A Música na Igreja III

[1]Alfredo Aeschlimann afirmou [em seu artigo “A Importância do Culto e da Adoração“] que “o culto é uma reunião dedicada à adoração e louvor a Deus mediante o canto e testemunhos pessoais dos fiéis”. Ele aqui não exclui do culto a música. A mesma coisa declara Ellen White em seu livro Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 193: “Os cânticos de louvor, a oração, a palavra ministrada pelos embaixadores do Senhor, são os meios que Deus proveu para preparar um povo para a assembléia lá do alto”.

A música faz parte do culto e da adoração a Deus. Assim como a oração é a nossa conversa com Deus e a palavra ministrada pelos embaixadores é a mensagem de Deus para nós, também o cântico é um sacrifício de louvor, um meio de promover o crescimento espiritual, de glorificar a Deus e dirigir o ouvinte a pensar nEle.

Para que esta graça seja possível, todo o culto deve ser planejado; os hinos nele cantados devem ser dirigidos a Deus, realçando o louvor, e devem ser utilizados os grandes hinos de nossa herança como igreja. Devem conter melodias fáceis de serem cantadas, com letra de valor poético.

“Não há dúvida que sempre é aconselhável que a congregação cante diretamente, e cante bastante, para que cada pessoa possa expressar diretamente sua gratidão; súplica ou o que for a seu Criador”. – Ellen G. White. Música e Adoração, pág. 19. “Raras vezes, porém, deve o cântico ser entoado por uns poucos”. – Ellen G. White. Conselhos Sobre Saúde, pág. 481. Por isto aconselhamos os cantos congregacionais e a formação de corais, mas no caso de solos a comunicação da mensagem deve ser o objetivo supremo e deve-se ter o cuidado de utilizar sempre a música certa para o momento certo do culto.

Por que Cantamos?

Não se canta simplesmente para embelezar o culto e muito menos para variar a programação.

Salmo 150:6: “Tudo quanto tem fôlego louve ao Senhor. Louvai ao Senhor!“. Cantamos para louvar ao Senhor e exaltar o Seu nome e para que Suas verdades sejam, pela repetição da música, gravadas em nosso coração.

Em II Crônicas 5:13 e 14 afirma-se que, quando a arca era levada para o santuário do templo, o povo cantava e tocava: porque era bom; por que a Sua benignidade durava para sempre; porque a glória do Senhor encheu a casa de Deus.

Mateus 26:30 (“E tendo cantado um hino, saíram para o Monte das Oliveiras“): Jesus cantou um hino. Ele enfrentava e vencia Satanás através do canto. “Com um cântico, Jesus, em Sua vida terrestre, defrontou a tentação. Muitas vezes quando eram proferidas palavras cortantes, pungentes; outras vezes em que a atmosfera em redor dEle se tomava pejada de tristeza, descontentamento, desconfiança, temor opressivo, ouvia- se o Seu canto de fé e de santa animação”. – Ellen G. White. Educação, pág. 165.

Colossenses 3:16: “Habite ricamente em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda sabedoria, louvando a Deus, com salmos e hinos e cânticos espirituais, com gratidão, em vossos corações”. A música pode nos ensinar e admoestar. Portanto, deve o cristão cantar não só na igreja, mas também em seu culto familiar e a qualquer momento. Isto revigora a fé nos momentos de fraqueza.

Podemos concluir que o canto:

1. Promove a participação de todos no culto.
2. Harmoniza o coração do homem com Deus.
3. Exerce uma influência unificadora do povo de Deus em um só coração e um só pensamento.
4. Dá oportunidade para expressarmos nossas emoções e sentimentos pessoais.
5. Fortalece nosso caráter.
6. Tem grande valor educacional.
7. É uma boa mordomia – desenvolve o talento que Deus nos deu.
8. Dirige o ouvinte a Jesus.

No Céu os anjos cantam, e um dia, lá, iremos cantar e tocar também. Convém preparar-nos na Terra para cantarmos com os anjos no Céu.

O Que Devemos Cantar?

No Céu os anjos se encarregam de louvar ao Senhor. Na Terra somos nós. Já pensaram nesta grande responsabilidade de sermos, aqui, os músicos de Deus?

Se o cristão se apercebesse dessa verdade, ele se empenharia mais em glorificar a Deus. Cantaria hinos capazes de ascender aos Céus e impregnar a Terra, tocando o coração de Deus e aquecendo o coração do homem.

Como vamos conseguir isto? O que devemos cantar? Sem dúvida, “o que há de melhor”. Não o que eu aprecio, pois nem tudo de que gosto é o que de melhor existe!

Analisemos alguns aspectos: Deus está interessado primeiramente em nossa edificação e não na cultura estética; Deus – o Artista Mestre – não é glorificado quando vê aqueles que O representam produzindo música de má qualidade, ou descuidada, de mau gosto, ou simplesmente ruim; nossos conceitos a respeito da música – tanto sacra quanto secular -variam de acordo com o nosso ponto de vista filosófico; o espírito de um povo se dá a conhecer pelo que este canta. Temos que fazer Deus conhecido em nós, pelas músicas que cantamos.

A música deve conter letras que estejam em harmonia com os ensinos escriturísticos da igreja. “Cantai ao Senhor um cântico novo”. “Cantarei a bondade e a justiça; a Ti, Senhor”. Salmos 96:1 e 101:1; ser apropriada para a ocasião, para o ambiente e para o auditório. “Os que fazem do canto uma parte do culto divino, devem escolher hinos com música apropriada para a ocasião, não notas de funeral, porém melodias alegres, e todavia solenes”. – Ellen G. White. Evangelismo, pág. 508. A música também deve ter a melodia certa para o texto certo. Recomendamos que se tenha em mente que o canto e a música constituem uma parte integrante do culto, devendo harmonizar-se o texto com a melodia e este por sua vez com a harmonia e o ritmo da música, e tudo isto com a mensagem e a ocasião.

A música é uma herança, um presente de Deus para o homem, que este pode destruir ou perverter. A música é parte do acordo de Deus para o homem e existem condições sob as quais o homem deve usá-la.

Como Cantar?

Em primeiro lugar, toda apresentação de música sacra deve ter o objetivo supremo de exaltar a Cristo, em lugar de exaltar o músico ou prover entretenimentos.

Para que a música atinja esse e outros objetivos que já nos são conhecidos, ela deverá ser cantada com todo o sentimento, colocando-se a alma em melodia. [Sempre atentando para:] “Cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente” (I Coríntios 14:15). Todos nós podemos e precisamos conseguir isto, pois só assim nossa adoração será aceita pelo Senhor.

“Quando os seres humanos cantam com espírito e o entendimento, os músicos celestiais apanham a harmonia, e unem-se ao cântico de ações de graça. (…) Deus espera que Seus servos cultivem sua voz, de modo que possam falar e cantar de maneira compreensível a todos. Não é o cantar forte que é necessário, mas a entoação clara, a pronúncia correta, e a perfeita enunciação. Que todos dediquem tempo para cultivar a voz, de maneira que o louvor de Deus seja entoado em tons claros e brandos, não com asperezas, que ofendam ao ouvido”. – Ellen G. White. Obreiros Evangélicos, pág. 357. É isto que Deus exige de nós.

“Cantai de júbilo a Deus, força nossa”. (Salmo 81:1). Alegria é uma característica da igreja que canta. Vibração e entusiasmo são outras características marcantes nas igrejas que se unem ao cântico de louvor a Deus. A música é um bom termômetro espiritual.

Deus quer também que haja ordem e reverência enquanto cantamos, pois todas as músicas cantadas na igreja são dirigidas a Deus. Algumas delas são até verdadeiras orações. “Tenho visto que a confusão Lhe desagrada (Deus), e que deve haver ordem no orar e também no cantar”. – Ellen G. White. Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 44.

Nunca nos esqueçamos de que a música escolhida para qualquer programação na igreja, deve dirigir o ouvinte para Jesus como o Caminho, a Verdade e a Vida.

“Deve haver uma viva ligação com Deus em oração, uma viva ligação com Deus em cânticos de louvor e ações de graças”. – Ellen G. White. Evangelismo, pág. 498.

“Esta parte do serviço (música) deve ser cuidadosamente dirigida; pois é o louvor de Deus em cântico”. – Ellen G. White. Obreiros Evangélicos, págs. 357 e 358. A pessoa escolhida para dirigir a música deve incentivar o povo a cantar com entusiasmo e vibração. Deve estar consciente de sua grande responsabilidade no preparo do povo através da música, e possuir, além das qualidades técnicas, espírito de consagração pessoal que inspire confiança.

“Mais elevado do que o sumo pensamento humano pode atingir, é o ideal de Deus para com Seus filhos”. – Ellen G. White. Educação, pág. 18. Os que se esforçam por alcançar este elevado ideal e os que dirigem as apresentações musicais da igreja acharão orientação através do piedoso estudo da música com o auxílio do Espírito Santo.


Notas:

[1] Os editores do Música Sacra e Adoração agradecem à Loide Simon por esta contribuição. Todas as expressões localizadas entre [colchetes] são de autoria dos editores do referido espaço virtual e não constam do original.


Texto Bíblico:

II Crônicas 5:13 e 14 – “13 quando os trombeteiros e os cantores estavam acordes em fazerem ouvir uma só voz, louvando ao Senhor e dando-lhe graças, e quando levantavam a voz com trombetas, e címbalos, e outros instrumentos de música, e louvavam ao Senhor, dizendo: Porque ele é bom, porque a sua benignidade dura para sempre; então se encheu duma nuvem a casa, a saber, a casa do Senhor, 14 de modo que os sacerdotes não podiam ter-se em pé, para ministrar, por causa da nuvem; porque a glória do Senhor encheu a casa de Deus”.(voltar)


Autor: Vandir Rudolf Schaffer

Fonte: Revista Adventista, fevereiro, 1982, pp. 14-5.


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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