077. Uma pessoa maravilhosa chamada Espirito Santo

A personalidade do Espírito Santo é claramente inferida do testemunho bíblico

Dos membros da Santíssima Trindade, o terceiro é Aquele de quem há menos informações objetivas, precisas, que definam o Seu próprio Ser. O filho Se tornou um de nós. Sua manifestação foi visível, material, em nosso nível. O Pai foi por Ele revelado.

Mas o Espírito permanece um tanto imperceptível, à parte, despretensioso, operando sem auto-projeção, não se impondo, não falando “de Si mesmo” (João 16:13). E no próprio ato de desprendimento, Ele cumpre a divina obra que O faz conhecido. É parte de Sua glória exaltar e glorificar o Filho, e através do Filho, o Pai, fazendo com que a revelação de ambos se efetive na consciência humana. Que exemplo de abnegação!

No quarto Evangelho, o Espírito executa sete atividades, todas em exaltação a Jesus:

(1) Ensinar, e

(2) Fazer lembrar tudo o que Jesus disse – João 14:26.

(3) Dar testemunho de Jesus – João 15:26.

(4) Convencer do pecado (porque o mundo não crê em Jesus); da justiça (porque Ele foi ao Pai); e do juízo (porque Satanás foi julgado e derrotado) – João 16:8.

(5) Guiar a toda a verdade, e Jesus é a verdade (14:6) – João 16:13.

(6) Declarar, ou anunciar, o que Jesus, da parte do Pai, Lhe entrega – João 16:13, 14 e 15.

(7) Glorificar a Jesus – João 16:14.

O Apocalipse refere-se a Ele como os sete Espíritos de Deus (Apocalipse 1:4 e 5; 4:5). Sete é o número da plenitude. O Espírito alcança a plenitude nesta atividade cristocêntrica sétupla.

Isso é tão fundamental para o plano da redenção, que, sem a atuação do Espírito, seria como se Jesus nunca tivesse encarnado e Deus nunca tivesse Se manifestado. Ele habilita o homem a entender a salvação e responder positivamente a ela, sem Ele, a Igreja não poderia cumprir Sua missão, e estaríamos fadados a permanecer neste mundo indefinidamente.

Objeto de especulação – Talvez o fato de existir pouca informação sobre o Espírito Santo faz com que uma conceituação sobre Ele se torne mais susceptível de especulação. Nos dias de Ellen G. White, havia aqueles que afirmavam que o Espírito era uma “luz derramada” e “uma chuva caída”. Ela condenou esse tipo de comparação por rebaixar a Deus (Evangelismo, pág. 614).

Mais afrontoso ainda é tomá-Lo por uma criatura. Há os que acreditam que Ele e Gabriel se equivalem. A inspiração nega isso fazendo clara distinção entre ambos no registro das palavras deste anjo a Maria: “Descerá sobre ti o Espírito Santo…” (Lucas 1:35). Gabriel não poderia estar falando de si mesmo. E Ellen G. White assegura que o seguidor de Jesus pode sentir-se confiante e seguro no conflito “contra as hostes espirituais da maldade”, porque “mais que anjos estão nas fileiras. O Espírito Santo, o representante do Capitão do exército do Senhor, desce para dirigir a batalha”. – O Desejado de Todas as Nações, pág.352. Rebaixar o Espírito Santo à categoria de anjo é, na realidade, minimizar o poder de Deus, algo muito a gosto de Satanás.

Outra forma especulativa no tratamento de tão sublime tema é despojar o Espírito de Sua personalidade. As chamadas Testemunhas de Jeová afirmam que Ele é apenas uma influência ou energia – o poder de Deus. Esta idéia é tão antiga quanto o século III, quando Paulo de Samosata a difundiu. No tempo da Reforma, Lécio Socino e seu sobrinho Fausto propagaram a teoria.

Não há como negar que este conceito rebaixa o valor do Espírito Santo para a Igreja. L. E. Froom a isto se refere quando afirma que negar a personalidade do Espírito não é “mera questão técnica, acadêmica ou simplesmente teórica. É de suprema importância e do mais elevado valor prático. Se Ele é uma Pessoa divina e O consideramos como influência impessoal, estamos roubando desta Pessoa divina a deferência, honra e amor que Lhe são devidos. E mais: Se o Espírito é mera influência ou poder, podemos então procurar apropriar-nos dEle e usá-Lo”. – A Vinda do Consolador, pág. 40. À pág. 36 da edição castelhana acrescenta-se ao final deste parágrafo: “Mas se O reconhecemos como Pessoa, estudaremos como nos submeter a Ele de modo que nos use segundo Sua vontade”.

“Não – continua Froom, – o Espírito Santo não é uma tênue, nebulosa influência imanente do Pai. Não é algo impessoal, vagamente reconhecido, apenas um invisível princípio de vida… Jesus foi a personalidade mais influente e marcante neste velho mundo, e o Espírito Santo foi designado para preencher Sua vaga. Nada a não ser uma Pessoa poderia substituir aquela maravilhosa Pessoa. Nenhuma simples influência seria suficiente”. – Ibidem, págs. 41 e 42. Para substituir uma pessoa maravilhosa, só outra pessoa maravilhosa.

Alguns se valem do fato de a Bíblia identificá-Lo como Espírito de Deus ou de Cristo (I João 4:2; I Coríntios 3:16; Gálatas. 4:6; I Pedro 1:11, entre outros textos), para afirmar que o Espírito Santo é algo inerente a Deus, tal como a Sua energia ou virtude. Todavia, a fórmula indica procedência e não inerência (cf. João 14:26; 15:26). Pode também indicar que Sua obra é executada em subordinação ao Pai e ao Filho. Parte desta obra é a representação vicária de ambos neste mundo. De fato, Jesus prometeu aos discípulos que retornaria para eles na pessoa do Espírito Santo (João 14:16-18 e 23).

Outro expediente utilizado pelos que rejeitam a personalidade do Espírito Santo tem a ver com o gênero neutro do grego pneuma, espírito. “A Bíblia não empregaria uma palavra neutra para identificar uma personalidade”, dizem. Contra esta hipótese se verifica que o termo é usado em referência a entidades reconhecidamente pessoais. “São todos eles espíritos ministradores…”, afirma o escritor sagrado acerca dos anjos (Hebreus 1:14).

Além disso, o Novo Testamento emprega fartamente pronomes pessoais gregos em referência ao Espírito Santo. Apenas em João 14-16 isso ocorre 24 vezes, e Ele próprio faz referência a Si com o pronome pessoal: “Disse-lhe o Espírito [a Pedro]: Estão aí dois homens que te procuram; levanta-te, pois, desce e vai com eles, nada duvidando; porque Eu os enviei” (Atos 10:19 e 20).

Deve-se notar, finalmente, que o título Parákletos, aplicado ao Espírito Santo é vertido Consolador em nossas Bíblias, subentende a Sua personalidade. Etimologicamente significa alguém chamado para estar ao lado de, “advogado” e “conselheiro”, sendo apropriados equivalentes em português.

Condenando as especulações, o Espírito de Profecia adverte: “A natureza do Espírito Santo é um mistério. Os homens não a podem explicar, porque o Senhor não lho revelou. Com fantasiosos pontos de vista, podem-se reunir passagens da Escritura e dar-lhes um significado humano; mas a aceitação desses pontos de vista não fortalecerá a Igreja. Com relação a tais mistérios – demasiado profundos para o entendimento humano – o silêncio é ouro”. – Atos dos Apóstolos, pág. 52.

Um ser pessoal – Quando Ellen G. White afirma que “a natureza do Espírito Santo é um ministério”, não quer ela dizer que nada podemos saber sobre Ele. Aquilo que a revelação nos transmite não é especulação; é a realidade, e é nosso dever aceitar por fé.

Dois pontos sobre o Espírito Santo estão devidamente assentados nas páginas sagradas. Ele é uma pessoa, e é Deus. “O Espírito Santo tem personalidade, do contrário não poderia testificar ao nosso espírito e com nosso espírito que somos filhos de Deus. Deve ser também uma pessoa divina, do contrário não poderia perscrutar os segredos que jazem ocultos na mente de Deus”. – Evangelismo, pág. 617.

A personalidade do Espírito Santo é claramente inferida do testemunho bíblico. As seguintes referências não deixam dúvida a respeito:

(1) Ele é citado entre pessoas: “Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo” (Atos 15:28). Além disso, Ele aparece na fórmula batismal junto ao Pai e ao Filho (Mat. 28:19); seria redundância Jesus mencionar o Espírito Santo, tendo já mencionado o Pai, fosse Ele a mera energia dEste; também não faria sentido Jesus ordenar o batismo em nome de uma Pessoa, o Pai, de outra Pessoa, o Filho, e agora em nome de uma energia, o Espírito.

(2) Ele é o Senhor (II Coríntios 3:17 e 18). Este termo define personalidade e divindade quando aplicado ao Pai e ao Filho; porque não quando aplicado ao Espírito?

(3) Ele possui mente (Romanos 8:27). O termo grego traduzido “mente” neste texto em algumas versões é phrónema (alguma coisa que se tem em mente, que passa pela mente, o pensamento), em contraste com nous (a mente como sede da consciência, da reflexão, da percepção, do entendimento, do julgamento crítico e da determinação). O importante é que phrónema pressupõe a existência de nous. Apenas um ser pessoal é dotado de nous, e pode exercer phrónema. O Espírito Santo é um ser pensante, o que implica inteligência. Ele não pode ser menos que uma pessoa.

(4) Ele tem sentimentos:

• pode ser contristado – Efésios 4:30

• expressa anseio – Tiago 4:5

• possui alegria – I Tessalonicenses 1:6

• ama – Romanos 15:30

• expressa vontade – I Coríntios 12:11

(5) Pode, e deve, ser mantida comunhão com Ele (Filipenses 2:1; II Coríntios 13:13). Não se mantém comunhão com uma energia.

(6) Não é mero poder, mas tem poder (Romanos 15:19). Seria outra redundância a Bíblia falar do poder do Espírito Santo, fosse Ele mero poder; seria “o poder do poder”!

(7) Pode-se mentir a Ele (Atos 5:3). Mente-se a uma pessoa e não a uma energia.

(8) Pode-se-Lhe resistir (Atos 7:51). É possível cumprir o papel de um resistor (componente que impede, ou atenua, o fluxo da corrente elétrica) para com o Espírito Santo? Sim, e isto o pecador faz quando, diante do apelo divino, prefere permanecer no erro. Mas isso não significa que o Espírito Santo não seja uma pessoa, pois não é apenas a uma energia que se resiste. Pessoas também podem ser resistidas, incluindo Deus (11:17). O texto fala de se resistir às claras evidências da verdade, apresentadas pelo Espírito Santo.

(9) Pode-se guerrear contra Ele (Gálatas 5:17). O que é uma intensificação de resistência ao Espírito Santo.

(10) Pode-se ultrajá-Lo (Hebreus 10:29). Como é possível ultrajar uma energia? Ultrajar se liga naturalmente ao sentido de afrontar, insultar, difamar, injuriar, ofender deprimir, vilipendiar, desacatar, vituperar, envergonhar. Como se pode fazer tudo isso a uma energia?

(11) Pode-se blasfemar contra Ele como se blasfema contra o Filho (Mateus 12:31). É possível blasfemar contra uma energia? Blasfema-se contra uma pessoa, como é o caso de Jesus aqui.

(12) Ele executa específicas funções próprias,não de uma energia, mas de uma pessoa:

• sonda, perscruta a Deus – I Coríntios 2:10.

• concede dons para a edificação da Igreja – I Coríntios 12:8 e 12.

• manifesta-Se nesses dons – I Coríntios 12.7 (em outras palavras, ao conceder dons à Igreja o Espírito Se dá a ela).

• contende com pecadores  – Gênesis 6:3.

• ordena sobre itens relevantes para a obra e o povo de Deus – Atos 8: 39; 10:19 e 20.

• envia pessoas no processo do cumprimento de alguma missão – Atos 10:19-20.

• ensina o que uma vez ouviu – João 16:13 (ouvir não é próprio de uma energia), ver também 14:26; I Coríntios 2:13.

• revela, especialmente pelo exercício profético – Atos 1:16; II Pedro 1:21; I Timóteo 4:1.

• testifica através da intuição na consciência, bem como com o testemunho da Igreja – Romanos 8:16; Atos 5:32; Apocalipse 22:17.

• move o agente humano na captação da revelação divina – I Pedro 1:21.

• incute novas realidades ainda não percebidas – Hebreus 9:8.

• indica a correta compreensão do que é revelado – I Pedro 1:11

• guia os filhos de Deus – Romanos 8:14, inclusive na busca de “toda a verdade” – João 16:13.

• assiste nas fraquezas – Romanos 8:26.

• intercede corrigindo nossas orações – Romanos 8:26.

• produz frutos na vida dos que se submetem a Ele – Galátas 5:22 e 23.

• lava e renova, o que resulta em salvação – Tito 3:5. Em João 3:5 e 6 este ato é referido por Jesus em termos do novo nascimento.

• escreve a lei de Deus nas tábuas do coração – II Coríntios 3:3.

• santifica – II Tessalonicenses 2:13; I Pedro 1:2

• sela os que são de Deus – Efésios 1:13.

Conclusão – Que pessoa maravilhosa é o Espírito Santo! Que humildade, que interesse, que desvelo! Ele nos ama a ponto de instar conosco a que sejamos salvos. Ele está disposto a aplicar em nossa vida a obra redentora da cruz em toda a sua extensão. A exemplo do Pai e do Filho, Ele anseia por nossa presença no reino de Deus. Já Lhe agradecemos por isso?

De fato, Ele é um precioso Amigo. Se O resistirmos, magoá-Lo-emos, e Ele poderá Se afastar triste e pesaroso por nossa indelicadeza e apego àquilo que resultará em nossa infelicidade permanente. Mas se O acolhermos, Ele tomará posse do nosso ser, far-nos-á crescer até a semelhança com Jesus e até colocar os nossos pés na cidade celestial.

“Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração” (Hebreus 4:7).

 

 

Fonte: Mais Relevante

 


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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