Qual o significado da declaração “tudo o que se move, e vive, ser-vos-á para alimento”? (Gn 9:3)

O que se pode comer

 

Algumas pessoas encaram essa declaração divina a Noé, após o dilúvio, como autorização ao consumo, sem quaisquer restrições, de toda espécie de animais limpos e imundos. Mas essa interpretação não é sancionada pelas normas e práticas alimentares encontradas nas Escrituras.

A distinção entre animais “limpos” e “imundos” já era conhecida por Noé antes do Dilúvio, pois o próprio Deus havia feito essa distinção ao mencionar os animais a serem preservados na Arca (ver Gn 7:2 e 8). Após sair da Arca, Noé ofereceu holocaustos ao Senhor exclusivamente “de animais limpos e de aves limpas” (Gn 8:20). Embora animais limpos fossem sacrificados ao Senhor desde a queda dos nossos primeiros pais (Gn 3:21 e 44), foi somente após o Dilúvio que o consumo de alimentos cárneos foi permitido, pois grande parte dos vegetais havia sido destruída (ver Gn 1:29; 9:1-6).

Se a intenção em Gênesis 9:3 fosse eliminar toda e qualquer distinção entre animais limpos e imundos, isso certamente apareceria nas discussões bíblicas posteriores sobre o assunto. Isso, porém, não ocorre. Mesmo se Gênesis 9:3 houvesse liberado temporariamente o consumo de animais imundos, o que não é o caso, essa hipotética permissão acabaria sendo desfeita eventualmente pelas leis de saúde registradas em Levítico 11:1-31, Deuteronômio 14:3-21 e outros textos bíblicos.

A própria determinação divina de preservar na Arca “sete pares” de cada espécie de animais limpos e apenas “um par” dos animais imundos (Gn 7:2) sugere que somente os animais limpos haveriam de ser oferecidos em sacrifício e consumidos como alimento. Como dos animais imundos foi preservado apenas um casal de cada espécie, bastaria que Noé imolasse o macho ou a fêmea de um casal que ainda não havia se reproduzido para acabar extinguindo definitivamente a respectiva espécie.

Devemos ser cautelosos na interpretação de “tudo o que se move, e vive”, para não acabarmos incluindo o próprio homem entre os alimentos cárneos divinamente sancionados, pois este também “se move, e vive”. Portanto, a expressão é uma mera generalização (semelhante à expressão “todo o mundo”, usada em português), que não desfez a distinção entre animais limpos e imundos já conhecida naquela época. Assim, após o dilúvio o homem poderia se alimentar também de animais limpos, em acréscimo aos vegetais que já vinham sendo consumidos desde a Criação (Gn 1:29).

Autor: Por Alberto R. Timm


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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