Júlio Schwantes escreveu um daqueles livros que deveria ser obrigatório para todos os jovens. “Colunas do Caráter” é um livro grandioso porque inspira ao leitor a vontade de ser um dos heróis de Deus. Schwantes não escreve o livro com a pena da mediocridade, percebe-se que ele escreve com a vontade de ver jovens maduros, responsáveis, corajosos, valentes. Como ele mesmo escreve, na atual crise moral do mundo “um dos sintomas mais flagrantes é a ausência generalizada de caráter”. E sua obra nasce da tentativa de reerguer uma geração frágil e débil.
A fraqueza de nossa geração vai além do que geralmente sinaliza-se. Não é apenas o crescimento do pecado, da sensualidade, da ira, etc., mas a perda de virtudes que salvam o Homem desses pecados. Onde estão os jovens corajosos? Ou, os jovens trabalhadores, disciplinados, bondosos, perseverantes?
A modernidade foi marcada como a época das certezas. Tudo é racional e certo nessa época. E por isso a pós-modernidade levanta-se contra ela declarando que nada é tão certo, aliás, será que existe essa coisa chamada certeza? Afinal, o melhor é vivermos sem perguntar e continuar vivendo. Viver é melhor que indagar. E estar indo para algum lugar é mais importante que o lugar para onde vamos. Uma música famosa dizia: Estamos sós e nenhum de nós sabe exatamente onde vai parar. Mas não precisamos saber para onde vamos, nós só precisamos ir. Sem motivos nem objetivos, estamos vivos e isso é tudo. É sobretudo a Lei dessa infinita Highway [1].
Nesse contexto de incertezas, é óbvio que não haveria fundamento para a construção de um caráter fixo. Como falar de Coragem, em uma época que não acredita nem na Verdade? Como falar de Misericórdia, em uma época que acredita ser tudo razão de gosto?
Não há dúvidas que por mais que o pós-modernismo finja-se de contrário ao moderno, ele é dele filho. A modernidade mata o espiritual pelo material, enquanto o pós-modernismo vai ao velório sem lágrimas nenhuma nos olhos. A pós-modernidade é a época em que não podemos ter um ideal, pois só nós existimos. Dessa forma, temos que nos contentar com nós mesmos. E se não existe ideal, não existe Herói. Como outro cantor disse: “Meus heróis morreram de overdose/[…] Ideologia/Eu quero uma pra viver” [2].
De forma simples, a pós-modernidade é o avanço da mediocridade. Quem vence a batalha no modernismo é uma falsa razão. Na pós-modernidade quem vence a falsa razão é o subjetivismo. No pós-modernismo só existe eu e se só eu existo realmente não posso guiar minha vida usando como exemplo ninguém. Se não há exemplos a serem seguidos (até porque não há certo e errado), então, não há exemplos de grandes feitos. E se não há exemplos de grandes feitos, não existe Heroísmo nem Cultura.
Nossa época é o fim da civilização. Aqui morrem os homens. Aqui esquecemos de tudo que passou e matamos a chance de tudo que virá. A História com significado morre aqui. A Literatura com significado morre aqui. A ciência com significado morre aqui. Aqui só vive a história como relato sem sentido, a literatura como meio de expressão da incompreensibilidade do mundo e a ciência como técnica de melhorar o nosso conforto sem sentido.
Diante disso, surge a mesma necessidade que Schwantes já havia previsto: precisamos nos lembrar dos Grandes Homens e dos Grandes Feitos. Heroísmo e Alta Cultura, nada menos que isso. Devemos buscar o excelso, aquilo que está além, devemos ter um ideal, um ponto fixo além de nós que nos guie da nossa mediocridade pós-moderna.
Em certa medida, é por isso que o marxismo faz tanto sucesso entre os jovens. Ele dá um ideal sem dar responsabilidades. O pós-modernismo é a preparação para a exaltação de doutrinas espúrias como o marxismo que apresentam metade da verdade (e ainda de forma distorcida).
Mas há uma resposta que ainda pode ser dada. Uma resposta que seja coerente, verdadeira e real. Uma resposta que dê ao jovem moderno um guia para sua vida, uma certeza para sua mente confusa e um parâmetro para a sua vida sem sentido. Uma resposta que se baseie em grandes homens e em grandes feitos. Sobre essa resposta, escrevo no próximo artigo.
Referências:
1. “Infinita Highway” é uma música da banda brasileira “Engenheiros do Hawaii”
2. Trecho da canção “Ideologia”, do cantor brasileiro Cazuza.
Por Patrike Wauker
Fonte: Reação Adventista
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