As Crianças no Culto

Uma situação com a qual a Igreja tem tido certa dificuldade em encontrar solução é a questão da participação das crianças no culto. O problema começa pelos bebês que choram por algum desconforto ou para avisar que é hora de mamar. Não sendo atendidos de imediato, não se intimidam em abrir o berreiro. Depois, tem a fase das crianças que aprenderam a correr, que não fazem a menor cerimônia para se divertirem no culto. Outra fase é aquela em que as crianças até ficam juntas com seus pais, mas, a cada momento, pedem alguma coisa, atrapalhando a concentração destes. Há aquela fase em que as crianças já dominam boa parte dos recursos da computação; para estes, o culto parece não fazer muito sentido, pois está distante do seu universo.

De outro lado, está a congregação para a qual as crianças, muitas vezes, são “invisíveis”. A presença delas só é percebida quando “aprontam”. Não é sempre que os cultos são preparados visando a participação dos pequenos. A linguagem e a forma do culto geralmente são incompreensíveis e até “chatas” para as crianças: os hinos cantados são de adultos, o sermão é dito numa linguagem adulta e sobre tema de adultos.

Diante disso, criaram-se algumas soluções

– Primeiro, pelos pais que se revezam para ir ao culto. Em um culto vai a mãe; no outro, o pai. A criança, neste caso, fica em casa porque ela “incomoda” no culto. Esta é uma péssima opção.

– Depois, há o caso das crianças que exigem que os pais, a todo o momento, as levem para fora. Os pais, com medo que as crianças perturbem, atendem aos seus apelos. Esta também não é uma boa escolha. É preciso estabelecer um controle.

– A outra solução é o “culto infantil” que acontece em paralelo ao culto, em uma sala à parte. Em algum momento antes do sermão, as crianças saem do culto. Esta é a opção preferida pela maioria. Em parte porque representa uma solução que vai ao encontro das necessidades das crianças, mas também pelo sossego que o momento propicia, pois a igreja “se livra” do incômodo das crianças. Se o culto é corporativo e quer acolher a família, tirar a criança para fora do local de culto não é algo contraditório? E como a criança interpreta esta situação? Culto é coisa para gente grande?

O que fazer com as nossas crianças no culto?

  1. Não tem jeito e não adianta fugir: as crianças sempre vão “aprontar”. É melhor pensar pelo outro lado: que maravilha quando podemos ver crianças “avisando” que estão no culto. É um forte sinal de que a Igreja está em crescimento e tem futuro. O choro e a correria delas, antes de incômodo, devia ser música para os nossos ouvidos e colírio para os nossos olhos. Afinal, a Igreja de agora e do futuro está se manifestando. Por outro lado, se os pais veem que a criança está perturbando, é melhor acalmá-la fora do ambiente cultual.
  2. A Igreja precisa se colocar no nível das crianças, mas não demais. Toda criança quer ser adulta. E criança gosta de ficar atenta às conversas de gente grande, basta apenas que o papo seja interessante. Às vezes, elas captam mais do que os grandes imaginam. No culto não é diferente. Infantilizar demais a linguagem e a forma do culto é podar a oportunidade de aprendizado das coisas sagradas. O desafio é tornar a linguagem interessante aos seus ouvidos.
  3. Se a melhor solução é tirar as crianças do culto para um programa à parte, não deveria ser em todos os cultos. É importante que elas participem de alguns cultos por inteiro. E neste dia pode-se fazer um empenho para que o culto esteja o mais próximo possível delas. Também é importante integrá-las no culto. Além de apresentar cânticos e dizer versinhos, elas podem realizar pequenas tarefas: podem recolher as ofertas ou levá-las ao altar, podem distribuir algum material quando for preciso. As crianças maiores podem ler pequenas mensagens, fazer encenações – em alguns lugares há grupos de coreografia.
  4. Em algumas congregações, há um berçário com parede de vidro, que permite a mãe ver e acompanhar o culto, enquanto tenta acalmar o neném irritado. As palavras de Jesus: “Deixem que as crianças venham a mim e não proíbam que elas façam isso” (Marcos 10:14) resume o compromisso que temos de acolher nossas crianças na casa de Deus.

David Karnopp é membro da Comissão de Culto da IELB e Pastor em Vacaria, RS


Fonte: Este artigo foi publicado originalmente em Mensageiro Luterano, Outubro de 2011 – Editora Concórdia, Porto Alegre

Os editores do Música Sacra e Adoração agradecem ao autor pela disponibilidade em ceder este material.


[*] – Nota dos Editores do Música Sacra e Adoração: A liturgia da IASD não aceita esta prática.

Autor: Pr. David Karnopp


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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