“Então, alguns escribas e fariseus replicaram: Mestre, queremos ver de tua parte algum sinal. Ele, porém, respondeu: Uma geração má e adúltera pede um sinal; mas nenhum sinal lhe será dado, senão o do profeta Jonas. Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra“ (Mateus 12:38-40).
O que é exatamente o “sinal de Jonas”? Essa é a grande questão em relação a este texto familiar. Infelizmente, a maior parte da atenção é geralmente desviada para o problema menor das “três dias e três noites”. Como resultado, esta particular passagem em Mateus conseguiu causar intensa confusão, frustração e até mesmo divisão entre leigos e estudiosos.
Três Dias e Três Noites
Jesus disse que o Filho do Homem estaria “três dias e três noites no coração da terra”. Assumindo que “no coração da terra” signifique, no túmulo, se Jesus morreu sexta-feira e levantou-se domingo, então notamos que Jesus não esteve no túmulo por três noites, embora a Escritura claramente afirme “três noites”.
Eu encontrei pessoas que, por causa desta aparente discrepância, sentiram que a Bíblia não poderia ser confiável. Conheço outras que, a fim de acomodar as três noites mencionadas neste versículo, adotaram a teoria de que Jesus morreu na quarta ou quinta-feira. Outros argumentam que Jesus realmente não quiz dizer três noites literais.
Francamente, isso me deixa triste, ver cristãos gastarem tanta energia lutando para explicar algo que a Bíblia claramente explica! O problema não está nos “três dias e três noites”. O problema está na nossa incompreensão da expressão “no coração da terra”.
Hora Certa, Lugar Errado
Isso me faz lembrar de uma experiência similar que cristãos Mileritas passaram há mais de 150 anos atrás, quando anteciparam a vinda de Cristo em 1844. Sua crença era baseada na Escritura em Daniel 8:14 que diz: “Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; então o santuário será purificado”. Os Mileritas localizaram o ponto de partida desta profecia (que era 457 aC), em Daniel 9:25: “desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém…”. Ao adicionar 2.300 dias proféticos (um dia na profecia equivale a um ano de acordo com Ezequiel 4:6), eles calcularam que Jesus viria em 1844, porque “obviamente” a terra era para eles o santuário que seria purificado pelo fogo.
Quando Jesus não veio, os Mileritas tentaram encontrar o erro na contagem do tempo. Muitos continuaram reconfigurando as datas, quando na realidade o problema não era com o tempo, mas com o lugar. Em nenhum lugar da Bíblia é a Terra chamada de santuário. O problema não estava no cálculo do tempo, mas no sentido da palavra “santuário”. Jesus não estava vindo para limpar a terra com fogo em 1844. Ele, no entanto, começou um trabalho especial como nosso Sumo Sacerdote para purificar o santuário celestial dos pecados de Seu povo (Daniel 8:12-14, Hebreus 8:1-6, Levítico 16:1-17). Foi também nessa época que Cristo começou a limpar na Terra, o seu santuário, ou igreja, das falsas doutrinas que tomaram conta dela durante a Idade das Trevas.
No Coração da Terra
Sempre que questionamos o significado de uma passagem da Escritura, devemos compará-la com outras passagens relacionadas para permitir que a Bíblia interprete a si mesma. Uma vez que o termo “coração da terra” é encontrado apenas em Mateus capítulo 12 e em nenhum outro lugar nas Escrituras, precisamos olhar para versos semelhantes ou relacionados.
A frase “na terra” aparece 66 vezes na versão King James. Nenhuma dessas referências se referem à sepultura.
Na Oração do Senhor quando oramos “Seja feita vossa vontade assim na terra como no céu”, isso significa que nós estamos orando para que a vontade de Deus seja feita no sepulcro, ou túmulo, como é feita no céu? Não, claro que não! Mas significa que a vontade de Deus seja feita entre os povos da terra, entre as nações da terra, como é feita entre os anjos no céu.
No segundo mandamento, lemos: “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra” Êxodo 20:4. Podemos facilmente reconhecer que “embaixo na terra” não significa na sepultura, ou túmulo, mas sim no mundo.
Novamente Jesus disse: “Bem-aventurados os mansos porque eles herdarão a terra” Mateus 5:5. Isso significa que eles vão herdar o túmulo ou sepultura? Acho que você começa a entender meu raciocínio.
Em Mateus 12:40, a palavra “coração” vem da palavra grega “kardia”, que é de onde nós temos a palavra “cardíacos”.
De acordo com a Concordância exaustiva de Strong, a palavra “kardia” significa: coração, os pensamentos ou sentimentos [mente] e também o centro e lugar da vida espiritual .
A palavra grega para a Terra é “ge”. Que significa: solo, uma região ou a parte sólida ou a totalidade do globo terrestre (incluindo os ocupantes em cada aplicação), país, terreno, terra, mundo.
Assim, a frase “no coração da terra” pode ser facilmente traduzida por “no centro do mundo”, ou no aperto do perdido planeta que Jesus veio para salvar.
Em outras palavras, o Senhor estava dizendo a Seus discípulos em Mateus 12:40 que, como Jonas esteve no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estaria no coração da terra. Observe que Jonas não ficou parado no grande peixe, como acontece com uma pessoa morta em um túmulo. Em vez disso, ele se movia, vivendo cativo e indo onde o peixe o levava. Quando o peixe subia, ele subia, e quando o peixe descia, ele descia. Da mesma maneira, Jesus era um cativo do diabo. Ele estava completamente sob controle de uma multidão inspirada pelo demônio que o levava de um lugar para outro, amontoando abusos, insultos, e castigos físicos sobre nosso Redentor. Quando sofreu o castigo e punição por nossos pecados, Ele estava “no coração”, ou no meio deste mundo perdido.
A Hora da Verdade
A vida de Jesus foi marcada por vários momentos cruciais. Aos 12 anos em Jerusalém, ele tomou consciência da sua vocação de vida e da relação especial com o Pai. No Seu batismo, Jesus começou a Sua vida de ministério público e pregação.
Mas quando exatamente foram os pecados do mundo, colocados sobre o Cordeiro de Deus? Foi quando Ele morreu sobre a cruz, ou quando eles colocaram o seu corpo na sepultura? Não. Isso era parte do pagamento da pena pelo pecado, mas naquele momento seu sofrimento tinha terminado. Foi, talvez, quando pregavam os cravos em suas mãos? Isso foi certamente parte, mas o ponto de partida foi antes da crucificação.
Jesus começou a carregar nossa culpa, nossa vergonha e nossa pena depois de orar a oração de entrega, pela terceira vez no jardim do Getsêmani. Naquela noite de quinta-feira, Jesus orou em agonia, suando grandes gotas de sangue. Ele disse: “não seja feita a minha vontade, mas a tua” Lucas 22:42-44. A partir desse momento, Cristo estava cumprindo seu destino como o portador da culpa para a raça caída. A multidão veio e o levou. Jesus era um cativo do diabo. Sua comunhão com o céu fora cortada. O cordão que sempre o ligou a seu Pai foi cortado com a tesoura do pecado. Ele estava “nas profundezas do mundo.”
Há cinco versículos da Bíblia em que Jesus se refere a quinta-feira à noite como “a hora”.
“Então voltou para os discípulos e disse-lhes: Dormi agora e descansai. Eis que é chegada a hora, e o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores” Mateus 26:45.
“Ao voltar pela terceira vez, disse-lhes: Dormi agora e descansai. – Basta; é chegada a hora. Eis que o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores” (Marcos 14:41).
“E, chegada a hora, pôs-se Jesus à mesa, e com ele os apóstolos” Lucas 22:14.
“Eis que vem a hora, e já é chegada, em que vós sereis dispersos cada um para o seu lado, e me deixareis só; mas não estou só, porque o Pai está comigo” João 16:32.
“Depois de assim falar, Jesus, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o Filho te glorifique” João 17:1.
Segundo a lei hebraica, os pecados do povo eram colocados sobre o cordeiro pascal antes de ser morto. Durante a Última Ceia, com pão e suco de uva, Jesus selou sua nova aliança para ser o Cordeiro que tira o pecado do mundo.
Uma mudança marcante ocorreu na hora em que Cristo foi entregue nas mãos “dos pecadores”, ou poderíamos melhor dizer nas mãos do diabo. Algo diferente começou a acontecer. Você vê, até este ponto do ministério de Jesus, que toda vez que uma multidão tentou capturar ou apedrejá-lo ou expulsá-lo de um penhasco, ele passou incólume à direita através de seus dedos. Isso porque ele era inocente diante do Pai e estava sob a divina proteção angelical. Sua hora ainda não havia chegado. Ainda não era sua hora de sofrer pelos pecados do mundo. Mas, depois dessa hora de quinta-feira à noite, quando os pecados passados, presentes e futuros do mundo foram colocados em cima do Cordeiro de Deus, chegou então o tempo.
A partir do momento em que Ele começou a carregar a penalidade por nossos pecados, Jesus esteve no coração da terra. A multidão batia nele. Cuspiram nEle. Ele foi arrastado de um julgamento para outro. Do sumo sacerdote para Pilatos, em seguida, a Herodes e novamente a Pilatos. Ele estava nas garras deste mundo cruel, nas garras do diabo, que é o príncipe deste mundo.
Imagine como Jonas deve ter sofrido durante a sua provação como um cativo no meio do grande peixe. Três dias em que escuridão e viscosidades fétidas devem ter parecido uma eternidade. (Você já parou para pensar que, se Jonas sobreviveu nesse abismo digestivo do grande peixe, ele pode não ter sido a única criatura viva e se mexendo lá dentro?) No entanto, o sofrimento de nosso Senhor era infinitamente maior do que o do profeta desobediente. Quanto Jesus deve nos amar por ter suportado tanto sofrimento, a fim de nos poupar do destino miserável dos perdidos!
Assim quando olhamos novamente o nosso texto da Bíblia, entendemos que Jesus estava “no coração da terra”, em poder do inimigo, durante um período de três dias e três noites – na noite de quinta, na noite de sexta-feira e na noite de sábado. Jesus nunca disse que seriam três segmentos de 24 horas, mas sim um longo período de três dias e três noites.
O Sacrifício de Jonas
Existem muitas outras situações em que Jonas foi um tipo de Cristo. Você se lembra, é claro, que assim como Jesus, Jonas estava dormindo em um barco no meio de uma tempestade. Jonas instruíu os marinheiros para jogá-lo ao mar, se eles quisessem sobreviver e ter paz. Muitas vezes me perguntei por que Jonas não apenas pulou para fora do barco. Se ele tivesse pulado, os marinheiros não teriam de pessoalmente assumir a responsabilidade de oferecer-lhe. Como Jesus, Jonas também foi um sacrifício voluntário. A ira de Deus estava sobre todos os marinheiros condenados, e Jonas tomou a ira, através da oferta de si mesmo. Da mesma forma, devemos pessoalmente tomar a Jesus e oferecer o seu sangue como nosso sacrifício, a fim de passarmos da morte à vida e termos a paz que excede todo o entendimento.
Isaías 53:10 diz: “Todavia, foi da vontade do Senhor esmagá-lo, fazendo-o enfermar; quando ele se puser como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias, e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos”
Agora, observe as semelhanças entre a oração de Jonas de dentro do peixe e a oração profética do Messias na cruz.
Jonas 2:3 – “Pois me lançaste no profundo, no coração dos mares, e a corrente das águas me cercou; todas as tuas ondas e as tuas vagas passaram por cima de mim”.
Salmo 69:2 – “Atolei-me em profundo lamaçal, onde não se pode firmar o pé; entrei na profundeza das águas, onde a corrente me submerge”.
Jonas orou pela fé das entranhas do monstro marinho, e acreditava que o Senhor podia ouvi-lo, apesar da evidência de seus sentidos de que ele estava irremediavelmente separado de Deus. “Então, eu disse: lançado estou de diante dos teus olhos; tornarei, porventura, a ver o teu santo templo?” Jonas 2:4.
Da mesma forma, quando Jesus sentiu a terrível separação de seu pai durante a provação na cruz, Ele clamou: “Meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste?” Marcos 15:34. Então antes de expirar orou: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” Lucas 23:46. Este foi um grande ato de fé, Cristo estava levando a culpa e pecados de um mundo perdido e sentiu a separação eterna de seu pai.
O Sinal de Jonas Hoje
Muitos pensam que o “sinal de Jonas”, foram os três dias e três noites, mas observe que no evangelho de Lucas, quando referindo-se ao sinal de Jonas, Jesus nunca menciona o período de tempo. A ênfase de Cristo é, sim, na maneira como seu povo rejeitou o Seu ministério, pregação e profecia em comparação com os ninivitas, que receberam e se arrependeram com a pregação de Jonas.
Lucas 11:29-32 registra: “Como afluíssem as multidões, começou ele a dizer: Geração perversa é esta; ela pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o de Jonas; porquanto, assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, também o Filho do homem o será para esta geração. A rainha do sul se levantará no juízo com os homens desta geração, e os condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão; e eis, aqui quem é maior do que Salomão. Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração, e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas; e eis aqui quem é maior do que Jonas”.
Depois que Jonas saiu da água, ele levou três dias para chegar à cidade de Nínive. Ele então entrou na cidade fazendo a jornada dum dia, ou 12 horas, e pregou que, depois de 40 dias a cidade seria destruída (Jonas 3:3-4).
Esta mesma seqüência de tempo de três e meio seguido de 40 também é encontrada em outro lugar nas Escrituras. Por exemplo, Elias, ministrou por três anos e meio durante a fome e, em seguida, fugiu por 40 dias de Jezabel (1 Reis 19:1-8).
Da mesma forma, Jesus subiu das águas do batismo e pregou aos judeus durante três anos e meio, alertando que em uma geração (ou 40 anos), a cidade e o templo seriam destruídos (Mateus 12:41). Porque a nação de Israel não deu ouvidos e se arrependeu, foi destruída. Apenas uma pequena percentagem do povo judeu aceitou-o e estava pronto. Isso pode acontecer de novo com a igreja no momento da Sua segunda vinda?
Muitas são as maneiras em que Jonas foi um sinal, ou tipo de Cristo. O princípio do sinal de Jesus a Seu povo foi a sua ressurreição. “Que sinal de autoridade nos mostras, uma vez que fazes isto? Respondeu-lhes Jesus: Derribai este santuário, e em três dias o levantarei. Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este santuário, e tu o levantarás em três dias? Mas ele falava do santuário do seu corpo” João 2:18-21.
Da mesma forma, o “sinal de Jonas” para os ninivitas foi que Deus tinha o ressuscitado da morte certa. Sem dúvida, Jonas, como Jesus, sofreu cicatrizes de seu calvário. Quando Jonas desceu as ruas de Nínive pregando, sua pele poderia muito bem estar esbranquiçada e coberta com pedaços de algas secas. Houve pelo menos três exemplos nos tempos modernos, onde pessoas foram engolidas por algum tipo de peixe grande e foram mais tarde resgatadas com vida. Os relatos foram de que suas peles estavam “queimadas e pálidas”. Estou certo de que Jonas compartilhou com seu público os destaques de sua aventura e sua real ressurreição da morte certa.
Hoje, todo o cristão de verdadel tem, como Jonas, experimentado um tipo de ressurreição e vida nova (Romanos 6:4). Estamos cada um de nós sendo chamados para ir onde Deus nos enviar, sem consultar os nossos medos e para pregarmos uma mensagem de misericórdia e de advertência. No entanto, grande parte da igreja cristã está se afastando dos Jonas modernos. Ainda hoje, há aqueles que não acreditam a menos que vejam sinais e prodígios, curas e milagres.
O sinal que Jesus deu a Sua geração é válido até hoje. Durante três dias e noites Ele levou o castigo por meio do sofrimento até a morte. Depois levantou-se novamente das garras da sepultura. E o mais importante de tudo, Jesus nos deu Sua palavra eterna para nos guiar para o reino. Cristo disse: “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos” Lucas 16:31.
Pode haver alguns Jonas lendo este artigo agora. Deus chamou você para fazer evangelismo, mas você pode estar fugindo para Társis em um mar tempestuoso. Procure se informar na igreja sobre programas de treinamento para evangelismo. Envolva-se !
Artigo escrito pelo Pastor Doug Batchelor do Ministério Amazing Facts. Traduzido do original “Sign of Jonah” pelo blog http://www.setimodia.wordpress.com .