412 – Ellen White e a salvação dos escravos

Como explicar a citação de Ellen White sobre a salvação dos escravos. Esta não representa um ato injusto de Deus, diante da declaração bíblica de que Ele não leva em conta o tempo da ignorância?

Deus é misericórdia, mas também justiça. A Bíblia diz que só através da aceitação de Jesus, pode haver salvação. Deverá ir para o Céu quem o almeja, quem quer ir pra lá. 

Nesta citação, Ellen se refere aos escravos que ficaram tão subjugados à opressão e tão vedados de qualquer informação do mundo e da vida, que não tiveram nem mesmo a oportunidade de raciocinar e de escolher entre o que fosse certo e o que fosse errado, não chegando nem mesmo a ter noção do que viesse a ser Deus, o bem, o Céu, ou coisa semelhante. 

Permitir que esta pessoa nunca mais ressuscite não é um castigo, porque ela nunca mais verá nem sofrerá nada. Aliás, é um ato de misericórdia. Por duas razões: Primeiramente, porque a salvação é individual. 

 

Então, individualmente falando, entre Deus e ela, não houve injustiça, porque, pra ela, em sua consciência, Deus nunca lhe prometeu nada. Ele não vai estar lhe vedando nada que a fez ter expectativa. “Quando vocês eram escravos do pecado, estavam livres da justiça (Romanos 6:20)”.

 

E segundo, porque, como é possível levar ao Céu alguém que não sonhou estar lá? E se esta pessoa, quando chegar lá, e começar a raciocinar, não aceitar estar lá? Não aceitar o que existe lá? Não aceitar a Jesus? 

O escravo, nesse caso, ignorou, por toda a sua vida, a existência disso tudo. Conforme as palavras da Bíblia, Deus não levará em conta o tempo da ignorância, que foi do tamanho da própria existência da pessoa, não levando em conta então, a própria vida da pessoa. 

É diferente não levar em conta uma existência que teve um tempo de ignorância e outro de consciência, concorda?

Justiça é levar ao Céu os que almejaram por ele, por Deus, ou pelo bem. Portanto, para essa citação, não se pode generalizar todo tipo de escravo.

E também, veja abaixo, que a citação completa dá um tom de misericórdia ao trato deste ato de juízo divino, e o diferencia de outros grupos que tiveram a oportunidade de pelo menos raciocinar entre o bem e o mal, como por exemplo, os índios. 

No caso dos escravos, Ellen G. White escreveu o seguinte no livro Primeiros Escritos, pp. 276: 

“Vi que o senhor dos escravos terá de responder pelas almas de seus escravos a quem ele tem conservado em ignorância; e os pecados dos escravos serão visitados sobre o senhor. 

Deus não pode levar para o Céu o escravo que tem sido conservado em ignorância e degradação, nada sabendo de Deus ou da Bíblia, nada temendo senão o açoite do seu senhor, e conservando-se em posição mais baixa que a dos animais. 

Mas Deus faz por ele o melhor que um Deus compassivo pode fazer. Permite-lhe ser como se nunca tivesse existido, ao passo que o senhor tem de enfrentar as sete últimas pragas e então passar pela segunda ressurreição e sofrer a segunda e mais terrível morte. Estará então satisfeita a justiça de Deus.”

Com relação aos índios, no livro Parábolas de Jesus, pp. 385, a mesma autora escreve algo que parece bastante elucidativo:

“O Espírito Santo implantou a graça de Cristo no coração do selvagem, despertando nele a simpatia contrária à sua natureza e à sua educação.”  

E que relevância tudo isso tem pra nós hoje? Precisamos nos preocupar com a nossa salvação. Quanto a nós hoje, é diferente. Pois entre nós não há livre nem escravo, mas somos considerados, por Deus e pelas oportunidades que ele nos dá, todos iguais. “Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. 

E a todos nós foi dado beber de um único Espírito ( 1Coríntios 12:13)”. “Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento (2 Pedro 3:9)”. “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna (Hebreus 4:16)”.

Um abraço,

Pr. Valdeci Jr.


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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