Música – Questão de Princípio 


Por muitos séculos, a música tem causado preocupação à igreja cristã. Teólogos e músicos sempre procuraram definir o tipo de música adequada para ser utilizada na adoração a Deus.

Em cada período de nossa história, novas formas e novos conceitos musicais são acrescentados, propiciando novo rumo para a música. [1] Quando analisamos a história da música, vemos que cada época mostra problemas e horizontes.

A grande preocupação da igreja é evitar qualquer semelhança ou influência das musicas e rituais pagãos. [2] A igreja primitiva tinha o intuito de ser diferente. O propósito era mostrar a diferença para atrair, e não a semelhança para difundir. Para evitar muitas dessas semelhanças, algumas decisões foram tomadas. Um exemplo foi a proibição de instrumentos musicais na liturgia da igreja. [3] Por muitos anos, os primeiros cristãos optaram por cânticos a capela. [4]

O mundo evoluiu, grandes descobertas foram feitas para beneficio da sociedade atual. E não foi diferente em reles ao à música. Novos conceitos e normas foram acrescentados para beneficiar e enriquecer nossa adoração. Imagine como seria se até hoje os instrumentos musicais ainda fossem proibidos na liturgia da igreja! O desenvolvimento musical é fruto do desenvolvimento da igreja. É claro que não podemos nos apegar a essa afirmação para introduzir qualquer estilo ou instrumento musical em nossas congregações.

“A diversidade de origens, cultura, localização geográfica, influencia social e outras variáveis tornam impossível e impraticável satisfazer gostos e preferências individuais sem causar confusões.” [5] O grande problema é que muitos tentam definir a música ideal a partir de seu gosto ou de sua cultura, mas não por “critérios teológicos claros originados de uma teologia da música na igreja”. [6] Essas discussões causam intrigas entre membros, pastores e músicos. Forma-se uma divisão: liberais de um lado conservadores de outro.

Não podemos questionar o fato de Deus não ter deixado normas específicas para a música. Ele poderia ter “revelado Sua vontade em relação à música e à adoração num único capítulo ou livro da Bíblia […], mas Ele decidiu não fazê-lo”. Entretanto, por meio de Sua Palavra, Ele nos deixou princípios infalíveis “que governam e transcendem as questões de cunho cronológico, étnico e cultural”. [7]

Como adventistas, devemos escolher o melhor para a adoração a Deus. Devemos lançar mão dos benefícios alcançados pela escolha da boa música. Esta é “um dos meios mais eficazes para impressionar o coração com verdades espirituais”. Por meio dela, “as tentações perdem seu poder, a vida assume nova significação e novo propósito, e o ânimo e a alegria se comunicam a outras pessoas!” [8]

A Bíblia afirma que a música tem um propósito definido (II Crônicas 20:14-22; II Crônicas 5; I Crônicas 16:8-36; Salmos 33:2; Salmos 67:5). Descobertas arqueológicas revelam que a música era uma arte altamente cultivada entre muitas nações antigas, inclusive entre os hebreus. [9] O objetivo principal era elevar os “pensamentos àquilo que é puro, nobre e edificante, e despertar na pessoa a gratidão para com Deus”. [10] A música é um dom de Deus para a humanidade. [11]

Há muito trabalho a ser feito “por aqueles que procuram trazer uma base teológica ao estudo da música na igreja”. Mas uma coisa é certa: no decorrer da História, a música cristã tem mostrado uma característica diferenciada. E para que ela continue com essa característica, não podemos defini-la a partir de nossas próprias conclusões, mas por meio dos princípios estabelecidos pela Palavra de Deus.

“Fazer música adventista do sétimo dia consiste em escolher o melhor. Nessa tarefa, acima de tudo, nos aproximamos de nosso Criador e Senhor e O glorificamos. Cumpre-nos aceitar o desafio de ter uma visão musical diferenciado e viável, como parte de nossa mensagem profética, dando assim uma contribuição musical adventista importante e revelando ao mundo que somos um povo que aguarda a breve volta de Cristo.” [12]

Autor: Rayssan Guimarães Cruz


Rayssan Guimarães Cruz é formado em Música e estuda Teologia no Unasp, campus de Engenheiro Coelho, SP.


Referências:

1 – Luiz Cosme, Introdução à Música (São Paulo, SP: Editora Globo, 1959), p. 31.

2 – Ver Rodrigo Silva, Apostila de História Eclesiástica I (Engenheiro Coelho, SP: SALT, 2009), p. 29.

3 – Edson Frederico, Música, Breve História (Irmãos Vitale: SP, 1999), p. 60.

4 – Silva, Apostila de História Eclesiástica I, p. 29.

5 – Eurydice V. Osterman. O Que Deus Diz Sobre Música (Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2007), p. 104.

6 – Winter, Miriam T., Why Sing? Toward a Theology of Catholic Church Music(Washington D.C.: Pastoral Press, 1984), p. 195.

7 – Osterman, op. cit., p. 2.

8 – Ellen G. White Educação (Tatuí, Casa Publicadora Brasileira, 200l),p.168.

9 – Paul McCommon, A Música na Bíblia (Rio de Janeiro, Casa Publicadora Batista), p. 143.

10 – White, Música, Sua Influência na Vida do Cristão (Tatuí, SP. Casa Publicadora Brasileira, 2005), p. 19.

11 – Osterman, op. cit., p. 106

12 – Ver voto 144-03G da Associação Geral.


Fonte: Revista Adventista – Junho/2009, p. 11

Autor: Rayssan Guimarães Cruz


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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