Mesmo que você não esteja deprimido, o exercício físico é bom para a mente. Um amplo estudo conduzido pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos examinou 1.900 indivíduos sadios. Foi demonstrado que as mulheres que fazem exercício ocasionalmente, ou nunca, duplicam o risco de desenvolver depressão maior dentro de oito anos, em comparação com aquelas que fazem exercício moderado com uma frequência de vários dias por semana.
A atividade física não apenas previne a depressão, mas é um bom tratamento para aqueles que já estão deprimidos. É útil também no tratamento de outras enfermidades mentais, como episódios de ansiedade, ansiedade atual, ou transtorno do pânico. Já existe nova evidência de que os exercícios coletivos regulares podem ajudar a aliviar a tristeza profunda com a mesma eficácia dos medicamentos antidepressivos. Mas, exercício de que tipo, e quanto?
Melhor que remédio e aconselhamento
Alguns pesquisadores da Universidade Duke examinaram pessoas com depressão maior e descobriram que um programa de exercício moderado (30 minutos, três vezes por semana) reduziu a depressão tão bem quanto os medicamentos antidepressivos. Estes tiveram efeito mais rápido, mas, 16 semanas depois, o efeito do exercício se igualou ao dos medicamentos, de acordo com o estudo. Uma explicação pelo menos parcial dos benefícios mentais é que o exercício leva o cérebro a produzir mais serotonina e norepinefrina, neurotransmissores cerebrais que reduzem a depressão.
Após uma revisão de todos os estudos publicados desde 1981 sobre o exercício e a saúde mental, alguns pesquisadores canadenses também descobriram que o exercício – seja ele de treinamento de força, corrida, caminhada, ou outras formas de exercícios aeróbicos – é útil para aliviar a depressão leve ou moderada. É útil também no tratamento de outros transtornos mentais, como ansiedade, distúrbios devidos ao abuso de substâncias, transtornos da autoimagem do corpo, e até o transtorno de déficit da atenção e hiperatividade (TDAH). A quantidade de exercício nesses estudos variou de sessões de 20 minutos a sessões de 60 minutos pelo menos três vezes por semana.
O exercício físico produz resultados melhores do que a maioria das abordagens de aconselhamento, além de ser muito mais econômico. Outro estudo mostrou que oito minutos diários de exercício vigoroso até ao ponto de exaustão, numa esteira ergométrica inclinada, reduziram os sintomas de depressão bem como de ansiedade, tensão, ira e fadiga.
Bom para jovens e idosos
É importante que os pacientes depressivos compreendam que provavelmente não sentirão nenhuma melhora depois de suas primeiras sessões de exercício. Isso está em contraste com os que estão sofrendo de tensão, ansiedade, ira, ou fadiga, nos quais a tendência é a melhora dos sintomas já após a primeira sessão de exercício. É por isso que o paciente deprimido geralmente interrompe a rotina de exercícios recentemente começados. Julgam que eles não trazem benefício algum. Na verdade, é necessário pelo menos uma semana de exercícios diários antes que apareça qualquer melhora dos sintomas depressivos. Mais uma boa notícia: uma vez que os sintomas comecem a melhorar, eles geralmente continuam a melhorar gradualmente durante um período de quatro a seis meses – que é o tempo necessário para se obter o efeito máximo.
Ainda há outros benefícios mentais associados ao exercício. Ao descobrirem que o exercício combateu a depressão, os pesquisadores também comprovaram que, depois de quatro meses de exercício aeróbico regular, a memória e outras habilidades mentais melhoraram.
Esses benefícios não se limitam apenas a pessoas mais jovens. Uma pesquisa que acompanhou durante 11 anos mais de 900 adultos com idade média de 70 anos, descobriu que pessoas que, no início do estudo, faziam exercício regularmente, mas depois desistiram, se tornaram mais susceptíveis à depressão do que os outros que permaneceram ativos. Os desistentes e os que não aderiram ao exercício durante o estudo, obtiveram os mais altos escores no teste de diagnóstico de depressão, feito no fim do estudo.
Tem que suar a camisa
Especificamente, a melhora do humor foi observada naqueles cujo exercício regular os levou a suar a camisa. Até mesmo aqueles que fizeram algum tipo de exercício só três vezes por semana se tornaram menos susceptíveis ao humor depressivo.
Até os participantes mais idosos, que resolveram aderir ao exercício depois de iniciado o estudo, obtiveram melhora do humor semelhante à dos que fizeram exercício durante todo o estudo. Em outras palavras, não importa a sua idade, você também será beneficiado se começar um bom programa de exercício.
Digo aos meus pacientes que eles precisam se comprometer com um programa bem agendado (não casual) de exercício regular por toda a vida. Eles podem variar o tipo de exercício, para evitar a monotonia. É interessante, por exemplo, alternar caminhada com natação, corrida e levantamento de peso em dias alternados da semana.
Convide um amigo com o qual você possa interagir socialmente durante as sessões de exercício, se você assim desejar. Mas não dependa totalmente dele para fazer exercício, pois caso ele se ausente você eventualmente pode se sentir tentado a interromper seu programa. A escolha de ambientes agradáveis também é importante para não desistir.
Felizmente, os benefícios do exercício físico não terminam só com a melhora da saúde mental. Veja no quadro uma lista de benefícios adicionais dos exercícios de resistência.
Benefícios do exercício aeróbico (correr, nadar, andar de bicicleta, caminhar com energia) em relação à depressão
• Tem efeito comparado ao de medicamentos específicos para tratar depressão.
• Aumenta os níveis de serotonina no cérebro.
• É melhor do que o aconselhamento para reduzir a depressão.
• Alivia a ansiedade, TDAH e transtornos devidos ao abuso de substâncias.
• Previne a depressão.
Neil Nedley é especialista em medicina interna e saúde mental
[Fonte: Vida e Saúde – Jul 2011, p.42 e 43]
Descubra mais sobre Weleson Fernandes
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.