A Ternura de Seu Amor

Definir amor não é uma tarefa simples. As opiniões se dividem. Seria o amor algo como paixão, sentimento, compromisso, cumplicidade, companheirismo, respeito, ou tudo isso e mais um pouco? Há uma definição em I Coríntios 13: 4 a 7. Nessa passagem são descritas atitudes interiores que se revelam no comportamento de quem ama. Assim, para saber se você é amado(a), observe bem atentamente como a outra pessoa te trata. Dando um desconto para as falhas humanas – mesmo quem ama comete seus erros – esse é um método bastante confiável.

A partir dessa perspectiva os evangelhos nos dão uma radiografia nítida do coração amável de Jesus. A mulher surpreendida em adultério que o diga. A situação não deixava muitas opções para Cristo. A aplicação rígida da Lei a mataria. O perdão imediato faria dEle uma daquelas pessoas que tratam o pecado de maneira descuidada e negligente. Mas escrever a vida secreta dos acusadores no chão onde ela deveria ser castigada foi um ato de ternura e amor para com todos. Tudo isso sem ser tolerante com o pecado. Os acusadores compreenderam que não eram melhores do que ela, mas sem passar a vergonha de ter seus pecados jogados ao vento. A mulher percebeu duas coisas importantes: podemos encontrar perdão em Deus; e devemos obrigatoriamente deixar nossas más ações, caso contrário, mais cedo ou mais tarde comprometeremos nossa felicidade nessa vida, perdendo também a eternidade.

Jesus parecia sempre estar ao lado do mais fraco e/ou necessitado. Em Seu último discurso antes de ir a Jerusalém, possivelmente na casa de Pedro (compare Marcos 9:33 com Mateus 17: 24 e 25) algumas pessoas trouxeram seus filhos para que tivessem um contato com Cristo. Era costume dos judeus levarem crianças aos rabinos para receberem a imposição de mãos e bênçãos (veja o Desejado de Todas as Nações, pág. 511). Mas os discípulos acreditavam que eles eram muito pequenos para aproveitarem tal entrevista. Na sua maneira de pensar, Jesus tinha algo mais importante a fazer como pregar o evangelho aos adultos. Ele se indignou com a atitude dos discípulos (Marcos 10:14) e fez questão de recebe-los. De repente aqueles que seriam motivo de incômodo tornaram-se exemplo do tipo de gente que vai estar no céu. A julgar pelo que acontece hoje e pelo ambiente naquela ocasião, o coração de uma criança raramente é prioridade. No entanto, o salvador colocou os menores no começo da fila. Com esse atendimento preferencial demonstrou amor temperado com ternura da melhor qualidade. Nesse momento, enquanto você lê essas linhas, pode ser que seus filhos te peçam um pouco de atenção. Não deixe de atendê-los. Vai valer a pena. Falando nisso, vou interromper por uns minutos minha atividade de escritor amador e vou dizer boa noite para os meus. Melhor ainda, vou ficar um pouco ao lado da cama de cada um antes que durmam. Se Jesus fez uma pausa em homenagem aos pequenos, por que razão nós não deveríamos fazer o mesmo?

Jesus não era carinhoso apenas com as crianças. Um episódio interessante ocorre na casa dos irmãos Marta, Maria e Lázaro. Em relação à Maria não fica muito difícil perceber a ternura de Cristo. Afinal, enquanto sua irmã está desgostosa, fazendo sozinha suas intermináveis tarefas, Ele é todo atenção para a tranqüila aluna sentada a seus pés. Ainda por cima faz uma defesa pública de sua atitude aparentemente indiferente: “…Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.” (Lucas 10:42 RA). Já no Seu diálogo com Marta a ternura não está tão evidente assim, mas temos algumas pistas. Em primeiro lugar a repetição do nome pode indicar afeto ou preocupação. Veja por exemplo quando Jesus e os discípulos estão tomando a última ceia. Num dado momento de Seu discurso Ele se dirige a Pedro com as seguintes palavras: “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo! Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos.” (Lucas 22:31-32 RA). Jesus não parece estar irado com Pedro, mas como um pai que procura antecipar as más ações dos filhos e, se possível, livra-los de um sofrimento maior, revela o futuro da sua vida. Saulo também ouviu seu nome duas vezes seguidas: “e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?” (Atos 9:4 RA). Considerando o que se seguiu na vida de Paulo, não parece provável que a maneira de falar de Cristo tenha sido rude, agressiva ou em tom de bronca.

Assim, Jesus deve ter se dirigido a Marta com profundo interesse. A atitude de amor e ternura de Cristo se manifesta na tentativa de livrá-la de suas neuroses: “Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas.” (Lucas 10:41 RA). “Inquieta” se refere a uma ansiedade interior daquelas que tiram a paz da gente. Já a expressão “Te preocupas” está mais para as atitudes descabeçadas que se seguem a esse desassossego desnecessário.

Marta, Maria e Lázaro eram amigos de Jesus. Amar os que nos amam é um comportamento quase natural. “Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo?” (Mateus 5:46-47 RA). Se o amor pode visto em nossas atitudes para com as outras pessoas, ser solidário com quem nos maltrata não é muito fácil, mas foi o que Cristo fez. Isso não significa que nós tenhamos a obrigação de convidar nossos desafetos para jantar, viajar ou sair por aí os abraçando e dizendo coisas bonitas para eles. Na verdade o amor pelo ser humano se manifestará quando ele(a) – mesmo sendo declaradamente avesso a nós – precisar realmente de nossa compaixão ou perdão. Jesus não saia por aí dizendo palavras doces ou oferecendo Seus préstimos para aqueles que O perseguiam. Mas certamente orava por eles. E no momento de decidir pela condenação ou pelo perdão, escolhia dar mais uma chance. Sua oração na cruz é um bom exemplo disso: “Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” (Lucas 23:34 RA)

Ás vezes Cristo condenava publicamente os pecados de seus amigos e inimigos. Há quem que não se sinta constrangido de apontar os problemas alheios. Principalmente se o outro não é muito simpático às suas idéias. Em geral essas pessoas não se dirigem aos que erram, mas espalham más notícias por aí. Outros não se sentem muito confortáveis em confrontar as pessoas que amam. Jesus apontava a doença e o caminho da cura. Essa era a evidência da ternura e amor por corações endurecidos. Afinal, tem gente que só percebe que está indo para o precipício quando leva um susto. Mas tome cuidado para não sair por aí dizendo o que dá na telha com a pretensão de ser como Jesus. Ele lia os corações. Você e eu não. Então o negócio é amar e agir com cautela mesmo quando for necessário abrir os olhos do pecador. “Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas.” (Mateus 10:16 RA).

Autor: Pr. Denis Konrado Fehlauer

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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