Catástrofes Naturais e Fim do Mundo

Pesquisadores norte-americanos do Fundo Mundial para a Natureza esboçaram um cenário caótico do planeta Terra em 2100, caso ele chegue até lá. O quadro seria o resultado de preocupantes calamidades e alterações na natureza; migração e extinção de algumas espécies de aves e animais, sepultamento de cidades e ilhas, provocado pelo aumento do nível das águas do mar; inundações, nevascas, furacões e ciclones ceifando vidas a cada ano.

Os cientistas ainda concluíram que o aquecimento global poderá causar mudanças radicais em aproximadamente um terço dos habitats de vida vegetal e animal, até o fim do século 21, afetando assim a sobrevivência de várias espécies. Em alguns locais, até 20% das espécies podem sumir devido à diminuição dos habitats. O relatório prevê ainda que regiões do Canadá, Rússia e Escandinávia poderão perder acima de 50% de seus habitats.

Tais previsões soam como o eco da mensagem contida num bilhete manuscrito por Albert Einstein. Ainda no período pós-guerra, o famoso físico alemão escreveu ao presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt: “Atenção! O planeta Terra pode ser destruído”.

Contudo, não precisamos viver até 2100 para comprovar “que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora” (Rom. 8:22). Certamente não. O espetáculo anunciado já se desenvolve em cenas assombrosamente rápidas diante de nós. O aquecimento global é mais que uma hipótese. A temperatura média da Terra foi elevada em um grau nos últimos 120 anos, fazendo derreter o gelo das calotas polares. Os oceanos estão ficando mais quentes, enchentes e secas se tornaram mais violentas, animais mudam suas rotas migratórias, cai a diferença de temperatura entre o dia e a noite; ondas de calor já mataram milhares, a biodiversidade empobrece.

Catástrofes são cada vez mais freqüentes. Há alguns anos atrás, 280 mil mortos, além de desabrigados, foram o resultado de um tsunami na Ásia. O furacão Katrina devastou a cidade de Nova Orleans, nos Estados Unidos. O Brasil também já sentiu, em março de 2004, a fúria de um desses fenômenos que matou pelo menos três pessoas e destruiu milhares de casas na região sul do País. E até o amazônida brasileiro, cercado de água por todos os lados – quem diria! – chegou a experimentar os rigores de uma seca, em 2005.

Leque de explicações

Esses fenômenos extremos, cuja ocorrência é cada vez mais freqüente na atmosfera, na hidrosfera e na crosta terrestre, têm chamado a atenção não apenas da população comum, mas também dos especialistas em diversas áreas científicas, tais como meteorologia e climatologia, oceanologia, geofísica e geologia. São também motivo de preocupação para as autoridades governamentais, empenhadas em criar leis de proteção ambiental e estabelecer outras medidas preventivas que garantam a segurança da população, e que tenham a responsabilidade de prestar assistência aos que são surpreendidos pelas calamidades.

Perplexos, todos se debruçam sobre pesquisas e análises, em busca das causas a partir das quais pretendem achar soluções. E não faltam tentativas de explicação. Propaga-se, por exemplo, a idéia de que estaria em curso uma “extinção em massa” a sexta de um ciclo que teria iniciado há supostos 250 milhões de anos. Há os que reconhecem a mão predadora do homem por trás do desequilíbrio natural. As catástrofes e alterações da natureza seriam apenas a reação dela às agressões sofridas. A intromissão do homem na natureza, explorando seus recursos, criou situações ambientais críticas como, por exemplo, a ameaça de esgotamento das fontes de água limpa, a mudança climática, a perda de biodiversidade, a poluição e a redução dos recursos energéticos. Não se trata de um conceito descartável, a não ser quando muitos dentre seus defensores depositam na capacidade inventiva do ser humano a esperança de conserto e ajustes.

De acordo com o Dr. Ruy Camargo Vieira, presidente da Sociedade Criacíonísta Brasileira, “um ponto de vista que tem sido considerado é o de que o planeta Terra – que supostamente deveria ter atingido um estágio de relativa estabilidade no decorrer de supostos milhões de anos de lenta evolução, durante os quais não houve catástrofes, – está em um processo de estabilização em que elas ocorrem, particularmente desde o grande evento catastrófico a que os geólogos chamam de ‘Evento K/T,’ e que a Bíblia chama de ‘Dilúvio Universal.’

“Segundo esse ponto de vista, o processo de estabilização envolveria episódios de vulcanismo (vulcões e fendas dorsais oceânicas) e sismos (terremotos e maremotos), devidos ao deslocamento de placas tectónicas, que implicam variações no nível dos oceanos, juntamente com efeitos colaterais na atmosfera que, por sua vez, implicam variações no clima global’.’

O Dr. Vieira lembra ainda: “Não devemos esquecer também, os danosos efeitos que as experiências nucleares e a contínua e crescente emissão de poluentes têm causado mais recentemente no equilíbrio da atmosfera, inclusive na chamada camada de ozônio’.”

Porém, diligente pesquisador criacionista convicto e incansável combatente em favor de uma visão científica imparcial, alerta no sentido de que “devemos estar despertos contra a aceitação precipitada de qualquer explicação divulgada pelos meios de comunicação de massa, e tida como cientificamente comprovada”. Ele sabe que existe sempre a possibilidade de manipulação de informações e especulações materialistas.

Por isso mesmo, enquanto se move pelos meandros científicos, o Dr. Vieira faz questão de mencionar a escatologia bíblica como fonte de explicação para o atual desequilíbrio da natureza: “Sob o ponto de vista bíblico, não deixam de ser previsíveis catástrofes naturais, dentro do quadro profético referente à volta de Cristo e ao fim do mundo. No próprio sermão profético de Cristo (Mateus 24), foram Suas as palavras ligando a ocorrência desses fenômenos com a proximidade do fim. Para aqueles que esquadrinham as revelações bíblicas, não há dúvida de que eles são um sinal dos tempos.

Sinais do fim

Este é o ponto. Ao analisarmos os fenômenos catastróficos da natureza, não é sábio desprezar o testemunho das Escrituras. Já no Antigo Testamento, eles aparecem prenunciando juízos de Deus. Um exemplo disso pode ser visto nas pragas que caíram sobre o Egito, antes da libertação dos israelitas (Êxo. 10). Outro caso similar aparece no longo dia de Josué, no qual os israelitas foram habilitados a retribuir o julgamento sobre os cananeus (Jos. 10:12-14). Nos dias de Débora e Baraque, os elementos da natureza lutaram contra os inimigos do povo de Deus. Em certa ocasião, o ribeiro de Quisom varreu o exército cananeu que estava acampado em suas margens. Seguramente, uma chuva repentina e torrencial o fez transbordar e também enlameou o solo argiloso do vale de tal forma que as carruagens inimigas ficaram totalmente inutilizadas (Juízes 5:20 e 21).

E no Novo Testamento, os evangelistas relatam o diálogo entre Cristo e os discípulos: “No Monte das Oliveiras, achava-Se Jesus assentado, quando se aproximaram dEle os discípulos, em particular, e Lhe pediram: Dize-nos quando sucederão estas coisas, e que sinal haverá da Tua vinda e da consumação do século. E Ele lhes respondeu; … Porquanto haverá fomes e terremotos em vários lugares. … Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o Sol escurecerá, a Lua não dará a sua claridade, as estrelas do firmamento e os poderes dos céus serão abalados” (Mat. 24:3,7 e 29);”… sobre a Terra, [haverá] angústia entre as nações em perplexidade por causa do bramido do mar e das ondas” (Luc. 21:25).

Os eventos mencionados por Cristo, entretanto, não assinalavam o fim dos tempos. Eles são desencadeados “em seguida à tribulação daqueles dias”; à “grande tribulação” (Mat 24:21), ou a grande perseguição aos cristãos levada a efeito na Idade Média, sinalizando que o mundo entrava no período conhecido como “tempo do fim.’ Na descrição da abertura do sexto selo, no livro do Apocalipse, aparecem os mesmos fenômenos: “Vi quando o Cordeiro abriu o sexto selo, e sobreveio grande terremoto. O Sol se tornou negro como saco de crina, a Lua toda, como sangue, as estrelas do céu caíram pela Terra, como a figueira, quando abalada por vento forte, deixa cair os seus figos verdes (Apoc. 6:12 e 13).

Terremotos

A menção de terremotos, tanto na descrição dos evangelhos quanto no Apocalipse, é digna de especial atenção. Os céticos podem argumentar que eles sempre ocorreram e, por isso, não seriam, necessariamente, um indicativo da aproximação do fim. A ênfase, porém, deve ser direcionada para a freqüência e intensidade cada vez maior com que ocorrem, à medida que nos aproximamos do fim.

Ellen White fala disso, ao descrever os resultados do Dilúvio: “Nesse tempo imensas florestas foram sepultadas. Estas foram depois transformadas em carvão, formando as extensas camadas carboníferas que hoje existem, e também fornecendo grande quantidade de óleo. O carvão e o óleo freqüentemente se acendem e queimam debaixo da superfície da Terra. Assim as rochas são aquecidas, queimada a pedra de cal, e derretido o minério de ferro. A ação da água sobre a cal aumenta a fúria do intenso calor, e determina os terremotos, vulcões e violentas erupções…. Estas assombrosas manifestações serão mais e mais freqüentes e terríveis precisamente antes da segunda vinda de Cristo e do fim do mundo, como sinais de sua imediata destruição.” – Patriarcas e Profetas, págs. 108 e 109.

A propósito do “grande terremoto” referido no Apocalipse, a interpretação adventista nos leva ao terremoto de Lisboa que, em 1º de novembro de 2005, completou 250 anos, com direito a comemoração sob o repicar de sinos em todas as igrejas católicas da capital portuguesa, Esse terremoto, que alcançou a intensidade de 8.5 pontos na escala Richter, atingiu mais de dez milhões de quilô-metros quadrados, estendendo-se “pela maior parte da Europa, África e América do Norte Foi sentido na Groenlândia, nas índias Ocidentais, na Ilha da Madeira, na Noruega e Suécia, Grã-Bretanha e Irlanda! segundo descreve Ellen G. White. Em Lisboa, destruiu edifícios, causou um incêndio devastador e um tsunami, A perda de vidas é estimada em milhares de pessoas, muitas das quais voltavam de igrejas onde se comemorava o Dia de Todos os Santos.

O terremoto de Lisboa teve efeito duradouro nas áreas filosófica, cultural e científica, no século 18, segundo avaliação feita pelo Dr. Hans LaRondelle, celebrado teólogo adventista, “Os maiores fundamentos do pensamento e cultura ocidental foram profundamente abalados. A auto-suficiência da Era da Razão adquiriu uma flacidez permanente depois do terremoto de Lisboa.” Mas, ele não foi o que ceifou maior número de vidas.

De fato, antes de 1755, houve três terremotos mais assassinos que o de Lisboa; o de Nápoles, Itália, em 1456, dizimou 30 mil vidas. Em Shensu, China, um terremoto matou 820 mil pessoas, em 1556; e o terremoto de Calcutá, em 1737, ceifou 130 mil vidas. Depois de 1755, um tremor em Tóquio resultou em 200 mil mortos, em 1803. Em 1920, o abalo de Kansu deixou 180 mil mortos na China; e o terremoto de Kwanto, Japão, matou 140 mil pessoas, em 1923. Ainda na China, em 1976, outro terremoto causou a morte de 650 mil pessoas.

Diante disso, algumas pessoas, hoje, estão se perguntando: por que então identificar o terremoto de Lisboa com a profecia? O Dr William Shea, jubilado como diretor associado do Instituto de Pesquisa Bíblica da Associação Geral da Igreja Adventista, responde; “E preciso levar em conta osaspectos de geografia, seqüência e sincronismo. O foco bíblico é sobre o Oriente Próximo e a Europa. Os terremotos da China não aparecem na jurisdição geográfica da área de ação coberta pelo Apocalipse. Nenhum dos terremotos foi seguido por um dia escuro ou uma chuva de meteoros. A seqüência é específica: terremoto, escurecimento do Sol, queda de estrelas. O aspecto do sincronismo, que torna única essa seqüência de sinais cósmicos, tem que ver com o lugar no qual eles ocorrem no esquema profético da História,”

O escritor e também teólogo Mervyn Maxwell endossa o pensamento de Shea, ao explicar que “como uma série, eles [os sinais] vieram na ordem e no tempo apropriados. A série de sinais que teve lugar ‘logo em seguida à tribulação daqueles dias’ (Mat. 24:29) foi evidentemente cumprida”.

Na opinião do Dr José Carlos Ramos, coordenador de pós-graduação do Seminário Adventista Latino-americano de teologia, “outro ponto a ser considerado é o assustador aumento de terremotos devastadores, particularmente após 1755. Bem analisados, os males que sempre caracterizaram a vida de nosso planeta se acentuam nos dias finais O mesmo ocorre com os abalos sísmicos. A profecia prevê para o fim não somente grandes terremotos, mas fala deles como ocorrendo em muitos lugares (Mal. 24:7; 13:8). Há um sentido de intensificação aqui.

“Diferentes estações sísmológícas estabelecidas em pontos estratégicos ao redor do mundo, registram a ocorrência de um milhão de vibrações sísmicas por ano, entre as quais há, em média, um terremoto de grandes proporções, 18 abalos significativos e aproximadamente 120 tremores considerados fortes. A fragilidade do planeta continuará se intensificando até que o ponto culminante seja atingido por ocasião da sétima praga; aí ocorrerá o último e mais terrível terremoto como nunca houve igual desde que há gente sobre a Terra (Apo. 16:18). Será um terremoto suficientemente arrasador para quebrantar o mundo, abrir as sepulturas dos justos e introduzir a volta de Jesus”.

O desfecho

Vivemos no tempo do fim. E a intensificação de tragé-dias naturais indica que nos aproximamos rapidamente do fim do tempo. Ao apóstolo João foi dado o vislumbre de um “tempo determinado” no futuro, quando o “Senhor, Deus, Todo-poderoso” fará um acerto de contas com “os que destroem a Terra” (Apoc. 11:18). As tendências cada vez maiores de destruição do planeta evidenciam claramente que, em pouco tempo, o Senhor da História intervirá para fazer “novas todas as coisas” (Apoc. 21:5).

Nas palavras de Pedro, “virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a Terra e as obras que nela existem serão atingidas. Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão. Nós, porém, segundo a Sua promessa, esperamos novos céus e nova Terra, nos quais habita justiça (II Ped. 3:10-13).

Confiança é o sentimento com que devemos olhar o futuro. Perplexidade, temor e desespero devem ceder lugar à tranqüilidade, certeza e alegre expectativa, Foi o próprio Cristo quem aconselhou; “Ora, ao começarem estas coisas a suceder, exultai e erguei a vossa cabeça; porque a vossa redenção se aproxima (Luc. 21:28).

Artigo de Zinaldo A.Santos, editor da Revista Ministério, publiado na Revista Adventista de Feveriro/2006.

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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