O Casamento e a Família

Sob ataque, interna e externamente

Por Catherine Boldeau

O casamento foi divinamente estabelecido no Éden e confirmado por Jesus como uma união vitalícia entre um homem e uma mulher, em amoroso companheirismo. Para o cristão, o compromisso matrimonial é com Deus e com o cônjuge, e só deve ser assumido entre parceiros que partilham da mesma fé. Mútuo amor, honra, respeito e responsabilidade constituem a estrutura dessa relação, que deve refletir amor, santidade, intimidade e constância, coisas próprias da relação entre Cristo e Sua Igreja. No tocante ao divórcio, Jesus ensinou que a pessoa que divorcia do cônjuge, a não ser por causa de fornicação, e se casa com outro, comete adultério. Conquanto algumas relações de família fiquem aquém do ideal, os cônjuges que se dedicam inteiramente um ao outro, em Cristo, podem alcançar amorosa unidade por meio da orientação do Espírito e a instrução da igreja. Deus abençoa a família e deseja que seus membros ajudem um ao outro a alcançar completa maturidade. Os pais devem educar os filhos a amar o Senhor e obedecer-Lhe. Por seu exemplo e palavras, devem ensinar-lhes que Cristo é um disciplinador amoroso, sempre terno e solícito, desejando que se tornem membros do Seu corpo, a família de Deus. Crescente intimidade familiar é uma das características da mensagem final do evangelho. (Gn 2:18-25; Mt 19:3-9; Jo 2:1-11; 2Cor. 6:14; Ef 5:21-33; Mt 5:31, 32; Mc 10:11, 12; Lc 16:18; 1Cr 7:10, 11; Ex. 20:12; Ef 6:1-4; Dt 6:5-9; Pv 22:6; Ml 4:5, 6.)

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São quatro horas. Ele não está em casa. . . outra vez! Meu travesseiro é o pobre substituto para a falta que sinto do calor de um corpo. Os muitos pensamentos parecem colidir uns com os outros, em minha mente. Onde está ele? O que está acontecendo? Por que ainda não retornou para casa?

A resposta silenciosa do Pai é simples: “Confie em Mim.”

Eu a ignoro e ligo para o seu celular. Cai na caixa postal. EU NÃO QUERO CAIXA POSTAL! Quero falar com meu marido… AGORA!

Tenho vontade de gritar: “Por que isso está acontecendo comigo?” Mas substituo o desejo de acordar meus vizinhos por uma bebida quente que não consigo engolir. Quando as lágrimas começam a encher meus olhos e luto para empurrá-las de volta, ouço que minha filhinha de 5 anos está subindo a escada. Faço a cara mais zangada que consigo, quando ela pergunta: “Mamãe, cadê o papai?”

Deus me ajuda a me controlar e explico que “papai não está aqui agora”. A pergunta seguinte foi como uma bofetada em meu rosto: “E ele vai voltar?”

Abraço carinhosamente minha filha e voltamos para a cama. Enquanto ela passeia pela terra dos sonhos, enfrento a realidade de uma vida sem meu esposo, sem o pai da minha filha.

Ponto de Desespero

No dia 21 de janeiro, meu esposo acordou às 2h30 da manhã com uma dor aguda na panturrilha. Por causa de uma conversa que tivera, fazia pouco tempo, com um médico amigo, ligou para um serviço de emergência, e um pastor, amigo nosso, o levou ao hospital. Os médicos identificaram um coágulo (com risco de morte) na perna que havia quebrado, havia três semanas, numa viagem para o outro lado do mundo. Naquele mesmo dia, nossa filha foi diagnosticada com uma rara anormalidade hormonal, o que significaria inúmeros exames, visitas ao hospital e controle pelo resto da vida.

Tentei me controlar quase o dia todo, mas, por volta das dezenove horas, eu tinha um plano de ação que resolveria todos os meus problemas. Iria invadir nossa conta bancária, sacar todos os nossos investimentos, vender meu carro e contratar uma equipe de enfermeiros para cuidar das necessidades crescentes de meu esposo e de minha filha. Então, eu os deixaria.

Sei o que você está pensando: “Que esposa ordinária! Que mãe cruel! Que pessoa egoísta!” Mas, por dez minutos, eu queria parar o redemoinho de infortúnio em que havia se tornado minha vida e fugir.

Mas aqueles deliciosos momentos de liberdade e negligência foram rapidamente substituídos pela consciência de que eu estava comprometida com um relacionamento familiar “na saúde ou na doença”. “Mútuo amor, honra, respeito e responsabilidade constituem a estrutura dessa relação, que deve refletir o amor, a santidade, a intimidade e a constância da relação entre Cristo e Sua Igreja.”1 Tentei me recompor, expulsar todos aqueles pensamentos de “pare o mundo, eu preciso descer”, e decidi, pela graça de Deus, ser a esposa e mãe mais dedicada que me fosse possível.

Presente Maravilhoso (e Maculado)

O casamento não é fácil. Sou testemunha disso. Para nós, os últimos sete anos trouxeram desafios dignos de um livro de romance dramático. Com a diferença de que era realidade e meu esposo e eu vivemos tudo isso. Só continuamos juntos porque cremos na santidade do casamento e da família como sendo o propósito de Deus, como registrado na Bíblia e intrinsecamente tecido nas doutrinas da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Creio que o casamento e o sábado foram presentes de Deus para Adão e Eva, na criação. O casamento foi estabelecido para ser maravilhoso, sagrado e íntimo, um dos atos que coroaram a criação – “osso dos meus ossos e carne da minha carne” (Gn 2:23). Mas o pecado maculou tremendamente esse presente e, assim, o estado de perfeição que havia entre Adão e Eva mudou nas gerações subseqüentes. Em seu lugar passou a existir imensa dor e sofrimento interminável.

De todas as crenças fundamentais da Igreja Adventista, nenhuma é tão atacada pública e diariamente como o casamento e a família. É só ligar a televisão para ver quão distorcida é a visão sobre a família, atualmente. Infidelidade, incesto, abuso de crianças, abuso do cônjuge, mentira, traição, materialismo – esses são fatores determinantes nas cenas dramáticas e constantemente mostradas. A infidelidade conjugal é vista como fascinante e com pequenas conseqüências. As manchetes dos jornais mostram os crescentes problemas familiares, não se preocupando com soluções em longo prazo. Os documentários nos levam para os lares de “pessoas de verdade” e exibem a tristeza e angústia do cotidiano dessas pessoas comuns. A sociedade edonista absorve toda a confusão que vê e, em seguida, reage da mesma forma, lançando amargura sobre as novas gerações de jovens, as quais são levadas a crer que é “normal” pertencer a uma família problemática.

Um aspecto importante, porém muito negligenciado, na doutrina do casamento e da família é o desenvolvimento da intimidade familiar, considerada “uma das características da mensagem final do evangelho”.1 Quero uma vida familiar maravilhosa para o meu próprio benefício e para desfrutar a companhia de meu esposo e filha, mas ultimamente tenho questionado se aprecio o fato de que “A maior prova do poder do cristianismo que se pode apresentar ao mundo é uma família bem ordenada, bem disciplinada”, segundo afirma Ellen White. “Isso recomendará a verdade como nenhuma outra coisa o poderá fazer, pois é uma testemunha viva de seu virtual poder sobre o coração.”2

Quando Cristo ordenou aos discípulos: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações”(Mt 28:19), não estava se referindo apenas a pregadores assalariados e médicos missionários. Estava Se referindo a todas as pessoas, incluindo as famílias. “Rogo… a fim de que todos sejam um; e como és Tu, ó Pai, em Mim e Eu em Ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que Tu Me enviaste” (Jo 17:21).

Meu Mestre estava falando comigo.

Um Pouco Culpada, mas em Paz

São quatro horas da manhã, uma semana mais tarde. Meu esposo está dormindo ao meu lado. Pelo menos, penso que está dormindo, embora não possa sentir seu coração pulsar ou ouvir sua respiração.

Ele se mexe e todos os músculos do meu corpo relaxam. De repente, sinto-me culpada só de haver pensado em abandoná-lo. Percebo o toque de um joelho em minhas costas. É meu bebê! Dou-lhe um abraço e beijo-o. Sinto-me imensamente culpada. Ambos necessitam de mim e eu preciso ser a esposa e mãe que Deus planejou que eu fosse. Não apenas para ministrar às necessidades da minha família, mas para ser sincera e fiel ao Senhor e uma testemunha para a minha comunidade, meus amigos e meus vizinhos.

1 Crenças Fundamentais, Nº 23, ênfase acrescentada.
2 O Lar Adventista, p. 32.

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Catherine Anthony Boldeau, escritora “freelance” e relações públicas autônoma, é diretora da Vision Solutions, empresa cristã de soluções empresariais. Está completando mestrado em redação criativa, com ênfase em memórias.

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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