A Nova Ordem Mundial – Introdução

Escrever sobre a Nova Ordem Mundial não é uma tarefa fácil.

A variedade e complexidade dos atores envolvidos e as inúmeras e muitas vezes contraditórias ações perpetradas a partir dos bastidores do poder parecem-nos um espetáculo assustador e incompreensível sob qualquer ângulo, um turbilhão de acontecimentos aparentemente caóticos e desconexos, desprovidos de qualquer sentido razoável de coerência, e seu conjunto não nos aparece nem no espaço da cena em que se representa, nem no instante do espetáculo a que assistimos.

Contudo, a despeito de nossa incapacidade frente a um fenômeno tão absurdamente complexo, invasivo e quase onipresente, não somos deixados na escuridão, às apalpadelas, nem tampouco à mercê da falácia das conjecturas humanas.

O Apocalipse, a Revelação de Jesus Cristo que mostra aos Seus servos as coisas que em breve devem acontecer (1:1), pinta em cores muito vivas os desdobramentos finais da história humana no contexto do grande conflito entre Cristo e Satanás.

Como uma carta apostólico-profética dirigida às igrejas de nosso Senhor em todos os tempos e lugares, e especialmente relevante para a última geração de crentes, o Apocalipse identifica e antecipa o destino dos poderes que “conspiram contra o Senhor e contra o seu Ungido” (Salmo 2:2) tendo como preocupações centrais animar e exortar Seu povo a perseverar até o fim na sagrada fé e revitalizar suas esperanças no bem-aventurado aparecimento de nosso Senhor e na manifestação de Sua justiça.

O livro do Apocalipse revela que, pouco antes da segunda vinda de Cristo, haverá dois grandes ajuntamentos:

  • O ajuntamento de Cristo, que reúne o povo de Deus procedente de toda nação, tribo e língua sob a bandeira ensanguentada do Príncipe Emanuel mediante a proclamação das três mensagens angélicas (Apocalipse 14:6-12). A unidade dessa igreja mundial é determinada pela união íntima da alma com Cristo. Trata-se de uma unidade no Espírito e na Palavra, e sua mensagem é: “Retirai-vos dela, povo meu” (Apocalipse 18:4).
  • O ajuntamento de Satanás, que reúne seu povo sob a bandeira da apostasia e da rebelião mediante a proclamação de três mensagens angélicas falsas (Apocalipse 16:13-14 e 16). Esse ajuntamento, que reúne todos os poderes terrestres numa só confederação, é determinado pela rejeição a Cristo e à Sua lei. Trata-se de espírito de unidade no humanismo e na tradição extra-bíblica, e sua mensagem é: “Uni-vos a ela (Babilônia), povo meu” (Apocalipse 14:8; 17:13).

Portanto, o Apocalipse não descreve um mundo dividido pouco antes da volta de Jesus, mas um mundo unido contra o governo de Deus e contra Seu povo, embora essa unidade não seja nem orgânica nem permanente, mas relativa e transitória. Daniel 2:41 descreve simbolicamente a última fase da história humana como sendo caracterizada por um mundo dividido, mas essa divisão é no sentido de não haver possibilidade de as partes envolvidas formarem um todo orgânico, homogêneo; ferro e barro não se misturam. Não obstante, eles permanecem ligados por algum tempo, ainda que não formem uma unidade orgânica e homogênea.

Com efeito, esses dois grandes ajuntamentos ou partidos – a igreja universal de Cristo e as igrejas caídas em conluio com os poderes políticos mundiais – não estão, de modo algum, delimitados étnica ou geograficamente, mas por suas crenças religiosas e morais. O centro desse derradeiro conflito gira em torno de questões da maior importância: A quem vamos adorar e servir? A que lei vamos obedecer? À lei de Deus ou às leis dos homens?

Curiosamente, em Apocalipse 16 são os três espíritos imundos semelhantes a rãs que reúnem as nações da Terra, ao passo que em Joel 3 (2, 11-12) e Mateus 25 (31-32) é o próprio Senhor Jesus quem faz esse ajuntamento. A contradição é apenas aparente, pois na verdade Deus permite que os agentes demoníacos em operação executem esse trabalho, embora estabeleça certos limites. Conquanto seu objetivo seja subverter o governo de Deus na Terra, esses facilitadores do consenso não fazem outra coisa senão cumprir os propósitos de Deus dentro de Seu plano mais amplo para vindicar o Seu caráter.

Note que enquanto o chamado de Deus para Seu povo envolve uma reforma espiritual e moral expressa na última mensagem divina ao mundo (Apocalipse 14:6; 18:1-4), o chamado de Babilônia mística representa um movimento oposto, uma revolução radical que anula a lei de Deus e, consequentemente, conduz o mundo à ilegalidade e a uma rejeição de toda a restrição moral.

É precisamente esse fenômeno escatológico, de proporções ecumênicas, e sua relação com o remanescente fiel que vamos analisar a partir desta postagem, sob a luz inconfundível do Apocalipse.

 


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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