005 – Devo ou Não Julgar?

ASSUNTO: Julgamento.

OBJETIVO: Saber se devemos julgar ou não.

TESE: Deus não nos proíbe de julgar. 

TEXTO: Mateus 7:1-5.

INTRODUÇÃO:

Muitos tem questionado sobre a mensagem em que Jesus dirigiu no monte do qual faz parte de Seu sermão. A principio ele é enfático em dizer para que não se faça nenhuma espécie de julgamento, mas esta mensagem refere-se literalmente para que não se julgue de forma alguma? A quem Ele pronunciava tal ordenança? Qual era o ambiente que estava no momento em que suas instruções eram repassadas?

O presente estudo analisará o aparente problema sinóptico existente na perícope apresentada no livro de São Mateus 7: 1-5. Procurando responder a altura das perguntas feitas acima. Dando ainda mais informações acerca do tema proposto para uma melhor compressão do texto. E para isso se faz preciso conhecer seu contexto histórico.

I. SEU CONTEXTO HISTÓRICO NOS DIZ .

O juízo é um dos principais pontos da fé do Judaísmo, onde, Deus é o Juiz que não tolera o mal, e através de Sua Santa Lei executa o juízo. O judeus muitas vezes presenciaram o juízo direcionado a seus antepassados, e agora procuravam ver qualquer falha ou um pecado particular nos outros e exercer juízo sobre eles para o povo não sofrer pelo pecado de outro. “Eles estavam tão envolvidos com o julgamento Divino que com o passar dos tempos passaram eles a serem o juiz, e julgarem os Judeus gentis.” 

1- Julgamento em Israel

a) Em Israel a justiça era aplicada com o intuito de restaurar a paz na comunidade em casos difíceis eles removiam o membro que cometia ofensas 

b) E isso era baseado na salvação pelas obras, entretanto, Jesus veio mostrar que o juízo não mas seria pelas obras e sim pela fé. Tanto o juiz como o executor do juízo seriam ambos divinos; aqui está uma das grandes causas do desentendimento dos judeus para com Jesus o Messias. 

2- Julgamento no Novo Testamento

a) Com a helenização do povo judeu, eles passaram no Novo Testamento a acreditar como os gregos que não haveria um julgamento após a morte. Com isso na ocasião em que Jesus pregava no monte, os fariseus se faziam presente. 

b) O ambiente em que foram pronunciadas as palavras de Jesus denotava-se como campestre onde estavam várias classes de pessoas, sendo eles camponeses judeus; possivelmente gentios; e religiosos fariseus e saduceus. 

c) Russell Champlin mostra que “os versos de 1 à 12 deste capítulo, constituem a quinta divisão do sermão… Aqui nos vss 1 a 5, temos o exemplo das atitudes farisaicas e a censura contra elas”. 

II. ANÁLISE LITERÁRIA DO TEXTO CONCORDA COM O CONTEXTO

Jesus inicia Sua mensagem no verso 1 com uma firme advertência. “Não julgueis, para que não sejais julgados”.

1- Análise do Termo “não julgueis”.

a) O termo Μη;;;; ; , segundo Willian Sanford LaSor, em seu livro: Gramática sintática do grego no N.T., 73. Cita que este advérbio de negação “é usado para negar uma oração ou período no qual esteja implícita dúvida ou incerteza, o mesmo acontece quando é usado no particípio quando ele indica uma condição ou quando é equivalente a uma oração condicional relativa.

b) Já o vocábulo κρινετε  (Krínete) é um “Verbo na 2ª pessoa do plural, presente do imperativo ativo.” 

c) O modo imperativo é um modo de ordens, proibições, exortações, rogos, e semelhantes. Sendo que indica uma ação durativa. Tendo em vista que, geralmente, uma ordem é dirigida a pessoa à quem se fala.

2- O que Jesus queria dizer com isso?

a) Ao Jesus fazer a proibição no versículo 1 Ele quer esclarecer que esta modalidade de julgamento censurador, injusto e condenativo, que não pode ser justificado, não deve ser praticado.

b) Na ocasião Ele se referiu às atitudes e ações dos fariseus que censuravam os outros em tudo sem jamais reconhecerem qualquer tipo de defeitos neles mesmos. 

c) Diz Ellen White que somente Deus é competente para julgar as intenções dos seres humanos, porque semente Ele pode saber os pensamentos íntimos dos homens (Hb 4:12). E a Bíblia mostra isso claramente em Rm 2:1-3.

d) O judeu condenava o gentil mesmo fazendo as mesmas coisas que este. Entre os judeus, os fariseus eram o exemplo mais destacado deste pecado. “Quanta leviandade, precipitação, preconceito, maledicência, ignorância, vaidade e egoísmo existem na maior parte dos julgamentos pronunciados neste mundo”. Portanto este julgamento é uma atitude de censura enfatizando sempre o erro alheio.

APLICAÇÃO:

a) O julgamento dessa natureza é contrário a lei do amor (Mt 5:38-46; I Co 13). “A base psicológica desse tipo de julgamento é o egoísmo puro”. Ao contrário da personalidade divina que é amor. Quem se atreve a julgar, se arroga uma função de Deus. Que assim procede não tem uma relação com Deus. 

b) Ellen G. White nos diz no O Desejado de Todas as Nações:

Não vos julgues melhores que outros homens, não vos arvoreis em juizes seus. Uma vez que não vos é dado discernir os motivos, sois incapazes de julgar um ao outro. Ao criticá-lo, estais-vos sentenciando a vós mesmos, pois mostrais Ter parte com Satanás, o acusador dos irmãos. O Senhor diz: “Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos.” Eis nossa tarefa. “Se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seriamos julgados.” II Co 13:5; I Co 13:31.

c) Por exemplo: em Mt 18 temos a parábola do credor incompassível que não perdoou, por isso não foi perdoado. Isto mostra que nossos atos alteram os padrões do julgamento de Deus. 

3- E a medida?

a) Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também (v. 2). Essa medida “exprimi-o uma máxima que regulava os contratos de empréstimo e restituição de cereais, nos quais era prevista a mesma medida: com a medida que tiveres usado para pesar os outros ele vos pesará”.. 

b) Bondade atrai bondade; censura atrai censura; boas obras atrai o favor de Deus e o pecado atrai o julgamento. 

c) Ellen White concorda com este ensino ao dizer que “não nos é ordenado fazer a nós mesmos tudo o que desejamos que os outros nos façam; cumpri-nos fazer aos outros o que desejamos que eles nos façam em idênticas circunstâncias. Com a medida com que medimos nos é medido de novo.”

III.  ELE SE REFERIA AOS HIPÓCRITAS FARISEUS

O verso 5 começa dizendo: “Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e então, verás claramente para tirar o argueiro do teu irmão”. “A hipocrisia de condenar nos outros o que toleramos em nós mesmo é estabelecida na analogia do argueiro e da trave.”

1- O Exemplo de Hipocrisia

a) Um exemplo claro de hipocrisia quanto a julgamento foi a reação de Davi com Natã. Davi o rei de Israel julgava e fazia justiça a todo o seu povo (II Sm 8:15) até o dia em que foi atraído pela beleza de Bate-Seba, esposa de Urias, oficial do rei, o qual foi morto por ordem de Davi para assim ficar com sua esposa. Deus enviou o profeta Natã para denunciar o seu pecado. 

b) Após mencionar a parábola, do rico que tinha muitas ovelhas e vacas e do podre que só tinha uma ovelha, a qual foi sacrificada pelo rico. Então irado, Davi decretou dos seus lábios a sua própria sentença de morte, quando disse: Digno de morte é o homem que fez isso. (II Sm 12:5-6) Disse Natã: Tu és esse homem.

APLICAÇÃO:

a) A pessoa de Davi tinha uma trave que não podia ter visão para ver o argueiro no olho do outro, os pecados que mais os homens cesuram, são aqueles que lhes causam mais problemas. “… a pessoa é pronta a discernir os erros de seus irmãos, talvez esteja em maior falta ela mesma, mas se ache cega a isso.”. 

b) Jesus desenhou esse quadro de um homem com uma trave, tentando remover o cisco do olho do outro! Isso mostra que grande parte do juízo que fazemos dos outros é, dessa forma absurdo. É necessário sinceridade para reconhecer o pecado e submeter-se a juízo, removendo-o da sua vida.

c) Percebe-se que Jesus não condenou o juízo desfavorável sobre a conduta e a opinião de outras pessoas, nem tão pouco achou incorreto reprovar o pecado, desde que nosso comportamento seja irrepreensível. O que Jesus reprovou é a tendência para ver com lente de aumento os erros dos semelhantes. 

d) A questão não é a trave ou o argueiro. Ambos precisam ser removidos, mas primeiro a trave.” Após a liberação da trave, não estamos autorizados a exercermos juízo final, porquanto, pertence só a Deus (I Co 4:3-5). 

e) Entendendo que nós estamos sempre sujeitos a parcialidade ou preconceito. Nesse caso qual posição tomar?. Não devemos julgar, ou condenar, ninguém, mas, por outro, temos de ter um espírito de julgamento em nossos contatos com nossos semelhantes. É necessário que se tenham opiniões bem formadas e decididas para julgar “todas as coisas” (I Ts 5:21); para provar “os espíritos” (I Jo 4:1) condenar os pecados e não os pecadores. 

f) Se fosse o contrário, seria impossível condenar o erro e as falsas doutrinas, seria um impedimento para quem quer ministro do evangelho ou juiz, os quais devem agir segundo a Palavra de Deus (Ap 3:8). O mundo estria nas mãos dos perversos (Jó 9:24). As heresias e os maus feitores se espalhariam e se multiplicariam por sobre a terra. 

g) Deus atribuiu à igreja como corpo organizado a função de julgar, diz Ellen White:

A igreja tem o dever para com os que caem em pecado, de advertir, instruir e, se possível, restaurar… chamai o pecado pelo seu verdadeiro nome… Se eles persistirem no pecado o juízo que haveis declarado segundo a Palavra de Deus é sobre eles proferida do céu. Preferindo pecar renunciam a Cristo; a igreja deve mostrar que não sanciona seus atos, do contrário ela própria desonra ao Senhor… Aquele que desdenha a autoridade da igreja, despreza o próprio Cristo. Tenha os pastores, terno cuidado pelo rebanho do pasto do Senhor. Falem ao extraviado, da perdoadora misericórdia do salvador. Animem o pecador a arrepender-se e a crer n’Aquele que pode perdoar… Tal remissão é ratificada no céu.

CONCLUSÃO:

Por ter observado pelos contextos acima descritos descobre-se que Jesus falava especificamente a um grupo de pessoas que julgavam as outras de maneira condenatória, julgamento este que pertence somente a Deus.

Os fariseus ao executarem o juízo, exerciam justiça própria, tornando-se os padrões de julgamento, tendo como a base a critica egoísta e implacável, se tornado egocêntricos juizes e mesquinhos espias. Cristo deixou claro que aquele que censura é mais culpado que aquele a quem acusa, pois não apenas comete o mesmo pecado, como acrescenta ao mesmo presunção e espírito de crítica..

Jesus não condenou o juízo desfavorável sobre a conduta e a opinião de outra pessoas, nem tão pouco achou incorreto reprovar o pecado, desde que o nosso comportamento seja irrepreensível, ou seja, primeiro tira a trave para poder ver argueiro do nosso irmão.

APELO:

Por algumas vezes temos agido de maneira como aqueles fariseus na época de Cristo. Hoje a época é outra, mas o Cristo é o mesmo. E Ele pergunta: Quer você ser prudente em tudo? Então siga-Me.


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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