1 – Jesus disse que “o sábado foi feito por causa do homem” sem dar a entender que era instituição provisória, que devia cessar em alguma ocasião. E também não disse ser só para os judeus, e sim para o homem universal (anthropós), que é o mesmo homem-anthropós que deixa o seu pai e a sua mãe e une-se a sua mulher (Mat. 19:5, 6). Logicamente o casamento não foi instituído só para o homem judeu. Como fica com isso essa noção de fim do princípio do sábado para os cristãos?
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3 – As mais representativas confissões de fé das Igrejas cristãs históricas (como a Confissão de Fé de Westminster, a Confissão Batista de New Hampshire e mesmo as atualíssimas “Declarações Doutrinárias”, tanto da Convenção Batista Nacional quanto da Convenção Batista Brasileira, respectivamente no tópico XV, “Do Sábado Cristão” e X, “O Dia do Senhor”–ver www2.cbn.org.br/INTManual_p1b.asp e http://www.batistas.org.br) claramente confirmam a posição de ser o sábado um mandamento moral, derivado do Éden, para todos os homens, em todos os tempos, bem como o fazem importantes mestres e instrutores desse meio. O fato de reinterpretarem tal princípio aplicando-o ao domingo não diminui a força de estabelecerem o 4o. mandamento como válido e vigente para os cristãos.
Isso é muito diferente do ambíguo dianenhumismo/diaqualquerismo/tododiaísmo que tem caracterizado o mundo evangélico com a prédica dos teólogos novidadeiros do semi-antinomismo dispensacionalista desde fins do século XIX e início do século XX. Como justificam a mudança radical de mentalidade quanto ao tema do dia de repouso com relação ao pensamento histórico da cristandade protestante?
4 – Os evangélicos não sabem definir onde a Bíblia estabelece que o dia de repouso na era cristã deva ser observado atualmente de modo mais “user friendly”, nele se podendo comprar, vender, ver o futebol na TV, ir ao cinema, teatro, etc., tendo praticamente a única diferença de ser o dia em que se fica mais tempo nas reuniões da Igreja.
6 – Porque João fala da “lei de Deus” e da “lei de Cristo” intercambiavelmente em suas várias epístolas (ver 1 João 2:7; 3:21-24; 4:7-12, 21).
Obs.: Ele não deixa a mínima pista de que haja qualquer contraste entre ambas.
7 – Porque João no Apocalipse diz claramente que os fiéis filhos de Deus se caracterizam como aqueles que “guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus” (Apo. 14:12), em vez de falar dos que “guardam os mandamentos de Cristo”.
Obs.: Claro, são os mesmos, não havendo essa dicotomia artificial que se quer criar entre “mandamentos de Cristo” e “mandamentos de Deus” (ou “lei de Cristo/lei de Deus”).
8 – Porque em Hebreus 8:6-10, ao falar da passagem do Velho para o Novo Concerto, esta importante passagem trata das “Minhas leis” (de Deus), que são escritas nos corações e mentes dos que aceitam esse Novo Concerto [Novo Testamento], e não “leis de Cristo”.
Obs.: Este tópico é importantíssimo pois mostra como no Novo Testamento o cristão terá a “lei de Deus” escrita nos seus corações e mentes, e é aquela que Paulo mesmo ilustrou como estando nos corações de carne dos que são de Cristo (2a. Cor. 3:2-6). Ele usa a mesma ilustração de Ezequiel 36:26, 27, e certamente ao tratar de “tábuas de pedra/tábuas de carne” tinha em mente o CONTEÚDO TODO das tábuas de pedra transferido para as tábuas de carne dos corações. Do contrário, nem faria sentido ele usar a mesma metáfora de Ezequiel que, certamente, tinha em mente 10 preceitos das tábuas de pedra, não somente 9.
9 – Porque Tiago menciona os mandamentos do Decálogo (seria a “lei de Deus”) como normativos aos cristãos, em vez de concentrar-se em falar em “lei de Cristo” (Tiago 2:10-12).
Obs.: Esta definição bíblica de pecado é curiosamente evitada pelos da linha neo-antinomista dispensacionalista. Parece que não gostam nem um pouco do texto como aparece em inúmeras versões internacionais, definindo pecado como “transgressão da lei”. De que lei seria pecado uma transgressão? Da lei da oferta e da procura? Da lei do menor esforço? Da lei da gravidade? Quem souber responder estas perguntas saberá o que está mesmo sendo dito pelo Apóstolo de Cristo.