístico?

A vantagem é que a imortalidade da alma é ensinada na Bíblia, enquanto que o holismo (ou imortalidade condicional) é uma doutrina humana, materialista.

A pergunta NÃO FOI RESPONDIDA porque o Paulo Araújo não se ateve ao questionário onde apresento os tópicos ESPECÍFICOS, demonstrando em um por um a suposta superioridade dessa doutrina infame, que é o elo de ligação entre as religiões todas que haverão de se unir em pontos comuns de doutrina. A crença na imortalidade da alma e a guarda do domingo é o ponto comum que unirá finalmente o catolicismo, protestantismo, espiritismo, maometanismo, hinduísmo, mormonismo, budismo, animismo, Nova Era e todas essas religiões que seguem a Bíblia só em parte, ou não a seguem em absoluto.

Mais um lamentável ZERO como nota, pela resposta falha.

10 – Poderia explicar por que Jesus fala em “verme que nunca morre”, em vez de “alma que nunca morre” em Marcos 9:48?

O texto em apreço diz “e o seu verme [ou ‘bicho’] nunca morre”. Para falar a verdade, não sei qual o sentido desse “verme”. Certamente não é um “verme” literal, como os que existem na natureza. Porém, o versículo diz que “o seu [do homem] verme não morre” e que “o fogo nunca se apaga”, indicando perpetuidade.

Se o Paulo Araújo tiver a necessária humildade poderá aprender de uma vez por todas o sentido desta passagem. Lembremo-nos que o texto fala em “vermes”, e não “almas’. Ora, verme é verme e alma é alma. . .

Devemos primeiro recorrer à metáfora semelhante que foi empregada anteriormente por Isaías, em Isa. 66:24, e que é repetida por Jesus:

“E sairão, e verão os cadáveres dos homens que transgrediram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e eles serão um horror para toda a carne”.

Significativamente, tal texto está num contexto em que o profeta fala das condições da Nova Terra, onde, por sinal, os salvos irão observar o sábado, pois lá não haverá mais pecados nem pecadores, é uma terra “onde habita a justiça” (2 Ped. 3:13)!

Pois bem, o texto de Isaías claramente trata dos CADÁVERES dos inimigos de Deus que estariam insepultos (o que era uma suprema desonra para um israelita), e os vermes os estariam consumindo constantemente, e um fogo queimando também sem cessar. Esta linguagem se chama HIPÉRBOLE e o objetivo é aumentar o cenário de horror. Vejam que Jerusalém seria destruída com um fogo que não se apagaria (Jer. 17:27), aliás, também por causa da violação do sábado pelo povo de Israel. Contudo, quem for hoje a Jerusalém não verá as portas da cidade queimando mais. . .

Essa hipérbole mostra que os vermes como que seriam ETERNOS, mas isso é como também encontramos no hino nacional brasileiro, “pátria amada, IDOLATRADA”, só que ninguém está idolatrando literalmente a pátria (nem deve. . .).

E temos aí o seu último ZERO. Como ZERO mais ZERO dez vezes, ou ZERO vezes 10 é igual a ZERO, essa é a nota final do pequeno teste de conhecimentos bíblicos sobre a questão da natureza e destino humano ao Paulo S. Araújo.

Finalmente, lembremo-nos que eu propus ao Paulo Araújo uma pergunta especial, extra, e ele NÃO RESPONDEU:

Como é que os que aceitam o evangelho já passaram da morte para a VIDA” (João 5:24), e no entanto ainda morrem? E também “quem tem o Filho tem a vida” (1 João 5:12), e o mesmo fato se dá?

Aliás, o texto é interessante: “Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida”.

Daí, temos outra pergunta: como é que os que não têm o Filho, NÃO TËM A VIDA, no entanto vivem, tanto quanto os que têm o Filho (e também morrerão um dia. . .)?

Depois de dar-se tão mal no questionário de 10 perguntas que lhe dirigi, dificilmente o Paulo Araújo irá querer arriscar-se em responder a estas últimas perguntas. . .

VEJAM TAMBÉM o estudo 10 Tópicos Que Demonstram a Superioridade da Visão Holística da Natureza e Destino Humanos Sobre a Visão Dualística”

Autor: Prof. Azenilto G. Brito

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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