Características da Música Sacra Segundo a Bíblia

A palavra chave, quando o assunto é música sacra é “equilíbrio”. Mas o que é equilíbrio? Pergunta-se a 100 pessoas a noção de equilíbrio, e teremos 100 opções diferentes. Qual delas devemos seguir?

Antes de responder leve em consideração dois textos:

“Assim diz o SENHOR: maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do SENHOR!” (Jeremias 17:5)

“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o poderá conhecer?” (Jeremias 17:9)

Agora, a resposta cabível é: O equilibro de Deus, é o único que deve ser seguido! Não há opinião humana, muito menos gostos e desgostos que possam ser o mais correto a se seguir, pois “nossa justiça é trapo de imundícia” (Isaías 64:6). Devemos andar em linha reta, conforme nos diz o Senhor:

“Os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele; quando vos desviardes para a direita ou para a esquerda.” (Isaías 30:21)

“Não declines nem para a direita nem para a esquerda; retira o teu pé do mal.” (Provérbios 4:27).

Devemos buscar na Sua palavra a voz que nos diz o caminho, sem nos desviarmos nem para o liberalismo e comodismo conforme os prazeres, nem para um fanatismo sem o Espírito Santo. E no assunto de música, nada como buscar a luz em Sua palavra; para isso vejamos alguns aspectos como os instrumentos no Santuário e de alguns acontecimentos na vida de Davi.

O Transporte da Arca

Vamos primeiro a II Samuel 6:1-19. Leia este texto atentamente. Aqui encontramos Davi levando a arca para Jerusalém. Porém, aconteceram algumas coisas que são importantes para entendermos alguns princípios sobre música. Note no versículo 3 que a arca foi colocada sobre um carro de bois, e essa descrição é confirmada no versículo 6. No versículo 5 temos uma lista de instrumentos que o povo estava utilizando durante a viagem.

Agora, notemos o que aconteceu: os bois tropeçam Uzá (que não era levita) toca a arca e morre, (6), e Davi se enche de temor com o acontecido, questionando o que havida feito de errado (9). Por três meses a arca ficou na casa de Obede-Edom (11). Passado este período, Davi resolve tentar novamente trazer a arca para Jerusalém e com todo o cuidado tenta fazer o melhor possível para dar certo. Ele coloca as pessoas devidamente designadas para levarem a arca e muda também a parte musical do cortejo! Desta vez a arca foi levada ao som de trombetas, sendo retirados os tambores que haviam sido colocados antes. (15). Note que, para o cortejo continuar, Davi teve que fazer uma reforma.

Se compararmos I Crônicas 13:1-2 com I Crônicas 15:1-2, podemos dizer claramente que Davi teve que deixar de fazer do SEU jeito e passou a fazer conforme o jeito de Deus. (Leia também I Crônicas 15: 25-28 e Patriarcas e Profetas pp. 705 a 707).

Quanto à dança de Davi, adianto aqui a luz sobre essa questão:

“Outra vez pôs-se em movimento o longo séquito, e a música de harpas e cornetas, trombetas e címbalos, ressoava em direção ao céu, misturada com a melodia de muitas vozes. E Davi saltava. … diante do Senhor, acompanhando em sua alegria o ritmo do cântico.

A dança de Davi em júbilo reverente, perante Deus, tem sido citada pelos amantes dos prazeres para justificarem as danças modernas da moda; mas não há base para tal argumento. Em nosso tempo a dança está associada com a extravagância e as orgias noturnas. A saúde e a moral são sacrificadas ao prazer. Para os que freqüentam os bailes, Deus não é objeto de meditação e reverência;” (Patriarcas e Profetas pág. 707)

Instrumentos na adoração

Deus estabeleceu, primeiramente o Tabernáculo no deserto, e depois o Templo de Jerusalém como a sua habitação no antigo Israel. Depois temos as sinagogas no Novo Testamento e hoje temos nossas igrejas contemporâneas.

Vemos assim, uma clara modificação nos lugares onde o povo de Deus se reunia e se reúne para adorar. Não precisamos mais de sacrifícios, nem sermos judeus, pois a graça de Cristo está aberta a todos. Mas será que a adoração a Deus mudou também? Temos a base de que, assim como no serviço do antigo Templo, Deus não permitiu tambores em Sua adoração, hoje e na Nova Terra também não há de ter nem haverá de ter. Temos aqui versículos sobre instrumentos e adoração de Deus no céu: Apocalipse 5:8-14; 7:11-12; 11:16; 14:2; 15:2; 19:4. Devemos notar que em nenhum deles são citados tambores.

Mas vamos analisar melhor o serviço levítico de adoração no antigo Templo de Jerusalém, para vermos como era a adoração musical dentro dele, lembrando que o santuário terrestre é cópia do celestial; logo, o que houve nele aqui, há de haver lá no céu.

Em I Crônicas 25:1-6, temos a função e os instrumentos que deveriam fazer parte da adoração. Note que os profetas deveriam profetizar ao som de harpas, alaúdes e címbalos (1) e também o canto para a Casa do Senhor (6). Temos também no capítulo 28, versículo 19, a afirmação de que todo o serviço para o Santuário foi escrito por mandado de Deus. Temos mais uma confirmação disso em II Crônicas 29:25:

Também estabeleceu os levitas na Casa do SENHOR com címbalos, alaúdes e harpas, segundo mandado de Davi e de Gade, o vidente do rei, e do profeta Natã; porque este mandado veio do SENHOR, por intermédio de seus profetas.”

Na vitória de Josafá sobre Moabe e Amom, o povo ao retornar para Jerusalém, entrou na casa de Deus para adorar com alaúdes, harpas e trombetas. (II Crônicas 20:28).

É interessante notarmos que é clara a distinção de instrumentos que Deus escolheu para a Sua adoração. Nada de instrumentos que enfatizam o ritmo, pois Deus sabe que o ritmo estimula o corpo, a harmonia a mente e a melodia o espírito; logo devemos ter uma música com menos ênfase no ritmo, melhorando a harmonia e enfatizando a melodia, que é a mensagem que deve ser pronunciada e gravada pelo seu povo.

Esdras 3:10 e Neemias 12:27 nos relatam mais ocasiões de louvor a Deus sem tambores e sim com os instrumentos que Deus havia ordenado como úteis para o Seu louvor.

Os Salmos

Salmos são o que poderíamos chamar hoje de “hinos”; porém hinos antes de vir o Messias, Jesus o Cristo. Existe a grande polêmica sobre os Salmos 149 e 150, mas antes de irmos até eles vejamos algo interessante em outros Salmos, os quais são todos feitos para os instrumentistas que Deus ordenou para o seu louvor:

Salmo 4 – “Salmo de Davi ao mestre de canto, com instrumentos de cordas

Salmo 5 – “Salmo de Davi ao mestre de canto, para flautas

Salmo 6 – “Salmo de Davi ao mestre de canto, com instrumentos de cordas. Em tom de oitava.”

Salmo 45:8 – “dos palácios de marfim os instrumentos de cordas e te alegram.”

Salmo 47:5 – “o Senhor subiu ao som de trombeta.”

Salmo 67 – “Ao mestre de canto, para instrumentos de cordas

Salmo 76 – “”Ao mestre de canto, com instrumentos de cordas. Salmo de Asafe”

Salmo 88 – “Salmo dos filhos de Cora ao mestre de canto, para ser cantado com cítara

Salmo 92: 1,3 – “(Cântico para o dia de Sábado) Bom é render graças ao Senhor, e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo, anunciar de manhã a tua benignidade, e à noite a tua fidelidade, sobre um instrumento de dez cordas, e sobre o saltério, ao som solene da harpa.”

Salmo 108:2 – “Preparado está o meu coração, ó Deus; cantarei, sim, cantarei louvores, com toda a minha alma. Despertai, saltério e harpa; eu mesmo despertarei a aurora.”

Salmo 137:1,2 – “Junto aos rios de Babilônia, ali nos assentamos e nos pusemos a chorar, recordando-nos de Sião. Nos salgueiros que há no meio dela penduramos as nossas harpas,”

Salmo 147:7 – “Cantai ao SENHOR com ações de graças; entoai louvores, ao som da harpa, ao nosso Deus”

Interessantemente, nota-se que foram feitos salmos de louvores destinados a todos os instrumentos permitidos dentro do santuário, os quais Deus escolheu para que fosse louvado, e não vemos nem um Salmo para o mestre da percussão ou mestre dos tambores. Por que será?

“A exclusão do tambor no templo pode indicar que Deus não quis o instrumento na música de adoração por causa de sua relação direta com o misticismo e por sua influência no sentido de excitar as danças e embotar a consciência e o juízo. O ritmo do tambor que inclinava as pessoas à dança deveria estar fora do culto que requer a lucidez da mente para a compreensão da vontade de Deus. Além disso, uma vez que o templo era uma representação do trono de Deus, a música a ser usada ali deveria distinguir-se daquela usada nas celebrações profanas”. (Pastor Vanderlei Dorneles – Professor e doutorando em Teologia pela Andrews University)


“O Estudo da música e da liturgia do Templo de Jerusalém, bem como do Santuário celestial, foi muito instrutivo. Vimos que, por respeito pela presença de Deus, instrumentos de percussão e música de entretenimento que estimula as pessoas fisicamente, não eram permitidos nos serviços do Templo, nem são usados na liturgia do Santuário Celestial. Para a mesma razão, instrumentos rítmicos e música que estimula as pessoas fisicamente em vez de elevá-las espiritualmente, está fora de lugar na igreja hoje. A adoração nos dois templos, terrestres e celestial, também nos ensina que Deus deve ser adorado com grande reverência e respeito. Música na igreja não pode tratar Deus com frivolidade e irreverência. Deveria ajudar aquietar nossas almas e a responder a Ele em reverência.” (Pastor Samuele Bacchiocchi – Professor e Doutor em teologia na Andrews University)


“Uma possível explicação para não usar bateria pode ser que, por sua natureza, não é um instrumento melódico. Em toda a Bíblia, há numerosas referências para cantar e fazer “Melodia” com a voz e com instrumentos. Como a bateria não é capaz de fazer “melodia”, as sagradas Escrituras não a apresentam como sendo usada no santuário.

Dos três principais elementos da música – ritmo, melodia e harmonia – o ritmo é o elemento que oferece satisfação imediata, e não requer o grau de reflexão e contemplação que a melodia e a harmonia requerem. O aspecto característico da bateria e de outros instrumentos de percussão na música de hoje, é o de acentuar a batida suplantando a melodia e todos os outros elementos. Pesquisas científicas têm provado que quando o impulso e o repouso da música é rápido, apela mais ao físico. Por outro lado, quando o tempo entre o impulso e o repouso é mais lento, a mente é mais ativamente envolvida…

Esta é a razão pela qual os jovens naturalmente se inclinam para a música que é rápida ou que tem uma batida enérgica. O fato de ela ser contemporânea é significativo e relevante para eles – o que eles podem entender. Isso apóia o raciocínio de que se alguém quer que Deus controle sua mente, é difícil que Ele o faça através de uma maneira que acentua o físico no lugar da mente. ‘Satanás sabe que órgãos provocar para animar, absorver e seduzir a mente, de maneira que Cristo não seja desejado. Os anseios espirituais da alma por conhecimento divino, por crescimento na graça, estão ausentes’ (Lar Adventista, pág. 407)” (Professora Eurydice Osterman – Professora na Universidade Adventista de Oakwood e Doutora em Música)

E quanto aos tão polêmicos Salmos 149 e 150? Uma leitura com atenção e consideração pelo o que Deus quer dizer e o que devemos escutar e não o que queremos escutar, pode-se desvendar claramente a grande polêmica. Note no Salmo 149 os versículos 5 e 6 a referencia de leito e espada de dois gumes. Agora eu pergunto: Você leva a sua cama para igreja? Ou quem sabe vai armado? Creio que não! Seria dentro do templo? Também creio que não.

Mas e agora, o 150 logo no seu primeiro versículo nos diz que devemos louvar no seu santuário e no firmamento. O que falar do versículo 4 que diz que devemos louvar com adufes e danças? Isso é no santuário? Não!

O Salmo 150 não afirma desta forma: “Louvai a Deus no seu santuário COM…” mas simplesmente ele descreve uma lista de motivos e meios que podemos louvar a Deus.

Então podemos louvar a Deus com adufes?

Dois pontos com relação a isso:

  1. Nos dois capítulos (149 e 150), a palavra dança vem da palavra hebraica Maschowal que se refere a instrumento de sopro como a gaita de foles, cornetim ou flauta, e não a dança como sugere algumas traduções.
  2. Ainda que fossem adufes e danças, eu lhe pergunto: Depois de tudo o que já foi visto sobre o santuário e os instrumentos escolhidos por Deus, você acha que encontramos uma contradição Bíblica? Apenas um versículo pode contradizer toda lista e liturgia do santuário? De forma alguma!

Olhando no contexto histórico é simples encontrar onde louvar a Deus com “adufes” e “danças“, e este seria durante a guerra, onde tambores eram tocados para ritmar o exército a marchar (dançar) para o combate, honrando assim a Deus, pois Ele estava com eles nas batalhas e os fazia vencer. E hoje isso ainda se enquadra em nossa igreja, não em guerras, mas nas marchas dos Desbravadores em suas cerimônias ou em eventos como o desfile do dia da independência do Brasil (07 de setembro).

“Porque eu, o SENHOR, não mudo…” (Malaquias 3:6)

“…Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança.” (Tiago 1:17)

Deus ainda é o mesmo, e ainda quer o louvor como Ele ordenou que fosse. Deus não é secular, nem mundano, Deus é santo e quer um povo santo, com hábitos santos (separados).

Autor:  Jean R. Habkost


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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