Nova Data para o Apocalipse: 2012

A maioria das gerações que já passou pelo nosso planeta conviveu com apocalipses. Datas fatais nunca faltaram e, por ignorância ou ingenuidade, parte destas gerações acabou por acreditar nas previsões e saiu vendendo bens, isolando-se das pessoas, modificando hábitos, enfim, vivendo a espera certa pelo fim.

Vamos relembrar alguns desses “apocalipses”:

O mundo acabou em balas, labaredas de fogo e morte para 53 fiéis suíços, canadenses e franceses da Ordem Soberana do Templo Solar, em uma tarde cinzenta de 5 de outubro de 1994, depois que o líder da seita Luc Jouret atirou em mais de 30 seguidores e incendiou a sede, nos alpes suíços. Para os 1,1 mil fiéis da seita Templo do Povo, o mundo acabou em 19 de novembro de 1978, envenenados pelo pastor Jim Jones, na Guiana. A versão brasileira do anúncio apocalíptico não provocou mortes. O desespero desses fanáticos os impediu de ver o ressurgimento de uma avalanche de versões sobre o fim do mundo, às vésperas da virada do milênio.

Um texto do escritor inglês Frederick Marten relata: “No dia 31 de dezembro de 999, o frenesi chegou ao seu clímax. O papa Silvestre II celebrou a missa da meia-noite na basílica de São Pedro, em Roma. Após a missa, um silêncio mortal caiu sobre os presentes. Finalmente, quando o relógio deu a primeira batida, os sinos da igreja começaram a tocar. Entre lágrimas e risos, esposos e esposas se abraçaram. Os inimigos fizeram a pazes, amigos trocaram beijos e logo a vida voltou ao seu ritmo normal.” A aurora do primeiro dia do século XI raiou esplêndida.

Church Universal and Triumphant, cravada em Paradise Valley, Montana, possuia seu templo principal em um silo nuclear, com quase cinco mil metros quadrados e uma porta de seis toneladas de aço e concreto. O espaço já foi usado para armazenar mísseis atômicos do arsenal americano. Seu sistema de ventilação filtra até partículas radioativas. Ao lado da imponente estrutura estão agrupados 46 minibunkers. A imperatriz da fortaleza era a sacerdotisa Elizabeth Clare Prophet, cujo sobrenome herdado de seu primeiro marido e fundador da igreja resumia também suas atividades principais: as profecias.

Em 1990, Elizabeth garantiu que o fim do mundo chegaria no dia 15 de março daquele ano. Os três mil acólitos da seita – abrigados nas casamatas por módicos U$$ 5 mil cada um – correram para o edifício principal. O dia passou e 16 de março raiou com um magnífico céu de fim de inverno. Mártires da igreja foram mandados para fora do templo-silo para medir a radiatividade do mundo exterior. Os contadores geigers não deram nem um pio. Elizabeth justificou o engano. “Foi um alerta para quando o dia final chegar. Mas o fim está próximo.” Quem explicou foi o próprio Jesus Cristo. “Ele me aparece espiritualmente todos os dias.” A confraria de amigos de Elizabeth recebia ainda as visitas de Buda, Confúcio, João XXIII, todos os santos e anjos do paraíso, Shakespeare, Cristóvão Colombo e o mago Merlin, bruxo de Camelot. O rei Arthur, patrão de Merlin e dono da “espada cantante”, servia como consultor para assuntos militares. Ao longo dos anos foram estocados milhares de rifles de assalto, metralhadoras, armas leves, lançadores de granadas, munições variadas e até projéteis antitanque. “A batalha de Armagedon será o fim deste mundo e o começo de uma nova era. Iremos nos defender das forças do anticristo. Por isso temos armas”, justificava John Mark, porta-voz da igreja.

Do rancho de madeira de sua seita Branch Davidian, o líder religioso David Koresh anunciava a chegada do Juízo Final. Ele, a reencarnação de Jesus Cristo, deveria morrer para ressuscitar das cinzas. Após 52 dias de cerco, o FBI usou veículos blindados para forçar a entrada. Koresh juntou seus seguidores em uma pira humana, jogou combustível e pôs fogo. Morreram 80 pessoas, inclusive 18 crianças.

O Mundo continua marcando datas

Como podemos testemunhar, o mundo não acabou. E mesmo com as frustrações históricas resultantes das previsões erradas, novas datas continuam a surgir. A mais recente, atual, que está na moda, é 2012. O burburinho sobre esta data cresce dia a dia. Nos mais variados ambientes se fala sobre 2012, seja por brincadeira, por credulidade ou por mera especulação.

O “fundamento” para 2012 é justificado pelo antigo calendário dos maias. É neste ano, 2012, que se encerrará um dos ciclos dos maias, população indígena que ainda hoje vive nas regiões da América Central. No apogeu de sua civilização, eles acreditavam que o nosso planeta já tinha vivido várias eras, cada uma durando 5126 anos. Segundo o cálculo de alguns, a era em que vivemos teria se iniciado em 3114 a.C., terminando, portanto, no ano de 2012.

De carona com a profecia, a indústria que se alimenta do tema, não pára de faturar. “Fim do mundo” e “calendário maia” são temas centrais de seis livros vendidos atualmente em nosso país. Comunidades com média de 15.000 pessoas, no Orkut, separam espaço e tempo para o assunto. Filmes e programas exploram o tema. Por fim, religiosos das mais diferentes denominações demonstram algum tipo de inquietação com o tema.

A ligação entre calendário maia e Apocalipse surgiu em 1987, através da publicação do livro Fator Maia, de José Arguelles, onde ele faz interpretações das previsões dos escritos maias. Devido ao estrondoso sucesso do livro, Arguelles conseguiu reunir milhares de pessoas em encontros regulares, chamados de Convergência Harmônica, onde anunciava a chegada de uma nova era. Foi dele também a criação do horóscopo Maia, que diz poder aproximar o homem de sua essência. No Brasil, a versão pop do calendário maia criada por Arguelles foi traduzida como Calendário da Paz, virando assunto de cursos e palestras, pagas, que “asseguram” pleno acesso à quarta dimensão.

Como será o fim em 2012? Existem controvérsias entre os que acreditam. As opções mais difundidas são: o mundo será atacado por alienígenas, o enfraquecimento do campo magnético do planeta levará a extinção da vida, um corpo celeste colidirá com a terra. E por aí vai…

Dois amigos meus, apaixonados por futebol, não vacilaram. O primeiro disse: “Legal, dará tempo de assistir a Copa do Mundo de Futebol na África em 2010!”. O segundo lamentou: “Mas infelizmente não teremos a Copa de 2014 no Brasil, que pena!”

Brincadeiras à parte e com todo respeito em relação àqueles que acreditam, prefiro acreditar nas escrituras do cristianismo, a Bíblia Sagrada. Sobre o fim ela diz: “…os céus e a terra que agora existem, pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo…” I Pedro 3.7. Sobre a data a Bíblia diz: “…daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas unicamente o Pai.” Mateus 24.36. E finalmente, sobre qual deve ser a atitude de todo aquele que espera pela vinda de Cristo, a Palavra orienta da seguinte forma: “havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convêm ser em santo trato, e piedade, aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça” II Pedro 3.11-13.

Nossa certeza é fruto da nossa esperança, Jesus voltará! Mas não sabemos a data. Na verdade, saber a data não ajudaria muito. Afinal, quem de nós pode garantir que estará vivo até 2012? Assim como Pedro advertiu seus contemporâneos, seu texto continua atual, nos convidando a viver uma vida piedosa, pois a ordem de coisas da atualidade terminará, findará.

Não se influencie pelos apocalipses modernos e extra-bíblicos. Escolha o apocalipse da Bíblia, seu autor é o Alfa e o Ômega, o Senhor da história, infinitamente poderoso para cumprir todas as suas promessas.

Assim como a maioria dos que estão lendo este texto, também sou curioso. Lá no íntimo também queria fazer para o Mestre a pergunta que os discípulos fizeram: quando serão estas coisas? Mas além de curioso, também amo as surpresas. Muitas vezes meus pais me surpreenderam, triplicando minha alegria por aquilo que eu aguardava. Assim vou vivendo. Entre a curiosidade e o dia da surpresa. É desta forma que, pela fé, sigo lutando diariamente contra defeitos e fraquezas, ilusões e seduções, errando e confiando no perdão, sabendo que “o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” I João 2.17.

Encontro alento, sempre que me canso das pressões e massacres da mídia tentando moldar nossa forma de ser e pensar, num pensamento inspirador de Carlos Drumond de Andrade. Com palavras atuais, porém com o mesmo sentido do texto de I João 2:17 que você leu acima; ele, com maturidade e sabedoria, declara: “Cansei de ser moderno, agora serei eterno.”

Autor: Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing.

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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