
1 – Se a Bíblia não diz que Adão, Abraão, Isaque, Jacó guardavam o sábado, também não diz que NÃO GUARDAVAM. Esse tipo de “argumento do silêncio” é inteiramente neutro. Então, temos um empate—se não provamos que eles guardavam o sábado, também não se pode provar que NÃO GUARDAVAM.
2 – Mas o desempate ocorre pelo fato de que Deus mesmo, além de cessar Suas atividades no sétimo dia, para deixar um exemplo para o homem de todas as eras e nações, como ressaltou Calvino, abençoou e SANTIFICOU o sétimo dia. A palavra “santificar” significa “separar para uso consagrado a Deus”. E foi Deus quem fez isso, daí que o sábado é um dia separado desde a criação do mundo. Como Deus já é absolutamente santo, não precisaria santificar nada para Si. Se o fez, foi para o homem, como Jesus confirmou ao dizer que “o sábado foi feito por causa do homem”.
3 – E temos o fato de que Adão tinha o encargo de lavrar a Terra (Gên. 2:15). Os oponentes não conseguem provar que Adão trabalhava os sete dias da semana, só parando à noite para descansar. Alegar que ele não suava e o trabalho era agradável e leve não serve de prova em contrário de que parava um dia por semana. Suar ou não ao trabalhar seria inteiramente irrelevante, pois a questão básica não é de “cansaço” ou de tipo de trabalho, e sim de SANTIFICAÇÃO do tempo para Deus. Se o trabalho dele não o cansava, o fato é que era um tempo de atividades materiais, o que na lei divina é previsto para seis dias (Êxo. 20:8-11), com a cessação de atividades no sétimo dia. E a primeira preocupação do mandamento do sábado é “santificação”, depois vindo o “descanso” (“Lembra-te do dia do sábado para o santificar.
4 – Todos os grandes atos de Deus foram seguidos de imediato por memoriais, como a confusão das línguas dada a rebelião dos construtores da torre de Babel, o arco-íris, logo após o dilúvio, a Páscoa, junto ao êxodo, a construção do monumento de pedras logo que se completou a travessia a seco do Jordão, a Santa Ceia, ligada diretamente à Paixão de Cristo, e assim por diante. Não faria sentido Deus esperar séculos e milênios para instituir um memorial (“monumento”) à criação do céu, da Terra, do mar e das fontes das águas como é reconhecidamente o sábado. Se foi instituído como “Memorial da Criação”, então isso se estabeleceu junto ao fato da criação, segundo o padrão de estabelecimento dos memoriais indicados, e não milênios depois (ver Sal. 111:2-4).
5 – E há aqueles fatores todos de Abraão ser fiel aos “mandamentos, estatutos, leis” de Deus (Gên. 26:5), sem que se consiga provar que isso envolveria tudo quanto é abrangido pelos mandamentos do Decálogo, excluído o princípio do sábado. “Argumento do silêncio”, claramente, não tem peso algum como prova ou contraprova de nada, mas a lógica pende para a evidência de que Abraão observasse o sábado, santificado por Deus desde a criação do mundo, e estabelecido como memorial da criação, como visto no tópico anterior, além do dado do tópico seguinte.
6 – O descanso do sábado é um reconhecido benefício físico, mental e espiritual para o homem. O Dr. Michael Cesar, médico e pastor americano (evangélico), num CD conta que Hitler, quando preparava o seu arsenal para a 2a. Grande Guerra, fez os seus trabalhadores atuarem sete dias por semana, só parando à noite para o descanso. Não funcionou. Houve queda de produção, aumento de pessoas esgotadas e doentes, de modo que ele voltou atrás e refez o regime regular de seis dias de trabalho e um de descanso. Qualquer médico reconhecerá os benefícios do descanso semanal.
7 – Durante a escravidão egípcia os israelitas não contavam com a vantagem do sábado, pois viviam em circunstâncias muito especiais. Ao tirá-los do Egito Deus restaurou-lhes tais benefícios, e mesmo antes da outorga da lei no Sinai, Ele lhes mandava o maná, com três milagres para confirmar a importância do sábado: no sexto dia caía em dobro, no sábado não caía nada, e o que ficasse da sexta-feira para o sábado não se estragava, embora isso não se confirmasse em outros dias. E como fica claro em Êxo. 16:28, o sábado é tratado como “lei” divina, mesmo antes da proclamação do Sinai quando alguns desobedeceram a ordem de não sair no sábado para colherem o maná: “Então disse o Senhor a Moisés: Até quando recusareis guardar os meus mandamentos e as minhas leis?” É interessante que a linguagem dessa passagem é muito semelhante à de Gên. 26:5, e isso antes da outorga solene da lei no Sinai.
8 – Descobertas arqueológicas falam que os assírios em tempos bem remotos tinham um dia especial para descanso. Eis como isso é tratado no periódico The Congregationalist, de Boston, datado de 15 de novembro de 1882, referindo-se aos “Tijolos da Criação”, encontrados nas margens do rio Tigre, próximo de Nínive, atualmente sendo parte do território do Iraque:
“O Sr. George Smith diz em sua obra Descobertas Assírias (1875): ‘No ano de 1869 descobri, entre outras coisas, um curioso calendário assírio, no qual cada mês se divide em quatro semanas, e os sétimos dias, ou sábados, são marcados como dias nos quais nenhum trabalho se podia empreender. . . . O calendário contém listas de trabalho proibido nesses dias, o que evidentemente corresponde ao sábado dos judeus’”.
E um estudioso batista declarou:
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Esses fatos não têm que ver com as origens do sábado a partir dessas práticas de tais povos (como insinuam pesquisadores descrentes), e sim que demonstram a antiguidade do sábado. O que se dava é que as demais nações perverteram o correto entendimento do sábado, assim como há relatos e mais relatos sobre o dilúvio, mas que não são a origem do que Moisés registrou, e sim versões corrompidas do original.
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9 – A ponderação de um erudito batista, do famoso Instituto Bíblico Moody, não pode ser desconsiderada. Para negar validamente o que ele expõe, tem que ocorrer refutação clara e objetiva, com argumentos realmente fortes, ponto por ponto. Vejamos como tal erudito expõe a questão:
10 – Como tal erudito, citado no tópico anterior, que não é adventista, diz que “a semana existe por causa do sábado”, então isso confirma que quando Labão trata com Jacó sobre “a semana” de sete anos pela mão de Raquel (Gên. 29:27, 28) o conceito de “semana” já existia. Em Êxo. 16:22, 23 lemos que “ao sexto dia colheram pão em dobro. . . E ele lhes disse: Isto é o que o Senhor tem dito: Amanhã é repouso, sábado santo ao Senhor”. Conseqüentemente, antes da outorga da lei, o sábado era prática regular dos servos de Deus na época. De fato, até no Novo Testamento, ao falar do “primeiro dia da semana”, o original grego mostra a contagem judaica, pois é mía twn sabbatwn. Tal expressão significa “o primeiro a partir do sábado”, como historicamente consideravam os judeus a semana, tendo o sábado como marco, e os demais dias sem nomes específicos, apenas designados como primeiro, segundo, terceiro, quarto, etc., a partir do sábado. Na própria Confissão de Fé Batista, de 1689, edição em espanhol, consta os textos de Gên. 8:10, 12 como evidência da vigência do 4o. mandamento desde tempos imemoriais, dada à divisão hebdomadária do tempo em períodos de sete dias, por Noé.