Desordem Bipolar e Traumas da Infância

Será que há alguma relação entre traumas psicológicos do passado infantil e transtorno afetivo bipolar? Pode haver conexão entre uma coisa e a outra?

O que determina uma enfermidade mental num indivíduo tem que ver com três fatores gerais: (1)hereditariedade, (2)qualidade afetiva do meio-ambiente onde a pessoa passou seus primeiros anos de vida e (3)sensibilidade pessoal. Se houve a mesma doença (física ou mental) na família em parentes próximos (pais, tios, primos, avós), se os primeiros anos de vida foram vividos em ambiente familiar complicado, abusivo, traumático, e se a pessoa é muito sensível para questões afetivas (baixo limiar de frustração, insegurança, timidez, dependente, muito emotivo), então é muito provável que esta pessoa possa desenvolver alguma desordem emocional ao longo de sua vida, mesmo que não seja grave.

A desordem afetiva bipolar caracteriza-se por alterações do humor às vezes com comportamento eufórico (mania), com fuga de idéias, aceleração do pensamento, idéias grandiosas, agitação psicomotora, comportamento de risco (sexual ou outro), irritabilidade importante e outras vezes com episódios depressivos, com tristeza, desânimo, pensamentos negativos, sem esperança, falta de prazer em coisas que davam prazer antes, etc.. Há o bipolar Tipo 1, o mais grave e o Tipo 2 que é mais atenuado. Uma pessoa para ser diagnosticada como bipolar pode ter apenas um episódio eufórico ou depressivo na vida, seguido de outras crises opostas, assim como outras variantes.

Gabriele S Leverich e Robert M Post, do Biological Psychiatry Branch do NIMH (Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos), e do NIH (Instituto Nacional de Saúde) são os autores do artigo científico “Curso da Desordem Bipolar Após História de Trauma na Infância” publicado na respeitada revista médica The Lancet, vol. 367, 1 Abril 2006, pág. 1040-1042, no qual relatam que encontraram (citam estudo com 651 pacientes bipolares, e outro com 373) que pessoas com traumas psicológicos ao longo da infância tiveram um início e um curso da doença bipolar mais severos do que as pessoas sem história de traumas emocionais na infância e que também desenvolveram o mesmo transtorno. Há achados semelhantes em diferentes populações clínicas. As pessoas que tiveram importantes problemas durante a infância, comparadas com as que não os tiveram, apresentaram maior número de episódios maníacos (eufóricos) e depressivos, um padrão de mais rápida mudança de humor (ciclagem rápida), mais tentativas de suicídio e um aumento do número de outras desordens, clínicas e psiquiátricas, incluindo uma mais alta incidência de abuso de álcool ou outra droga.

De 631 pacientes bipolares estudados por Leverich e Post, 220 (33.8%) foram vítimas de abusos físicos e 431 (66.2%) não. Os que foram vítimas de abusos têm uma maior história pessoal e familiar de abuso de substâncias e um pior curso (como a doença é vivida pela pessoa) da doença do que aqueles sem trauma na infância.

Ellen G. White, educadora norte-americana, afirma que: “As lições que a criança aprende durante os primeiros sete anos de vida têm mais que ver com a formação do seu caráter que tudo que ela aprenda em anos posteriores.” (“Orientação da Criança”, 193, Casa Publicadora Brasileira).

O tipo de resposta emocional diante dos conflitos da infância que uma criança assume é algo muito pessoal dela. Filhos de um mesmo pai e mãe, criados num mesmo ambiente desenvolvem comportamentos diferentes ao longo da vida. Há algo particular em cada pessoa que a leva para esta ou aquela direção em termos de desenvolver ou não uma enfermidade mental. Isto a ciência ainda não consegue explicar bem.

Comportamentos equivocados de pais e mães para com os filhos explicam somente em parte o que ocorre com o filho. Erros dos pais na criação dos filhos favorecem o surgimento de desordens emocionais neles, mas não determinam isto. Os pais não causam a doença. Cada pessoa toma um rumo pessoal por escolhas pessoais e devido à sensibilidade pessoal diante do que ocorreu e ocorre em sua vida. Mais importante do que os pais fizeram com os filhos, é o que os filhos fazem com o que os pais fizeram.

Fonte: Portal Natural

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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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