Ver-se-á, no dia do ajuste final de contas, que Deus esteve relacionado com cada pessoa individualmente. Há uma testemunha invisível de toda ação praticada na vida. “Eu sei as tuas obras”, diz Aquele que “anda no meio dos sete castiçais de ouro”. Apocalipse 2:1. Sabe-se que oportunidades foram negligenciadas, e quão infatigáveis têm sido os esforços do Bom Pastor em buscar os que estavam errantes por caminhos tortuosos, e trazê-los de volta ao trilho da segurança e da paz. Repetidamente tem Deus chamado os amantes de prazeres; freqüentemente tem feito irradiar a luz de Sua palavra em seu caminho, a fim de verem o perigo em que se encontram, e escaparem. Mas eles prosseguem mais e mais, brincando e zombando enquanto viajam pelo caminho largo, até que afinal termina seu tempo de graça. Os caminhos de Deus são justos e iguais; e quando for pronunciada a sentença contra os que são achados em falta, toda boca se calará. — Testimonies for the Church 5:435.
A força potente que atua por meio de toda a natureza e sustenta todas as coisas não é, como alguns cientistas descrevem, simplesmente um princípio dominante, uma energia impulsionante. Deus é espírito; não obstante é um Ser pessoal, pois o homem foi criado à Sua imagem.
As obras divinas na natureza não são o próprio Deus na natureza. As coisas da natureza são uma expressão do caráter divino; por meio delas podemos compreender o Seu amor, poder e glória; mas não devemos considerar a natureza como sendo Deus. O talento artístico dos seres humanos produz obras muito belas, coisas que deleitam os olhos, e essas coisas nos dão em parte um vislumbre de quem as ideou; mas a obra feita não é o homem. Não é a obra, mas o obreiro que é considerado merecedor de honra. Assim, conquanto a natureza seja uma expressão do pensamento de Deus, não a natureza, mas o Deus da natureza é que deve ser exaltado. […]
Na criação do homem foi manifesta a intervenção de um Deus pessoal. Quando Deus fez o homem à Sua imagem, a forma humana estava perfeita em toda a sua distribuição, mas sem vida. Então, um Deus pessoal que tem vida em Si mesmo, soprou nessa forma o fôlego da vida, e o homem tornou-se um ser vivente, respirando e dotado de inteligência. Todas as partes do organismo humano entraram em ação. O coração, as artérias, as veias, a língua, as mãos, os pés, os sentidos, as percepções da mente — todos começaram a funcionar, e todos ficaram sujeitos a uma lei. O homem tornou-se ser vivente. Por meio de Jesus Cristo, um Deus pessoal criou o homem, e dotou-o de inteligência e vigor.
Nossa matéria não estava escondida dEle quando fomos feitos misteriosamente. Seus olhos viram a nossa matéria, se bem que imperfeita; e no Seu livro todos os nossos membros estavam escritos, quando ainda nenhum deles havia.
Acima de todas as ordens de seres inferiores, Deus pretendia que o homem, a obra-prima de Sua criação, expressasse o Seu pensamento e Lhe revelasse a glória. Porém não deve o homem exaltar-se como se fora Deus. […]
Deus o Pai revelado em Cristo — Como ser pessoal, Deus Se revelou em Seu Filho. Jesus, o resplendor da glória do Pai, “e a expressa imagem da Sua pessoa” (Hebreus 1:3), veio à Terra sob a forma de homem. Como Salvador pessoal, veio Ele ao mundo. Como Salvador pessoal subiu ao Céu. Como Salvador pessoal, intercede nas cortes celestiais. Perante o trono de Deus ministra em nosso favor “um semelhante ao Filho do homem”. Apocalipse 1:13.
Cristo, a luz do mundo, velou o ofuscante esplendor de Sua divindade, e veio viver como homem entre homens, para que, sem serem destruídos, pudessem relacionar-se com seu Criador. Homem algum viu a Deus jamais, exceto na Sua revelação através de Cristo. […]
Cristo veio revelar aos seres humanos o que Deus quer que saibam. Nos altos céus, na Terra, na imensidão das águas do oceano, vemos as obras da mão de Deus. Todas as coisas criadas testificam do Seu poder, Sua sabedoria, Seu amor. Mas não é das estrelas, nem do oceano, nem da catarata que podemos aprender acerca da personalidade de Deus segundo é revelado em Cristo.
Viu Deus que uma revelação mais clara do que a natureza era necessária para retratar-Lhe a personalidade e o caráter. Enviou Ele o Seu Filho ao mundo para revelar, tanto quanto podia a vista humana suportar, a natureza e os atributos do Deus invisível.
Se Deus desejasse ser representado como personalidade ligada às coisas da natureza — flor, árvore, hastes da relva — não teria Cristo falado disso aos Seus discípulos quando esteve na Terra? Mas em parte alguma, nos ensinos de Cristo é Deus representado dessa forma. Cristo e os apóstolos ensinaram claramente a verdade da existência de um Deus pessoal.
Cristo revelou, acerca de Deus, tudo quanto seres humanos pecadores poderiam suportar sem ser destruídos. Ele é o divino Mestre e Iluminador. Se Deus houvesse pensado que necessitávamos de revelações outras que não as feitas através de Cristo, e em Sua Palavra escrita, Ele as teria dado.
Cristo nos dá poder para nos tornarmos filhos de Deus — Estudemos as palavras proferidas por Cristo no cenáculo, na noite anterior à Sua crucifixão. Aproximava-Se Ele de Sua hora de prova, e tratou de confortar Seus discípulos, que iriam ser severamente tentados e provados. […]
Não haviam ainda os discípulos compreendido as palavras de Cristo acerca da Sua relação com Deus. Muito do Seu ensino lhes era ainda obscuro. Haviam feito muitas perguntas que revelavam sua ignorância acerca da relação de Deus com eles e quanto aos seus interesses futuros. Cristo queria que tivessem um mais claro e preciso conhecimento de Deus. […]
Quando, no dia de Pentecostes, o Espírito Santo foi derramado sobre os discípulos, compreenderam eles as verdades proclamadas por Cristo em parábolas. Os ensinos que lhes haviam sido mistérios foram esclarecidos. A compreensão que lhes adveio com o derramamento do Espírito fê-los envergonharem-se de suas teorias fantasiosas. Suas suposições e interpretações eram loucura quando comparadas com o conhecimento das coisas celestiais que então receberam. Foram guiados pelo Espírito; e raiou luz no seu entendimento anteriormente obscurecido.
Os discípulos não haviam, porém, recebido o cumprimento total da promessa de Cristo. Receberam todo o conhecimento de Deus que poderiam suportar, mas o cumprimento integral da promessa de que Cristo lhes mostraria claramente o Pai, ainda estava por vir. Assim acontece hoje. Nosso conhecimento de Deus é parcial e imperfeito. Quando o conflito houver terminado, e Jesus Cristo Homem confessar perante o Pai Seus leais obreiros que, num mundo de pecado, Lhe serviram de testemunhas fiéis, compreenderão eles o que agora lhes são mistérios.
Cristo levou consigo para as cortes celestiais a Sua humanidade glorificada. A quantos O recebem, concede Ele a faculdade de tornarem-se filhos de Deus, para que no final Deus os receba como Seus para com Ele viverem através de toda a eternidade. Se, durante esta vida, forem fiéis a Deus, no final “verão o Seu rosto, e nas suas testas estará o Seu nome”. Apocalipse 22:4. E qual é a felicidade do Céu senão a de ver a Deus? Que maior júbilo poderá ter o pecador salvo pela graça de Cristo, do que contemplar a face de Deus, e tê-Lo por Pai?
O interesse de Deus por Seus filhos é individualizado — As Escrituras indicam com clareza a relação que há entre Deus e Cristo, e com idêntica clareza apresentam a personalidade e individualidade de cada um. […]
Deus é o Pai de Cristo: Cristo é o Filho de Deus. A Cristo foi atribuída uma posição exaltada. Foi feito igual ao Pai. Cristo participa de todos os desígnios de Deus. […]
Essa unidade é expressa também na oração de Cristo pelos discípulos, no décimo sétimo capítulo de João:
“E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela Sua palavra hão de crer em Mim; para que todos sejam um, como Tu, ó Pai, o és em Mim, e Eu em Ti; que também eles sejam um em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste. E Eu dei-lhes a glória que a Mim Me deste, para que sejam um, como Nós somos um. Eu neles, e Tu em Mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que Tu Me enviaste a Mim, e que os tens amado a eles como Me tens amado a Mim”. João 17:20-23.
Declaração admirável! A unidade existente entre Cristo e Seus discípulos não destrói a personalidade de nenhum deles, são um no propósito, no pensamento, no caráter, mas não em pessoa. Assim é que Deus e Cristo são um. […]
O nosso Deus tem o Céu e a Terra sob o Seu comando, e sabe justamente o de que necessitamos. Só vemos um pequeno trecho do caminho que está à nossa frente; mas “todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos dAquele com quem temos de tratar”. Hebreus 4:13. Ele está entronizado acima do tumulto da Terra; todas as coisas estão ao alcance da Sua divina supervisão; e lá da Sua grande e calma eternidade Ele comanda o que em Sua providência vê ser o melhor.
Nem um passarinho cai ao chão sem que o Pai perceba. O ódio de Satanás contra Deus o induz a deleitar-se até na destruição das mudas criaturas. Somente por meio do cuidado protetor de Deus é que os pássaros são preservados para nos alegrarem com seus cantos de júbilo. Porém, nem os pássaros Ele esquece. “Não temais pois: mais valeis vós do que muitos passarinhos”. Mateus 10:31. — Testimonies for the Church 8:263-269, 272, 273.