A Dualidade Divina para a Música e Adoração

Inicio minhas considerações com uma pergunta: Qual a função da música dentro da igreja? Adoração? Culto a Deus? Entretenimento? Elemento para passar o tempo entre os anúncios e o culto?

Responder a essas inquietações, na minha modesta opinião, parece ser central quando o assunto é música na igreja! Se a música for para a adoração e culto ao Altíssimo, deve possuir elementos para tal função. Se a música serve para entretenimento e simples fruição do tempo, os elementos são, obviamente, completamente diversos. Para o primeiro uso, a música seguirá princípios revelados nas Escrituras e no Espírito de Profecia; buscando ao máximo os desígnios de Deus para a elevação espiritual dos participantes e ouvintes. Já, para o segundo uso, o do entretenimento, será orientada pela vontade do homem e seus desejos momentâneos.

Estabeleci, nestes primeiros parágrafos, uma dicotomia. Partindo do princípio de que a música tem várias (ou simplesmente duas) possibilidades de utilização, pode-se determinar qual desses usos é o apropriado para o recinto sagrado. Se apontarmos um desses tipos como o adequado para o templo, mas nos utilizarmos de qualquer outro, a dicotomia se transforma em paradoxo, e é justamente esse o cuidado a ser tomado.

Essa dualidade não foi inventada por mim, ao acaso, mas foi apresentada pelo próprio Deus, no livro de Gênesis, ao registrar, para nossa edificação, a história de dois irmãos: Caim e Abel.  Nós já conhecemos a história desses irmãos (Gênesis 4:3-5). Deus pede uma oferta, um deles oferece exatamente o pedido do Criador, o outro, seguindo seu próprio coração, oferece oferta indigna. Ele ofereceu seu melhor! Seu melhor dom e sua melhor safra, todavia não atendeu aos desígnios de Jeová!

Está aí, mais uma vez, o ponto central sobre a música em solo sagrado! Devemos, contrariando o hedonismo, o humanismo, os individualismos, os “ismos” contemporâneos, oferecer a Deus um culto digno! Seja através da pregação, seja em oração, seja durante a nossa comunhão, ou seja pela música, tudo, TUDO, deve ser oferecido ao Senhor como foi o sacrifício de Abel!

É possível perceber, por esta linha de pensamento, que a base desta questão não é técnica, do ponto de vista musical. Antes de tudo, é uma questão teológica que envolve nosso conceito da divindade, do próprio Deus. Mais do que isso. Notamos que o ato da adoração em si não é erigido por regras (ou pelo simplório “certo X errado”), porém sim composto de princípios, como será posto a seguir.

“Mas – o leitor desatento poderia me interromper – a bíblia não me apresenta nada sobre ritmo, notas musicais, melodias, ou som adequados!” Sim, é fato! Contudo isto não quer dizer que somos deixados sem uma direção neste sentido, pois a Bíblia nos dá princípios claros sobre nossa relação com Deus! Gostaria de citar alguns textos bíblicos os quais podem deixar uma luz sobre esse ponto:

Filipenses 4:8 “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.”

I Coríntios 10:31 “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais, qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus.”

II Coríntios 6:14-18 “Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos; pois que sociedade tem a justiça com a injustiça? ou que comunhão tem a luz com as trevas? Que harmonia há entre Cristo e Belial? ou que parte tem o crente com o incrédulo? E que consenso tem o santuário de Deus com ídolos? Pois nós somos santuário de Deus vivo, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Pelo que, saí vós do meio deles e separai-vos, diz o Senhor; e não toqueis coisa imunda, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso.”

I João 2.15 “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele.”

I João 2:5-6 “mas qualquer que guarda a sua palavra, nele realmente se tem aperfeiçoado o amor de Deus. E nisto sabemos que estamos nele; aquele que diz estar nele, também deve andar como ele andou.”

Mateus 15:8 “Este povo honra-me com os lábios; e o seu coração, porém, está longe de mim”

I Coríntios 3:16-17 “Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá;”

I Coríntios 6:19-20 “Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo.”

Provérbios 4:23 “Guarda com toda a diligência o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.”

Mateus 15:18-20 “Mas o que sai da boca procede do coração; e é isso o que contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São estas as coisas que contaminam o homem; mas o comer sem lavar as mãos, isso não o contamina.”

I Pedro 1:14-16 “Como filhos obedientes, não vos conformeis às concupiscências que antes tínheis na vossa ignorância; mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em todo o vosso procedimento; porquanto está escrito: Sereis santos, porque eu sou santo.”

Levítico 20:26 “E sereis para mim santos; porque eu, o Senhor, sou Santo, e vos separei dos povos, para serdes meus.”

Tiago 4:4 “Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.”

Romanos 14:23 “Mas aquele que tem dúvidas, se come está condenado, porque o que faz não provém da fé; e tudo o que não provém da fé é pecado.”

Devo ressaltar, ainda, que o prazer não pode ser excluído da adoração. Para cumprir sua função planejada, o canto deve expressar gozo, alegria, e ação de graças: “Cantai ao Senhor com ações de graças” (Salmos 147:7). “Eu também te louvo com a lira, celebro a tua verdade, ó meu Deus; cantar-te-ei salmos na harpa, ó Santo de Israel. Os meus lábios exultarão quando eu te salmodiar; também exultará a minha alma, que remiste” (Salmos 71:22-23). Mas este prazer, sem sombra de dúvida, é muito diferente dos prazeres mundanos incitados pelas músicas de entretenimento.

Concluo o raciocínio com outra pergunta: “Como deve ser a música na igreja?”. Deve ser na medida, se não exata, o mais próxima possível daquilo que adora a Deus com dignidade! Uma música capaz de nos emocionar racionalmente (conforme Romanos 12:1 e 2). Uma música com o devido equilíbrio entre os elementos melódicos, harmônicos e rítmicos; de forma que a melodia (aquela que conduz a palavra) seja dominante. Uma música com melodia capaz de envolver o ouvinte, não emocionalmente, mas de forma a faze-lo pensar no amor infinito de Deus (melodia que consiga iniciar um processo de “novidade de vida”, de transformação duradoura, uma semente em solo fértil)! Com ritmo que propicie adoração e não a pura cadência dos corpos. Com volume que ocasione paz e tranqüilidade, ao invés de algo que nos ensurdeça e nos irrite os ouvidos e o corpo. Não podemos nos esquecer que nossos corpos são o ‘templo do Espírito Santo’ (I Coríntios 6:19). Certamente esse texto se aplica também a esse ponto: devemos ser bons mordomos de nossos tímpanos, também.

Um grande abraço em Cristo!

por: Adrian Theodor


Notas:

Os Adventistas do Sétimo Dia consideram como “Espírito de Profecia” os escritos deixados por Ellen G. White. Podemos dizer que se faz uma alusão a Apocalipse 19:10: “Então me lancei a seus pés para adorá-lo, mas ele me disse: Olha, não faças tal: sou conservo teu e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus; adora a Deus; pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia“.

Ao apresentar esse exemplo sigo um caminho já trilhado por Flávio Garcia, em uma palestra por ele ministrada à Associação Coral Adventista de São Paulo (ACASP).

Fonte: Musica Sacra e Adoração


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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