047. A Bíblia Condena o Carnaval?

Consultoria Bíblica 

 

 

O carnaval é um curioso fenômeno sócio-cultural, de extensão universal, que deriva da mais remota antigüidade e que a cada ano se repete com renovado entusiasmo.

A origem do nome é incerta. Para alguns, vem do italiano carne vale, ou seja, só a carne tem importância, frase “destinada a indicar a excessiva sensualidade permitida nos dias carnavalescos, antes dos dias da penitência” da Semana Santa.

O que não admite dúvidas é a origem greco-latina do carnaval. Surgiu das práticas religiosas em honra ao deus Dionísio, ou Baco (deus do vinho) para os romanos, e também em honra ao deus Saturno (as saturnais). 

Nessas festas celebravam o Ano Novo – para que fosse um bom ano – ou a entrada da primavera, como símbolo do renascimento da Natureza. 

Nessa época eram feitas procissões acompanhadas de barcos com rodas – antecedentes dos carros alegóricos – sobre os quais alguns mascarados executavam “danças promíscuas e canções satíricas e obscenas”. 

 

Daí vem a outra etimologia: currus navalis, ou carro naval. Tais festividades pagãs (bacanais, saturnais e lupercais) se estenderam consideravelmente durante o império romano e se caracterizaram pelos excessos, em completo descalabro moral e sarcasmo. 

 

Apesar disso, foram consagradas entre os festejos religiosos católicos pelo Papa Gregório Magno, no século sexto.

Além desses elementos orásticos, místicos e burlescos, o carnaval contém um apelativo componente necrológico. As máscaras são derivadas do culto aos mortos. 

Nas saturnais romanas era eleita uma pessoa como rainha da festa, e sobre ela eram colocadas vestes reais e ganhavam poderes governamentais fictícios por um mês. Quando terminava a festa, as pessoas deviam acertar sua vida diante do altar do deus Saturno. 

Em alguns países, os carnavais terminam com o enterro de um boneco de trapos que fora imolado personificando a festa, ou como a simulação da morte de um rei ou de uma divindade. 

Esse espírito fúnebre e de caráter fortemente hostil parece reviver cada ano ao serem somadas as sombrias cifras de acidentes, embriaguez e atos violentos contabilizados pela polícia.

Desde a adaptação cristã das saturnais romanas realizadas pelo Papa Gregório Magno as festas da carne estão ligadas à quaresma. A Igreja Católica celebrava essa missa antes da Quaresma, onde se proibia carne. Daí o consumo exagerado de carne em banquetes pomposos. 

Seu uso imoderado foi substituído mais tarde pela sensualidade e erotismo. Portanto, outro sentido aplicado à palavra “carne”. É interessante assinalar que quando os colonizadores introduziram o carnaval no Brasil, há mais de 300 anos, ele era chamado de “entrudo” (introdução). 

Pode-se perceber como o carnaval tem como um de seus objetivos principais preparar defensivamente, através de uma mania coletiva, o período depressivo da quaresma. 

É como se fosse mais difícil suportar quarenta dias de comemoração da Paixão de Cristo, sem que haja uma louca festa inaugural.

Joãozinho Trinta, um carnavalesco campeão que já levou o luxo e o lixo para a avenida, diz que: “o carnaval era uma brincadeira, virou coisa séria, e o que era coisa séria, virou brincadeira”.

A máscara, a fantasia e a ilusão não vão resolver os problemas individuais ou coletivos. Não farão (como querem) esquecer tudo. Entre “lucros” e prejuízos, carnaval, no Brasil, é mais do que uma ressaca, é uma grande mentira. 

Se o turismo, por exemplo, precisa do carnaval, que alto preço se paga, outros investimentos são adiados e se perdem.

As imagens transmitidas ao vivo pela TV mostram uma programação pornô, fantasiada de festa. Os defensores da folia dirão que isso é falso moralismo e que se a câmera (mais do que indiscreta) choca, é só levantar da poltrona e desligar o aparelho. Vão dizer ainda que cenas como a do arrastão ou da miséria é que são imperdoáveis.

Quem quiser defender vai encontrar argumento. Há quem prefira mentir e enganar a si mesmo, ser levado pela onda dos liberais. E o carnaval é um “ótimo” pretexto para a libertinagem. Os indiferentes, alienados, não ficam de fora. 

O animalesco é mais freqüente nos bailes fechados, em quatro paredes. Perto desses bailes, a brincadeira de rua passou a ser a coisa mais inocente do mundo.

Inocente? Poderíamos falar de estatísticas, então. Violência, abuso, morte e medo. Os apelos dos meios de comunicação não bastam. Falta a responsabilidade que não é própria dos foliões. Muitos querem o extremo, o absurdo. 

E, nos últimos anos, a farra ganhou uma nova ameaça, mascarada no vale-tudo do carnaval – a AIDS, que faz a vez do anjo exterminador.

Na última sexta-feira, no Espaço do Ouvinte, mencionamos que a grande maioria dos que pelam o carnaval está mesmo é em busca de alegria e prazer. Até ai, tudo bem. Não há nenhum mal na busca do prazer. 

Pelo contrário, prazer é bom até demais. O problema está em três aspectos: primeiro, o endeusamento e o culto do prazer. No momento em que o prazer se torna uma finalidade suprema, os valores são invertidos, e coisas mais importantes são sacrificadas em nome do prazer. 

Saúde, segurança, pessoas e dinheiro são muitas vezes desperdiçados no culto do prazer. O segundo problema é o risco ao qual você se expõe na busca desse prazer. Enfiar-se no meio de bêbados e drogados de atitudes e reações imprevisíveis é um risco que muita gente corre sem perceber. 

Em terceiro lugar, está o excesso de prazer, que tende a anestesiar os sentidos e tornar a pessoa menos disposta para enfrentar as coisas sérias da vida. 

A renomada escritora Ellen G. White diz que o divertimento em excesso “absorve as energias que são necessárias para o trabalho útil, e desta maneira revela-se um estorvo ao verdadeiro êxito da vida.”

Deus não desaprova o prazer como um mal em si mesmo. Reprova, isto sim, o prazer que, por ser inadequado ou inoportunamente gozado, gere a infelicidade. Indicar quais prazeres são lícitos ou não, e no caso dos lícitos, indicar como, quando e onde usufruí-los, é função das leis de Deus. 

Respeitá-las não abre caminho para todos os prazeres, mas nos livra de muitos males. Como diz o salmista: “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores nem se assenta na roda dos escarnecedores. 

Antes o seu prazer está na lei do Senhor, e na Sua lei medita de dia e de noite. Ele é como a árvore plantada junto a correntes de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido” Salmo 1:1-3. 

 

“Não fosse a Tua Lei ter sido o meu prazer, há muito já teria eu perecido na minha angústia” Salmo 119:92.

 

Nem todos os prazeres são facultados aos que pretendem ser genuínos cristãos. Sua vida é, em certo sentido, uma vida de renúncias. “Entretanto, a que renunciamos nós ainda que renunciemos a tudo?” 

– A um coração poluído pelo pecado, para que Jesus o purifique, lavando-o em Seu próprio sangue, e o salve por seu inefável amor. E ainda os homens acham difícil renunciar a tudo! 

Envergonho-me de ouvir, acanho-me de escrever (falar)! Deus não exige que renunciemos a coisa alguma cuja conservação nos seja de proveito. Em tudo o que faz, tem em vista o bem-estar de seus filhos… Nenhum gozo legítimo pode ser encontrado no caminho proibido por Aquele que sabe o que é melhor e vela pelo bem de Suas criaturas. 

A vereda do pecado é de miséria e destruição. (Ellen G. White, Caminho Para Cristo, pág, 40).

Sensatas são as palavras da Bíblia: “Alegra-te, jovem, na tua juventude, e recreie-se o teu coração nos dias de tua mocidade; ainda pelos caminhos que satisfazem o teu coração e agradam aos teus olhos, porém, que de todas estas coisas Deus te pedirá conta” Eclesiastes 11:9.

Contemplando os últimos dias da história desse mundo, os profetas bíblicos, por revelação de Deus, descreveram as condições prevalecentes: “Sabe, porém isto: Nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis; pois os homens serão … mais amigos dos prazeres que amigos de Deus” II Tim. 3:1-4. 

A respeito dos filhos de Deus, porém, se diz: “Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus é a fé em Jesus” Apoc. 14:12.

Como sempre, nas ruas e nos salões, as pessoas estarão cantando: “Em fevereiro tem carnaval. 

Quanto riso, ó quanta alegria”. “Para tudo acabar na quarta-feira”. Enquanto isso, há um outro cântigo para ser entoado, como gratidão a Deus: “O Seu favor dura a vida inteira” Salmo 30:5.

Qual deles você irá cantar? A escolha é sua. Pense bem e escolha o melhor. Escolha a alegria e gozo que duram para sempre. Escolha Jesus.

 

– Veja aqui o Índice Completo das Perguntas

 

Fonte: Mais Relevante


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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