A Filosofia da História
Não faz muito tempo um jovem adolescente cujo interesse pelo estudo da História não era muito grande, expressou sua opinião escrevendo na parte interna da capa do seu livro:
”Em caso de incêndio, lance este livro nas chamas, por favor.”
Quando eu era estudante, nosso professor de História repetidamente nos admoestava: “Moços e moças, estudem História com diligência. Se maior número de líderes das nações no mundo entendesse História, muitos dos desatinos do passado poderiam ser evitados, evitando-se conseqüentemente futuras guerras. Poderíamos com mais facilidade encontrar soluções para nossas presentes dificuldades políticas e econômicas.”
Sim, por estranho que pareça, enquanto as universidades animam o estudo da filosofia da História, o mundo está sendo propelido a jato para a guerra, e as condições vão de mal a pior. Esta era atômica torna desassossegados e desorientados os nossos estadistas. Que paradoxo!
As condições mundiais neste século de luz são tão delicadas e complicadas que a História passada não apresenta paralelo que indique solução prática que leve a tão almejada paz entre as nações.
Creio que George W. Hegel estava certo quando disse: “Da História aprendemos que nada aprendemos da História.” A razão por que muitos têm deixado de beneficiar-se do estudo do passado é que alguns têm uma errônea concepção da filosofia da História.
Por exemplo, há uma escola ateísta de filosofia da História que nega as providências de Deus nos negócios dos homens. Há também diferentes escolas de pensamento que adotam conceitos evolucionistas, e cada uma delas professa diferente filosofia da História, sempre de acordo com suas idéias referentes à origem do planeta, da vida e do homem.
Por outro lado, a escola criacionista crê que Deus é visto na História; que Sua mão está guiando os negócios dos homens. Somente esta última crença tem sentido, e é a verdadeira filosofia da História.
Ora. que é História? História política é o registro do trato de homens com homens e, num sentido mais lato, o relato do contínuo conflito entre o bem e o mal, entre Deus e tudo que se Lhe opõe. Se o homem nunca se tivesse rebelado contra o governo de Deus, não teríamos tido o que se chama História política. Nossa História é, portanto, a história de um mundo que se rebelou contra a ordem divina. Profecia é a História predita com grande antecedência de seu cumprimento. É a História previamente considerada. E História é profecia cumprida. Ambas caminham de mãos dadas.
A História só pode ser convenientemente compreendida do ponto de vista de Deus, que tem um plano, um propósito de redimir o mundo da mão de Satanás, trazendo-o de novo ao Seu próprio domínio. Deus revelou este propósito à humanidade mediante as revelações divinas.
Este propósito foi magnificamente retratado por S. Paulo cerca do ano 52 A. D.:
(Efés. 1:9 e 10) – “E nos revelou o mistério da sua vontade, de acordo com o seu bom propósito que ele estabeleceu em Cristo, isto é, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, celestiais ou terrenas, na dispensação da plenitude dos tempos.”
Este maravilhoso evento futuro é chamado nas Santas Escrituras “a segunda Vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” ou “o fim do mundo.” A idéia do fim do mundo não nos deve amedrontar. Na realidade não se trata do fim de todas as coisas, mas da transição do pecado, tristeza, guerras e morte, para uma vida de eterna felicidade.
O amorável coração de Deus não poderia suportar a separação do homem que Ele criou segundo Sua própria imagem, de maneira que Cristo veio a este mundo que estava separado, a fim de pagar o preço da redenção com o Seu sacrifício na cruz, de molde a reintegrá-lo no seio da universal família de Deus.
Logo a primeira página das Santas Escrituras afirmam que o mundo e o homem foram criados perfeitos. Eram eles parte integral de um Universo feliz com seus inumeráveis mundos habitados. Mas veio o momento em que nossos primeiros pais, tentados por Satanás, rebelaram-se contra o Criador e rejeitaram Sua autoridade Como resultado a relação entre o homem e o seu Deus foi interrompida. Assim o mundo ficou isolado, podemos dizer em relação ao Céu e aos bilhões de outros mundos do Universo.
A razão por que autoridades médicas isolam um doente é o fato de ele estar sofrendo enfermidade infecciosa. Assim este mundo foi isolado para evitar que se espalhasse a mais contagiosa de todas as enfermidades – a rebelião ou pecado – através do Universo. Suas desastrosas conseqüências tinham que ser controladas. Esta à razão por que sabemos tão pouco sobre o espaço exterior, embora os homens procurem desesperadamente inventar uma espécie qualquer de foguete ou nave do espaço para alcançar outros planetas. Mas os santos dominarão o espaço e o céu quando Cristo nosso Senhor descer para levar-nos com Ele às gloriosas mansões eternas. Com quanto fervor não deveríamos repetir a oração do Senhor: “Venha o Teu reino” !
O Desafio do Criador
Não há poder individual, nem nacional, nem exército no mundo que seja suficientemente forte para subverter a vontade de Deus concernente ao curso da História e à vida das nações.
Atentem para este desafio divino escrito cerca de 700 anos antes de nossa era:
(Isa. 46:9 e 10) – “Lembrem-se das coisas passadas, das coisas muito antigas! Eu sou Deus, e não há nenhum outro; eu sou Deus, e não há nenhum como eu. Desde o início faço conhecido o fim, desde tempos remotos, o que ainda virá. Digo: Meu propósito ficará de pé, e farei tudo o que me agrada.”
Em todos os séculos têm havido ditadores e nações que tentam derrotar o plano do Criador com respeito aos limites e história das nações. É oportuno observar também o que a divina predição declarou cerca de três milênios atrás:
(Sal. 33:10-12) – “O Senhor desfaz os planos das nações e frustra os propósitos dos povos. Mas os planos do Senhor permanecem para sempre, os propósitos do seu coração, por todas as gerações. Como é feliz a nação que tem o Senhor como Deus, o povo que ele escolheu para lhe pertencer!”
A história de Hitler é uma ilustração apropriada.
Um evangelista conta que em 1960 esteve sob o balcão do antigo grande Palácio Imperial de Viena, de onde Hitler, após a anexação do país ao seu domínio, fez um desafiador discurso ao mundo, proclamando que o império que ele estava construindo devia durar pelo menos mil anos. Ao estar ali refletindo sobre a jactanciosa declaração de Hitler, o pastor se lembrou destas palavras que acabamos de ler.
“O Senhor desfaz os planos das nações.” Apenas dez anos depois desta desafiadora declaração, ele e seu império haviam sido levados ao nada. Mas “a Palavra do Senhor permanece para sempre.” E agora, com esta filosofia da História em mente, estudemos uma palpitante predição feita no VI século antes de Cristo.
Uma Fascinante Visão
Notem como Daniel, primeiro ministro e profeta, descreve a visão recebida de Deus:
(Dan. 7:2) – “Falou Daniel, e disse: Eu estava olhando na minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o mar grande.”
Esta é uma profecia escrita em símbolos. Os símbolos são corretamente interpretados em outras partes das Escrituras. Não há necessidade de o homem usar a imaginação para interpretá-los. O que interpreta esses símbolos de acordo com sua imaginação tão-somente distorce o significado da verdade das profecias.
O símbolo profético de mar ou águas é explicado em Apocalipse: “As águas que viste… são povos, e multidões, e nações, e línguas.” Apoc 17:15.
E em Isaías, lemos:
(Isa. 57:20) – “Mas os ímpios são como o mar agitado; pois não pode estar quieto, e as suas águas lançam de si lama e lodo.”
Com esta interpretação bíblica vemos que o embate dos ventos no mar significa literalmente que povos e nações ímpios do mundo estão em constante agitação, lutas e guerras.
Vejamos agora que sai dos embates do mar:
(Dan. 7:3-7) – “E quatro grandes animais, diferentes uns dos outros, subiam do mar. O primeiro era como leão, e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas, e foi levantado da terra, e posto em dois pés como um homem; e foi-lhe dado um coração de homem. Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual se levantou de um lado, tendo na boca três costelas entre os seus dentes; e foi-lhe dito assim: Levanta-te, devora muita carne. Depois disto, continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha nas costas quatro asas de ave; tinha também este animal quatro cabeças; e foi-lhe dado domínio. Depois disto, eu continuava olhando, em visões noturnas, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso, e muito forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele, e tinha dez chifres.”
Parece que temos diante de nós um verdadeiro zoológico. Primeiro um majestoso leão sai do mar turbulento; depois de algum tempo um imponente urso, tendo na boca três costelas aparece. Mais algum tempo e sai do mar um ágil e astuto leopardo com quatro cabeças. O último dos quatro animais é um animai complexo, de terrível aparência. Não existe um monstro vivo com dentes de ferro e garras que destroem tudo em seu caminho.
Isto me traz à lembrança o que li uma vez sobre um colégio que tinha um erudito professor de biologia especializado em entomologia. Ele conhecia de memória praticamente todos os insetos, seu sistema de vida, e em que parte do mundo viviam. Um dia, querendo pregar uma peça ao professor, os estudantes saíram, apanharam um gafanhoto, cortaram-lha a cabeça, as asas e as pernas, e puseram-lhe uma cabeça de grilo, as asas de uma libélula, e pernas de um outro inseto. Pensavam que haviam realizado uma maravilhosa operação.
Tomaram esta criatura composta e a puseram sobre a mesa do professor. Quando este entrou em classe, deu uma olhadela no curioso espécime e começou a lição. Mas os estudantes estavam impacientes, e finalmente um deles disse:
– Professor, achamos isto lá fora no campo. Que acha o senhor que seja? Que espécie de inseto é?
O professor respondeu: Um embuste.
Isto é exatamente o que era – e o quarto animal profético parece a mesma coisa. Bem, demos ainda outra olhadela ao quarto animal – esta besta composta como descrita no verso 20:
(Dan. 7:20) – “e também a respeito dos dez chifres que ele tinha na cabeça, e do outro que subiu e diante do qual caíram três, isto é, daquele chifre que tinha olhos, e uma boca que falava grandes coisas, e parecia ser mais robusto do que os seus companheiros.”
Atentem, amigos. Os dez chifres do quarto animal eram chifres simples. Mas de súbito aparece o 11º chifre, de natureza diferente, tendo olhos e uma boca que falava. Devemos notar também que o efeito do surgimento deste chifre foi a queda de três dos chifres originais.
A Interpretação Correta
Agora com este maravilhoso e curioso quadro de símbolos proféticos, busquemos a correta interpretação:
“Estes grandes animais, que são quatro, são quatro reis, que se levantarão da terra.” (Verso 17)
Assim estas quatro bestas representam impérios. Por que são simbolizadas por animais? A razão é muito simples. Até ao presente muitas nações preservam o costume de representar suas características por animais em seus escudos, selos, moedas e papel-moeda. No Chile é visto um condor em cada moeda divisionária. A América é simbolizada por uma águia. Na França, um galo e na Inglaterra um leão – como símbolos oficialmente pintados em dinheiro e documentos. A Rússia é representada por um urso.
A razão por que nações do mundo são representadas por ventos e animais ferozes é que sua atitude mostrada entre si é não raro semelhante a desses animais. Por exemplo, se deixarmos livres aqui dez fortes cães, imediatamente eles se empenharão numa violenta briga. Esta é a história das nações. Elas têm guerreado e lutado por milênios. Assim os animais, Como vocês vêem, são símbolos apropriados das nações.
O Leão
A primeira besta o leão com asas de águia representa muito bem o império mundial babilônico do qual era o profeta Daniel nesse tempo o primeiro ministro. O escritor Jeremias, no VI século antes de Cristo escreveu:
(Jer. 50:44) – “Eis que como leão subirá das margens do Jordão um inimigo contra a morada forte, mas de repente o farei correr dali; e ao escolhido, pô-lo-ei sobre ela. Pois quem é semelhante a mim? e quem me fixará um prazo? Quem é o pastor que me poderá resistir?”
Em acréscimo, Habacuque escreveu cerca de 610 antes de Cristo:
(Hab. 1:6-8) – “Pois eis que suscito os caldeus, essa nação feroz e impetuosa, que marcha sobre a largura da terra para se apoderar de moradas que não são suas. Ela é terrível e espantosa; dela mesma sai o seu juízo e a sua dignidade. Os seis cavalos são mais ligeiros do que os leopardos, se mais ferozes do que os lobos a tarde; os seus cavaleiros espalham-se por toda a parte; sim, os seus cavaleiros vêm de longe; voam como a águia que se apressa a devorar.”
Como vêem, os dois símbolos, o leão e as asas representam Babilônia. As asas representam a presteza em que a nação dominaria o mundo, e o leão simboliza o seu poder.
Alguns anos atrás um evangelista visitou a Universidade de Chicago. O professor de arqueologia dali havia estado em Babilônia, e lhe mostrou no Instituto Oriental o que havia sido desenterrado das ruínas da antiga Babilônia. Chamou-lhe a atenção para dois leões esculpidos em bela pedra. Haviam estado um de cada lado no pórtico principal da entrada do palácio real. A arqueologia confirma que o leão é o símbolo de Babilônia.
O rei de Babilônia pensava que com suas fortificações praticamente inexpugnáveis o seu império duraria milhares de anos. Mas a profecia revelou a futilidade dessa paixão de grandeza perenal, e predisse que seu reino – o império leonino que reinou sobre o mundo conhecido apenas de 605-539 A.C. – seria sucedido pelo urso.
O Urso com Três Costelas na Boca
O urso é símbolo da Medo-Pérsia. A história do desenvolvimento dos medos e dos persas em domínio mundial sugere as características do urso.
Os ursos asiáticos eram ferozes. Quando em perigo pela presença deles, os homens deviam deitar-se de bruços com a face para baixo, segurando-se desesperadamente na relva ou qualquer planta, a fim de não serem virados para cima pelo animal. Se o urso não conseguisse virar a pessoa, esta estaria salva, pois o urso se retiraria. Se ele lograsse virar a pessoa, esta estava perdida, pois com uma de suas poderosas patas ele lhe daria um tapa no rosto que arrancaria a carne, fazendo-o em pedaços. Ninguém gostaria de tal trato facial.
No ano 539 os medo-persas sob a direção de Ciro uniram suas forças e invadiram o império babilônico. Isto eles fizeram com estratégia muito astuta, tomando a cidade fortificada de surpresa. Nesse ataque o rei caldeu Belsazar foi morto.
As três costelas na boca do urso representam grandes potências que o urso teve de vencer para alcançar a supremacia mundial, isto é, a Líbia em 546 AC.; Babilônia em 539 A. C.; Egito em 525 A. C. É maravilhoso como os diferentes pontos da profecia alcançaram exato cumprimento na História.
O poder mundial medo-persa é reconhecido de 539 A. C. até a decisiva batalha de Arbela, agora nosso moderno Iraque no ano 331 AC. Nesta batalha o exercito de um milhão de homens dos medo-persas foi vencido por Alexandre, general e rei dos gregos, militar de gênio e discípulo de Aristóteles.
O Leopardo com Quatro Cabeças e Quatro Asas
A batalha vitoriosa de Arbela deu a Alexandre o Grande o poder mundial. O leopardo com quatro asas é um símbolo apropriado da história grega. O leopardo, também um animal feroz, é ao mesmo tempo ágil e solerte. As quatro asas retratam a tremenda rapidez com que os gregos conquistaram o mundo conhecido, isto é, em apenas doze anos estenderam o seu domínio até a Índia.
As quatro cabeças do leopardo são explicadas em Daniel 8:21 e 22: “Quatro reinos se levantarão da mesma nação, mas não com a força dela.”
Aqui se predizia que o império grego seria dividido em quatro nações após a morte do seu primeiro rei. Esta predição encontrou pleno e acurado cumprimento. Alexandre em seu retorno da Índia demorou-se algum tempo na velha cidade de Babilônia. Ele desejava reconstruir a outrora bela cidade, mas morreu ali subitamente em virtude de suas constantes e excessivas bebedices. Ele pôde conquistar as nações do mundo, e não foi capaz de vencer suas próprias paixões.
Pouco antes de sua morte seu general Perdicas, perguntou-lhe: “A quem desejais legar vosso império, majestade?” Alexandre retirou do dedo o seu anel de selar e deu-o a Perdicas com a resposta : “Ao mais forte.” Estas foram as últimas palavras de Alexandre. Após sua morte Perdicas procurou conservar o império para si, mas não pôde conservá-lo senão por poucos anos, em virtude de conspiração dos outros generais.
Finalmente a dissensão levou a guerra aberta, que culminou com a batalha de Ipso. Como resultado, o império grego foi dividido não em três ou cinco reinos, mas em quatro, exatamente como a visão de Daniel previra na figura das quatro cabeças do leopardo. Esta divisão foi completada com a morte de Antígonos no ano 301 A. C. As quatro nações em que o império foi dividido foram:
1. A Grécia propriamente dita, com Cassandro como rei.
2. A Trácia e Ásia Menor, sob Lisímaco.
3. Babilônia e Síria, tendo como rei Seleuco.
4. Egito, sob o reinado de Ptolomeu.
O Animal Terrível
Ora, a predição foi que também o terceiro animal não reinaria para sempre sobre a Terra, mas seria seguido pelo maior e mais feroz poder que o mundo já conheceu. A profecia declara:
(Dan. 7 :7): “Depois disto, eu continuava olhando, em visões noturnas, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso, e muito forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele, e tinha dez chifres.”
“O quarto animal será o quarto reino na Terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará toda a Terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços.” (Dan. 7:23)
Este quarto império foi sem dúvida Roma. Tão terrível e espantosa foi esta nação que não poderia ser comparada com nenhum animal existente. Sim, Roma, simbolizada pelos dentes de ferro, devorou, pisou aos pés e fez em pedaços todas as nações que desejou conquistar. No ano 168 A C, teve início a impiedosa era romana com a destruição das hordas macedônias. Qualquer nação que se humildemente não se rendesse seria exterminada pela força, como foi o caso da feroz batalha de Cartago no norte da África. Sim, a História confirma que Roma dominou o mundo com mão de ferro num período de cerca de 600 anos – para sermos exatos de 168 AC. a 476 AD.
As Dez Pontas
Nesta altura será muito interessante considerar esta antiga predição do sexto século AC.; para vermos o que deveria acontecer na história do mundo depois de Roma.
Lembrem-se que a cabeça deste monstro estava coroada com dez pontas. Que representa isso? “Quanto às dez pontas daquele mesmo reino se levantarão dez reis.” (Dan. 7:24)
Esta especificação foi exatamente cumprida a começar com o quarto século de nossa era. Dada a acumulação sem precedentes de riquezas, vícios e corrupção de todo tipo, a estabilidade política, social e econômica do Império Romano começou a ser minada. A invasão dos bárbaros no quarto, quinto e sexto séculos de nossa era desintegrou o império dividindo exatamente em dez nações!
1. Os alamanes, ou alemães, obtiveram independência no ano 351.
2. Os francos, ou franceses, em 351.
3. Os burgúndios, ou suíços, em 406.
4. Os vândalos, ou norte da África, em 406.
5. Os suevos, ou portugueses, em 406.
6. Os visigodos, ou Espanha, em 483.
7. Os ostrogodos, ou Iugoslávia e parte da Hungria, em 483.
8. Os lombardos, ou Áustria e norte da Itália, em 483.
9. Os hérulos, ou Itália, em 483.
10. Os anglo-saxões, ou Inglaterra, em 483.
Em outras palavras, vemos aqui o nascimento das nações da Europa, como as conhecemos hoje.
Ora, se Roma Ocidental tivesse sido dividida em onze nações ou unicamente em oito, a predição ter-se-ia provado falsa e os ateus teriam um poderoso argumento para destruir a fé de milhões neste sagrado volume.
A Igreja na Profecia
Uma vez estabelecidas as nações da Europa, a profecia de Daniel revela que haveria outros admiráveis sucessos históricos.
Contemplando atônito o surgimento das dez nações da Europa, o profeta escreveu:
(Dan. 7:8) – “Eu considerava os chifres, e eis que entre eles subiu outro chifre, pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava grandes coisas.”
“Será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis…. E eles serão entregues na sua mão por um tempo, e tempos, e metade de um tempo.” (Dan. 7 :24 e 25)
Será uma palpitante experiência decifrar este oráculo. Ele afirma que após o estabelecimento das dez nações da Europa outra ponta, ou poder, se levantaria entre eles. Mas este poder seria “diferente dos primeiros,” e abateria três dos dez reinos. As dez pontas eram nações políticas, mas a 11ª seria de natureza diferente. Esta ponta é diferente pelo fato de ter olhos como de homem e uma boca que fala.
Aqui está representado um poder diretor e supervisor. O único poder diferente que se levantou na Europa nesse tempo foi a igreja – um poder religioso, não político como os anteriores.
Chegamos agora a outra fase da profecia que confirma ser esta outra ponta com olhos e boca – o símbolo da igreja. Diz ela que com o aparecimento desta ponta três das dez anteriores ou reinos políticos, seriam arrancadas. A História confirma isto. Eis a História:
No início do segundo século travou-se na igreja uma feroz batalha que a dividiu em duas facções. A causa disto foi um influente sacerdote de nome Ário, da igreja de Alexandria, que espalhou através do mundo a doutrina de que o Filho de Deus não era preexistente e eterno, mas um ser criado, inferior ao Pai e não da mesma substância. Esta falsa doutrina sobre o Filho de Deus é chamada arianismo, segundo o nome do seu autor. Os que aceitaram a crença ariana combateram a igreja que sustenta a doutrina correta de que Cristo era igual ao Pai.
Eram três nações que abraçaram a doutrina de Ário: os hérulos, conhecidos hoje como italianos; os vândalos, ou norte da África, e os ostrogodos, agora parte da Iugoslávia e Áustria. Leno (Justiniano?), imperador de Constantinopla que nominalmente era também imperador do Ocidente, ofereceu a Teodorico, chefe dos ostrogodos, aliás ele próprio um ariano, o domínio da Itália se ele expulsasse o ariano Odoacro chefe dos hérulos. Ele o fez. Em 11 de agosto de 490 AD., as forças de Odoacro entraram em colapso, e o senado romano aceitou Teodorico como dominador da Itália. Assim a primeira ponta foi arrancada.
Mais tarde a igreja em Roma apelou para Justiniano, imperador do Império Romano do Oriente, para que enviasse um exército em defesa da fé cristã contra os dois grandes poderes arianos que ainda ameaçavam a sobrevivência da igreja. Assim o exército de Justiniano sob a direção do general Belizário foi ao Norte da África, destruiu Cartago e o poder dos vândalos, isto no ano 534 AD., levando prisioneiro a Constantinopla o rei Gelimer. Então o general triunfante retornou e combateu os ostrogodos. Esta última potência ariana caiu em 538 A. D.
Vemos assim que exatamente três pontas opositoras foram “arrancadas,” em harmonia com a predição profética. Com esta vitória veio o fim de todas as facções menores do arianismo na França e Espanha, e a igreja foi reconhecida como defensora da fé em todos os países da Europa, em conformidade com o decreto baixado por Justiniano em 533, mas que não se tornou efetivo antes de 538 AD., quando a última potência ariana foi derrotada. .
A Idade Áurea da Igreja
Há outro interessante elo na cadeia de predições. É uma predição matemática sobre a relação entre a igreja e as nações européias. Lemos em relação à ponta com olhos para ver e uma boca para falar que “eles” – as outras pontas – “serão entregues na sua mão por um tempo, e tempos, e metade de um tempo.” Dan. 7:25.
Podemos parafrasear esta linguagem escriturística em nossa linguagem de hoje da seguinte maneira: A igreja exercerá poder temporal sobre as nações da Europa “por um tempo, e tempos, e metade de um tempo.”
Vamos por alguns minutos transformar esta conferência numa classe de matemática. O elemento tempo nesta profecia é tão simbólico quanto os animais e as pontas. O profeta Ezequiel nos dá a chave para a interpretação do elemento profético tempo.
Leiamos Ezequiel 4:6: “Levarás a maldade da casa de Judá quarenta dias: um dia te dei por cada ano.”
No livro de Números, escrito cerca do ano 1.500 AC., encontramos a mesma regra para a medida profética de tempo.
Números 14:34: “Segundo o número dos dias em que espiastes a terra, a saber, quarenta dias, levareis sobre vós as vossas iniqüidades por quarenta anos, um ano por um dia, e conhecereis a minha oposição.”
O termo “tempo” entre os judeus do Velho Testamento tinha o mesmo sentido de “ano.” Em outras palavras, um tempo eqüivale a um ano. Poderíamos ler a predição como “um ano, dois anos e metade de um ano.” O ano hebreu tinha 360 dias. De acordo com Ezequiel 4:6, a escala profética de tempo é: “Um dia te dei por um ano.” Assim um ano tem 360 dias, dois anos 720 dias, e metade de um ano 180 dias, perfazendo um total de 1.Í60 dias.
Ora, conforme a instrução da Santa Palavra, esses dias proféticos representam 1.260 anos literais. A profecia diz, portanto, que durante um período de 1.260 anos literais a igreja exerceria domínio ou poder temporal sobre as nações da Europa.
Isto não é uma maneira arbitrária de figurar as coisas.
No ano 90 AD., S. João escreveu no livro de Apocalipse com respeito à mesma predição. Notem que no capítulo 12, verso 6, ele fala claramente de 1.260 dias. No verso 14 ele sustenta o mesmo número ainda em termos simbólicos “tempo, e tempos, e metade de um tempo.” Também no capítulo 13, verso 5, falando sobre o poder temporal da igreja, S. João diz: “Deu-se-lhe poder para continuar por quarenta e dois meses.”
Ora, um mês tem trinta dias. Multiplicando-se quarenta e dois por trinta dias temos outra vez 1.260 dias, que de acordo com a profecia são anos literais. Assim temos cinco provas – duas no livro de Daniel, 600 anos antes de Cristo, e três no livro de Apocalipse – de que o número 1.260 está correto.
Consideremos agora a história da igreja para vermos como isto se cumpriu.
Tomemos o ano 538 AD., quando a última potência ariana foi destruída. Nesse ano o general Belizário ajudou o papa Virgílio a ser reconhecido pela Alemanha, França, Inglaterra, Portugal, Espanha, Áustria, Iugoslávia e Itália, como a suprema autoridade em todas as questões eclesiásticas e outras de caráter secular, e para corrigir qualquer heresia. Se começarmos a contar a partir do ano 538 como o início de sua autoridade sobre a Europa e como o princípio dos 1.260 anos, chegaremos ao ano 1.798 AD. Que acontecimento surpreendente teve lugar nesses anos ?
Creio que todos sabem o que aconteceu em 1798. Para estabelecer os eventos deste ano na perspectiva correta, temos de retornar ao ano de 1789, quando explodiu a revolução francesa. A revolução trouxe a democracia, mas deixou também muitas cicatrizes. A França como nação rebelou-se contra Deus, contra as Santas Escrituras e contra todos os líderes religiosos e respectivas igrejas. A França abraçou o ateísmo, todos os livros e objetos religiosos foram queimados, e a deusa da razão foi entronizada na catedral de Notre Dame como símbolo de que unicamente a razão devia governar.
Como resultado disto, surgiram dificuldades entre Roma e Paris. O desafio da França contra Roma resultou em ser a França excomungada. Em 1797 a tensão havia aumentado a tal ponto que Napoleão com seu triunvirato desejou subjugar Roma pela força e silenciá-la. Os estadistas seus conselheiros e generais advertiram-no contra semelhante ação, pois temiam que outras nações da Europa defendessem Roma. Entrementes a tensão e atritos aumentavam entre as duas potências, e em 17 de fevereiro de 1798, o exército francês de uns 100.000 homens, sob o comando do general Berthier, invadiu Roma e o papa Pio VI foi feito prisioneiro. Assim o poder temporal da igreja sobre as nações da Europa chegou ao fim, reconquistando essas nações a sua independência.
Assim mais uma vez a profecia se cumpriu exatamente no tempo indicado pela inspiração. Se Napoleão tivesse invadido Roma um ano mais cedo, como desejava, a profecia não se teria cumprido com exatidão. Os ateus teriam triunfalmente proclamado a falibilidade da divina predição matemática. Se, por outro lado, Napoleão tivesse invadido Roma um ano mais tarde, os céticos teriam tido um bom argumento para a sua filosofia. Mas ninguém pode desafiar a Deus. O relógio da profecia marca sempre a hora certa.
A Era da Ciência e da Angústia
Vejamos agora o que a divina predição diz sobre os eventos após 1798.
Lemos em Daniel 12:4: “Tu, porém, Daniel, cerra as palavras e sela o livro, até o fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará.”
Aqui se diz que as predições das coisas que deveriam acontecer seriam seladas até o tempo do fim, que significa o tempo que precederia o fim deste mundo e o início de uma nova era com a intervenção do Senhor Jesus Cristo. É dito que duas coisas aconteceriam nesse tempo: o conhecimento seria aumentado e muitos correriam de uma parte para outra. Sim, os homens estão viajando de um para outro lado ao redor do mundo. Os modernos meios de transporte tornaram o mundo pequeno demais hoje, porque em poucas horas podemos estar em qualquer parte do globo.
Vejamos agora quando teria lugar o tempo do aumento da ciência e em que muitos viajariam de um lado para outro, que marcaria o início do tempo do fim.
O verso 6 diz: “Que tempo haverá até ao fim das maravilhas ?” A resposta foi dada pelo anjo: “Depois de um tempo, de tempos e metade de um tempo.” Conforme o estudo que temos feito desta profecia é claro que seria após 1798. E é maravilhoso como os fatos históricos confirmam isto.
Em 1798 a ciência moderna no campo da medicina teve o seu despertamento. James Watt descobriu a força do vapor, inventando-se as grandes máquinas como o navio a vapor, a locomotiva, mais tarde descobriu-se a eletricidade, depois o automóvel, o aeroplano, o rádio e mais recentemente a televisão. Estamos entrando agora na era da eletrônica e da fissão do átomo. A ciência médica e as investigações têm acompanhado todas estas invenções, bem assim a química e a física. Essas invenções modernas mudaram nosso sistema de vida.
Mas vejamos qual o fim de toda esta maravilhosa exibição da ciência.
Após a Primeira Guerra Mundial, alguém pensou que o aumento da ciência em todos os ramos de conhecimento levaria as nações a abandonar a guerra. Mas isto não aconteceu. Temos testemunhado uma horrível Segunda Guerra Mundial, e outras pequenas guerras aqui e ali. Em toda parte há a luta econômica.
Vejamos o que a inspiração divina disse 2.500 anos passados com respeito aos resultados do aumento do conhecimento científico em todos os ramos:
(Dan. 12:1 e 2) – “Naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo; e haverá um tempo de tribulação, qual nunca houve, desde que existiu nação até aquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro. E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.”
Ora, meus amigos, estamos ou não no tempo do fim? Estamos ou não num tempo de angústia? É verdade que podemos desfrutar as mais velozes viagens por avião, lares confortáveis, belos automóveis. Mas não obstante tudo isto, o homem está vivendo em temor por causa da espada de Dâmocles que tem suspensa sobre sua cabeça. Muitos crêem que a ciência salvará o mundo, mas o homem nunca poderá tornar-se tão sábio que dispense a Deus ou a religião. Agora que temos a energia atômica nas mãos de homens ímpios, a própria sobrevivência do mundo está ameaçada. Não podem os homens por si mesmos encontrar o caminho para fora do emaranhado de dificuldades políticas, econômicas e sociais. O homem está lutando por sua sobrevivência. Mas as predições divinas neste ponto nos dão uma infalível solução para as probantes condições do mundo, e esta é a Segunda Vinda de nosso Senhor Jesus Cristo em poder e glória para destruir os ímpios e livrar os fiéis, trazendo de novo nosso mundo ao seio da família de Deus no Universo.
Se os problemas do mundo pudessem ser solucionados pela conversão do mundo a Cristo, ou por uma democracia, ou pelo comunismo, ou ainda pelo predomínio das raças afro-asiáticas sobre a raça branca, então esta profecia teria feito clara alusão a este fato; mas o que ela enfaticamente diz é que a Segunda Vinda de Cristo, o fim do presente mundo, é a única solução para os insolúveis problemas do mundo.
Conclusão
Queridos amigos, estas profecias de longo alcance nosso Senhor enviou para salvar cada homem e mulher da falsa filosofia da História e da superstição. Ele deseja salvar cada pessoa de falsas crenças, de distorcidas filosofias de vida, do mundo, do pecado, preparando-o para a vida eterna no mundo abençoado, pois em S. Lucas19:10 lemos: “O Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.”
Com estas grandes profecias confirmadas ante os nossos olhos e o amorável chamado de nosso Senhor Jesus Cristo em nossos ouvidos, sintamo-nos constrangidos a voltar para Ele como nossa única esperança. Nada temos a dar-Lhe exceto nosso coração pecaminoso em troca de um novo coração. Aceitem Sua salvação, aceitem Sua Palavra e a promessa que fez de que vos redimirá a vocês e ao mundo.