O sinal de Caim e seu casamento

Qual foi o sinal que Deus pôs em Caim, para que ninguém o matasse, e com quem ele teria se casado?

Caim foi o primeiro bebê deste mundo. Deve ter sido muito lindo, forte e sadio. Talvez sua mãe, Eva, tenha até imaginado que ele pudesse ser o Messias prometido, Aquele que esmagaria a cabeça de  Satanás, simbolizado pela serpente. Mal sabia ela que segurava em seus braços o primeiro assassino, aquele que, por ciúme, mataria seu irmão, o piedoso e justo Abel. Chamado a se explicar diante de Deus, declarou cinicamente: Acaso sou eu tutor de meu irmão?” ( Gn 4:9).

O relato bíblico afirma que Caim estava com medo de morrer devido  a seu crime (Gn 4:14). Isso poderia acontecer pelas mãos de algum “vingador do sangue”, que poderia ser Adão mesmo ou qualquer um de seus outros irmãos (veja, em Gn 5:4, que ele teve outros irmãos e irmãs). Então, Deus pôs nele um sinal, “para que o não ferisse de morte quem quer que o encontrasse” ( Gn 4:15). A palavra “sinal”, no original, é ‘ôt, e significa “sinal”, “marca”, “emblema”, “símbolo”. Essa palavra aparece também em Gênesis 9:12 e 13, com respeito ao arco-íris, sinal divino de que a Terra não mais seria destruída por outro  dilúvio. No entanto, apenas pelo significado dessa palavra hebraica não se pode saber qual teria sido o sinal posto em Caim.

“Alguns comentaristas têm interpretado este sinal como uma marca externa, posta em Caim, ao passo que outros interpretam o sinal como sendo a promessa divina de que nada poria em risco a vida de Caim. De toda maneira, não era um sinal de perdão, mas tão – somente de proteção temporal” (F. D. Nichol, Comentário Bíblico Adventista del Séptimo Dia, v. 1, p. 254).

R. N . Champlin (em O Antigo Testamento Interpretado, v. 1, p. 47) lista diversas tentativas de explicação para esse sinal, algumas até risíveis:

1. Caim teria se tornado negro e foi o pai das pessoas de pele escura. Essa é uma hipótese nitidamente racista. Na verdade, os negros se originaram com um dos filhos de Noé – Cam;

2. Ele teria recebido uma espécie de tatuagem;

3. O nome de Deus, Yahweh, teria sido estampado na testa dele;

4. O nome “Caim, o fratricida”, teria sido escrito em sua testa;

5. Deus teria tornado Caim invencível – não podia ser queimado, afogado, nem ferido à espada;

6. Uma luz, como o círculo do Sol, o acompanhava por onde quer que ele fosse.

Como se pode ver, nenhuma dessas explicações satisfaz a curiosidade em relação àquele sinal. Contudo, o mais importante não é o sinal em si, mas a razão pela qual Deus o pôs em Caim: foi para que ele tivesse tempo de se arrepender. Percebe o grande amor de Deus pelo primeiro homicida? Pena que Caim não tenha aproveitado sua longa vida (talvez perto dos mil anos, como muitos dos seus parentes antediluvianos) para se arrepender, desprezando o oferecimento divino de salvação.

Sobre o casamento de Caim, deve-se dizer que as informações são bem escassas. Sabemos apenas que ele se retirou “da presença do Senhor e habitou na terra de Node, ao oriente do Éden” (Gn 4:16) e, nesse lugar, “coabitou com sua mulher; ela concebeu e deu à luz a Enoque” (4:17). “Coabitar”, nesse verso, é ter relações sexuais.

Como Caim teria conseguido mulher na terra de Node, uma vez que, segundo a Bíblia, Adão e Eva formaram o casal que iniciou o povoamento da Terra? Perceba que o relato bíblico diz apenas que, em Node, Caim teve relações sexuais com sua mulher. Com certeza, já era casado com uma de suas irmãs ou sobrinhas, antes de fugir da presença do Senhor (em Gn 5:4 é dito que Adão teve outros filhos e filhas).

No início da história da Terra, não havia problemas com casamentos tão próximos, o que não é o caso hoje, devido às tendências degenerativas no ser humano. Note que Abraão era casado com Sara, sua irmã por parte de pai (Gn 20:12), e Moisés era filho de um casamento entre tia e sobrinho (a mãe dele era tia do marido, conforme Êxodo 6:20). Casamentos com parentes tão próximos foram proibidos por Deus ainda nos dias de Moisés (ver Levítico 18:9-14).

Algumas lições podem ser tiradas da vida de Caim: (1) ira mal resolvida pode levar ao ódio, e este ao assassinato, (2) Deus não nos rejeita quando praticamos um ato mau, mas nos dá oportunidade para que nos arrependamos, sejamos perdoados e salvos, (3) a piedade e religiosidade dos pais não são automaticamente transferidas aos filhos. Com certeza, ajudam no desenvolvimento de um bom caráter, mas o fator decisivo é a tomada de decisões por parte de cada filho, “pois cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus” ( Rm 14:12).

Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e editor na Casa Publicadora Brasileira. 

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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