Por que preparação espiritual?

Em um suposto e improvável diálogo entre John Huss, reformador europeu queimado vivo na estaca na Idade Média, e o ladrão da cruz morto crucificado ao lado de Jesus Cristo, a conversa se deu da seguinte maneira:

– Eu admiro você por ter lutado tão bravamente para se manter fiel ao que a Bíblia ensina – diz o ladrão da cruz.

– E eu me admiro da graça de Cristo que foi tão grande que conseguiu alcançar, tanto a mim que morri queimado por causa do evangelho, quanto a você que morreu por seus crimes e tomou a decisão ao lado de Cristo pouco antes da morte – replica Huss.

O diálogo simbólico acima pode nos levar a uma pergunta: por que preparação espiritual se, mesmo ao final de uma vida dissoluta, longe de Deus e até envolvida em crimes uma pessoa pode ser transformada pelo Espírito Santo e ter a certeza de estar com Ele no céu? Eu mesmo fiz essa reflexão há poucos dias e acredito que, guiado por Deus, fui levado a algumas respostas que gostaria de compartilhar:

Porque não sabemos quanto tempo temos nesse mundo – É graças à misericórdia divina que possuímos chance de arrependimento e perdão dos pecados em todo o tempo, desde que busquemos a Deus com sinceridade ou de todo o coração (como se refere o texto de Jeremias 29:13). Mas não sabemos se haverá tempo hábil para pensar em nosso arrependimento diante de uma morte repentina. É por isso que os conselhos bíblicos sempre são direcionados quanto à necessidade de uma busca a Deus imediata, no presente, sem demora, sem atrasos. É o que afirma o escritor de Hebreus, no capítulo 3 e versículo 15, quando relembra que “hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais os vossos corações”.

Porque a preparação faz parte da caminhada cristã para encontrar com Jesus – A grande motivação de se estar no céu, segundo a Bíblia Sagrada, não é o fato de lá as pessoas poderem andar por um lugar sem morte, sem pecado, sem desgraças ou sofrimento. Ou então poder admirar as belezas de um paraíso restabelecido em que o clima será novamente equilibrado com pedras preciosas que adornam portas e murais. A motivação principal de se estar ali é a presença de Deus e o encontro com Jesus, aquele que foi responsável pela remissão de nossos pecados. E se a razão principal é ter um encontro face a face com Cristo, então desde já podemos estreitar esse relacionamento através de uma amizade baseada na oração, no estudo da Bíblia e no próprio ato de compartilhar nossa fé com outros. A preparação espiritual nesse sentido, portanto, faz parte da caminhada cristã e não é um detalhe. Preparar-se é o que muitos teólogos chamam de processo de santificação; é percorrer o caminho rumo ao encontro pleno e maior com Cristo e não apenas em se preocupar em ter os privilégios ou vantagens de um mundo transformado.

Porque a preparação produz verdadeira esperança – A Bíblia diz, em I Coríntios 2:9 “mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam”. É uma afirmação enfática a respeito da grandiosidade da atmosfera celestial em comparação com o que nós, seres humanos, conhecemos hoje e consideramos de incrível beleza e resplendor. Na verdade, tudo o que se escreve ou se diz a respeito do céu prometido por Deus para os fiéis é apenas uma pálida ideia do que realmente será habitar nesse inigualável lugar.

Esse lugar é tão impressionante a ponto de o apóstolo nem se dar ao trabalho de tentar descrevê-lo até por falta de elementos para uma analogia qualificada. E justamente por essa razão o elemento surpresa produz nas pessoas a esperança genuína. Há um horizonte promissor por trás dessa luta incansável para se manter ao lado de Deus em uma vida de fidelidade e isso é o que faz a preparação ser importante e empolgante.

A expectativa pelo retorno de Jesus Cristo e a possibilidade de continuar, por uma eternidade, em constante aprendizado com Ele é que fazem ter sentido um movimento de reavivamento e reforma espirituais. Reavivamento e reforma não se constituem em mais um programa ou mera rotina a ser cumprida dentro de um rol de deveres religiosos ou litúrgicos. Expressam, por outro lado, o conceito a respeito da necessidade de profundo e eficaz contato com Deus em uma preparação cuja finalidade específica é iniciar um tipo de relacionamento que há de se prolongar no céu. E que se inicia aqui, mesmo com tantas dificuldades.

Texto de autoria do jornalista adventista Felipe Lemos.

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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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