A adoração e o Sábado (Parte 1)

As potências anticristãs descritas no Apocalipse estão determinadas a unir o mundo com base em um falso modelo de adoração (Apocalipse 13; 16:13-14). Seu empenho nesse sentido e as ameaças finais contra o remanescente de Deus são hoje um ressonante alerta à igreja sobre o lugar da adoração e dos adoradores no último grande drama prestes a desencadear-se.

Se a adoração é o foco do conflito iminente, como de fato o provam as Escrituras, então a luta a ser travada no campo espiritual durante os derradeiros e culminantes momentos da história envolve necessariamente os “mandamentos de Deus” e o “testemunho de Jesus” quanto ao assunto (Apocalipse 12:17; 14:12).

No que tange aos temas decisivos no tempo do fim, nós não fomos deixados à mercê da conjectura e do engano. Nosso amado Salvador transmitiu-nos por meio de Sua Palavra fartas provisões procedentes do arsenal do Céu (II Coríntios 10:4-5), de modo a não sermos confundidos e derrotados na guerra cristã.

Cumpre-nos, porém, aferrar-nos decididamente à revelação divina, e vivermos em virtude dela, se nós não quisermos ser presas fáceis das subtilezas do erro, amiúde empregadas para despertar uma atitude descuidada e indiferente no que se refere às estratégias satânicas e causar a destruição espiritual de milhões de almas.

Um chamado que requer nossa atenção

No solene apelo de Deus na voz do primeiro anjo, nós somos chamados a adorar “aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (Apocalipse 14:7).

Essa mensagem divina chega a ser mais relevante quando considerada à luz da obra de julgamento no Céu, como resposta às pretensões arrogantes e blasfemas do anticristo, que demanda lealdade do mundo inteiro a partir de suas falsas reivindicações à adoração, baseadas em uma adulteração do evangelho eterno (Apocalipse 13).

Roy A. Anderson observa a respeito:

Este anúncio do juízo é um chamado para adorar o Criador. Ao tempo em que a besta e sua imagem estão reclamando culto por parte das nações, Deus convida os homens a adorar Aquele que fez o Céu e a Terra. Como os romanos, a quem Paulo escreveu, os homens hoje estão adorando “a criatura mais que o Criador”. Educação e humana filosofia têm roubado ao homem o conceito de um Deus pessoal. O Criador tem sido perdido de vista em Sua criação. Para adorar o Criador de modo completo, precisamos também reconhecer o sinal de Seu poder criador, e este sinal é o sábado. (1)

Em vista disso, o mensageiro celestial proclama o convite à adoração verdadeira “em grande voz”, de forma a alcançar todos os habitantes da Terra com a sua mensagem. A expressão empregada para transmiti-la é bastante familiar e intencional, e remete imediatamente à mesma fórmula usada tanto no juramento solene do “anjo forte” de Apocalipse 10 como na prescrição do quarto mandamento da lei de Deus em Êxodo 20:

Vê-se claramente uma continuidade da razão essencial por que as pessoas devem adorar a Deus: Porque Ele é o nosso Criador! Esse fato fundamenta as duas visões mais importantes do Apocalipse para a geração do fim: o juramento solene do “anjo forte”, que comunica à igreja uma nova comissão dentro do marco do tempo do fim, e a mensagem do primeiro anjo, a qual é a extensão e o cumprimento daquela comissão! Ambas estão estruturadas sobre a premissa fundamental que justifica a observância do sábado do sétimo dia!

No que se refere à primeira mensagem angélica, Kenneth A. Strand esclarece:

A mensagem do primeiro anjo do Apocalipse 14:6 e 7 enfatiza uma linguagem criacional semelhante à do mandamento sabático do decálogo. Essa mensagem também está relacionada ao salmo de louvor ordenado pelo rei Davi no tempo em que a arca contendo os dez mandamentos foi levada para Jerusalém (ver 1Cr 16:7-36). A ênfase do livro do Apocalipse nos mandamentos de Deus (Ap 12:17; 14:12) sugere que todos os preceitos de Deus continuam em vigor, inclusive a observância do sábado. (2)

 

O sábado e a essência da adoração verdadeira

A propósito do papel do sábado como memorial da criação, A.S. Mello escreve:

Notemos pelas palavras do quarto mandamento que Deus criou o mundo em seis dias e abençoou e santificou o sétimo dia, o sábado, para um propósito altamente definido, isto é, para lembrá-Lo perpetuamente como Criador do céu, da terra, do mar e de tudo quanto neles há. Em outros termos, o sábado é o dia semanal comemorativo da criação do mundo. É pela observância do sábado que Deus espera ser reconhecido e adorado pelos habitantes do mundo como Criador, mantenedor e doador de todas as coisas. Devemos, pois, ver no sábado do sétimo dia o legítimo fundamento do culto divino. Exatamente antes do fim do mundo e da segunda vinda de Cristo, a começar com o ano de 1844, esta gloriosa verdade deveria ser anunciada na terra segundo esta infalível profecia. Deus deseja ser adorado como Aquele que em seis dias criou o maravilhoso mundo que deu a Seus filhos para nele desfrutarem das obras de Sua gloriosa criação realizada em seis dias. (3)

Hans K. LaRondelle observa que a mensagem do primeiro anjo trata de restaurar a essência da adoração verdadeira como foi experimentada pelos profetas e apóstolos. Nessa mensagem, é possível ouvir o som do apelo de Elias para um retorno a Deus com o coração e a alma: “Se Jeová é Deus, segui-o, e se Baal, segui-o” (I Reis 18:21)! Citando Josephine M. Ford, ele ressalta essa continuidade da religião verdadeira fundamentada na lei de Deus:

O anjo porta-voz em [Apocalipse] 14:6 e 7 anuncia a reafirmação do Decálogo e da adoração de um só Deus, em oposição à adoração da imagem (13:15) que viola os mandamentos. A referência a Deus como Criador é compreensível à luz da referência ao céu, à terra e às águas debaixo da terra em Êxodo 20:4. Além disso, a referência à hora do juízo de Deus (verso 7) tem afinidade com Êxodo 20:5, a declaração de zelo e vingança de Deus sobre todos os que o aborrecem. (4)

Notemos, portanto, que o apelo para adorar a Deus na perspectiva do juízo no Céu coloca a adoração do homem sob o escrutínio divino baseado na conformidade ou não conformidade aos mandamentos de Deus, o que inclui, naturalmente, o sábado (Eclesiastes 12:14; Tiago 2:10-12).

Aqui esta o “divisor de águas” entre a adoração verdadeira e a idolatria. O Criador e Juiz de todos aferirá a religião do homem não com base em uma denominação ou igreja, mas em sua relação com Cristo, Sua Palavra e Seu exemplo.

A certeza de tal juízo é o pensamento mais solene que pode ocorrer a alguém. E uma vez que esse juízo traçará a linha demarcatória final “entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não o serve” (Malaquias 3:18), necessitamos compreender os aspectos mais elementares da natureza, do caráter e da atividade de Deus reveladas no sábado, em vista de sua vital importância para nós em tempos tão decisivos.

Notas e referências

1. Roy A. Anderson. Revelações do Apocalipse. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1988, p. 169.

2. Kenneth A. Strand, “O Sábado”, em Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia. Raoul Dederen (Ed.). Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011, p. 565.

3. A.S. Mello. A Verdade sobre as Profecias do Apocalipse. São Paulo, 1959, p. 416.

4. Hans K. LaRondelle. As Profecias do Tempo do Fim

XXV – A Mensagem do Primeiro Anjo – Apocalipse 14:6, 7.

 

 

Fonte: As Três Mensagens

 


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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