Vamos começar com o livro de Daniel, que nos fornece informações importantes sobre o anticristo em um formato de repetição e ampliação, que é paralelo ao Apocalipse.
Proferirá palavras contra o Altíssimo,… (verso 25)
A mesma palavra é traduzida como “nome” no seguinte verso:
E abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para lhe difamar o nome e difamar o tabernáculo, a saber, os que habitam no céu. (Apocalipse 13:6)
Para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a marca, o nome da besta ou o número do seu nome. (Apocalipse 13:17)
Aqui está a sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Ora, esse número é seiscentos e sessenta e seis. (verso 18)
A solução para o mistério:- A marca de autoridade do sistema papal diz respeito à sua pretensão de mudar os tempos e a lei do Altíssimo (Daniel 7:25). Os tempos e a lei são claramente definidos na mensagem do primeiro anjo em Apocalipse 14:7 como o juízo pré-advento e o mandamento do sábado.
– O nome de blasfêmia da besta (que na verdade é um título) é Vicarius Filii Dei, pelo qual o sistema papal usurpa a autoridade de Cristo, reivindicando para si o poder de dispensar a lei de Deus, ou modificá-la segundo seu critério. Dois mandamentos da lei divina foram alterados pelo papado: o segundo mandamento, sobre idolatria; e o quarto mandamento, que se refere ao sábado do sétimo dia. O título revela claramente o caráter do anticristo. De fato, as expressões anticristo e Vicarius Filii Dei são sinônimas. Ambas se referem a um usurpador, o que toma o lugar de Cristo.
– Somos instruídos a encontrar um título blasfemo prepotente que resulte aritmeticamente em 666. Esse número é o número do seu nome (arithmos onoma mencionado em Apocalipse 13:17, 18 e 15:2). O número não é facilmente perceptível a partir do título, e deve ser somado ou calculado, como o texto indica.
G706. Arithmos, ar-ith-mos; de G142; um número (calculável): – número.
G3686. onoma, on-om-ah; de um suposto derivado da raiz de G1097 (cf. G3685); um “nome” (literal ou figurado) [autoridade, caráter]: – chamado, (+ sobre-) nome (-d).
Concordância Grega de Strong G5516
Isopsefia (iso significa “igual” e psephos, “pedrinha”) é o equivalente grego para o sistema hebraico chamado gematria, pelo qual a soma dos valores numéricos das letras de uma palavra resulta em um número. O Apocalipse, que foi escrito em grego, diz ao leitor no capítulo 13:18 para calcular o número da besta. Nesse texto, João usa a palavra psephizo (G5585) para “calcular”, que é derivada de G5586 [psephos], a mesma palavra grega que compõe isopsefia. João estava indicando que a numerologia, a partir do cálculo do valor numérico de um nome, era o caminho para se chegar à solução do número 666. “Fontes pitagóricas indicam que esta prática remonta pelo menos seis ou sete séculos antes de 180 d.C. (data aproximada em que Irineu produziu sua heresiologia).”
Fonte. Veja mais abaixo Irineu.
G5585. psephizo, psay-fid-zo; de G5586; contar com seixos, ou seja, (gen.) calcular: – contar.
G5586. psephos, psay-fos; do mesmo que G5584; um seixo (como desgastado pelo manuseio), isto é, (por causa do uso como contador ou cédula de votação) um veredito (de absolvição) ou bilhete (de admissão); um voto: – pedra, voz.
Abaixo está o versículo 18 com o Chi Xi Stigma (sublinhado em vermelho) no P47, um papiro do terceiro século na coleção Chester Beatty.
Veja também: O texto do Novo Testamento: uma introdução às edições críticas e à teoria e prática da moderna crítica textual, Kurt Aland e Barbara Aland, Wm. B. Eerdmans Publishing, 1995, lâmina 23, p. 90.
O traço preto sobre o Chi Xi Stigma [ver imagem acima] indica o uso de uma abreviatura pelo copista, neste caso destacando os caracteres que representam seus valores numéricos, ao invés de seu significado alfabético. Cada um desses caracteres possui um valor numérico diferente. São eles: Chi = 600, Xi = 60, Stigma = 6. O Papiro 47 (P47) é considerado como sendo talvez a mais antiga cópia existente de qualquer parte do Apocalipse. Os Pais da igreja primitiva, no período de poucos anos em que o Apocalipse foi escrito, já aplicavam isopsefia (grego), gematria (hebraico) ou valores numerais romanos para solucionar o mistério.
(c. 130-202)
Adversus haereses (escrito entre 180 e 199 A.D.)
Livro V, Capítulo 30*
1. Sendo essa a situação, visto que este número se encontra em todos os manuscritos mais antigos e cuidados, é atestado pelos que viram João com seus próprios olhos e, racionalmente, o número do nome da besta, contado à maneira dos gregos, somando o valor das letras que formam este nome, é de seiscentos e sessenta e seis, isto é, igual número de centenas, dezenas e unidades — o número seis, assim conservado, indica a recapitulação de toda a apostasia perpetrada no princípio, no meio e no fim dos tempos… Correm ainda o perigo, e este não leve, os que pensam erroneamente conhecer o nome do Anticristo, porque se o que deve vir tem nome diverso do que eles pensam, facilmente serão seduzidos por ele, pensando não ser aquele de quem se devem guardar. […]
2. É necessário que estes aprendam a conhecer o verdadeiro número do nome se não quiserem ser contados entre os falsos profetas. Conhecendo, pois, com certeza, o número indicado pelas Escrituras, isto é, seiscentos e sessenta e seis, devem primeiramente esperar a divisão do reino entre os dez reis e depois, quando eles reinarão pensando em aumentar o seu poder e ampliar o seu reino, prestar atenção ao homem que, tendo no nome o número indicado, virá improvisamente reivindicar o reino e a aterrorizar estes reis, a fim de saber que ele é realmente a abominação da desolação. […]
3. É mais seguro e sem perigo esperar o cumprimento desta profecia do que se entregar a elucubrações e conjecturas sobre nomes, porque é possível encontrar quantidade enorme deles que combinam com este número, e o problema continuará o mesmo, pois, se há muitos nomes com este número, continuará a valer a pergunta de quem será o nome do que deve vir. Com efeito, não é por falta de nomes que tenham o número do nome do Anticristo que falamos assim, mas por temor de Deus e pelo zelo da verdade. Por exemplo, a palavra EYANTHAS contém o número procurado, mas não dizemos nada sobre ela; também a palavra LATEINOS contém este número, seiscentos e sessenta e seis, e pode-se até acreditar que este seja o nome, que significa o último reino, visto que são os latinos que dominam neste momento; […]
. LATEINOS, “pessoa de fala latina”, no grego isopsefia é calculado: Lambda (30), Alpha (1), Tau (300), Epsilon (5), Iota (10), Nu (50), Omikron (70) e Sigma (200), totalizando 666.
Ao mesmo tempo em que menciona os três seis no primeiro parágrafo e os relaciona à apostasia, Irineu sabiamente recomenda depois que não seja feita nenhuma tentativa séria no sentido de resolver o mistério até que se torne claramente evidente que isso deve ser aplicado quando o chifre pequeno de Daniel 7 for identificado. Este método eliminará resultados errôneos.
Segue abaixo o versículo 18, no Textus Receptus grego. Mais uma vez, como no Papiro 47, temos no fim do verso: Chi Xi Stigma, 600, 60, 6.
As tentativas de interpretação baseadas no tríplice seis são incorretas, visto que o número não é expresso dessa forma. O cálculo total resulta no número 666, não em três seis. Veja também a edição inglesa da Hexala, de 1841, que apresenta o texto grego e seis traduções inglesas. Abaixo está o versículo 18 no Códice Alexandrino. Aqui, o grego na linha inferior se lê hexakosioi (seiscentos), hexakonta (sessenta), hex (seis).
Segue abaixo o texto de Apocalipse 13:18 como consta no Códice Sinaítico. Começando na segunda linha da parte inferior, lê-se hexakosioi (seiscentos), hexakonta (sessenta), hex (seis).
Novamente, o número não é expresso como três seis, e sim como 666. A interpretação dos três seis é um caso de exegese que força o texto a revelar algo que simplesmente não está lá. O número 666 é matematicamente 111 x 6, para sermos exatos, não três [seis], e somos instruídos a calcular o número de um nome, não discernir um significado simbólico do número 6, ou a partir do número 666. Para a próxima parte importante do contexto desse mistério, citamos o seguinte verso:
Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: REIS DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES. (Apocalipse 19:16)
Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. (Isaías 9:6)
Transportou-me o anjo, em espírito, a um deserto e vi uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres. (verso 3)
Aqui está o sentido, que tem sabedoria: as sete cabeças são sete montes nos quais a mulher está sentada. (Apocalipse 17:9)
Quando todas as outras características do anticristo são listadas e examinadas em primeiro lugar, e só então se acrescenta o que é apresentado aqui, somos conduzidos direta e infalivelmente, com precisão cirúrgica, à meretriz apóstata (igreja) assentada em Roma, a Igreja Católica Romana.
Vejamos, então, qual a definição bíblica de blasfêmia:
Novamente, pegaram os judeus em pedras para lhe atirar. (João 10:31)
Disse-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas da parte do Pai; por qual delas me apedrejais? (verso 32)
Responderam-lhe os judeus: Não é por obra boa que te apedrejamos, e sim por causa da blasfêmia, pois, sendo tu homem, te fazer Deus a ti mesmo. (verso 33)
SEGUNDO, isto é provado por um único argumento, baseado nas escrituras: todos os nomes que nas escrituras se aplicam a Cristo, os quais provam que ele é a cabeça da Igreja, aplicam-se igualmente ao Pontífice: como o primeiro, Cristo é a cabeça da família em sua própria casa, que é a Igreja. O Pontífice é o mais elevado administrador da mesma, isto é, ele é o chefe da família no lugar de Cristo, Lucas 12:42. – Fonte.
Lucas 12:42 declara:
Disse o Senhor: Quem é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o Senhor confiará os seus conservos para dar-lhes o sustento a seu tempo?
Assim, entre os títulos blasfemos dos papas, os quais a Bíblia revela tão claramente como se referindo ao anticristo, existe um título a partir do qual podemos calcular o número 666? Sim, VICARIVS FILII DEI (Tomando o lugar, ou substituto para o Filho de Deus) é um título blasfemo que tem uma longa história de uso em documentos católicos , que incluem as Constituições Apostólicas oficiais (bulas papais), e que resulta em 666 quando os valores numerais romanos das letras são somados.
para acessar a documentação histórica. Se esse título já apareceu em uma tiara ou não, não tem muita importância, embora eu acredite que ele provavelmente já tenha aparecido.
Também é importante notar que os católicos, enquanto negam qualquer base “oficial” para VICARIVS FILII DEI, prontamente admitem que o sinônimo VICARIVS CHRISTI é o título papal adequado e oficial (que não resulta em 666). Bem, outra maneira perfeitamente válida de dizer VICARIVS CHRISTI é ANTICRISTO; ambos significam “Tomando o lugar de, ou um substituto de Cristo”.
Fonte: Biblelight.net
* Para a tradução dos textos de Irineu, usei uma edição em português da referida obra (p. 597, 598 e 599), disponível aqui
Fonte: Três Mensagens