Os Adventistas e a Páscoa

Devemos participar das celebrações da Páscoa? Qual é a história da Páscoa e onde a celebração deste dia se originou?

O nome “Páscoa” nunca aparece no Novo Testamento grego. É derivado de “Eostre” deusa da primavera na mitologia anglo-saxônica. Por volta do século VIII este nome passou a ser aplicado ao aniversário da ressurreição de Cristo. Com o passar do tempo a ligação com a deusa foi perdida, restando apenas o significado de ser associado com a ressurreição de Cristo. Perguntar onde e quando as práticas se originaram é apenas parcialmente válido, pois a maioria de nossas práticas na vida cotidiana têm antecedentes no mundo antigo, muitas vezes de não crentes. Ao longo dos séculos, os significados mudam. Até a hora de 60 minutos veio dos pagãos da Babilônia, e tais cálculos de tempo, desempenham um papel em nossos cultos hoje.

A Páscoa comemora a ressurreição de Jesus. Inquestionavelmente a ressurreição foi de enorme importância para a igreja apostólica, uma figura proeminente nas mensagens evangelísticas dos apóstolos como registrado no livro de Atos. Nenhuma questão é feita sobre a data em que ocorreu, além da observação de forma factual que a ressurreição ocorreu no primeiro dia da semana. Não há nenhuma sugestão de que a ressurreição tornou um novo dia santo. Na Bíblia encontra-se registrado apenas um dia sagrado na semana, o sábado, formado como parte do processo de criação por Deus, e nunca suspenso. Por esse motivo nós observamos apenas o sábado como tempo sagrado ou santo.

É de notar que a igreja apostólica nunca deu atenção nem a data do nascimento de Cristo ou a data da sua ressurreição, para além de notar que a última ocorreu em um domingo. Nenhum destes dias foi observado pelos primeiros cristãos, e se o nosso modelo é o da igreja apostólica seremos guiados pelos relatos do Novo Testamento. Com efeito, no terceiro e quarto séculos um imenso debate surgiu entre as igrejas cristãs sobre como e quando a Páscoa, seria observada. Para o ramo católico romano isto foi amplamente resolvido no Concílio de Nicéia (325 dC). Na prática corrente a Páscoa sempre cai em um domingo e do domingo escolhido vagueia um período de quatro semanas, variando de 22 março – 25 abril.

O ramo oriental da cristandade adotou um sistema diferente, de modo que na tradição Ortodoxa Oriental tanto o Natal como a Páscoa caem em datas diferentes das dos católicos do Ocidente e da tradição protestante. O ponto é que os primeiros cristãos não davam atenção a comemoração do dia da ressurreição de Cristo. Se tivessem, estariam observando o dia 17 do mês judaico, Nisan, que começa com a primeira lua nova após o solstício de primavera. A Páscoa entre os judeus começa com o dia 14 de Nisan. Não seria possível,  comemorar o dia do mês atual e tê-lo sempre no domingo, assim  a escolha foi feita para tê-lo no domingo, adaptando o dia do mês para maior comodidade.

Perante esta informação, embora a ressurreição de Jesus seja um acontecimento histórico de enorme importância, não temos precedentes bíblicos para torná-lo um dia especial de celebração. Isso aconteceu em séculos posteriores da história cristã. Por esta razão, os adventistas do sétimo dia nunca deram a atenção para a Páscoa que as outras igrejas fazem.O nosso interesse é nos voltar para às práticas e fé da igreja cristã primitiva.

No entanto, vivemos em uma sociedade saturada de celebrações da Páscoa. Em grande medida, ela é dirigida, como acontece com o Natal, por uma oportunidade de vender produtos para as pessoas se presentearem no dia. Nos EUA, roupas em particular, estão associados com a Páscoa, como os brinquedos com o Natal. No Brasil o costume são os ovos de páscoa.

Em um esforço para transmitir a idéia de que os adventistas são crentes na ressurreição, alguns de nós introduziram observâncias da Páscoa. Estes tinham medo de virmos a ser mal interpretados, e para eles era importante que fôssemos vistos como ortodoxos e aceitáveis para a sociedade que nos rodeia e se conformaram com os costumes em torno de nós. Na verdade, essa prática traz outro equívoco – a idéia de que damos um significado especial para o domingo, porque foi o dia da ressurreição. Algumas de nossas igrejas introduziram serviços na manhã do domingo de Páscoa, o que para muitos adventistas cria problemas. Reconhecemos que não estamos tratando o domingo como tempo santo, mas o público muitas vezes não capta a sutil diferença.

É importante que nós incentivemos os líderes de nossas congregações a considerarem todos os fatores envolvidos, quando eles decidem o que fazer com a Páscoa. Várias coisas estão envolvidas e precisam ser considerados antes de tomar decisões. Muitas vezes, as escolhas sobre questões como essa são feitas com prudência mínima. Sempre  é necessário permitir que as Escrituras sejam nosso guia e pensarmos cuidadosamente sobre em que direção nossas ações conduzirá a igreja.

Embora não exista nenhuma clara razão bíblica para observarmos a Páscoa como uma festa religiosa, em muitas partes do mundo, o público é tão orientado para a observância da Páscoa que é uma época do ano na qual eles se abrem para estudos especiais da Bíblia. Uma oportunidade se abre para chegar ao público com a mensagem completa de Cristo, muitas vezes com boa resposta. Sob tais circunstâncias, a Páscoa e seus eventos ao redor pode emprestar-se a trabalho evangelístico sem, contudo, atribuir um significado religioso especial para o próprio dia. Sempre que há oportunidade para o avanço da mensagem de Cristo sem comprometer a verdade bíblica, o conselho de Cristo “prudentes como as serpentes e inofensivos como as pombas”  é apropriado.

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George W. Reid é aposentado e ex-diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica da Conferência Geral em Silver Spring, Maryland.

Fonte: Adventist Review (Artigo traduzido pelo blog http://www.setimodia.wordpress.com)

 

Autor: George W. Reid


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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