Música no Evangelismo e na Igreja

Cristo confiou à Igreja duas grandes fases no trabalho de salvação:

 

1. O evangelismo, que Ele próprio comparou a uma pescaria, preocupando-se com o pecador até sua conversão e batismo;

2. A obra pastoral, que toma o recém-nascido converso e o encaminha na senda da santificação até que ele chegue à unidade da fé, à maturidade cristã.

 

Os objetivos e o material humano são os mesmos no evangelismo e na igreja, pois todos visam à salvação do mesmo homem, mas o tempo e a situação são totalmente diferentes; seria, portanto, tão ridículo pensar que a música no evangelismo devesse ser a mesma da usada na igreja, quanto querermos limpar e preparar um peixe com a rede ou o anzol que o pescou. A música assume funções diferentes, apesar de sempre dever corroborar com o sentido da pregação da verdade, tornando-a mais impressionável.

O mais lógico, portanto, seria que cada equipe evangelística tivesse seu líder musical, ou equipe musical, seu repertório próprio em estreita ligação com os temas apresentados, e seu hinário próprio que seria usado sempre em função dos assuntos como resposta e participação do público, condicionando-o a se integrar num grupo que tomou decisões individuais.

Há temas que os conferencistas usam, em geral no princípio da série, que não são propriamente religiosos ou doutrinários; não há necessidade de a música ser religiosa nestas ocasiões. Há muita música secular, erudita, de bom caráter para esse fim.

Apesar de a música no evangelismo ter a função atrativa e apelativa, se for religiosa, deve estar subordinada aos princípios da música religiosa, os mesmos que regem o caráter e a execução daquela praticada na igreja. Não necessitamos tanto de mais luz sobre o assunto como de praticarmos a revelada no Espírito de Profecia e seguir as prescrições do Manual da Igreja. Os princípios são gerais sobre a música sacra, quer ela seja utilizada numa série de conferências, quer na igreja.

Não basta crermos que o Espírito Santo inspire tudo o que fazemos em matéria de música. Outras religiões, acentuadamente as chamadas populares, crêem piamente que suas manifestações sobrenaturais e de cura sejam obra do Espírito Santo, e outras dispensam até o preparo para o ministério, confiando que o Espírito fará por eles o que poderiam fazer por si.

Há necessidade de uma constante comparação entre os princípios e o que praticamos, para ver se estamos dentro ou longe do que Deus espera.

Devemos considerar estes princípios sob quatro aspectos diferentes:

  1. Que músicas, ou que material usar?
  2. Que objetivos e efeitos alcançar?
  3. Como praticar à música?
  4. Quem, quais as pessoas que a devem ou não praticar?

Sobre estes aspectos queremos apresentar um resumo de itens claros que podemos considerar como princípios da música religiosa, e que oferecem oportunidade para meditação e conclusões. São tão objetivos que dispensam comentários, e tão claros que não deixam dúvidas; não esgotam o assunto, mas fornecem uma base suficientemente sólida.

I. Que Música Usar?

  1. A que o Espírito de Deus produzir no íntimo. (1T, 154).
  2. Louvor e ação de graças. (7T, 244).
  3. Os remidos encontrarão seu cântico na cruz de Cristo. (DTN, 13).
  4. “Deus deseja que toda a vida de Seu povo seja uma vida de louvor”. (PJ, 299).
  5. Canto correto e harmonioso. Música cantada e tocada em harmonia. (1T, 146; 4T, 71; 6T, 62).
  6. Música que tenha beleza, sentimento e poder. (4T, 71).
  7. “Valsas frívolas não eram ouvidas, nem canções petulantes que poderiam exaltar o homem e desviar a atenção de Deus, mas sagrados e solenes salmos”. (FCE, 97 e 98; RH, Vol. 77; nº 44, de 30-10-1900).
  8. “A música profana ou de natureza duvidosa e questionável nunca deve ser introduzida nos serviços da igreja”. (MI, 147).
  9. Cânticos em harmonia com o sermão. (MI, 147).

II. Que Objetivos e Efeitos Alcançar?

  1. Deus seja glorificado. Honra a Deus e ao Cordeiro. (1T, 146; 2T 266).
  2. Beneficiar a igreja. Exercer influência para o bem. (1T, 146; 4T, 71).
  3. Impressionar favoravelmente os descrentes e aumentar o interesse. (1T, 146; 6T, 62).
  4. Estimular para a santidade e a espiritualidade. (1T, 497).
  5. Educar a mente e preparar para o cântico dos Céus. (2T, 265).
  6. Preparar o povo para uma igreja melhor. (5T, 491).
  7. Salvar almas. (5T, 493; 9T, 38).
  8. Erguer os pensamentos ao que é puro, nobre e edificante, e refinar as maneiras e naturezas rudes e incultas. (4T, 73; PP, 637; Ed. 166).
  9. Despertar na alma devoção e gratidão a Deus. (PP, 637).
  10. Acender o amor, a fé, o ânimo, a esperança, o arrependimento e a alegria no coração do povo de Deus. (PP. 86 e 687; Ed. 38 e 162).
  11. Libertar da idolatria. (PP, 762).
  12. Arma contra a tentação e o desânimo. (Ed. 165; CBV, 218 e 219).
  13. “Coisa alguma tende a promover mais a saúde do corpo e da alma do que um espírito de gratidão e louvor”. (CBV, 216).
  14. Fixar na mente a Lei, as lições e verdades espirituais. (Ed. 38, 41, 42 e 166).

II. Como Praticar a Música?

  1. Com espírito e com entendimento, com expressão correta, sentindo o espírito do cântico, e pensando nas palavras. (1T, 106; 9T, 143 e 144; PP, 637; Ed. 166).
  2. Melodioso, com clareza, distinta elocução e não com linguagem ininteligível e dissonância. (5T, 493; 1T, 146).
  3. Audível e compreensivelmente, com entonação clara e pronúncia correta, boa dicção, hinos suaves e puros, sem aspereza e estridência. (9T, 143 e 144; Ed. 166).
  4. De maneira que não tome o lugar da oração. Ore mais do que cante. (1T, 513).
  5. Com disciplina, sistema, ordem e planejamento. (4T, 71; RH, Vol. 60, nº 30, de 24-7-1883).
  6. Reverentemente. (4T, 73).
  7. Acompanhado de instrumentos habilmente tocados. (9T, 143 e 144).
  8. Tão próximo quanto possível da harmonia dos coros celestiais. (PP, 637).
  9. Em plenitude e sinceridade de coração. (PJ, 299).
  10. A maneira ritmada de executar o canto não honra a Deus e não beneficia a verdade. (RH, Vol. 60, nº 30, de 24-7-1883).
  11. Deve ser bem ensaiado. (RH, Vol. 60, nº 30, de 24-7-1883).
  12. Exibicionismo de música instrumental é o que há de mais ofensivo à vista de Deus. (RH, Vol. 76, nº 46, de 14-11-1899).
  13. “Deus deseja que nosso louvor ascenda a Ele levando o cunho de nossa própria personalidade”. (CBV, 80).
  14. De tal maneira que os músicos celestiais possam se unir ao cântico. (9T, 143 e 144).

IV. Quem a Deve, ou Não, Praticar?

  1. Em geral, por todos; raramente por uns poucos ou por um só. (7T, 115 e 116; 9T, 144).
  2. Consagrados que façam melodia no coração. (RH, Vol. 76, nº 46, de 14-11-1899).
  3. Não por artistas mundanos, ou exibições teatrais para despertar interesse. (9T, 143).
  4. Os pequeninos, nem que seja uma única estrofe. (Ed., 185).
  5. “Aqueles que não possuem discernimento para a escolha de músicas apropriadas ao culto divino não devem ser escolhidos”. (MI, 147).
  6. No coro, membros da igreja, de comportamento sóbrio e digno. (MI, 148).
  7. “Pessoas de consagração duvidosa ou caráter questionável, ou os que estejam impropriamente vestidos, não devem ter permissão de participar das partes musicais em nossos serviços”. (MI, 148).

Notas:

 

Legenda das referências bibliográficas:

1T,2T…9T – 1º volume, 2º volume até o 9º volume do Testemonies for the Church.
DTN – O Desejado de Todas as Nações.
PJ – Parábolas de Jesus.
FCE – Fundamentals of Christian Education.
RH – Revista Review and Herald.
MI – Manual da Igreja [Adventista do Sétimo Dia] PP – Patriarcas e Profetas.
Ed. – Educação.
CBV – Ciência do Bom Viver.


Fonte: Revista Adventista. Novembro de 1971, pp.6-7.

Autor: Dario Pires de Araújo


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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