Usar ou Não Usar Bateria na Igreja – Uma Visão Mais Ampla

 

Acho que podemos ampliar a discussão para além do uso ou não da bateria. E depois chegar a uma conclusão quanto à utilização desse instrumento na igreja.

Em seu livro “Cristãos em Busca do Êxtase“, Vanderlei Dorneles afirma que “o rock, embora popularizado a partir da Inglaterra e dos Estados Unidos, na década de 1950, tem uma história enraizada na religiosidade africana, onde a música primariamente percussiva marcava os rituais nativos. Estudos mostram invariavelmente uma relação do rock e do jazz com a música religiosa primitiva africana, mais especialmente com o vodu, música praticada em cerimônias religiosas nativas”.

Dorneles cita então o livro “O Poder Oculto da Música“, de David Tame: “Visto que o jazz e o blues foram os pais do rock and roll, isso também significa que existe uma linha de descendência direta entre as cerimônias do vodu africano, através do jazz, e o rock and roll e todas as outras formas de música rock hoje existentes.”

Para Dorneles, “o primeiro potencial evidente da música é sua capacidade para a manipulação das emoções”. Pesquisas indicam que a música aciona emoções de forma automática, daí seu poder de alterar estados de consciência e despertar êxtases. Na experiência com a música, portanto, emoções, prazer e êxtase estão associados.

Em seu livro, David Tame diz que o vodu ainda é praticado em rituais e orgias satânicos na África e no Caribe. Em sua avaliação, o vodu “é a quintessência do mal tonal. … Seus múltiplos ritmos, em lugar de unir num todo integrado, são executados como se conflitassem entre si”. Feitiçaria, sacrifícios humanos e orgias sexuais estavam relacionados com essa música usada nas cerimônias vodu.

Com adaptações sofridas na formação do jazz, blues e rock, o vodu tornou-se uma música de entretenimento em todo o Ocidente, é a constatação de Dorneles. E a ampla difusão desses estilos musicais foi seguida do movimento da contracultura dos anos 1960, período em que se assiste a uma rejeição sem precedentes de toda e qualquer tradição e autoridade. Uma jogada de mestre do grande maestro do mal, temos que reconhecer.

Talvez o mais estranho (e triste) nisso tudo, é a penetração de toda essa influência musical perniciosa nas igrejas cristãs, através da chamada música gospel – música que tem como matriz toda uma cultura religiosa pagã que incorpora um estilo de vida contrário ao cristianismo bíblico. Outra jogada de mestre, não acha?

Em sua “História da Música Ocidental“, Jean e Brigitte Massin afirmam que a expressão rock’n’roll, literalmente quer dizer “balançar e rolar; expressão da gíria dos negros com conotação sexual” e que o rhythm and blues que deu origem ao rock era uma “forma do jazz vocal que se prestava à dança e era popular junto ao público negro, a que se misturavam alguns elementos do country e western, música branca essencialmente imoral”.

E a conclusão de Dorneles é a de que “a música gospel, reconhecida como um dos instrumentos mais decisivos na renovação religiosa encorajada pelo pentecostalismo e pela renovação carismática, relaciona-se originalmente, portanto, com o vodu, que saiu dos confins da África para tornar-se um meio de entretenimento e, por fim, de culto, em todo o ocidente cristão. À semelhança do jazz e do rock, o gospel tem favorecido uma persistente rejeição à tradição cristã, na área do comportamento e das verdades doutrinárias”.

Brian Neumann, cuja história de envolvimento com o rock é contata por Samuele Bachiochi, em “The Christian and Rock Music“, faz o seguinte relato: “Logo reconheci que não havia diferença significativa entre o rock secular e sua versão cristã, independentemente da letra. Música cristã contemporânea que se conforma com os critérios básicos do rock não pode ser usada legitimamente como música de igreja. A razão é simples: o impacto do rock ocorre pela música e não pela letra.”

“Que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?”, pergunta Paulo, em II Coríntios 6:14.

Satanás tem conseguido com grande êxito aproximar o sagrado do profano em nosso dias. Justamente por isso é que vemos de uns tempos para cá a religião sendo associada a festas populares como o Carnaval e a folias de rua, onde a Igreja se serve dos recursos profanos para “levar a mensagem ao coração das pessoas”. Ao mesmo tempo, foliões descrentes procuram exibir sua religiosidade por meio de figuras sagradas no alto de trios elétricos. Que lástima!

Além da capacidade para a manipulação das emoções e da cessação da racionalidade, Wolfgang Hans Martin Stenafi aponta outro potencial da música: sua influência sobre os valores religiosos. Em seu livro “Música Sacra, Cultura e Adoração” (Unaspress), Stefani defende que os valores religiosos e filosóficos estão intimamente relacionados com o estilo de música de cada cultura e de cada culto. Ele afirma também que a música como instrumento de adoração “é usada para acrescentar, intensificar ou transformar a experiência religiosa. Ela também pode ser empregada para contatar ou comunicar-se com um deus, ou para facilitar a unidade simbólica com a divindade”.

Os valores morais também não escapam dessa influência. Segundo David Tame, a música tem o poder de formar o caráter, pois o “ritmo, com efeito, nos atinge não só o corpo, a mente e as emoções, mas até o subconsciente. … Se o músico estiver tocando o seu instrumento, poder-se-á dizer também que ele está tocando o corpo e a mente do público”.

Tame, diz Dorneles, interpreta a mudança em relação aos valores morais ocorridos no Ocidente, desde os anos 1960, como resultado da florescência dos estilos musicais, especialmente do jazz e do rock. Sua ideia é que a variedade dos estilos musicais de uma cultura aumenta a influência da música sobre o comportamento e estimula a rejeição à tradição.

Portanto, o problema vai além do uso ou não da bateria. Tem que ver com estilos musicais. Todo aspecto profano, que nos afasta de Deus e nos aproxima dos padrões do “mundo”, deveria ser banido de nossas igrejas e das composições de nossos músicos.


Fonte: publicado originalmente em http://www.ja-online.net

Autor: Michelson Borges

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Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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