O número místico 666 – Introdução

Tanto quanto o nome e a marca, o número da besta representa um sistema ou instituição humana simbolizado pela besta e sua imagem (Apocalipse 13:15-18), e não necessariamente um único homem.

Interpretar a expressão “número de um homem” (verso 18) sem levar isso em consideração é ignorar o verdadeiro sentido do texto e de toda a mensagem profética relacionada a ele.

A frase “número do seu nome” (verso 17) indica claramente que o número místico “seiscentos e sessenta e seis” está intimamente relacionado ao nome do poder mediante o qual a marca da besta é imposta, isto é, “Babilônia, a grande” (Apocalipse 17:5), título que representa uma organização humana.

Observemos que este poder e sua marca – a marca da besta – já foram plenamente identificados em postagens anteriores, o que torna injustificável qualquer especulação descabida a respeito do seu número. Este apenas constitui uma evidência adicional que confirma aquela identificação.

Para bem compreender o significado do número seiscentos e sessenta e seis é preciso entender, antes de tudo, como a Bíblia trabalha com a raiz desse número no contexto do grande conflito entre a luz e as trevas.

A raiz bíblica do número 666

O livro do Apocalipse tem a singularidade de apropriar-se de expressões típicas do Antigo Testamento e conferir-lhes um significado escatológico: Cordeiro, Monte Sião, Santuário, Babilônia, etc. O mesmo se aplica aos números: 144.000, 1.600 e 666.

A raiz bíblica do número da besta é “6”. Não é por mera casualidade que “Babilônia” seja mencionada seis vezes no Apocalipse. Os judeus acreditavam que havia uma maldição relacionada ao número 6, mesmo quando aparecia sozinho. Multiplique-o por três, e “temos representado um poder maligno que não pode ser superado, um destino trágico que não pode ser pior”. (1)

Para o judeu, 6 era o número da intranquilidade, ou número de homem, que foi criado no sexto dia. Em contraste, 7 era o número da perfeição, e 8, o número da vitória. Se um número era repetido três vezes ele indicava eternidade da coisa simbolizada; por exemplo, o número 666 significa eterna inquietude, ausência de repouso; 777, eterna perfeição; 888, eterna vitória. (2)

No Antigo Testamento, o número 6 aparece em determinados contextos (seis ao todo!) que nos permitem identificar com clareza a natureza ou caráter do poder representado por esse número. Observe atentamente:

1. Isaías 14:13-14. No desafio de Lúcifer a Deus, o pronome pessoal “eu” e o possessivo “meu” são usados seis vezes:

Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo.

2. Gênesis 11:3-4. Na história da construção da torre de Babel, o pronome “nós”, expresso ou elíptico, ocorre exatamente seis vezes:

E disseram um aos outros: Vinde, façamos tijolos e queimemo-los bem. Os tijolos serviram-lhes de pedra, e o betume, de argamassa. Disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo topo chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra.

3. Daniel 3:1. A imagem de ouro que Nabucodonosor mandou erguer na planície de Dura, cujas medidas tinham como base o número 6:

O rei Nabucodonosor fez uma imagem de ouro que tinha sessenta côvados de altura e seis de largura; levantou-a no campo de Dura, na província da Babilônia.

4. Daniel 3:5. São mencionados seis instrumentos da orquestra de Nabucodonosor, ao som dos quais todos deveriam curvar-se perante a imagem do rei:

No momento em que ouvirdes o som da trombeta, do pífaro, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles e de toda sorte de música, vos prostrareis e adorareis a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor levantou.

5. Daniel 4:10, 11, 14, 20, 23, 26. A “arvore” que simbolizava o poder babilônico é mencionada seis vezes.

6. Daniel 5:4. Os seis tipos de deuses aos quais Belsazar louvava na ocasião em que recebeu o veredito divino:

Beberam o vinho e deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra.

O conjunto dessas seis ocorrências relacionadas ao número 6 no Antigo Testamento é altamente instrutivo, pois revela o caráter ou espírito por trás do número, podendo ser classificado como segue:

a) O desafio de Lúcifer a Deus: exaltação própria e rebelião.

b) A construção da torre de Babel: incredulidade e desobediência.

c) A imagem de Nabucodonosor, a função da orquestra real, e a devoção de Belsazar aos seus diferentes deuses: falsa adoração.

d) O poder babilônico simbolizado pela “árvore”: orgulho e autossuficiência.

São precisamente estas características que esperamos encontrar no poder representado pelo número 666. Nosso desafio será calcular esse número em conexão com o poder ao qual está intimamente relacionado. Para isso, vamos usar apenas a Bíblia e o testemunho da própria história à luz da palavra profética.

Notas e referências

1. William Milligan. The Expositor’s Bible, Vol. 6, p. 890. Citado em Roy A. Anderson, Revelações do Apocalipse. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1988, p. 152.

2. Roy A. Anderson. Revelações do Apocalipse, p. 152.

 

 


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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