Os 12 Trabalhos Anti-Sabáticos de ‘Hércules’
Na mitologia grega, Zeus, o principal deus do vasto panteão de divindades do Olimpo, gerou um filho com uma habitante da Terra, o qual se chamava Hércules. Entre várias peripécias de sua agitada vida, Hércules recebeu uma incumbência desafiadora na forma de 12 tarefas dificílimas de cumprir, o que ficou conhecido no mundo da mitologia como “Os 12 Trabalhos de Hércules”. Mas ele se saiu muito bem, cumprindo devidamente suas desafiadoras tarefas.
Na luta por destruir o princípio bíblico do sábado do 4º mandamento da Lei Divina há quem levante sofismas e mais sofismas, mas se as tarefas de Hércules foram extremamente difíceis, a de refutar tais sofismas de pretensos “apologistas cristãos” é até bem fácil.
A despeito do contraste entre ambas as situações, um ponto de identidade é que assim como Hércules foi plenamente vitorioso em sua missão, também a vitória é certa para quem, firmado nas Escrituras, condena os sofismas anti-sabáticos do semi-antinomismo dispensacionalista.
Abaixo são refutados 12 sofismas de um “apologista cristão” que comparamos aos famosos 12 Trabalhos de Hércules. A diferença é que não tratamos de mitologia ou lendas, mas de uma importante verdade bíblica—de que o sábado é mandamento moral, válido e vigente para o povo de Deus em todos os tempos da história, não um mero preceito cerimonial abolido na cruz.
Vejamos nossa resposta ao 1º sofisma desse objetor das verdades que defendemos:
Pergunta: 1. Seria a guarda do sábado um preceito moral quando o próprio Deus declarou ser a sua guarda abominável aos seus olhos?
Base bíblica:
Isaias 1.13: “Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação e as luas novas, e os sábados, e a convocação das assembléias; não posso suportar iniqüidade, nem mesmo a reunião solene”.
O que temos aí é a evidente DESONESTIDADE desse “apologista cristão”, pois a passagem completa mostra que não só o sábado, mas também as ofertas e sacrifícios todos, as orações e jejuns dos filhos de Israel foram postos ao desprezo. Mas por quê? O verso 4 esclarece:
“Ai, nação pecadora, povo carregado de iniqüidade, descendência de malfeitores, filhos corruptores; deixaram ao Senhor, blasfemaram o Santo de Israel, voltaram para trás”.
Basta ver que o povo estava em pecado, suas orações não eram ouvidas (vs. 15), inclusive os seus jejuns eram rejeitados (cap. 58, vs. 3-7). Agora, por que esse indivíduo discrimina contra somente o sábado, quando TODAS essas práticas “desprezadas” por Deus (cerimônias, sacrifícios, sábados, luas novas, orações, jejuns) depois foram INTEIRAMENTE RESTAURADAS após o retorno do cativeiro da nação judaica? Basta ler o livro de Neemias inteiro, especialmente o capítulo 13, vs. 15 em diante.
No próprio livro de Isaías cap. 56, vs. 6 e 7 o sábado é, inclusive, RECOMENDADO aos “filhos dos estrangeiros”, e em 58: 13 e 14 é reiterado a todo o povo de Deus, mostrando a maneira correta de observá-lo.
E em Isaías 66:22, 23 o sábado é profetizado como PROSSEGUINDO no regime da Nova Terra! Eis como diz a abalizada tradução francesa de Louis Segond: “E a cada sábado toda carne virá prostrar-se perante Mim, diz o Eterno”.
DEPOIS do tempo de Isaías Deus confirma o sábado como “sinal” entre Ele e Seu povo (ver Eze. 20:12, 20). Então, como Deus escolhe como “sinal” entre Ele e Seu povo um princípio que havia sido DESPREZADO? Faz sentido isso?
Sem dizer que Jesus observava o sábado (Lucas 4:16) e declarou que “foi estabelecido por causa do homem” (Mar. 2:27). Iria Jesus tratar assim um mandamento lançado ao desprezo?
Então, somente nesse primeiro tópico percebe-se desonestidade e incompetência da parte do sofista referido. Desonestidade em isolar o sábado como único elemento desprezado por Deus “esquecendo-se” dos sacrifícios, ofertas, dias cerimoniais todos, orações e jejuns; incompetência em não entender a seqüência cronológica, de que Neemias mostra a RESTAURAÇÃO do sábado e todas as demais cerimônias, e, logicamente, as orações e jejuns do povo de Deus voltaram a ter o maior valor APÓS o seu cativeiro.
Consideremos a 2ª. das “tarefas de Hércules”, rebatendo a falsa interpretação anti-sábado:
2. Seria a guarda do sábado um preceito moral quando a sua guarda ficava subordinada à circuncisão? A lei de Moisés estabelecia que a circuncisão ocorresse no oitavo dia do nascimento da criança do sexo masculino (Lv 12.3). Se esse oitavo dia caísse num sábado, o sábado podia ser violado, para que a circuncisão fosse realizada. Como podia um preceito moral, segundo os sabatistas, ficar subordinado a um preceito cerimonial ou ritual?
Base bíblica:
João 7.22-23: “Pelo motivo de que Moisés vos deu a circuncisão (não que fosse de Moisés, mas dos pais), no sábado circuncidais um homem. Se o homem recebe a circuncisão no sábado, para que a lei de Moisés não seja quebrantada, indignais-vos contra mim, porque no sábado curei de todo um homem?”
Aí temos nova demonstração de INCOMPETÊNCIA como exegeta bíblico desse indivíduo que gosta de passar a imagem de grande “apologista” e defensor das verdades bíblicas, mas não sabe interpretar corretamente a Palavra de Deus.
Não existe nenhuma “subordinação” do sábado à circuncisão, nem o objetivo do que Cristo está tratando é reduzir a importância do sábado perante a liderança judaica. Ele está justificando os Seus atos de cura que tinham o mesmo valor de um ato sagrado realizado no sábado. É o caso do pastor que batiza no sábado. O batismo é uma cerimônia até trabalhosa, mas é um ato sagrado perfeitamente compatível com o espírito do sábado.
Era isso que Cristo estava acentuando – que curar no sábado tem tanta significação quanto realizar um rito sagrado e religioso nesse dia. O sofista em análise não consegue entender o motivo das discussões de Cristo, que é CORRIGIR o sentido do sábado, não diminuir ou insinuar sua perda de importância. Do contrário, Ele estaria entrando em choque com o que disse em Mateus 5:19:
“Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus”.
Ou seja, iria Cristo ensinar ou insinuar algo contra o mandamento do sábado sem incorrer na própria condenação que indicou? Se Cristo quis realmente diminuir a importância do sábado, não há saída—Ele teria que ser considerado “o menor no reino dos céus”!
Ou se Cristo guardou o sábado, mas quis apenas deixar uma “pista” contra o sábado (estranho, pois se disse que “o sábado foi feito por causa do homem”) Ele não conseguiu convencer Sua própria mãe e as santas mulheres que O serviam, pois após o preparo de ungüentos e especiarias na sexta-feira, elas “repousaram no sábado segundo o mandamento” (Lucas 23:56).
E Lucas escreveu isso 30 anos após o acontecimento, o que demonstra que o evangelista Lucas nessa ocasião não tinha dúvida de qual era o dia dedicado ao Senhor “segundo o mandamento”.
Agora, se esse indivíduo for um pouquinho só humilde, poderá aprender algo com gente do meio evangélico de muito, mas muito mais competência do que ele, que nem formação tem em Teologia:
Primeiro, vejamos autores da Assembléia de Deus, respondendo algumas perguntas pertinentes:
Contra o Quê Jesus Se Levantou Com Relação ao Sábado?
A Casa Publicadora das Assembléias de Deus (CPAD) publicou um livro, comentando, brevemente, toda a Bíblia. Nele nós encontramos o ensino seguinte:
“O zelo dos fariseus não era pela Lei de Deus, mas das suas próprias tradições. Tinham tornado o dia de descanso em um dia cheio de preceitos e exigências absurdas. Jesus deliberadamente pisou-as, e estabeleceu o princípio de que ‘é lícito fazer bem no sábado’(v.9)”.— S. E. McNair, A Bíblia Explicada, pág. 355.
Comentando sobre Mateus, capítulo 12, o Pr. Myer Pearlman escreveu isto:
“O capítulo 12 registra a oposição dos fariseus a Jesus. Seus motivos para opor-se a Ele eram os seguintes: Sua origem humilde; Sua associação com os pecadores; e a Sua oposição às tradições. O capítulo 12 descreve a oposição vinda pela última razão mencionada”. —Através da Bíblia, pág. 193.
Convidemos agora o escritor batista, Pr. Enéas Tognini para responder. Ele diz:
“Contra os acréscimos Jesus Se levantou e os combateu, ressuscitando do ‘sábado’ o mais importante, o mais sagrado, que era o amor que se devia a Deus e ao próximo”. —Jesus e os Dez Mandamentos, Pr. Enéas Tognini, batista, pág. 39.
Também de O Novo Dicionário da Bíblia, pág. 1422, nós lemos estas esclarecedoras palavras:
“Durante o período entre os dois Testamentos, entretanto, foi surgindo gradualmente uma alteração no que diz respeito à compreensão acerca do propósito do sábado. . . . Paulatinamente a tradição oral foi se desenvolvendo entre os judeus, e a atenção passou a focalizar-se na observância de minúcias. . . . Foi contra essa sobrecarga aos mandamentos de Deus, pelas tradições humanas, que nosso Senhor se insurgiu. Suas observações não eram dirigidas contra a instituição do sábado como tal, nem contra o ensinamento do Antigo Testamento. Mas Ele Se opunha aos fariseus, que deixavam a Palavra de Deus sem efeito por causa de suas pesadíssimas tradições orais”.
Que Tipo de Trabalho Jesus e Seu Pai Fazem no Sábado?
Outra vez, o Pr. Myer Pearlman! Ele escreveu um comentário do Evangelho de João. Vejamos o que disse sobre João 5:15-20 (que é o texto preferido de que muitos crentes usam para tentar “provar” que Jesus “trabalhou” no sábado):
“‘Mas Ele [Jesus] lhes disse: Meu Pai trabalha até agora, e Eu trabalho também’. Noutras palavras, Deus trabalha no sábado, sustentando o universo, comunicando vida, abençoando os homens, respondendo as orações”. —João—Ouro Para Te Enriquecer, pág. 59.
“No tempo de Cristo, os fariseus aplicavam a lei do descanso aos atos mais triviais da vida, proibindo muitas obras de necessidade e misericórdia. Acusaram a Jesus por fazer curas em dia de Sábado, ao mesmo tempo em que achavam lícito retirar o boi, o animal, ou a ovelha que tivesse caído dentro de um poço. Também julgavam necessário levar os animais a beber, como em qualquer outro dia da semana, Mat. 12:9-13; Luc. 13:10-17. E não eram somente as curas feitas em dia de Sábado que eles condenavam. Quando os discípulos de Jesus passavam pelas searas e colhiam espigas, e machucando-as nas mãos as comiam, porque tinham fome, os fariseus os censuraram, como se fosse essencialmente o mesmo trabalho de fazer colheitas e moer o trigo. A isto nosso Senhor deu uma notável resposta”.—Dicionário da Bíblia, pág. 520.
Num livreto, intitulado ABC Doutrinário do Candidato à Pública Profissão de Fé, de autoria do insigne hebraísta Guilherme Kerr, encontramos o seguinte:
“Jesus condenou a tradição que os judeus acrescentaram à Lei de Deus”. —pág. 19.
Daí, podemos afirmar, com toda convicção: Jesus não Se levantou contra os Mandamentos da Lei Divina, nem contra o sábado. O que Jesus fez foi não ajustar-Se às formas e aos acréscimos que os escribas e fariseus fizeram à Lei de Deus.
Existem cristãos, mesmo sinceros, que acreditam que Jesus não guardou os Dez Mandamentos, ou o sábado. Até onde vai o conhecimento deles? O que diz a Bíblia? O que dizem líderes batistas sobre esse assunto? Vamos ver!
Jesus Guardou o Mandamento do Sábado?
“O quarto mandamento proíbe as atividades materiais, seculares. Por outro lado, ordena na palavra ‘santificar’ um trabalho espiritual, um serviço dedicado ao Senhor. Jesus cumpriu à risca as duas partes da prescrição legal. Ele não violou o mandamento divino como foi acusado pelos Judeus; o que Ele fez foi não ajustar-Se às fórmulas estereotipadas dos acréscimos engendrados pelas tradições humanas em torno de um mandamento tão simples e tão claro. . . . Jesus, portanto estava certo, e mais do que certo quanto à guarda do sábado e não os seus gratuitos opositores. . . .
“Sobre o oceano de confusão agitado pela celeuma farisaica sobre o quarto mandamento, uma coisa paira mais alto e de modo inconfundível: é como Jesus guardou o sábado. Pelo menos três coisas vitais, importantes Jesus fez no sábado: 1) Nem Jesus, nem Seus discípulos fizeram no sábado qualquer trabalho secular; 2) foi regular, sistemática e costumeiramente à sinagoga, onde Se entregava às atividades divinas; 3) Gastou sempre as horas do sábado pregando o Evangelho, como se pode verificar de Lucas 4:16 e Marcos 1:21-39; a curar os enfermos, os coxos, os aleijados, os endemoninhados”. —Jesus e os Dez Mandamentos, Pr. Enéas Tognini, págs. 42 e 43.
Mas, prossigamos em nossa análise dos “12 Trabalhos” Anti-Sabáticos de ‘Hércules’:
3. Seria a guarda do sábado um preceito moral considerando que os sacerdotes no templo violavam o sábado para celebrar holocaustos e sacrifícios exigidos pela lei, ficando sem culpa?
Base bíblica:
Mateus 12.5: “Ou não tendes lido na lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado, e ficam sem culpa?”
Creio que para confrontar esse 3º. sofisma basta a transcrição de um trecho do meu artigo sobre “A Caótica Teologia Dispensacionalista”:
Cristo [pelo raciocínio dos semi-antinomistas dispensacionalistas] ainda atribui ao Pai a incoerência das incoerências, agora colocando o próprio Deus em situação também complicadíssima, sempre segundo essa visão semi-antinomista. Além de, como já vimos, Ele ter misturado preceitos morais com um cerimonial [na hipótese de ser o sábado cerimonial—ver Deu. 5:7-22], ainda cria uma lei que, na prática, não funciona um dia por semana.
Eis que “os sacerdotes violam o sábado e ficam sem culpa” (Mat. 12:5), o que, nessa incrível teologia, significa simplesmente que eles não cumpriam o preceito divino porque atuavam no Templo, sacrificando até em dobro aos sétimos dias. Ou seja, a lei religiosa criada para elevar espiritualmente o povo era violada cada sábado pelos próprios líderes espirituais que tinham o dever de dar o melhor exemplo àquela boa gente, mas o Legislador Se esqueceu do detalhe que aos sábados a lei não era respeitada justamente por aqueles que a deviam promover entre o povo! Um Legislador assaz incompetente. . .
Vejamos agora como esse sofista do anti-sabatismo se sai no seu 4º. sofisma:
4. Seria a guarda do sábado um preceito moral quando sua guarda era comparada à violação de um preceito ritual como o caso de Davi que comeu os pães da proposição reservados exclusivamente aos sacerdotes?
Base bíblica:
Mateus 12.4-5: “Não tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele os que com ele estavam? Como entrou na casa de Deus, e comeu os pães da proposição, que não lhe era lícito comer, nem aos que com ele estavam, mas só aos sacerdotes”.
Aí fica o sofista sob análise devendo a explicação de como Jesus pôde dizer o que disse em Mateus 5:19 e defender discípulos transgressores do sábado. Pois se Ele fosse conivente com o pecado, realmente estaria Se chocando com suas palavras nessa passagem que para o anti-sabatista sofista, sob análise, é um problema insolúvel.
Ele simplesmente não sabe como justificar o que Cristo ali diz, pois quer de toda forma transformar Jesus Cristo num de seus agentes do anti-sabatismo (tenta fazer o mesmo com o apóstolo Paulo).
Claro que os discípulos não violaram a lei, pois tinham todo o direito de colher espigas para matarem a fome, segundo Deuteronômio 23:25. Cristo está mostrando, não que eles podiam quebrantar o sábado (não era essa a intenção de Sua discussão), e sim revelando quão sem misericórdia eram eles, desprezando o atendimento a uma necessidade normal de alimentar-se por causa de um preceito que interpretavam de modo extremado.
Mas, vejamos o 5o. sofisma desses “trabalhos anti-sabáticos” de ‘Hércules’:
5. Seria a guarda do sábado um preceito moral quando os judeus, para quem o sábado foi dado, não retrucaram a Jesus quando estabeleceu o paralelo entre a acusação dos judeus de que os discípulos de Jesus estavam colhendo espigas e comendo-as o que, segundo eles, não era lícito fazer no sábado, com o exemplo de Davi que comeu os pães da proposição? Poderia um preceito moral ficar subordinado a um preceito cerimonial ou ritual (comer os pães da proposição)?
Base bíblica:
Mateus 12.1-3: “Naquele tempo passou Jesus pelas searas, em um Sábado; e os seus discípulos, tendo fome, começaram a colher espigas, e a comer. E os fariseus, vendo disseram-lhe: Eis que os teus discípulos fazem o que não é lícito fazer num sábado”?
O que explicamos acima quanto ao 4º sofisma é suficiente para desmontar mais esse sofisma típico de quem não consegue mesmo entender o simples texto bíblico, dedicado que é à inglória causa de negar o sábado bíblico. Somente diríamos que a sentença—“os judeus, para quem o sábado foi dado”—não tem fundamento nos fatos bíblicos, pois o sábado foi feito “por causa do homem” (Mar. 2:27), não do judeu. Que isso não se refere ao homem judaico fica claro em Mateus 19:5, 6 onde o mesmo termo ‘homem’, anthropós, usado por Cristo em Marcos 2:27, é empregado com relação a toda a raça humana. Isso se harmoniza com a clara informação bíblica de que o sábado foi estabelecido por ocasião da Criação, fato confirmado por grandes autoridades evangélicas e diferentes Confissões de Fé da cristandade protestante.
Mas, vejamos a 6a. alegação sofismática desse inimigo do mandamento divino:
6. Seria a guarda do sábado um preceito moral considerando que Jesus curou o paralítico postado à beira do tanque de Betesda e ordenou que ele carregasse a sua cama num dia de sábado?
Base bíblica:
João 5.8-11 “Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma o teu leito, e anda. Logo aquele homem ficou são; e tomou o seu leito, e andava. E aquele dia era sábado. Então os judeus disseram àquele que tinha sido curado: É sábado, não te é lícito levar o leito. Ele respondeu-lhes: Aquele que me curou, ele próprio disse: Toma o teu leito, e anda”.
Sempre tenhamos em mente o problema de Mateus 5:19 – se Cristo induziu um homem a violar o sábado, terá que ser considerado “o menor no reino dos céus”. Quanto a isso, não há saída!
O “leito” na verdade era uma mera esteira e não constituía nenhum grande fardo, e o fato de Cristo ordenar ao homem que a transportasse era para que não perdesse sua humilde possessão, até por misericórdia ao pobre homem, e para chamar a atenção dos fariseus à cura realizada a fim de transmitir-lhes a lição que desejava – condenar, não a observância do sábado por eles, mas a estreiteza deles em impedi-Lo de realizar curas no sábado. Ele declarou: “meu Pai trabalha até agora e Eu trabalho também” (João 5:18). Só que esse trabalho não era de caráter secular, e sim no sentido de preservar a vida e fazer o bem aos homens, pois “é lícito fazer o bem aos sábados” (Mat. 12:12). Lícito significa, em consonância com a lei.
Assim, vemos como Cristo Se defende dos Seus acusadores e Se justifica dizendo não fazer nada ILÍCITO nas Suas curas sabáticas, mas sim a prática do bem. O que Ele claramente está criticando não é a guarda do sábado por eles, mas sua estreiteza de visão, pois não tinham consideração para com a bênção obtida por um indivíduo curado num sábado, embora salvassem de pronto um animal caído num poço (por interesse pecuniário). Como no caso de Sua crítica relativa ao dizimarem (Mateus 23:23), o que Cristo condenava não era a prática do dízimo, e sim o perderem de vista o espírito da norma envolvida.
Aliás, muitos leitores da Bíblia não percebem que Cristo, antes que desestimular a guarda do sábado, a recomendou ao dizer à multidão e a Seus discípulos: “Fazei e guardai, pois, TUDO quanto eles [os líderes religiosos judaicos] vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem” (Mat. 23:3).
Uma das coisas que eles diziam era lembrar ao povo de sua obrigação quanto à fiel observância do sábado (ver Lucas 13:14). Assim, os ouvintes de Cristo deviam acatar as instruções dos seus líderes religiosos, mas não dentro da visão estreita e extremada deles. Aqueles dirigentes judaicos estavam certos em recomendar ao povo a guarda do sábado, mas errados em acrescentar ao mandamento regras e mais regras injustificáveis e sem base escriturística.
Assim, chegamos à sétima das hercúleas tarefas em defesa da verdade:
7. Seria a guarda do sábado um preceito moral quando Paulo compara a guarda do sábado como algo que implicava na perda salvação?
Base bíblica:
Gl 4.9-11: “Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós, que não haja trabalhado em vão para convosco”.
A ignorância desse contestador do sábado bíblico quanto à questão da contextualização histórica é óbvia. Sua falta de formação teológica pode ser claramente percebida. Ele nem percebe a contradição em que incorre, pois numa ocasião cita Rom. 14:5, 6 como “prova” de que qualquer dia serve para os cristãos, noutro ponto defende que o domingo foi adotado como dia de culto pelos cristãos, sendo até “profetizado” no Salmo 118.
Então, a dificuldade dele é evidente, pois se Paulo está condenando a observância do sábado, contraria com isso a observância de qualquer dia! O Apóstolo aí não abre mão – não era para respeitar DIA NENHUM! Então, como resolver a questão? Isso envolve tanto o “qualquer dia” (de Rom. 14:5 e 6) quanto o domingo, que no caso passa a ser condenado também!
Como esse sofista certamente não sabe resolver o problema, vamos explicá-lo: O que se passa em Gálatas é que o Apóstolo está tratando de questões relacionadas com práticas pagãs, o calendário dos pagãos que os gálatas eram proibidos de seguir – festivais e dias especiais a que não mais deviam prender-se para não voltarem aos “rudimentos fracos e pobres” do paganismo.
Em Romanos a situação é inteiramente diferente. Ele trata dos dias festivos dos judeus que eram ainda muito importantes na consideração dos filhos de Israel. Então, como serviam como “feriados nacionais”, as datas de Israel – tais como Pentecoste, Páscoa, Festa dos Tabernáculos, Purim, etc., ficavam OPCIONAIS. Os cristãos de origem judaica poderiam celebrá-las ou não, e ninguém devia condenar o semelhante por fazê-lo ou preferir não mais prender-se a tais tradições, que igualmente envolviam dias especiais de jejum.
Que Paulo não desfaz com isso o princípio do sábado é claro e evidente, pois do contrário não poderia alegar depois, quando sob condenação, em sua própria defesa: “Nenhum pecado cometi contra a lei dos judeus nem contra o templo, nem contra César” (Atos 25:8).
Ora, se ele tivesse feito campanha contra o sábado, logo surgiriam judeus condenando-o e contradizendo suas palavras, mostrando o fato de que ele seria um desrespeitador do mandamento do sábado. Como os judeus eram originalmente de origem judaica e “zelosos da lei” (Atos 21:20), sem dúvida haveria grande polêmica caso o mandamento tão importante da lei, o sábado, passasse a ser objeto de desprezo por parte de Paulo ou qualquer dos demais apóstolos.
Aliás o referido sofista ainda está nos devendo a explicação do porquê do item do sábado não ter sido alistado entre as coisas que NÃO deviam mais preocupar a comunidade cristã quando do estabelecimento das decisões do Concílio de Jerusalém em Atos 15 (ver vs. 20 e 29). Os que alegam que os judaizantes estariam agitando o problema do sábado e circuncisão não sabem justificar a ausência de qualquer norma contra o sábado no que se decidiu que NÃO devia preocupar os cristãos, segundo as instruções definidas em dito Concílio.
Vejamos então a oitava “tarefa” para nosso heróico e simbólico ‘Hércules’, de refutação de sofismas:
8. Seria a guarda do sábado um preceito moral, considerando que Paulo anunciou todo o conselho de Deus e não deixou nada do que fosse útil ensinar aos cristãos e nunca mandou guardar o sábado?
Base bíblica:
“Como nada, que útil seja, deixei de vos anunciar, e ensinar publicamente e pelas casas”. “Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus”. (At 20.20, 27)
Esse tipo de “argumento do silêncio” é uma forma fragilíssima de argumentar-se em favor ou contra uma tese. Ora, Paulo nunca também tratou do mandamento “não dirás o nome do Senhor em vão”, ou sequer repetiu a lei do dízimo, ou proibiu os cristãos de consultar os mortos ou manufaturar imagens de esculturas. Assim, o argumento de que Paulo não falou diretamente sobre o sábado vale tanto quanto um zero à esquerda para negar a validade do mandamento. Não prova coisíssima nenhuma.
Se Paulo não tratou do sábado havia um motivo para isso – não era necessário! Todos o aceitavam plenamente e não se fazia necessário tratar do que já era prática normal e corriqueira entre os crentes. Seria “chover no molhado”.
Enfim, prossigamos examinando mais um sofisma da série de 12:
9. Seria a guarda do sábado um preceito moral, quando Paulo afirma que não faz diferença se alguém guarda um dia e se outro guarda outro, pois tudo isso é coisa indiferente?
Base bíblica:
“Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente”. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz” (Rm 14.5-6).
Aí vemos mais contradições de um sofista que não sabe do que está falando. Pois acima vimos como em Gálatas 4:9 e 10 Paulo NÃO ABRE MÃO sobre guarda de dia nenhum. Agora ele libera, permitindo qualquer dia. Como é isso, afinal de contas? – É para guardar um determinado dia? Não é para guardar DIA NENHUM? Cada um escolha o dia que melhor lhe aprouver (ou a seu patrão) para dedicar ao Senhor? Que bagunça interpretativa é essa?
Como já explicamos a diferença entre o Gálatas 4:9, 10 e Romanos 14:5, 6, fica esse sofista confuso e contraditório devendo uma satisfação dessa clara e evidente discrepância no que ensina.
Só lembraríamos que não há qualquer registro histórico (e muito menos bíblico) de que os cristãos primitivos tivessem um critério de cada um escolher o dia que melhor lhe conviesse – João observando o sábado, Pedro o domingo, André a segunda-feira, Tiago a terça, Natanael a quarta, Paulo a quinta, Judas Tadeu a sexta. . . . Em que dia eles se reuniam para o culto, sendo que havia tantas opções de dias para a “convocação solene” do dia de repouso?
Afinal de contas, não se alega que foi escolhido um dia determinado, o domingo, pelos cristãos para homenagear a Ressurreição, sendo esse dia até ‘profetizado’ no Salmo 118? Iria Deus fazer o salmista profetizar sobre algo definido como “coisa indiferente”? Como se dá agora que qualquer dia serve? Estranho, muito estranho esse critério de adoração a Deus especialmente quando a Bíblia assinala que “Deus é Deus de ordem, não de confusão”. . .
Enfim, caminhemos na resolução das 12 tarefas anti-sabáticas de nosso hipotético apologista da verdade, Hércules:
10. Seria a guarda do sábado um preceito moral considerando que Paulo declarou que as coisas passageiras da lei, como a guarda do sábado semanal, deveriam ser abandonadas pelos cristãos?
Base bíblica:
“Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós cravando-a na cruz. Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados. Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo”.
Só que “o sábado foi feito por causa do homem”, e isso incluía o próprio Paulo. Ele não está de modo algum descartando o princípio de um dia de repouso, pois João em Apocalipse 1:10 mostra que ele dedicava um dia ao Senhor. E que não se tratava do domingo é evidente porque no seu evangelho (escrito apenas num período de uns 5 ou 6 anos de diferença, segundo especialistas) ele não trata o dia da Ressurreição de modo algum como um tempo especial.
Trata-o simplesmente como “primeiro dia da semana” (no grego mia twn sabbatwn—o primeiro com relação ao sábado), sinal que esse dia não merecia nenhuma consideração particular pelo apóstolo. Aliás, TODOS os evangelistas tratam tal dia na mesma base. Nenhum refere-se ao domingo de modo especial, pois não havia nenhuma celebração nesse dia da Ressurreição de Cristo, pois não é isso o que as Escrituras ensinam.
Em toda a epístola aos colossenses a palavra “lei” nunca aparece, pois Paulo não está tratando de abolição de lei alguma. Embora esta passagem seja a grande “fortaleza do anti-sabatismo”, os sofistas que dela se utilizam apenas destroem o princípio do dia de repouso, contrariando as palavras de Cristo em Marcos 2:27 (“o sábado foi feito por causa do homem”) sem nada de melhor colocarem no lugar. Autoridades evangélicas há muito interpretam os “sábados” de Col. 2:16 como sendo os dias cerimoniais, que também eram chamados de sábados, pois do contrário percebem o problema criado – destroem as próprias bases do domingo!
Mas mesmo que esses sábados refiram-se ao mandamento da lei moral, não há problema algum – Paulo não diz que NÃO É PARA OBSERVÁ-LO, apenas que os colossenses não se impressionassem com o tipo de julgamento que os heréticos locais estabelecessem quanto a suas práticas religiosas, como a guarda do sábado e o que comiam ou bebiam (ver Col. 2:18: “Ninguém se faça de árbitro contra vós outros”).
O contexto mostra que esses heréticos (sobre os quais não há muita informação, nem esse sofista anti-sabatista sabe nada a respeito para oferecer esclarecimento nenhum, apenas vale-se do texto fora do contexto porque lhe parece favorável, sem nenhuma preocupação exegética) eram de uma linha extremada.
Ademais, permanece em pé o texto de Hebreus 8:6-10 que não informa que tenha havido qualquer alteração na lei divina na passagem do Velho para o Novo Concerto. As “Minhas leis” [de Deus] que prevaleciam ao tempo de Jeremias (ver Jer. 31:31-33) são transferidas para os corações e mentes dos que aceitam os termos desse Novo Concerto. Os que negam isso e insinuam qualquer alteração nessa lei é que têm o ônus da prova, e não conseguem fazê-lo.
Aproximamo-nos do fim dos 12 Trabalhos do nosso simbólico herói grego. Eis o penúltimo:
11. Seria a guarda do sábado um preceito moral considerando que em razão da desobediência Deus, ele anuncia a fim de todos os sábados prescritos na lei, inclusive o sábado semanal?
Base bíblica:
Oséias 2.11: “E farei cessar todo o seu gozo, as suas festas, as suas luas novas, e os seus sábados, e todas as suas festividades”.
Um dos trabalhos do mitológico Hércules era eliminar o monstro Hidra, que tinha sete cabeças, e cada cabeça cortada fazia nascer duas no lugar. Assim, esse sofista busca compensar a destruição de argumentação já refutada levantando novas alegações semelhantes.
Temos aí uma demonstração da falta que faz a formação teológica para se interpretar textos bíblicos à luz de sua contextualização literária e histórica. É a mesma situação de Isaías 1:13, como discutimos no “sofisma 1”, pois com o cativeiro de Israel, os sábados foram cessados, mas tudo se restaurou após o retorno do cativeiro – como demonstrado por uma mera leitura de Neemias 13.
Aliás, numa viagem a Chicago há uns meses, fizemos questão de examinar diferentes autoridades em Teologia na biblioteca do Instituto Moody, daquela cidade, exatamente sobre o livro de Oséias, e constatamos que NENHUM de mais de 10 autores consultados confirma essa interpretação particular e sofismática.
Nem sequer um dentre os maiores eruditos, altamente reconhecidos pela comunidade evangélica, entende que tal passagem prediz o fim do mandamento do sábado, pois o contexto fala também do fim das colheitas. Acaso isso significa que as colheitas cessariam para Israel de modo definitivo? Nunca mais haveria plantações naquela nação? Impossível, pois se vimos que os próprios discípulos estavam colhendo espigas de trigo naquele campo, como já discutido.
Com isso, mais um sofisma anti-sabático (aliás, dos mais fracos) se desfaz. Chegamos, assim, à última das tarefas a que o nosso herói hipotético, Hércules, foi submetido:
12. Seria a guarda do sábado um preceito moral considerando que Deus poria em esquecimento a guarda desse dia – o sábado semanal – em decorrência da desobediência do povo de Israel? Um preceito moral poderia ser posto em esquecimento?
Base bíblica:
Lamentações 2.6: “E arrancou o seu tabernáculo com violência, como se fosse a de uma horta; destruiu o lugar da sua congregação; o SENHOR, em Sião, pôs em esquecimento a festa solene e o sábado”.
Esse não passa do mesmo tipo de sofisma sem fundamento como se deu no 1º, e no 10º casos acima analisados. Nosso sofista opositor trata de reciclar alguns de seus velhos argumentos por falta de ter algo melhor para apresentar, mas não revela a mínima condição de demonstrar suas teses anti-sabáticas. É um fracasso em termos de interpretação da Bíblia, pois não percebe a contextualização histórica dos textos que cita, quando lhe parecem convenientes à sua inglória causa.
Ele parece não conhecer nem a regra de tempos verbais no idioma português, pois o texto fala de uma ocorrência passada, envolvendo não só o sábado, mas “o rei e o sacerdote”, os palácios e fortalezas, sendo dito também que “já não vigora a lei, nem recebem visão alguma do Senhor os seus profetas” (vs. 9). Ora, tudo isso foi superado e restaurado para a terra de Judá, como vimos acima na análise de seus sofismas da mesma linha.
Percebe-se que a desonestidade de citações fora de contexto desse cavalheiro não se limita a trechos de autores adventistas, como visto. Ele pratica a mesma diabólica arte de corromper o sentido de palavras dos profetas bíblicos, que ousadia!
Agora, se “não vigora a lei”, isso obviamente refere-se a TODA A LEI, o que inclui não só o mandamento do sábado, mas todos os princípios morais, cerimoniais, civis, higiênicos daquele povo condenado pelo cativeiro. Por que essa discriminação tão flagrante contra somente o sábado?
Portanto, o que temos aí é um sério problema de desonestidade intelectual combinada com incompetência exegética de quem demonstra ser inteiramente desqualificado para apresentar-se perante a comunidade evangélica como “apologista” das verdades bíblicas.
Assim, amigos, chegamos ao fim dos “12 Trabalhos” anti-sabáticos de que nosso simbólico Hércules foi encarregado. Como percebem, ele se saiu perfeitamente bem no desempenho das tarefas.
Se no relato mitológico as tarefas pareceram extremamente difíceis para o mitológico herói grego, na refutação desses 12 sofismas anti-sabáticos as dificuldades foram imensamente menores, como todos puderam perceber.
É pena que os sofistas do anti-sabatismo não revelem disposição de arrepender-se, mesmo diante de um caminhão de evidências que lhes são apresentadas.
De qualquer modo, sabemos que o Espírito Santo haverá de iluminar os sinceros buscadores da verdade que com todas essas considerações não se deixarão iludir com os sofismas dos promotores da intriga e da mentira contra os que defendem os ensinos bíblicos. São os que se caracterizam como pertencentes ao grupo de servos remanescentes de Deus, os que “guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus” (Apo. 14:12).