4 – Por que estou sofrendo, Senhor?

PROPÓSITO DO SERMÃO:

Mostrar à igreja que devemos fazer uma distinção entre o sofrimento voluntário e o involuntário, os quais existem nas relações familiares.

I. INTRODUÇÃO

A. Ilustração: Pago pelos pecados?

Uma irmã, membro de igreja, chorava desesperadamente e dizia: “Estou sendo agredida por meu esposo, como se fosse um castigo de Deus, porque vinte anos atrás, quando tinha dezessete anos, tive relações com um jovem, com o qual não me casei. Agora estou pagando por meus pecados”.

B. A experiência de dor causada por algum castigo físico ou psicológico pode, geralmente, ser chamado como “sofrimento”. Quando este se torna freqüente, a pessoa se pergunta: Por que estou sofrendo, Senhor?

 

II.  O PROBLEMA DO SOFRIMENTO TEM ALGUMA JUSTIFICATIVA?

 

No caso apresentado na introdução, a pessoa afetada se justifica sem dar lugar a dúvidas, da seguinte maneira:

A. Observa seu sofrimento como um castigo justo, por causa de um evento ocorrido muito tempo atrás e pelo qual sempre se sentiu culpada.

1. Esta justificativa encerra um caráter supersticioso. A pessoa se esforça por compreender sua própria experiência de abuso por parte de seu cônjuge. Conclui desta maneira pois supõe que:

2. Deus é um juiz inflexível que exige que soframos pelos pecados cometidos.

Infelizmente a explicação que a mulher dá a seu sofrimento neste exemplo não enfoca a verdadeira natureza de seu sofrimento ou ao abuso praticado pelo esposo.

B. Outras pessoas tentam explicar o sofrimento quando dizem que o que ocorre é pela “Vontade de Deus”, ou “Parte do plano de Deus para minha vida”, ou “Esta é a forma em que Deus quer ensinar-me uma lição”.

Todas estas explicações baseiam-se na idéia de que nosso Deus é implacável, severo e mais ainda, cruel e arbitrário. Essa imagem de Deus está em oposição à imagem apresentada pela Bíblia, de um Deus bondoso, misericordioso e amoroso. 

Nosso maravilhoso Deus não escolhe pessoas para que sofram simplesmente por sofrer, já que o sofrimento não agrada a Deus.

III. SOFRIMENTO VOLUNTÁRIO E INVOLUNTÁRIO

Urge fazermos uma distinção entre o sofrimento voluntário e o sofrimento involuntário.

A. Sofrimento Voluntário.

É a escolha voluntária de sofrer, como um meio para alcançar um fim, mesmo que o abuso sofrido por essa pessoa não tenha uma justificativa.

1. O Dr. Martin Luther King, que sofreu muito com a finalidade de mudar o que ele cria com relação às leis racistas e injustas, sofreu voluntariamente pela causa que defendia.

2. Lembra-se você de algum caso semelhante a este, no qual a pessoa sofreu voluntariamente?

B. Sofrimento Involuntário.

É o sofrimento que ocorre à pessoa por diferentes motivos, que ele ou ela não escolheu sofrer, quer seja de forma física ou emocional como maltratos, violência e abusos.

1. Por exemplo, isto pode acontecer com pessoas que são vitimas de espancamento, abuso ou estupro por membros da própria família.

IV. INTERPRETAÇÃO ERRÔNEA DAS CARTAS PAULINAS SOBRE AS RELAÇÕES MATRIMONIAIS E DOS FILHOS

Na ênfase indevida e na interpretação incorreta destes textos do apóstolo Paulo, criam problemas substanciais para muitos esposos nos quais existe abuso e violência por um dos cônjuges e também pelos pais que crêem estar investidos de absoluta autoridade. Observemos estes textos: Efésios 5:22-24 e I Pedro 3:1-6. Leiamos.

A. “…sejam submissas a seus próprios maridos, como ao Senhor” – (ver. 22.)

1. O modelo sugerido aqui para uma sã relação entre marido e mulher, baseia-se na relação existente entre Cristo e Sua Igreja. Esta relação não é de grande poder e autoritarismo, mas uma atitude de serviço. Assim, um bom marido não dominará ou controlará sua esposa, mas a servirá e cuidará dela, assim como Cristo cuida de Sua Igreja.

Esta submissão não é uma obediência servil, mas assim como “convém no Senhor” (Col. 3:18). Aqui se realça a santa relação de possessão sobre a qual se fundamenta a submissão, cujo modelo é Cristo

2. “Porque o marido é o cabeça da mulher…” (ver. 23).

Toda comunidade necessita ter uma cabeça para existir de maneira organizada. Porém o esposo é colocado por Deus como o primeiro entre iguais.

a) Paulo afirma em Gálatas 3:28 que diante de Deus “nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher;”

b) A preeminência do esposo consiste em cuidar de sua esposa em conhecimento e responsabilidade, assim como Cristo cuida da Igreja. Desta maneira nunca se levantará polêmica nem abuso quanto à preeminência ou inferioridade de algum dos membros da família.

B. “A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo…” (I Coríntios 7:4).

A interpretação errônea de que em questões sexuais, o marido tem “direitos” conjugais e a esposa só tem o “dever” de obedecer e submeter-se a seu marido cegamente, alimentou o machismo e o abuso sexual no próprio seio do lar.

Ler: “A mulher não tem poder  sobre o próprio corpo, e, sim, o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e, sim, a mulher.”

1. “Não tem poder” (ver. 4).

Aqui são apresentados os direitos de igualdade de ambos os cônjuges. Nenhum dos dois tem direito de negar ao outro a relação íntima matrimonial; porém isto não sanciona em nenhuma forma, o abuso e o excesso. O crente que sabe que seu corpo é templo do Espírito Santo, não permitirá que os privilégios conjugais se convertam em uma causa de violação. O corpo deve manter-se sob a sujeição da razão santificada.

2. “Não vos priveis…” (ver. 5)

Os cristãos não devem privar-se da íntima união conjugal, a não ser por um tempo limitado e de mútuo acordo, após o qual deve-se voltar à conduta normal. No entanto, as decisões devem ser mútuas e não arbitrárias e independentes. O marido não tem o direito de impor suas necessidades sexuais sem o consentimento da esposa. Isto aplica-se também à mulher.

C. “Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor…” (Efésios 6:1-4)

A obediência dos filhos a seus pais deve ser “no Senhor”. O que isto significa?

1. Que é uma obediência cega e incondicional.

2. Que as ordens paternas devem estar em harmonia com a vontade de Deus. (Atos 5:29).

3. Os filhos devem obedecer por princípios espirituais e não por necessidade.

4. A desobediência aos pais é considerada em toda a Bíblia como um dos maiores males. Porém esta deve ser em Cristo.

5. A advertência divina aos pais “não provoqueis vossos filhos à ira” (Efésios 6:4) tem lugar quando um pai abusa física (sexual ou castigo brutal) e emocionalmente dos seus filhos.

V.  CONCLUSÃO

A. As idéias erradas acerca de como Deus lida com o pecado e o pecador por parte de pessoas que têm sofrido abuso e violência em seus lares, fortalecem aos abusadores e perpetuam a dor e o sofrimento.

B. Com a ajuda da Bíblia o pensamento divino foi apresentado, para esclarecer alguns conceitos errados quanto ao papel desempenhado pelo esposo e pai no lar, com a finalidade de promover a paz e evitar cair no abuso e na violência.

C. Uma pessoa, quer seja menina(o) que foi vítima de abuso físico (maltrato, abuso sexual), é afetada também no aspecto psicológico e espiritual, e cada uma destas dimensões da vida deve ser atendida.

1. O médico pode detectar a gravidade da violência ou do abuso sexual, examinando minuciosamente os danos causados no corpo da vítima.

2. O psicólogo cristão pode realizar sessões de terapia para elevar a auto estima da vítima, e ajudá-la a superar as crises emocionais.

3. O ministro pode usar a Palavra de Deus como:

a) Uma conselheira eficaz, para que o abuso seja exterminado, para prover uma estrutura externa, para o início de uma mudança no comportamento agressivo.

b) Pode falar com o agressor e a vítima, e sem exercer pressão conseguir com que:

b.1. O agressor admita a ação e peça perdão à vítima.

b.2. A reconciliação ou o perdão seja efetivado, com a condição de uma mudança no comportamento do agressor. O perdão ajudará a vítima a não permitir que essa experiência amarga domine sua vida.

c) A fé em Cristo e Sua Palavra, proporcionarão à vítima muita força e coragem para enfrentar esta situação até superá-la.

Que Deus intervenha com Seu Santo Espírito e nos ajude a deter esta violência nas famílias cristãs e haja paz na família.

Por: Arnaldo Enríquez V.

Diretor do Departamento dos Ministérios da Família da D.S.A.

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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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