Cura para a cegueira da alma

 

Na noite de Natal de 1941, em meio aos reveses da Operação Barba Ruiva, o general alemão Gotthard Heinrici escreveu à esposa confidenciando-lhe suas frustrações e temores.

Entre uma observação e outra, uma frase em particular chamou-me a atenção: “Aqueles a quem os deuses desejam destruir primeiro ficam cegos.”

A cegueira dizia respeito à insistência dos generais em atacar os soviéticos durante o rigoroso inverno daquele ano, que encontrou tropas alemãs despreparadas, mal equipadas e mal abastecidas ante um inimigo mais determinado e bem equipado.

Como cristãos, vivemos uma situação semelhante.

Trazida para a realidade espiritual, a frase de Heinrici poderia ser reescrita assim: “Aqueles a quem Satanás deseja destruir primeiro ficam cegos”.

A ideia parece fazer sentido.

Porque antes de nos enlaçar e destruir, nosso adversário deseja cegar-nos a ponto de não sermos capazes de enxergar nada além de nós mesmos e das coisas efêmeras que amamos.

Uma vez ofuscada a visão espiritual pelas luzes de neon do mundo, Deus e Sua Palavra perdem o sentido real para nós e, assim, ficamos totalmente expostos aos ataques do diabo.

Cegueira espiritual precede a ruína espiritual.

Se as coisas espirituais são discernidas espiritualmente (1 Coríntios 2:14), se as maiores realidades da vida não podem ser vistas senão com olhos espirituais, nossa maior necessidade é que estes sejam abertos para que vejamos o reino de Deus em sua verdadeira santidade e importância.

Comentário Bíblico Adventista sobre 2 Reis 6:17 observa (Vol. 2, p. 976):

Se Deus não abrir nossos olhos, podemos passar pela vida como cegos, sem entender as coisas do Senhor, nunca percebendo a importância da integridade nem apreciando a santidade. Quando oramos a Deus, nossos olhos são abertos e passamos a ver a importância das coisas vitais.

Esta é a mensagem de Cristo à Laodiceia moderna, que sofre também de profunda cegueira espiritual (Apocalipse 3:17).

Nosso amado Redentor nos oferece o antídoto para essa cegueira, o colírio que representa a graça divina pela qual o cristão é capacitado a distinguir entre a verdade e o erro, o sagrado e o profano (verso18).

Esta é a obra do Espírito Santo (João 16:7 e 8). Somente Ele pode convencer-nos de nossa real condição e remover a cegueira espiritual que nos aflige, a fim de que possamos ver o pecado sob sua verdadeira luz, isto é, como Deus o vê.

Necessitamos, contudo, render-nos ao poder persuasivo do Espírito Santo, pois, do contrário, seremos incapazes de discernir os traços defeituosos de caráter e reconhecer a magnitude do mal que cometemos.

Cegueira voluntária leva à rebeldia espiritual.

Se desprezarmos os meios que Deus proveu a tão elevado custo para abri-nos os olhos, seremos deixados em estado de completa cegueira, vítimas de uma autoilusão da qual nós mesmos somos culpados.

Porém se ouvirmos as Suas exortações, cooperando diligentemente com o Espírito Santo na obra de afastar de nós os pecados, as portas do coração certamente se abrirão ao nosso Salvador para que Ele entre e habite conosco (Apocalipse 3:20)!

Só então nos acharemos mais intimamente ligados a Deus, reconhecendo-Lhe a voz e discernindo espiritualmente as coisas espirituais.

Não permitamos ser acometidos da cegueira que nos priva de discernir e apreciar as coisas profundas de Deus, nós que temos sido agraciados com grande luz e preciosas oportunidades e privilégios.

Guardemo-nos de tomar a luz por trevas e as trevas por luz, pois cada passo nesta direção conduz a uma treva mais densa, até que o coração finalmente sucumbe à total escuridão.

Por este motivo, o Senhor diz a Seu povo em 2 Coríntios 6:16-18:

Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso.

Esta é a condição para ser admitido na família de Deus.

E ela só pode ser satisfeita quando os olhos da alma forem iluminados com a visão espiritual, com o discernimento procedente do Céu. Então as coisas que atraem os sentidos perderão seu valor, porque nos serão revelados valores infinitamente superiores!

Não poderia concluir sem mencionar o apelo inspirado da serva do Senhor em Testemunhos para a Igreja, volume 7, p. 11.4:

Que o Senhor abra os olhos fechados de Seu povo, e desperte seus sentidos adormecidos, para que possa se convencer de que o evangelho é o poder de Deus para a salvação daqueles que creem. Que vejam a importância de ser uma representação pura e justa de Deus para que o mundo possa contemplá-Lo na Sua beleza. Possam encher-se do Espírito que nEle habita, de tal maneira que o mundo não consiga desviá-los da obra de apresentar aos homens as possibilidades maravilhosas disponíveis diante de toda alma que recebe a Cristo.

 

 

Fonte: Três Mensagens


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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