Woodstock, 45 Anos Depois…

 

Numa sexta-feira de 15 de agosto de 1969, a cantora Joan Baez abre Woodstock. Durante três dias, o festival rock reuniu meio milhão de pessoas. Ao som de instrumentos irados, nomes como Jimi Hendrix, Janis Joplin, Santana, The Who e Joe Cocker induziam jovens a exaltarem a paz e o amor.

Na verdade, não era uma vigília, mas um culto à personalidade, com “adoradores” alucinados que se alimentavam de ritmos e som “heavy metal“. Sobre o altar, drogas, sexo e “música de toda sorte”. Woodstock aconteceu há 45 anos, todavia, ainda se mostra atual para responder a pergunta: o que adorar e quem deve ser adorado? E mais: tem alguma coisa nova que o Woodstock pode nos dizer hoje?

O festival aconteceu em campo aberto. Michael Lang conta no livro The Road to Woodstock que a fazenda de 600 acres de Marx Yasgur, na cidade rural de Bethel, em Nova York, era perfeita para “toda a sorte de música”. O guitarrista Santana, antes de apresentar a versão eletrizante de “Soul Sacrifice“, disse que “estava doido e completamente embriagado”. Assim, 32 músicos da contracultura hippie foram literalmente “adorados” por um público em transe, onde o irracional foi a marca registrada.

“O Que Adorar?” – Em Êxodo 32, há o registro de um culto inusitado, também ocorrido em campo aberto, neste caso, no deserto. Um ponto em comum com o culto de Woodstock foi a irracionalidade. Moisés subira ao monte Sinai para se encontrar com Deus. Todavia, se demorou. O povo não soube esperar com paciência, e, por isso, a ansiedade tomou conta do arraial, abrindo desta forma, espaço para atitudes irracionais.

Um altar foi levantado para que o bezerro, todo de ouro, fosse entronizado. A multidão foi ao delírio. O povo se assentou para “comer, beber e divertir-se” em completa insanidade, “à solta para vergonha de todos”. (Êxodo 32:6-7, 25). Quando a razão e a emoção se desequilibram o culto deixa de ser “racional” para se tornar em “shows” vazios e destemperados. Deixa-se de adorar a Pessoa de Deus, para cultuar coisas, instrumentos, modelos, estilos e performances.

Culto não são “shows”, nem tão pouco, entretenimento, onde música e músicos se transformam em “Bezerros de Ouro” para serem adorados. Culto é um chamado à adoração pelo que Deus é e por Seus atos poderosos. Neste contexto, a ênfase do louvor está no adorador que se expressa “através de” e não na “estrutura de música”. Escreve o teólogo peruano Miguel Palomino: “O louvor é mais uma resposta ao caráter de Deus, do que uma preparação para adorá-Lo” [1], citado por Daniel Plenc, diretor do Centro White de Pesquisa, na Universidade Adventista del Plata (UAP), Argentina.

“Quem” Adorar – O livro de Daniel registra outro episódio ocorrido em campo aberto: a adoração a Estátua de Ouro na planície de Dura. Nabucodonosor, o rei da Babilônia, erigiu o monumento em homenagem a si próprio. O irracional começa no decreto: todos os príncipes, prefeitos, governadores, juízes, magistrados, conselheiros deviam se “prostrar e adorar” a imagem (Daniel 3:4-5). E, quem não fizesse seria morto.

A música entra em cena novamente. Na falsa adoração, a música é usada para desvairo e alucinação, fato observado em Woodstock e no falso culto ao Bezerro de Ouro. Na Babilônia não foi diferente. O rei listou os instrumentos e acrescentou que aquele culto campal seria contemplado com “toda sorte de música”. (Daniel 3:5,10).

Esta espécie de recomendação só tem lugar na falsa adoração, e nunca, na adoração a Yahweh. Deus não aceita “toda sorte de música”. Só Deus é Senhor, Deus Único, Deus com nome próprio.

“O vice-reitor acadêmico da UAP, Victor Armenteros, argumenta que “há muitos deuses sem vida. Porém, com Yahweh é diferente. Ele aprecia estar ao nosso lado. Yahweh sempre estará conosco e, por isso, temos identidade, temos vida” [2]. Deus tem um apelo: “Consagrem-se, porém, e sejam santos, porque eu Sou o Senhor, o Deus de vocês” (Levítico 20:7-8, NVI). Adorar a Deus sempre será uma resposta de amor a Aquele que tudo fez, faz e fará por nós. Na composição de Williams Costa Júnior há um convite para cada cristão: “faça de sua vida um hino de louvor”.

O Remanescente – O Festival de Woodstock morreu no ano de seu lançamento e nunca mais foi reeditado. O legado foi triste: sujeira, destruição, gente drogada, dois partos, quatro abortos, segundo publicou o jornal The New York Times, em 17 de agosto de 1969 [3]. Os adoradores do “Bezerro de Ouro” também morreram no deserto e não entraram na Terra Prometida. Porém, na planície de Dura, três jovens remanescentes enfrentaram o “falso poder” e permaneceram em pé quando a “música babilônica” tocou. Por isso, o próprio Cristo entrou com eles na fornalha ardente, salvando-os da morte. (Daniel 3:24-26).

Só aqueles que não se “macularem com a falsa adoração e se mantiverem castos” (Apocalipse 14:3-5) participarão do grande culto campal diante do trono. A música será indescritível. Não quer você se habilitar para este evento? Para tanto, Deus procura hoje “verdadeiros adoradores que O adorem em espírito e em verdade” (João 4:23).

Autor: Pr. Jael Enéas


Bibliografia:

1 – PALOMINO, Miguel. Apud PLENC, Daniel. “Desafios do Culto Latino-Americano”. Ministério. Tatuí, ano 85, número 507, p. 31-32, jul/ago, 2013. 

2 – ARMENTEROS, Victor. “Eu sou Yahweh”. Ministério. Tatuí, ano 85, número 507, p. 12-14, jul/ago, 2013. 

3 – The New York Time. Disponível em http://www.nytimes.com/learning/general/onthisday/big/0817.html. Acesso em 25/08/2013 às 17h30. 


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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