Quando a Fé se Acaba

A fé pode ser algo desconcertante para algumas pessoas, pode ser delicada e às vezes, intangível. Quando tentamos realmente alcançá-la, ela desaparece. Difícil de definir, difícil de cercar. Como podemos ter certeza de que temos a fé genuína?

Joana acreditava sinceramente em Deus. Ela parecia ter uma fé alegre e aberta. As pessoas da igreja que ela passou a freqüentar admiravam seu entusiasmo, sua espontaneidade. Essa jovem mãe solteira estava tentando recompor sua vida e queria que Deus participasse disso. Deus estava se tornando real para Joana. Nos dias felizes, o mundo inteiro parecia claro com a presença dEle. Entretanto, havia os dias ruins também. Em certas ocasiões, Deus parecia muito distante e Suas leis proibitivas.

Quando algum dos velhos amigos de Joana aparecia, seus velhos hábitos apareciam também. Ela queria compartilhar sua fé, mas às vezes não conseguia encontrá-la. Joana começou a freqüentar cada vez menos a igreja e a evitar seus amigos cristãos. A atração da vida antiga intensificou-se. Viver sem Deus e religião tornou-se fácil para ela; as pessoas da igreja pareciam rigorosas ou hipócritas. As drogas e festas que antes a preocupavam, aproximaram-se dela novamente. Joana tentou manter-se firme na fé em Cristo, não queria afastar-se dEle, mas sua força aos poucos diminuiu. Muitas outras coisas contribuíram para por a fé de lado. Joana, na verdade, não desistiu de sua fé, mas esta foi se acabando lenta e quase imperceptivelmente.

A fé pode se acabar. Ela não fica firme no último lugar em que você a abandona. Ela não permanece forte em algum canto abandonado do nosso coração. A fé vai se acabando. Ela se acabou para muitas pessoas que talvez nem saibam disso. Muitos pensam que seja qual for seu estilo de vida, ainda podem manter a fé em algum lugar dentro de si mesmos. Presumem que podem nutrir a fé por conta própria, à sua maneira. Infelizmente, a fé pode se acabar mais rápido do que pensamos. Um dia acordamos e ela não está mais ali; estendemos a mão e não encontramos onde nos apoiar.

Gostaria de mostrar alguns meios pelos quais podemos agarrar firmemente a fé. Meios que evitem que ela se acabe. Dias ruins irão chegar para todos nós e nossa fé passará pelos árduos caminhos da tentação e do “stress”. Precisamos de uma fé que possa resistir a tudo isso.

Algumas experiências religiosas interessantes dos filhos de Israel, no Velho Testamento, nos dão uma idéia muito boa de como a fé é edificada. Obviamente, a vida devocional, a oração e o estudo bíblico são a chave da manutenção da nossa fé, pois não existe substituto para esse relacionamento individual com Cristo. Quero falar sobe alguns outros negligenciados construtores da fé, recursos que estão à nossa disposição e que freqüentemente ignoramos.

Começaremos com a travessia de um rio. Aconteceu no final de uma viagem muito longa. Logo após a fuga do Egito, os israelitas vagaram pelo deserto do Sinai por quarenta anos e chegaram finalmente na divisa da terra prometida, Canaã; mas o Rio Jordão estava no caminho deles.

Normalmente eles teriam toda facilidade para atravessá-lo, mas era a estação das chuvas e o Jordão tornou-se mais fundo e caudaloso. Nessas ocasiões, ele provoca inundações que perduram por semanas. Assim, os israelitas tiveram que acampar na margem leste e esperar.

Teria sido fácil ficar desanimado. Eles tinham vindo de tão longe e levado tanto tempo para chegar! Agora, após anos de esforços, tão próximos de seu alvo, uma enorme torrente bloqueava seu caminho. Mas o líder de Israel, um homem chamado Josué, tendo recebido uma mensagem de Deus, disse ao povo: “Amanhã o Senhor fará maravilhas no meio de vós”. Josué 3:5. Deus revelou a Josué exatamente como os israelitas iriam atravessar o Jordão. Era um plano bastante incomum, mas Josué o aceitou e com muito cuidado instruiu o povo quanto ao que iriam fazer.

No dia seguinte, todas as tribos de Israel enfileiraram-se em ordem. Os sacerdotes, em pé na frente, carregavam em seus ombros a Arca da Aliança, aquele santuário portátil que simbolizava a presença de Deus em Israel e seu compromisso com Ele. Os sacerdotes e o povo começaram a marchar do acampamento diretamente ao caudaloso Jordão. Esse era o plano que Deus tinha em mente: “Nisto conhecereis que o Deus vivo está no meio de vós… Assim que as plantas dos pés dos sacerdotes que levam a arca do Senhor pousem nas águas do Jordão, serão elas cortadas, a saber, as que vêm de cima se amontoarão.” Josué 3:10,13. À medida que a coluna de hebreus marchava, o ruído do rio ia aumentando. Eu não me surpreenderia se alguns deles pensassem: “Como é que vamos conseguir? Isso é loucura!” Bem, aquelas pessoas haviam crescido como nômades no deserto. É bem difícil aprender a nadar no deserto, não é? Portanto, não era nada fácil para eles marcharem em direção ao Jordão. Deve ter sido difícil para aqueles sacerdotes, equilibrando a arca folhada a ouro em seus ombros, entrar na forte correnteza. Mas, de algum modo, continuaram andando liderados pela arca de Deus e entraram no caudaloso Jordão.

A Bíblia descreve o que aconteceu em seguida: “E quando os pés dos sacerdotes que levavam a arca se molharam na borda das águas … pararam-se as águas que vinham de cima, levantaram-se num montão… Os sacerdotes pararam firmes em seco no meio do Jordão e todo o Israel passou…” Josué 3:15-17. Que visão! Bem no meio desse repentino rio seco, a arca de Deus, como uma grande bandeira, levou Israel até a terra prometida e enquanto o povo marchava, Josué ordenou que 12 grandes pedras fossem tiradas do leito do Rio Jordão. Aquelas pedras ali ao lado do rio seriam um memorial do milagre que Deus havia realizado pelo Seu povo. Depois que a última pessoa atravessou em segurança, a arca foi retirada do leito do rio e Josué nos diz: “Assim que as plantas dos seus pés se puseram em terra seca, as águas do Jordão se tornaram ao seu lugar e corriam como antes” Josué 4:18. Deus calculou perfeitamente. Ele tinha um propósito definido em ajudar Israel a entrar na terra prometida desse jeito. A Bíblia nos diz em Josué 4:24 que Ele fez isto “para que todos os povos da Terra conheçam que a mão do Senhor é forte…” Sim, Deus foi capaz de se revelar a Si próprio porque Israel como um todo caminhou firme na fé. Eles não ficaram sentados às margens do Jordão esperando que Deus realizasse um milagre. Eles marcharam firmes em direção ao rio, na direção de um alvo impossível. Eles tiveram que dar o primeiro passo dentro das águas caudalosas antes que Deus abrisse uma trilha seca.

Grande imagem de fé e da resposta de Deus! Vamos tentar olhar por trás dessa imagem por um momento. Você sabe que os filhos de Israel não se destacavam pela sua grande fé. Eles reclamavam diante de qualquer dificuldade, trocavam Jeová pelos ídolos em quase todas as oportunidades. Então, o que os capacitou a dar este salto gigante de fé em direção ao Jordão? Eu creio que podemos resumir em uma palavra: momento. Algo aconteceu com eles quando se enfileiraram por clãs e tribos atrás daqueles sacerdotes com seus trajes cerimoniais segurando bem alto a arca de Deus. Aquela vasta multidão, rumando para o Jordão, de acordo com a instrução do Senhor, sentiu que Deus ia agir. A emoção correu por todas as fileiras e o momento cresceu. Creio que bem poucos daqueles israelitas podiam ter caminhado até o revolto Jordão por conta própria. Como indivíduos eles não teriam tido fé para entrar. Mas como um grupo dirigido pelo Deus Jeová, eles seguiram em frente e mesmo aqueles entre os israelitas cuja fé era fraca, mesmo os mais temerosos, foram empurrados adiante por aquele momento sagrado e eles participaram do milagre. Eles experimentaram o evento da fé crescente. Este é um aspecto da fé que é muitas vezes desprezado.

Um grupo que segue adiante por Deus solidifica a fé de seus membros. Geralmente vemos a fé como uma coisa individual e estamos certos. A fé deve crescer no coração individualmente. Ela é nutrida no relacionamento individual com Cristo. Mas existe também o momento do corpo de Cristo, da igreja de Cristo, para nos ajudar. Isso pode ser valiosíssimo na edificação da nossa fé. Se estivermos seguindo adiante em grupo, a nossa fé não estará se acabando. É por isso que eu acho tão importante nos dedicarmos de fato a um grupo de cristãos, tornarmo-nos parte da comunhão de uma igreja. Nós precisamos desse momento. Precisamos cerrar fileiras juntas, atrás de algum símbolo visível da presença de Deus.

Assim como os filhos de Israel marcharam atrás da arca, a Igreja nos dá um apoio para nossa fé; ajuda a nos agarrarmos mais firmemente àquilo em que acreditamos e nos capacita a participar de mais e mais eventos que edificam a fé. Agora vamos dar mais uma olhada nos filhos de Israel e seu momento. Desta vez, contra um objeto imóvel. Quando os israelitas entraram em Canaã, uma grande cidade estava em seu caminho: Jericó. A fortaleza de Jericó era a fortaleza da idolatria e situava-se bem a oeste do Rio Jordão. Em Jericó centralizava-se tudo o que era mais vil e mais degradante na região de Canaã e Deus disse ao Seu povo que tais lugares deveriam ser completamente destruídos. Mas como um pequeno grupo de hebreus nômades iria fazer isso? Eles estavam diante de um objeto irremovível, uma cidade bem fortificada, cheia de guerreiros experientes. Josué pensou muito sobre esse problema, quando de repente Deus apareceu a ele. Josué reverentemente perguntou: “Que mensagem meu Senhor tem para o seu servo”? E o Senhor respondeu com estas palavras: “Eu entreguei Jericó em suas mãos juntamente com seu rei e com seus guerreiros”. Ora, isso parecia altamente improvável do ponto de vista humano e o método de ataque que Deus propôs a seguir deve ter aumentado a fé de Josué mais ainda. Encontramos na Bíblia, em Josué 6:3-5 mostrado com clareza: “Vós pois todos os homens de guerra rodeareis a cidade… assim fareis por seis dias, sete sacerdotes levarão sete trombetas… adiante da arca: no sétimo dia rodeareis a cidade sete vezes e os sacerdotes levarão sete trombetas e será que tocando-se longamente a trombeta… ouvindo vós o sonido dela, todo o povo gritará com grande grita: O muro da cidade cairá”.

Bem, felizmente, Josué não questionou essas estranhas instruções. Ele tinha aprendido a esta altura a confiar na orientação de Deus sem restrições. Assim, uma vez ao dia, durante seis dias, Israel marchou solenemente ao redor dos muros de Jericó. Josué ordenou a seus homens: “Não gritareis nem fareis ouvir a vossa voz, nem sairá palavra alguma da vossa boca até ao dia em que eu vos diga: gritai.” Josué 6:10. Bem, essa foi sem dúvida, uma procissão religiosa. Imagine fazer o cerco a uma cidade com sacerdotes, trombetas e a arca. Não encontramos qualquer menção de armas, catapultas ou flechas de fogo. Somente símbolos da religião de Israel. Enquanto marchavam embaixo daqueles muros enormes, dia após dia, devem ter se sentido meio bobos. Tenho certeza de que os guerreiros de Jericó, seguros dentro de suas torres fortificadas, devem ter gritado alguns insultos para aquela procissão diária. Mas os israelitas mantiveram a disciplina e o silêncio. Sua marcha ordeira expressava confiança no que Deus ia fazer. Ela tornou visível a sua fé. Não fizeram ameaças nem mostraram fúria. Houve apenas o som das trombetas dos sacerdotes. Aí, no sétimo dia, os israelitas levantaram-se ao romper do dia e formaram sua procissão. Eles marcharam ao redor da cidade sete vezes e os sacerdotes soaram as trombetas com grande ruído. Josué bradou; “Gritai porque o Senhor vos entregou a cidade”. O povo gritou com todas as suas forças. Suas vozes unidas ecoaram pela grande cidade e seus muros maciços balançaram, racharam e ruíram.

Os soldados de Israel correram sobre os fragmentos e as nuvens de pó. A cidade estava destruída. O momento de Israel esmagou aquele objeto imóvel. Observe dois fatores importantes daquele momento: disciplina e um grande grito. Alguns soldados hebreus correndo ao redor de Jericó não teriam tido nenhum impacto. Alguns gritos entusiasmados também não teriam. Deus queria o Seu povo unido em disciplina, unido em um grande grito e desse modo a sua fé fortalecida tornou-se visível. Todos a expressaram juntos, ela se tornou algo maior do que a soma daquelas partes individuais. A fé expressada junta é poder. As vozes unidas em oração dão força. Por isso prestamos culto com um grupo, para erguermos um grande grito. Ampliar nossa fé individual em Deus é essencial.

Amigo, a adoração individual é importante, é essencial. Não desprezemos nossas oportunidades de edificar juntos nossa fé e encorajar uns aos outros. Quando a fé é mantida com um grande grito, ela não vai se acabar, entende?

Muitos anos atrás, um horrível incêndio irrompeu em um grande arranha-céu. Várias pessoas ficaram presas no último andar. Rostos repletos de horror olhavam para os bombeiros, clamando por ajuda. Escadas foram erguidas, mas a mais alta estava longe de alcançá-los. Assim, os bombeiros emendaram diversas escadas e as ergueram acima das chamas em direção ao último andar. Mas houve somente um homem do corpo de bombeiros com força aparente e coragem para subir àquela altura. A multidão via aquele homem subir pelas escadas e começar a trazer as pessoas para baixo uma de cada vez. Bem, após a última pessoa ser salva, o bombeiro deitou-se no chão em busca de oxigênio. Aí, alguém avistou um garotinho ainda preso no último andar. O chefe dos bombeiros correu até o bombeiro exausto e implorou: – Você vai ter que voltar mais uma vez. O homem estava muito fraco para mover-se. – Não posso – ele sussurrou – esgotei-me, nada mais me resta. Mas não havia mais ninguém que pudesse subir. Assim, o chefe gritou: – Você tem que subir. Há uma criança lá em cima! Lentamente o bombeiro foi se arrastando para o alto e forçando as pernas para o levarem escada acima. Ele subiu seis andares e parou. Sua perna esquerda escorregou da escada. Parecia que ele ia cair para a morte. O chefe dos bombeiros pegou seu megafone e gritou para a multidão: – Vamos todos aplaudí-lo! Aplaudam-no alto e demoradamente. Digam para ele não desistir. A multidão, de repente, acordou e gritou: – Você está indo bem! Não desista! Você consegue! O bombeiro continuou a subir aos poucos aquela escada. A multidão aplaudiu mais alto ainda. Suas vozes ecoavam pelo céu. O bombeiro alcançou a janela e em seguida abriu-a. Ajudou o menino apavorado a subir em suas costas e começaram a descer lentamente. Milhares de vozes gritavam incentivando-os até chegarem em segurança ao chão. Simples vozes na multidão geralmente não acrescentam muito, mas as pessoas juntas por alguns minutos, unidas, aplaudindo e gritando a uma só voz, tornam-se parte de um milagre de coragem.

Amigo, espero que possamos todos erguer esse tipo de grito em nossa vida. Precisamos tornar nossa fé visível, tangível. Juntos podemos manter nossa fé em Cristo e vê-la realizar grandes coisas. Assim como aquela multidão empurrou o bombeiro através de seu esforço unido.

Por favor, não tente apenas manter viva a sua fé em particular. Existe muito mais do que isso. Existe o momento, a energia no corpo de cristãos seguindo avante em nome de Cristo. Existe a disciplina e o culto pleno de alegria no corpo da igreja que pode nos preencher com uma fé capaz de transpor obstáculos irremovíveis.

Amigo, vamos nos dedicar a um grupo de cristãos, não porque achamos que eles são perfeitos, pois não são, mas para podermos marchar juntos atrás da arca de Deus, um símbolo visível da presença de Deus que fará muito bem para nossa fé e nossa fé fará muito bem a nós. Vamos unir hoje nossa voz num grito de triunfo.

Autor: Pr. George Vandeman

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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