A Metáfora do sono para ilustrar a morte

A METÁFORA DO SONO PARA ILUSTRAR A MORTE

 

“Pois os vivos sabem que morrerão, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco têm eles daí em diante recompensa; porque a sua memória ficou entregue ao esquecimento. Tanto o seu amor como o seu ódio e a sua inveja já pereceram; nem têm eles daí em diante parte para sempre em coisa alguma do que se faz debaixo do sol”. — Ecl. 9:5, 6.

Salomão diz estas coisas em profunda reflexão sobre a condição dos mortos CONFIRMANDO o que havia dito antes, em 3:19-21 e CONCORDANDO com o teor global do ensino bíblico.
“”
Ecl. 3:19-21
19 “Pois o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos brutos; uma e a mesma coisa lhes sucede; como morre um, assim morre o outro; todos têm o mesmo fôlego; e o homem não tem vantagem sobre os brutos; porque tudo é vaidade.
20 Todos vão para um lugar; todos são pó, e todos ao pó tornarão.
21 Quem sabe se o espírito dos filhos dos homens vai para cima, e se o espírito dos brutos desce para a terra?”

O que a Bíblia ensina sobre o estado dos mortos é apresentado numa porção de claros textos, e a indicação é de que estão DORMINDO. A metáfora do sono é clara indicação do entendimento dos autores bíblicos de que há total INCONSCIENCIA. Isso se confirma em inúmeros textos, como no Salmo 146:3 e 4–“Não confieis em príncipes, nem nos filhos dos homens, em quem não há salvação. Sai-lhes o espírito [ruach–fôlego vital] e eles tornam ao pó. Nesse mesmo dia perecem todos os seus desígnios [ou ‘pensamentos’, como na VKJ e outras versões]”. E no Salmo 6:5 lemos: “Na morte não há recordação de Ti [Deus]; no sepulcro quem te dará louvores?”

Tanto no Velho quanto no Novo Testamento a morte é muitas vezes descrita como um “sono”. Há várias referências de alguém que “dormiu com os seus pais” (Gên. 28:11; Deu. 31:16; 2 Sam. 7:12; 1 Reis 2:10). Começando com sua aplicação inicial a Moisés (“Eis que estás para dormir com teus pais”–Deu. 31:16), e depois com Davi (“Quando teus dias se cumprirem, e descansares com teus pais”--2 Sam. 7:12), e Jó (“Agora me deitarei no pó”–Jó 7:21), encontramos este belo eufemismo para a morte atravessando qual fio ininterrupto por toda a extensão do Velho e Novo Testamentos, findando com a declaração de Pedro de que “os pais dormem” (2 Ped. 3:4).

Diz o profeta Daniel (12:2): “Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eternos”. Note-se que nesta passagem tanto os ímpios quanto os santos estão no pó da terra e ambos os grupos serão ressuscitados no final.

E eis outra profunda reflexão de Jó fazendo uma pergunta retórica: “O homem, porém, morre e fica prostrado; expira o homem, e onde está?” (Jó 14:10). Sua resposta é: “Como as águas do lago se evaporam, e o rio se esgota e seca, assim o homem se deita, e não se levanta: enquanto existirem os céus não acordará, nem será despertado do seu sono” (Jó 14:11-12; cf. Sal. 76:5; 90:5).

Sal. 76:5
5 “Os ousados de coração foram despojados; dormiram o seu último sono; nenhum dos homens de força pôde usar as mãos.”
 

Sal. 90:5
5 “Tu os levas como por uma torrente; são como um sono; de manhã são como a erva que cresce;”

Aqui está uma descrição bem vívida da morte. Quando uma pessoa exala o seu último suspiro, “o que é ele?”, ou seja, “o que é deixado dele?” Nada. Ele não mais existe. Torna-se como um lago ou rio cujas águas se secaram. Ele dorme na sepultura e “não despertará” até o fim do mundo.

Ficamos a pensar: iria Jó apresentar uma descrição tão negativa da morte se cresse que sua alma sobreviveria à morte? Se a morte introduzisse a alma de Jó na presença imediata de Deus no céu, por que fala ele de esperar até não mais “existirem os céus” (Jó 14:11) e até ser “substituído” (Jó 14:14)? É evidente que nem Jó nem qualquer outro crente no VT sabia de uma existência consciente após a morte.

Passando para o Novo Testamento vemos que a morte é descrita como um sono também, e mais freqüentemente do que no Velho. A razão pode ser que a sperança da ressurreição, que é esclarecida e fortalecida pela ressurreição de risto, dá novo significado ao sono da morte do qual os crentes despertarão por ocasião da segunda vinda de Cristo. Assim como Cristo dormiu na sepultura antes de Sua ressurreição, igualmente os crentes dormem em suas tumbas enquanto speram por sua ressurreição.

Há duas palavras gregas com o sentido de “sono” empregadas no Novo Testamento. A primeira é koimao, empregada quatorze vezes para falar do sono da morte. Um derivado desse substantivo grego é koimeeteerion, do qual deriva nossa palavra cemitério. Incidentemente, a raiz dessa palavra é também a do termo lar-oikos. Destarte, o lar e o cemitério estão ligados porque ambos são lugares de dormida.

A segunda palavra grega é katheudein, geralmente empregada para o sono ordinário. No Novo Testamento é usada quatro vezes para o sono da morte (Mat. 9:24; Mar. 5:39; Luc. 8:52; Efé. 5:14; 1 Tes. 4:14).

Ao tempo da crucifixão de Cristo, “abriram-se os sepulcros e muitos corpos de santos, que dormiam, [kekoimemenon] ressuscitaram” (Mat. 27:52). No texto original consta: “Muitos corpos dos santos adormecidos foram ressuscitados”. É óbvio que o que foi ressuscitado foi a pessoa integral, não só os corpos. Não encontramos qualquer referência quanto a suas almas serem reunidas com seus corpos, certamente porque esse conceito é estranho à Bíblia.

Falando figuradamente da morte de Lázaro, Jesus declarou: “Nosso amigo adormeceu, mas vou para despertá-lo” (João 11:11). Quando Jesus percebeu que não tinha sido compreendido, disse-lhes claramente “Lázaro morreu” (João 11:14). A seguir, Jesus apressou-se a reassegurar a Marta: “Teu irmão há de ressurgir” (João 11:23).

Este episódio é significativo, primeiro de tudo porque Jesus claramente descreve a morte como um “sono” do qual os mortos despertarão ao som de Sua voz. A condição de Lázaro na morte foi semelhante a um sono do qual alguém desperta.

Cristo disse: “Vou despertá-lo do sono” (João 11:11). O Senhor levou a efeito Sua promessa indo até a sepultura para despertar a Lázaro chamando: “Lázaro, vem para fora. Saiu aquele que estivera morto tendo os pés e as mãos ligados com ataduras e o rosto envolto num lençol” (João 11:43-44).

Esse despertar de Lázaro do sono da morte pelo som da voz de Cristo faz paralelo com o despertar dos santos adormecidos no dia de Sua gloriosa vinda. Eles também ouvirão a voz de Cristo e sairão para a vida novamente. “Vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a Sua voz e sairão” (João 5:28; cf. João 5:25). “Porquanto o Senhor mesmo, dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro” (1 Tes. 4:16).

Há harmonia e simetria nas expressões “dormir” e “despertar” como empregadas na Bíblia, no sentido de entrar e sair da condição da morte. As duas expressões corroboram a noção de que a morte é um estado de inconsciência, do qual os crente despertarão no dia da vinda de Cristo. — Estudo baseado na discussão do Dr. Samuele Bacchiocchi em sua obra Imortalidade ou Ressurreição?

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Pedro, João, Judas—Nada de Imortalidade da Alma

Em nenhuma das epístolas desses autores cristãos se encontra a mínima pista de que eles cressem na partida de uma “alma imortal” na morte para a herança celestial ou para o castigo eterno

A idéia tão popular quanto antibíblica de que na morte a pessoa imediatamente vai para o seu destino eterno através de uma alma imortal não encontra o mínimo respaldo nos ensinos de Jesus Cristo nem nos do apóstolo Paulo, como já acentuamos em estudos específicos. Será, porém, que os demais apóstolos de Cristo teriam uma visão diferente?
Veremos no estudo a seguir que um estudo detido do que Pedro, João e Judas dizem em suas epístolas demonstra que eles igualmente não criam nessa doutrina de origem pagã que adentrou o cristianismo a partir de influências platônicas e de outras origens.

Nada de Dualismo nas Epístolas de Pedro

Examinemos, na ordem, como inicialmente Pedro discute essa questão. Sublinharemos alguns pensamentos que merecem destaque e comentários especiais. Diz ele no capítulo 1 de sua primeira epístola, versos 3 a 7:

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, incontaminável e imarcescível, reservada nos céus para vós, que pelo poder de Deus sois guardados, mediante a fé, para a salvação que está preparada para se revelar no último tempo; na qual exultais, ainda que agora por um pouco de tempo, sendo necessário, estejais contristados por várias provações, para que a prova da vossa fé, mais preciosa do que o ouro que perece, embora provado pelo fogo, redunde para louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo.”

As partes sublinhadas mostram a lógica do raciocínio do autor. A viva esperança de que os cristãos são possuidores têm que ver com a “herança” reservada no céu, e que será desfrutada pelos filhos de Deus, não quando morrem e suas almas vão para o céu, e sim “no último tempo . . . na revelação de Jesus Cristo”.

Clarissimamente a ênfase está no evento da volta de Cristo, quando Ele virá conceder essa herança aos salvos. Não existe a mínima pista de “morrer e ir para o céu”, como é o conceito tão popularizado entre os cristãos, e mesmo adeptos de outras fés, com base no conceito de imortalidade da alma.

Esta afirmação de certeza de Pedro quanto à herança garantida no céu, mas a revelar-se “naquele dia”, é reiterada no vs. 13 do mesmo capítulo:

“Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos oferece na revelação de Jesus Cristo”.

A tradução NIV traz “when Jesus Christ is revealed”, ou “quando Jesus Cristo for revelado”, o que é confirmado pela tradução em português, “A Bíblia na Linguagem de Hoje”.

No capítulo 4, vs. 12 e 13, lemos esta mensagem de encorajamento e esperança:

“Amados, não estranheis a ardente provação que vem sobre vós para vos experimentar, como se coisa estranha vos acontecesse; mas regozijai-vos por serdes participantes das aflições de Cristo; para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e exulteis”.

A revelação da glória de Cristo se dará quando de Seu advento. Ora, se Pedro cresse na imortalidade da alma não teria por que falar em regozijo e exultação dos crentes ligando isso àquela ocasião. Se fossem com suas almas para o céu, seguindo-se à morte, não iriam ali exultar e alegrar-se? Na perspectiva do Apóstolo, porém, só quando da “revelação da Sua glória” é que tal sentimento de felicidade se confirmaria.

No capítulo 5, versos 1 a 4, por outro lado, o Apóstolo volta a tratar da glória futura, destacando, não a imortalidade da alma, mas a revelação de tal glória no tempo final:

“Aos anciãos, pois, que há entre vós, rogo eu, que sou ancião com eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e participante da glória que se há de revelar: Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, não por força, mas espontaneamente segundo a vontade de Deus; nem por torpe ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores sobre os que vos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando se manifestar o sumo Pastor, recebereis a imarcescível coroa da glória”.

A clareza da linguagem é indiscutível. Nada de esperar pela glória a não ser “quando se manifestar o supremo Pastor”, Jesus Cristo.

Na Linguagem de Castigo aos Pecadores Nem Sinal de Almas Imortais

Em contraste com a certeza magnífica para a comunidade cristã da herança eterna quando da manifestação do “Sumo Pastor”, temos também o aspecto negro dos acontecimentos futuros, no que diz respeito aos que não se salvarão. Pedro fala no capítulo 2 da 2a. epístola:

“E muitos seguirão as suas dissoluções, e por causa deles será blasfemado o caminho da verdade; também, movidos pela ganância, e com palavras fingidas, eles farão de vós negócio; a condenação dos quais já de largo tempo não tarda e a sua destruição não dormita. Porque se Deus não poupou a anjos quando pecaram, mas lançou-os no inferno, e os entregou aos abismos da escuridão, reservando-os para o juízo; se não poupou ao mundo antigo, embora preservasse a Noé, pregador da justiça, com mais sete pessoas, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos ímpios; se, reduzindo a cinza as cidades de Sodoma e Gomorra, condenou-as à destruição, havendo-as posto para exemplo aos que vivessem impiamente; e se livrou ao justo Ló, atribulado pela vida dissoluta daqueles perversos (porque este justo, habitando entre eles, por ver e ouvir, afligia todos os dias a sua alma justa com as injustas obras deles); também sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar para o dia do juízo os injustos, que já estão sendo castigados” (vs. 2-9).

Claramente o texto fala dos próprios anjos maus que foram lançados nas “trevas exteriores” [no grego tártaros], o que não é ainda o inferno, mas é indicado como sua postura de seres expulsos da glória eterna enquanto aguardam o juizo, pois que estão “reservados” para tal ocasião. E que o que espera esses anjos finalmente é a “destruição” fica muito claro em Marcos, quando um dos demônios que Cristo confrontou para expulsar pergunta-Lhe: “Que temos nós contigo, Jesus, nazareno? Vieste destruir-nos?” (Marcos 1:24).

Assim também os ímpios estão reservados para esse futuro “dia do juízo”, o que denota não terem ainda sido condenados no inferno, ou geena. Paulo fala sobre os “fogos da vingança” que serão trazidos por Cristo quando de Sua vinda (2 Tes. 1:7-10).

2 Tes. 1:7-10
7 “e a vós, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder em chama de fogo,
8 e tomar vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus;
9 os quais sofrerão, como castigo, a perdição eterna, banidos da face do senhor e da glória do seu poder,
10 quando naquele dia ele vier para ser glorificado nos seus santos e para ser admirado em todos os que tiverem crido (porquanto o nosso testemunho foi crido entre vós).”
 

Pedro claramente fala da destruição de Sodoma e Gomorra como um “exemplo” para os que vivem impiamente. Nenhuma idéia de “morrer e ir para o inferno”, como na mentalidade popular.

No vs. 12 a 17 ele reforça o pensamento:

“Mas estes, como criaturas irracionais, por natureza feitas para serem presas e mortas, blasfemando do que não entendem, perecerão na sua corrupção, recebendo a paga da sua injustiça; pois que tais homens têm prazer em deleites à luz do dia; nódoas são eles e máculas, deleitando-se em suas dissimulações, quando se banqueteiam convosco; tendo os olhos cheios de adultério e insaciáveis no pecar; engodando as almas inconstantes, tendo um coração exercitado na ganância, filhos de maldição; os quais, deixando o caminho direito, desviaram-se, tendo seguido o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça, mas que foi repreendido pela sua própria transgressão: um mudo jumento, falando com voz humana, impediu a loucura do profeta. Estes são fontes sem água, névoas levadas por uma tempestade, para os quais está reservado o negrume das trevas”.

Aí está a linguagem clara de que os pecadores estão “reservados” para o castigo final, intitulado “negrume das trevas”. Nada de “inferno de fogo eterno” em funcionamento, pois “negrume das trevas” parece-se muito mais com a “eterna destruição, banidos da face do Senhor”, a que Paulo se refere em 2a. Tes. 1:9. E à luz da própria declaração quanto a Sodoma e Gomorra terem sido deixadas como “exemplo” de castigo aos pecadores ao tempo de Ló, não pairam dúvidas quanto à sorte desses que vivem blasfemando e cometendo todo tipo de pecado ao final. E a palavra “destruição” por si só já denota algo que tem um fim. Onde já se ouviu falar de uma destruição que nunca se . . . destrói?!

Agora, quando chegamos no capítulo 3, de 2a. Pedro, as coisas se esclarecem de modo indiscutível:

“. . . sabendo primeiro isto, que nos últimos dias virão escarnecedores com zombaria andando segundo as suas próprias concupiscências, e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação. Pois eles de propósito ignoram isto, que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste; pelas quais coisas pereceu o mundo de então, afogado em água; mas os céus e a terra de agora, pela mesma palavra, têm sido guardados para o fogo, sendo [u]reservados para o dia do juízo e da perdição dos homens ímpios. Mas vós, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se. Virá, pois, como ladrão o dia do Senhor, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há, serão descobertas. Ora, uma vez que todas estas coisas hão de ser assim dissolvidas, que pessoas não deveis ser em santidade e piedade, aguardando, e desejando ardentemente a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se dissolverão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Nós, porém, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e uma nova terra, nos quais habita a justiça. Pelo que, amados, como estais aguardando estas coisas, procurai diligentemente que por ele sejais achados imaculados e irrepreensível em paz”.

Estes textos falam de como os ímpios zombariam dos cristãos quanto a sua convicção da VINDA de Cristo, não de crerem no céu. Isso é significativo. Como também é muito significativo o fato de mencionarem os mortos como os que “dormiram”. Igualmente, o mesmo Deus que por Sua “palavra” ordenou a destruição dos ímpios ao tempo do dilúvio, também ordenará que ocorra um “dilúvio de fogo” que não só destruirá os ímpios, mas fará com que os elementos “ardendo” se dissolvam e se fundam. Ou seja, tanto os ímpios quanto o próprio ambiente deste mundo atual enfrentarão a destruição, passando por radical transformação.

Ora, isso é confirmação de tantas passagens do Velho e Novo Testamento que acentuam exatamente isso: a destruição dos homens ímpios (Sal. 37:9, 10, 20; 68:2; 92:7; Eze. 28:14-19; Sof. 1:14-19; Mal. 4:1-3; Mat. 10:28b; 2 Tes. 1:7-10; Apo. 20:14; 21:8).

E em suas últimas palavras de exortação de sua segunda epístola, Pedro ainda acentua que os cristãos estavam “aguardando e desejando a vinda do dia de Deus” e “esperando” a consumação dos séculos, assim, nessa perspectiva, deviam manter vidas sóbrias e santas, crescendo “na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”.

Ainda que os cristãos primitivos aguardassem vivamente que as promessas da vinda de Cristo se cumprissem em seu tempo, o teor global do que é ensinado, tanto quanto à herança eterna, quanto ao castigo dos pecadores, não deixa margem a qualquer noção, seja de imortalidade da alma ou de inferno de fogo eterno.

Em João e Judas, Nada de Dualismo Também

Em 1a. João temos a mesma exortação à santidade com base na esperança da volta do Senhor:

“E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e não fiquemos confundidos diante dele na sua vinda” (1 João 2:28).

“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é, o veremos. E todo o que nele tem esta esperança, purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro (1 João 3:2, 3)”.

No capítulo 4 ele também destaca:

“Nisto é aperfeiçoado em nós o amor, para que no dia do juízo tenhamos confiança; porque, qual ele é, somos também nós neste mundo”.

Por que ele acentua essa confiança “no dia do juízo” e não no dia da morte, quando a “alma imortal” supostamente iria entrar no céu? Ou o crente ao morrer já teria definida a sua sorte no “departamento dos futuros salvos”, como alguns ensinam como sendo o local para onde se dirigiriam os salvos, ali permanecendo à espera do dia do juízo para saber se se salvarão ou não, embora já certos de que sim (pois estão no lado do hades reservado para os salvos!).

Finalmente, chegamos à epístola de Judas onde, no vs. 7, ele repete a linguagem usada por Pedro sobre Sodoma e Gomorra, dando um detalhe interessante:

“. . . aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, ele os tem reservado em prisões eternas na escuridão para o juízo do grande dia, assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se prostituído como aqueles anjos, e ido após outra carne, foram postas como exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno”.

Os anjos foram expulsos do céu para “prisões eternas”, mas estão esperando “o juízo do grande dia”, com o que vemos mais uma vez como o “eterno” tem sentido elástico na língua grega (como na hebraica). Tanto que Sodoma e Gomorra e cidades vizinhas foram postas como exemplo do castigo de anjos e homens maus, “sofrendo a pena do fogo eterno”.

Daí se pode entender melhor a linguagem hiperbólica do “fogo eterno”, que não tem sentido absoluto, em termos de tempo, pois o fogo que queimou Sodoma e Gomorra, que foi “eterno”, não está mais queimando em nossos dias. O “eterno” refere-se a seus efeitos e conseqüências, não à sua duração. É o que se passa com o “juízo eterno” (Heb. 6:2), que não se refere a um processo que tem início, mas não tem fim.

É tal como o fogo que “não se apagará”, que queimaria as portas de Jerusalém quando do cativeiro, mas não estão queimando até hoje (Jer. 17:27).

Jer. 17:27.
“ Mas, se não me ouvirdes, para santificardes o dia de sábado, e para não trazerdes carga alguma, quando entrardes pelas portas de Jerusalém no dia de sábado, então acenderei fogo nas suas portas, o qual consumirá os palácios de Jerusalém, e não se apagará.”

Portanto, temos demonstrado em diferentes de nossos estudos que nem Paulo, nem Pedro, nem João, nem Judas (como também Tiago) ensinavam qualquer coisa semelhante a almas imortais que deixam o morto e vão conscientes para céu, inferno, purgatório, hades, sheol, ou seja o departamento do além que se imagine. . .

Sem falar no estudo especial onde provamos que Jesus Cristo também não ensinava a doutrina de origem pagã da imortalidade da alma, oriunda da primeira mentira proferida sobre este planeta, “É certo que não morrereis” (Gên. 3:4).

Gên. 3:4
4 “Disse a serpente à mulher: Certamente não morrereis.”

______

 

Autor: Professor Azenilto G. Brito / Ministério Sola Scriptura 
 

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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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