Se na nova terra “a morte já não existirá” (Ap 21:4), como é possível que nela “morrer aos cem anos é morrer ainda jovem” (Is 65:20)?

Para entendermos a tensão entre Isaías 65:20 e Apocalipse 21:4, devemos fazer uma clara distinção entre o propósito original de Deus para com a nação de Israel e o plano dEle hoje para com a Igreja. Deus
escolhera, por Sua graça, o povo de Israel e o conduzira à terra de Canaã (Dt 7:7 e 8), onde estabeleceu com a missão específica de atrair “todos os povos” à adoração do verdadeiro Deus (ver Is 56:1-8).

Houvessem os israelitas vivido à altura do seu chamado e cumprido a sua missão no mundo, a Terra teria se enchido “do conhecimento da glória de Deus” (Hc 2:14). A fidelidade à Aliança e a obediência aos preceitos divinos resultariam em bênçãos que melhorariam gradativamente as condições de vida na Terra, afastando “toda enfermidade” do povo eleito e aumentando, conseqüentemente, a sua longevidade (ver Dt 7:12-15, 11:8-25, 28:1-14). É dentro desse processo gradativo que deve ser entendida a declaração de que “morrer aos cem anos é morrer ainda jovem” (Is 65:20). Essa melhora da qualidade de vida continuaria até que a morte deixasse finalmente de existir. A nova terra era esperada no Antigo Testamento a partir dessa perspectiva.

Como Israel não satisfaz as expectativas da Aliança, as promessas condicionais de prosperidade não alcançaram o seu esperado cumprimento (ver Dt 28:15-68). Em decorrência de sua crescente apostasia, o Reino do norte foi conquistado pelos assírios (2Rs 17) e o Reino do sul pelos babilônios (2Rs 24 e 25). As promessas da Aliança também não se cumpriram cabalmente com os judeus no período pós-exílio. Foi especialmente pela rejeição do Messias que Israel deixou finalmente de ser a nação escolhida de Deus (ver Mt 21:43; 23-37-39).

Se o propósito divino no Antigo Testamento era que as condições de vida no mundo melhorassem progressivamente (Is 65:17-25), no Novo Testamento esse quadro se inverte, pois a situação do mundo há
de piorar cada vez mais, até a sua final destruição (ver Mt 24:4-12, 2Tm 3:1-9, 2Pe 3:7-13). Portanto, sob a nova Aliança, a promessa de um “novo céu” e de uma “nova terra” não mais se cumprirá por um processo de melhoria gradativa das condições de vida sobre a Terra, e sim pela intervenção sobrenatural de Deus no momento mais conturbado da História, quando finalmente as doenças e a morte deixarão de existir (ver 1Co 15:51-55, Ap 21:1-5).

Fonte: Sinais dos Tempos, novembro/dezembro de 1999, p. 29

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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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