O Homem que Deus não pode Salvar

O título de nosso assunto de hoje é: O Homem que Deus Não Pode Salvar. Parece estranho esse pensamento! Não é Deus Onipotente? Não é Ele Todo-Poderoso? Não diz a Bíblia que para Ele tudo é possível? Como, então, imaginar que Ele não poder salvar a alguém?

Há três teorias sobre o assunto:

Os calvinistas afirmam que Deus pode salvar a todos, mas destinou muitos para a salvação e muitos para a perdição, independente de qualquer poder ou influência.

Os universalistas afirmam que não só Deus pode salvar, como de fato salvará a todos os homens e mulheres, no fim de todas as coisas.

Os agnósticos, entretanto, afirmam que Deus não pode salvar a ninguém, porque Ele Se encontra muito longe de nós.

O que a Bíblia diz sobre isso? De fato, a Bíblia sustenta que Deus é Onipotente. Para Deus todas as coisas são possíveis.

Ele tudo pode:
– Ele criou todo o Universo.
– Ele mantém todo o Universo.
– Ele já salvou a muitos dos piores criminosos deste mundo.
Portanto, para Deus, tudo é possível.

I – MAS HÁ UM HOMEM QUE DEUS NÃO PODE SALVAR

Você sabe qual é esse homem? O homem que Deus não pode salvar é o homem satisfeito consigo mesmo.

E temos aqui na Bíblia a prova dessa afirmação:

Luc. 18:9-12 – “Propôs também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. “

O fariseu estava satisfeito com a sua vida. Compareceu diante de Deus para mencionar os seus méritos, para gabar-se de quão bom ele era.

“Não sou como os demais homens.” Quantos hoje nos seus dias pensam como este fariseu: “Não sou um homem mau, não mato, não roubo, não faço mal ao próximo.” Como o fariseu de outrora, cantam um hino de louvor a si mesmos. Nada pedem a Deus, eles já são bons, Deus tem o dever de aceitá-los.

Há outras declarações do fariseu, que podemos ouvir hoje dentro da própria igreja cristã: Verso 12 – “Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho.”

Em linguagem moderna: “Fui batizado, pertenço à igreja, freqüento os cultos, tomo parte nas atividades da igreja, contribuo para a causa do evangelho. Faço tudo isso. Graças a Deus que eu não sou como os outros tão negligentes nessas coisas tão importantes da vida cristã.”

É possível fazer estas coisas, boas sim, necessárias, próprias de um cristão sincero – é possível fazê-las por mera formalidade e apresentá-las a Deus como prova de bondade e merecimento.

Perto do fariseu estava o publicano. Os publicanos homens desprezados pelos judeus porque eram coletores de impostos para os romanos. Esse homem não via nada de bom em si mesmo. Se fazia boas obras, não ousou mencioná-las a Deus; que eram as suas boas obras para comprar os bens do Céu?

O publicano viu que suas obras não podiam comprar o favor do Céu. O publicano sentiu sua pobreza, o seu pauperismo espiritual. Sentia nada ter para o recomendar a Deus. Se alguma coisa pudesse ganhar, seria imerecido, seria tudo baseado na misericórdia divina.

Ele, o publicano desprezado, olhou para si mesmo, vendo a sua profunda necessidade, e apresentou-se diante de Deus com apenas um argumento – o argumento da sua própria necessidade: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador.” (Luc. 18:13).

Como Jesus terminou a Sua história? Ele disse que o fariseu voltou vazio, enquanto que este publicano foi justificado.

Realmente, o fariseu representa o homem que Deus não pode salvar porque ele está satisfeito consigo mesmo, cheio de justiça própria, não sente a sua necessidade.

II – QUAIS OS CARACTERÍSTICOS?

Quais são os característicos do homem satisfeito consigo mesmo, o qual Deus não pode salvar?

1) O homem satisfeito consigo mesmo é o homem que não se arrepende.

Lemos estas palavras de Jesus em Luc. 5:31-32 – “Respondeu-lhes Jesus: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Não vim chamar justos, e sim pecadores, ao arrependimento.”

Levi Mateus dera um grande banquete em sua casa, e convidou a Jesus e aos seus amigos que também eram publicanos como ele era, e havia sido distinguido por Jesus.

Entretanto, os fariseus começaram a murmurar e acusar os discípulos de Jesus, dizendo que comiam e bebiam com os publicanos e pecadores.

Foi aí que Jesus, não podendo deixar passar essa oportunidade para lhes dar mais uma lição, defendendo os publicanos, justificando sua atitude para com eles, e ao mesmo tempo ensinando e advertindo por que muitos jamais se salvarão.

“Os sãos não precisam de médico”, ou seja, os que se consideram sãos, os que a si mesmos se julgam bons, justos – estes não precisam de Sua ajuda, ou melhor: é impossível ajudá-los. Apenas os doentes, os que reconhecem, os que reconhecem a sua enfermidade é que precisam do Médico dos médicos.

E Ele acrescenta: “Não vim chamar justos, e sim, pecadores ao arrependimento”, porque os justos não precisam de arrependimento, os que se julgam justos, eles não se arrependem; na realidade, eles não podem se arrepender enquanto estão nessa condição de justiça própria.

O 1º característico – falta de arrependimento – porque não há reconhecimento do pecado.

E Cristo contou noutra passagem a necessidade de arrependimento: Luc. 13:4, 5 – “Ou cuidais que aqueles dezoito sobre os quais desabou a torre de Siloé e os matou eram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não eram, eu vo-lo afirmo; mas, se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis.”

Os judeus diziam que aqueles homens que foram acidentados pela torre de Siloé eram grandes pecadores e culpados diante de Deus e que era por isso que eles foram castigados. Mas Jesus corrigiu esse conceito e ensinou que não há salvação sem arrependimento: “Se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis.”

E não basta apenas confessar o pecado, externamente, sem reconhecê-lo. Há no Antigo Testamento dois exemplos marcantes que ilustram esta verdade: 1) Lemos em 1Sam. 15:24, que Saul proferiu estas palavras: “Pequei, pois transgredi o mandamento do Senhor!” 2) e também lemos acerca de Davi que ele disse em 2Sam. 12:13: “Pequei contra o Senhor!”

Ambos confessaram as mesmas palavras. Saul pecou porque não matou. Davi pecou porque matou. Um foi aceito, o outro foi rejeitado. Um foi destronado e se perdeu; o outro, Davi, continuou no trono e se salvou.

Por quê? A diferença está no fato de que Davi se arrependeu, Saul não. Saul era um homem satisfeito consigo mesmo: achava que não necessitava de arrependimento. Davi, porém, experimentou um profundo arrependimento.

2) 2º característico: O homem satisfeito consigo mesmo não crê em Jesus.

Gên. 4:3-5 nos apresenta a triste história de Caim e Abel. De acordo com o plano divino, os dois irmãos deveriam trazer ofertas de animais. Devia haver derramamento de sangue. Isso representava o sangue de Jesus, o Cordeiro de Deus.

Abel mostrou sua fé no vindouro Messias, quando apresentou sua oferta de animal, imolando o cordeiro, derramando o sangue, e crendo que Deus haveria de prover o sangue que purifica de todo pecado.

Caim, porém, ao trazer os seus frutos, revelou em sua oferta, que não possuía fé para crer em Jesus, o Messias vindouro. Ele estava satisfeito consigo mesmo e com suas realizações.

E não basta, aparentar ser um seguidor de Cristo. É preciso crer nEle de fato.

No Novo Testamento, temos outros dois exemplos: Pedro, que negou a Jesus. (Luc. 22:62) e Judas, que O traiu. (Mat. 27:35). Judas representa o homem que Deus não pode salvar: ele não crê em Jesus Cristo.

Judas não se submeteu a Cristo, porque não acreditava nEle como seu Salvador pessoal. Ele O seguia como um dos Doze discípulos, a fim de conseguir vantagens temporais. Nunca quis se arrepender; nunca aceitou a Jesus, não cria nÊle. Também estava satisfeito consigo mesmo: para que deveria ele crer em Jesus?

Entretanto, Pedro representa ao homem que Deus pode salvar completamente, embora tenha cometido graves e hediondos pecados, em muitas vezes e de muitas maneiras. Pedro nunca estava satisfeito, ele sempre ansiava por Jesus e cria nÊle como o seu Salvador.

Ele disse, apesar de errar muitas vezes: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus.” (João 6:68-69).

Aqui está o segredo: Não importa a nossa vida passada, não importa quão pecadores nós fomos um dia, não importa se nos tornamos grandes pecadores. O que importa é a nossa fé para crer que Jesus Cristo é o nosso poderoso Redentor, que derramou o Seu sangue para nos purificar, e que Ele nos libertará dos nossos pecados, aqui e agora, se tão somente nós o aceitarmos como o nosso suficiente Salvador.

3) 3º característico: O homem satisfeito consigo mesmo não tem amor pela verdade.

O apóstolo Paulo fala desta classe de pessoas desse modo, em 2Tess. 2:10 – “e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos.” Por que perecem? Porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos.

Os ímpios não só rejeitam a verdade, como também não acolhem o amor pela verdade para serem salvos. Eles não podem ser salvos enquanto não amarem a verdade. Mas se estão satisfeitos consigo mesmos, eles não crerão na verdade, eles não amarão a verdade e não serão salvos, Deus não pode salvá-los por isso.

Tal atitude não se relaciona à verdade no sentido geral, mas se refere à verdade salvadora do Evangelho, que eles não amam tanto a ponto de buscarem a salvação com todo o seu empenho e serem beneficiados.

O cristão nunca está satisfeito consigo mesmo. Por isso, ele crê em Deus e na Sua verdade, e ele a aprecia mais e mais, a ponto de sempre buscar a verdade, conhecer a verdade e praticá-la em sua vida. Ele vê que a verdade do Evangelho é poderosa para salvá-lo, e ele a ama.

Os ímpios estão satisfeitos consigo mesmos. Portanto, não acolheram o amor da verdade para serem salvos.

– Eles poderiam ser salvos pela verdade do Evangelho, porque o Evangelho tem poder para salvar.
– Eles poderiam se regozijar pela verdade, e pelos excelentes resultados do Evangelho em sua vida.
– Eles poderiam crer na verdade, porque essa possibilidade existe para todos os seres humanos.

No entanto, os ímpios têm outra atitude:
– Eles crêem na mentira.
– Eles amam a apreciam o erro.
– Eles se regozijam na injustiça.
– Eles se permitem iludir pelos enganos de Satanás.
– Eles não têm nenhum amor pela verdade salvadora do Evangelho, porque estão satisfeitos consigo mesmos e desse modo não podem ser salvos, a menos que mudem sua atitude.

III – COMO PODE O HOMEM DESPERTAR?

Como podemos ver nossa condição espiritual? Como podemos sentir nossa necessidade de Deus?

Ninguém por si reconhece os seus erros e pecados. “Enganoso é o coração …”, diz a Bíblia.

Como é que fala uma pessoa satisfeita consigo mesma? Apoc. 3:17 – “Dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.” O diagnóstico divino é: “Nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.”

Como pode ser mudada essa atitude de justiça própria e auto-satisfação? Apoc. 3:18-19 – “Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas. Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te. “

Jesus Cristo dá esse conselho. Necessitamos de:
1. Ouro refinado – a fé que opera por amor.
2. Vestiduras brancas – a justiça de Cristo.
3. Colírio – a graça do Espírito Santo.

E no verso 19 temos a certeza do amor de JC, e o apelo ao arrependimento. O verso 20 apresenta o quadro de JC à porta do nosso coração esperando que Lhe demos entrada.

Como reconhecer nossa necessidade? Necessitamos do colírio do Espírito Santo e:

– Ele nos revelará a verdade.
– Ele nos convencerá do pecado, da justiça e do juízo.
– Ele nos mostrará a Jesus.

“O desconhecimento dEle é que dá aos homens uma tão alta idéia de sua própria justiça. Ao contemplarmos Sua pureza e excelência, veremos nossa pobreza e defeitos, como realmente são..” – Parábolas de Jesus, página 159.

“Quanto mais nos achegarmos a Jesus e mais claramente discernirmos a pureza de Seu caráter, tanto mais claramente discerniremos a extraordinária malignidade do pecado, e tanto menos teremos a tendência de nos exaltar.” – Parábolas de Jesus, página 160.

Paulo disse em 1Tim. 1:15 – “Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.”

Conta-se que Lady Hamilton muitas vezes visitava as prisões a fim de animar e ajudar os reclusos. Um dia ela encontrou um homem que estava completamente arrasado, cheio de pessimismo e sinistros pensamentos.

Ela procurou consolá-lo, mas ele respondeu:
– Sou um grande pecador.
– Louvado seja Deus – a Lady respondeu.
Então o prisioneiro acrescentou:
– Sou o mais ímpio de todos os pecadores.
– Louvado seja o Senhor – disse outra vez Lady Hamilton.

Não compreendendo o que ela queria dizer, o prisioneiro perguntou:
– Por que diz a senhora assim, visto que professa ser cristã?

Então ela tomou a Bíblia e calmamente leu para ele este verso: “Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.”

Entreguemos-nos inteiramente a Jesus, contemplemos o Seu maravilhoso caráter, toda a Sua perfeição. Só, então, teremos um vislumbre de nossa necessidade.

“Fiel é a palavra” de que realmente Jesus Cristo veio salvar pessoas tão pecadoras como nós somos. “Se, pois, zeloso e arrepende-te. Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.” (Apo. 3:19-20).

Se você não está satisfeito consigo mesmo, se pelo Espírito Santo você sente o seu pecado, você pode ser completamente salvo. Entregue-se agora mesmo a Jesus, que disse: “O que vem a Mim, de modo nenhum o lançarei fora” (João 6:37). Portanto, vamos a Ele.

Pr. Roberto Biagini – Mestrado em teologia


Descubra mais sobre Weleson Fernandes

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

Verifique também

5 – A violência pode ser justificada em nossos lares?

A. VIVEMOS EM UM TEMPO DE GRANDES CONTRADIÇÕES Parece reviver com força no seio de …

4 – Por que estou sofrendo, Senhor?

PROPÓSITO DO SERMÃO: Mostrar à igreja que devemos fazer uma distinção entre o sofrimento voluntário …

3- Abuso e violência na familia

A. Em Salmos 7:15, 16, o salmista Davi, que era objeto de ofensas e muita …

Deixe uma resposta