O Futuro Revelado

Método historicista de interpretação profética ajuda a identificar os eventos finais.

Os capítulos 12 a 14 do Apocalipse são preponderantes para a escatologia adventista do sétimo dia. O capítulo 12 esboça a história da igreja cristã desde o primeiro século até o tempo do fim, quando Satanás guerreia contra “os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus” (Ap 12:17). O capítulo 13 pinta em termos simbólicos o clímax dessa guerra. A primeira besta que surge do mar e a segunda besta que surge da terra seca operam juntas para impor sua marca de adoração a todo o mundo.

Fundamentados no método historicista de interpretação profética, os adventistas têm compreendido essas duas bestas como símbolos respectivos do papado e do protestantismo da América. De acordo com Apocalipse 13, em algum momento no futuro, o protestantismo apostatado apelará ao mundo para adorar a primeira besta, isto é, obedecer ao papado por meio da observância do domingo, o primeiro dia da semana, em lugar do sábado bíblico do sétimo dia. Essa legislação dominical resultará em decreto de morte para todos os que recusarem aceitar a marca da besta. Porém, a libertação desses fiéis está garantida (Ap 14).

Desde 1844, estamos vivendo no tempo do juízo investigativo pré-advento, também mencionado em Apocalipse 14:7. 1 Durante esse tempo, terão lugar os seguintes eventos:

No Céu. O juízo investigativo trata das pessoas cujos nomes são encontrados no livro da vida e que foram salvas por meio da obra de Cristo em nosso favor e em nós (1Jo 4:17; 5:12).

Na Terra. Justamente antes do fechamento da graça, durante o período que algumas vezes é mencionado como o início ou pequeno tempo de angústia, será formada uma imagem da besta e a lei dominical universal será promulgada, a qual culminará com um decreto de morte para aqueles que recusam o recebimento da marca da besta. Durante esse período, a igreja remanescente faz soar o alto clamor, no poder da chuva serôdia, e experimenta a sacudidura, o selamento e o verdadeiro reavivamento.

Nem a Bíblia nem Ellen White apresentam sequência cronológica para esses eventos. Muitos deles podem ocorrer paralelamente, mas ocorrerão antes que o decreto de Apocalipse 22:11 seja proclamado e tenha início o grande período de
angústia. Embora não nos seja informado nenhum tempo específico para tais eventos, é-nos dito que “os últimos acontecimentos serão rápidos”.3

Reavivamento e reforma

Um completo reavivamento e reforma prepara a igreja para os eventos finais e para o grande clamor, incluindo milagres de cura e conversões genuínas. Satanás envidará esforços para impedir esse reavivamento, produzindo uma contrafação: “Nas igrejas que puder colocar sob seu poder sedutor, fará parecer que a bênção especial de Deus foi derramada; manifestar-se-á o que será considerado como grande interesse religioso. Multidões exultarão de que Deus esteja operando maravilhosamente por elas, quando a obra é de outro espírito. Sob o disfarce religioso, Satanás procurará estender sua influência sobre o mundo cristão.”6

Assim, podemos compreender as palavras de Paulo no sentido de que “o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígio da mentira” (2Ts 2:9).

Direcionando-nos para Apocalipse 7, que também se refere ao tempo do fim, os ventos de provas são retidos até que o povo de Deus seja selado e preparado para o tempo de angústia. “Esse selo não é qualquer marca que possa ser vista, mas uma sedimentação na verdade, tanto no sentido intelectual como espiritual, que não pode ser removida.” 7

A chuva serôdia e o alto clamor

Assim como a igreja apostólica recebeu a chuva temporã no Pentecostes, o remanescente receberá a chuva serôdia, pela qual será habilitado a finalizar a tarefa de proclamar o evangelho eterno (Jl 2:23, 28, 29).

“Assim como a ‘chuva temporã’ foi dada, no derramamento do Espírito Santo no início do evangelho, para efetuar a germinação da preciosa semente, a ‘chuva serôdia’ será dada em seu final para o amadurecimento da seara.” 8

Essa promessa é para nós, hoje, e temos que estar preparados para recebê-la, por meio da busca pelo Senhor em humildade e, através do poder do Espírito Santo, purificando-nos de tudo o que é desagradável a Ele. 9

A mensagem da queda de Babilônia, dada pelo segundo anjo (Ap 14:8), é repetida na mensagem do anjo de apocalipse 18:1-4. “A obra desse anjo vem, no tempo devido, unir-se à última grande obra da mensagem do terceiro anjo, ao tomar esta o volume de um alto clamor.” 10

Tempo de angústia e marca da besta

Antes do fechamento da graça, haverá um tempo de angústia para o mundo e para a igreja (Lc 21:25). Ellen White se refere a esse tempo, com as seguintes palavras: “E ao início do tempo de angústia fomos cheios do Espírito Santo ao sairmos para proclamar o sábado mais amplamente.” Posteriormente, ela escreveu: “O ‘início do tempo de angústia’ ali mencionado não se refere ao tempo em que as pragas começarão a ser derramadas, mas a um breve período, pouco antes, enquanto Cristo está no santuário. Nesse tempo, enquanto a obra de salvação está se encerrando, tribulações virão sobre a Terra, e as nações ficarão iradas, embora contidas para não impedir a obra do terceiro anjo.” 11

Haverá também uma sacudidura entre o povo de Deus, causada “pelo testemunho direto” da “Testemunha verdadeira” de Laodiceia 12 e a introdução de falsas teorias. Muitos adventistas deixarão a igreja 13 porque não são plenamente convertidos e veem os assuntos religiosos “sob a mesma luz” com que o mundo os vê. 14

A imagem da besta será formada quando as igrejas protestantes da América do Norte se unirem com o Estado para usar a força a fim de impor decretos e apoiar as instituições da igreja. Então, “haverá uma apostasia nacional que resultará apenas em ruína nacional”15 Como ato culminante no grande drama do engano, o próprio Satanás personificará Cristo.” 16 Isso ilumina as palavras de Jesus quando mencionou que esses sinais enganariam, “se possível, os próprios eleitos” (Mt 24:24).

Desde que Constantino promulgou, em 321 a. D., a primeira lei dominical têm havido leis semelhantes em muitos países, bem como na América do Norte. Porém, muitas dessas leis foram limitadas em extensão e focalizaram principalmente, se não exclusivamente, atividades comerciais. Apocalipse 13 prediz que a futura legislação dominical será nacional, até mesmo internacional, e que tais decretos incluirão observâncias religiosas (Ap 13:3). Ellen White escreveu sobre isso: “Quando a América, um país de liberdade religiosa, mostrar unidade com o papado em forçar a consciência e compelir pessoas a honrar o falso sábado, pessoas de todo país do mundo serão levadas a seguir seu exemplo. 17 “Muitas estrelas que temos admirado por seu brilho então cairão em trevas.” Uma razão para essa apostasia será a “ameaça de prisão e morte”.18

Em visão, Ellen White ouviu Satanás dizer: “Quando se fizer da morte a penalidade da violação do nosso sábado, então muitos dos que agora estão nas fileiras dos observadores dos mandamentos, passarão para o nosso lado.” 19 Como não haverá mudança de lado até o fechamento da graça, o teste da ameaça de morte deve, portanto, ser antes desse evento. “Quando, porém, a observância do domingo for imposta por lei, e o mundo for esclarecido relativamente à obrigação do verdadeiro sábado, quem então transgredir o mandamento de Deus para obedecer a um preceito que não tem maior autoridade que a de Roma… [esses] aceitarão, de fato, o sinal de fidelidade para com Roma – ‘o sinal da besta’.” 21

O fechamento da graça marca o fim do ministério de Cristo no Céu. A obra de investigação e julgamento será terminada e a porta de misericórdia para o mundo será para sempre fechada. 22 Nesse tempo, Cristo anuncia o fechamento da graça com as palavras de Apocalipse 22:11, o povo de Deus já terá sido selado 23 e estará protegido das pragas derramadas durante o grande tempo de angústia, assim como o antigo Israel foi protegido das pragas que caíram sobre o Egito.

Embora a ordem precisa dos futuros eventos não tenha sido revelada, sabemos que o tempo da vinda do Senhor está perto: “Observem a figueira e todas as árvores. Quando elas brotam, vocês mesmos percebem e sabem que o verão está próximo. Assim também, quando virem estas coisas acontecendo, saibam que o Reino de Deus está próximo” (Lc 21:29-31, NVI).

Referências:

Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 425.
Donald Ernest Mansell, The Shape of the Coming Crisis: A Sequence of End-time Events Based on the Writings of Ellen G. White (Nampa, ID: Pacific Press, 1998).
Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 9, p. 11.
___________, O Grande Conflito, p. 464.
___________, Testemunhos Para a Igreja, v.9, p. 126.
___________, O Grande Conflito, p. 464.
The Seventh-Day Adventists Bible Commentary, v. 4, p. 1161.
Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 611.
___________, Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 50, 51.
10 __________, Primeiros Escritos, p. 277.
11 Ibid., p. 33, 85, 86.
12 Ibid., p. 270.
13 Ellen G. White, Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 112.
14 ___________, O Grande Conflito, p. 608.
15 The Seventh-day Adventist Bible Commentary, v. 7, p. 976.
16 Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 624.
17 ___________, Testemunhos Para a Igreja, v.6, p. 18.
18 Ibid., v. 5, p. 81.
19 Ellen G. White, Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 473.
20 Ver The Seventh-day Adventist Bible Commentary, v. 7, p. 976.
21 Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 449.
22 Ibid., p. 428.
23 Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v.5, p. 212.

Gerhard Pfandl – Diretor associado do Instituto de Pesquisa Bíblica, Silver Spring, Estados Unidos.Publicado na Revista Ministério Jan/Fev-2012.


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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