DUALISMO E HOLISMO NO EXAME
DA CONSCIÊNCIA APÓS A MORTE
A crença na imortalidade da alma deriva de um entendimento dualístico da composição da natureza humana. Historicamente, a vasta maioria dos cristãos tem crido e ainda crê que a natureza humana é dualística, consistindo de um corpo material e mortal, e uma alma imaterial, imortal. Por ocasião da morte, a alma se desligaria do corpo e sobreviveria num estado desincorporado, seja no gozo do paraíso ou no tormento do inferno. Isso significa que a primeira etapa em analisar de uma perspectiva bíblica a crença popular na vida desincorporada após a morte é estudar o que a Bíblia nos ensina com respeito à composição da natureza humana. Este será o enfoque e nossa atenção neste estudo.
Até recentemente apenas um punhado de denominações evangélicas, nem sempre consideradas cristãs, ensinava e pregava que a natureza humana é holística, consistindo de um ser indivisível, sendo o corpo, alma, e espírito somente características da mesma pessoa. A alma é o princípio animado do corpo manifesto na consciência, pensamento–os aspectos da vida de um indivíduo. Por ocasião da morte, o corpo e alma não se separam, mas simplesmente cessam de existir e descansam de modo inconsciente na sepultura até a ressurreição. Nesse tempo, a pessoa mortal integral será ressuscitada, seja para a vida eterna ou para a morte eterna.
Católicos e protestantes têm historicamente rejeitado a visão holística da natureza do homem e rotulado como “sectária” as poucas igrejas que mantêm tal ponto de vista. Mas comprazo-me em relatar que uma mudança radical vem ocorrendo durante os últimos 50 anos no pensamento da comunidade de eruditos.
Destacados eruditos católicos e protestantes têm reexaminado o ponto de vista bíblico da natureza do homem e têm concluído que não existe na Bíblia qualquer dicotomia entre um corpo mortal e uma alma imortal que “se separa” quando da morte. Tanto o corpo quanto a alma são unidades indivisíveis que deixam de existir ao tempo da morte, até a ressurreição. Em resumo, o veredicto da erudição moderna é de que o ponto de vista holístico é bíblico, enquanto o entendimento dualístico popular é antibíblico, derivado que é do dualismo platônico, antes que das Escrituras.
Esses fatos têm suscitado sérias preocupações de parte daqueles que vêem seu entendimento dualístico da natureza humana severamente desafiado e minado. De fato, alguns líderes evangélicos têm reagido vigorosamente, adotando em alguns casos táticas ameaçadoras.
Oscar Cullmann, renomado teólogo suíço, por exemplo, viu-se ferrenhamente atacado por muitos que faziam fortes objeções a seu livro Immortality of the Soul or Resurrection of the Dead? [Imortalidade da alma ou ressurreição dos mortos?] Ele escreveu: “Nenhuma de minhas publicações provocou tal entusiasmo ou tão violenta hostilidade”.
7 De fato, a crítica tornou-se tão intensa e tantos revelaram-se ofendidos com suas declarações que ele decidiu manter-se deliberadamente em silêncio por um tempo. Devo acrescentar que Cullmann não se deixou impressionar pelos ataque contra seu livro porque entende serem baseados, não em argumentos exegéticos, mas em considerações de ordem emocional, psicológica e sentimental.
O respeitado teólogo canadense Clark Pinnock menciona algumas das “táticas de pressão” usadas para desacreditar aqueles eruditos evangélicos que abandonaram o ponto de vista dualístico tradicional da natureza humana e sua doutrina relacionada de tormento eterno num inferno de fogo. Uma das táticas tem sido associar tais teólogos com liberais ou denominações tidas por sectárias, como a dos adventistas. Escreve Pinock: “Parece que um novo critério para a verdade foi descoberto, segundo o qual, se os adventistas ou os liberais mantêm algum ponto de vista, esse deve estar errado.
Aparentemente, a defesa de uma verdade pode ser decidida por sua associação e não precisa ser testada por critérios públicos em debate aberto. Tal argumento, conquanto inútil em discussão inteligente, pode surtir efeito com os ignorantes que são ludibriados por tal retórica”.
8 A despeito das táticas de pressão, o ponto de vista holístico da natureza humana que nega a imortalidade da alma e, em conseqüência, o tormento eterno dos perdidos no inferno, ganha espaço entre os evangélicos. Seu endosso público por John R. W. Stott, pregador popular e teólogo britânico altamente respeitado, está decerto encorajando tal tendência. “Numa deliciosa peça de ironia”, escreve Pinnock, “isto vem criando uma medida de crédito por associação, contrariando as táticas mesmas usadas contra ela. Tem-se tornado quase impossível alegar que somente heréticos e quase-heréticos [como os adventistas do sétimo dia] mantêm essa posição, embora esteja seguro de que alguns descartarão a ortodoxia de Stott precisamente sobre esse terreno”.
9 O próprio Stott expressa ansiedade quanto às conseqüências divisivas de seus novos pontos de vista na comunidade evangélica onde é um renomado líder. Ele escreve: “Sinto-me hesitante em ter escrito essas coisas, em parte porque tenho grande respeito pela longa tradição que reivindica ser uma correta interpretação da Escritura, e não a ponho de parte levianamente, e em parte porque a unidade da comunidade evangélica mundial sempre significou muito para mim. Contudo, o assunto é por demais importante para ser suprimido, e estou-lhe grato (a David Edwards) por desafiar-me a declarar meu atual modo de pensar. Não dogmatizo a respeito da posição a que cheguei. Eu a mantenho tentativamente. Mas eu apelo a diálogo franco entre os evangélicos com base nas Escrituras”.
10 O apelo de Stott por um “diálogo franco entre evangélicos com base nas Escrituras” pode ser muito difícil, se não impossível, de materializar-se. A razão é simples: Os evangélicos condicionam-se a seus ensinos denominacionais tradicionais, assim como os católicos-romanos e ortodoxos orientais. Em teoria, eles apelam à Sola Scriptura porém na prática os evangélicos muitas vezes interpretam as Escrituras de acordo com seus ensinos denominacionais tradicionais. Se novas pesquisas bíblicas desafiam suas doutrinas tradicionais, na maioria dos casos as igrejas evangélicas preferirão apegar-se à tradição antes que à Sola Scriptura. A diferença real entre evangélicos e católicos romanos é que os católicos dão grande destaque à autoridade normativa de sua tradição eclesiástica, enquanto as igrejas evangélicas não o fazem.
Ser um “evangélico” significa sustentar certas doutrinas tradicionais fundamentais sem questionamento. Quem quer que questione a validade bíblica de uma doutrina tradicional pode tornar-se suspeito de ser um “herege”. Numa importante conferência em 1989 para discutir o que significa ser um evangélico, sérias questões foram suscitadas quanto a se pessoas como John Stott ou Philip Hughes deveriam ser considerados tais, uma vez que adotaram o ponto de vista da imortalidade condicional e da aniquilação dos que não se salvarão. O voto para excluir tais teólogos apenas não se confirmou por pouco.
Por que os evangélicos são tão teimosos em recusar reconsiderar os ensinos bíblicos sobre a natureza e destino humanos? Afinal de contas, eles tomaram a liberdade de mudar outros ensinos tradicionais.
Talvez uma razão de sua insistência em conservar o ponto de vista dualístico é que isso causa impacto sobre muitas outras doutrinas. Fizemos notar anteriormente que o que os cristãos crêem sobre a composição da natureza humana determina em grande medida o que crêem sobre o destino humano. Abandonar o dualismo também provoca o abandono de todo um conjunto de doutrinas que resultam disso, especialmente a acariciada crença na consciência da vida após a morte. Isso pode se chamar “efeito dominó”. Se uma doutrina cai, várias cairão junto.
Para os leitores apreciarem a importância de uma correta compreensão do ponto de vista bíblico da natureza do homem, neste primeiro artigo desejamos comparar brevemente e contrastar as implicações práticas e doutrinárias do entendimento dualístico e holístico da natureza humana.
Implicações Práticas do Dualismo versus Holismo
O Ponto de Vista Dualístico da Vida. Os cristãos que mantêm o entendimento dualístico da natureza humana conceitualizam a vida presente dualisticamente. Encaram a vida espiritual da alma como mais importante do que a vida física do corpo. Historicamente, esse ponto de vista dualístico tem retratado os santos como pessoas que se dedicam primariamente à vita contemplativa (vida contemplativa), desligando-se da vita activa (vida secular). Uma vez que o cultivo da alma tem sido visto como mais importante do que cuidar do corpo, o bem-estar físico do corpo muitas vezes tem sido intencionalmente ignorado ou até suprimido.
Eu testemunhei essa mentalidade dualística durante os cinco anos que passei na Universidade Pontifícia Gregoriana de Roma, Itália. Muitas vezes vi alguns de meus colegas de classe, a maioria deles monges e sacerdotes católicos de todo o mundo, primeiro indo para a capela para cultivarem sua alma mediante oração e meditação, e daí indo até o bar ao final do corredor para intoxicar seus corpos tomando bebidas alcoólicas e fumando. Eles não viam conflito entre as duas atividades, porque, segundo sua mentalidade dualística, o que faziam com seus corpos não afetava a salvação de suas almas.
A mesma mentalidade dualística prevalece no mundo protestante, onde a redenção associa-se grandemente à salvação da alma, antes que ao cuidado do corpo. Muitos cristãos divorciam o corpo humano de sua alma tornando a salvação uma experiência interna da alma, antes que uma transformação total da pessoa inteira.
Ouve-se constantemente o comentário em várias discussões de grupo de que participo compartilhando o que a Bíblia ensina sobre questões de estilo de vida, como a observância do sábado, vestuário e adornos, uso de bebidas alcoólicas, casamento, relações sexuais pré-matrimoniais: “Está dando muita importância a coisas de menor valor! Isso não é o evangelho. A salvação trata com aceitar e professar a Cristo como nosso Salvador pessoal, e não com questões de estilo de vida”. Tais comentários refletem uma mentalidade dualística: Na medida em que as pessoas aceitam a Cristo com a mente, o que fazemos com nossos corpos de fato não importa.
A Visão Holística da Vida. Essa mentalidade dualística é abertamente rebatida na Bíblia, que nos ensina a glorificar a Deus não só com a mente, mas também com nosso corpo, por ser ele “o templo do Espírito Santo” (1 Cor. 6:19) para ser apresentado como um “sacrifício vivo” a Deus (Rom. 12:1). Temos há muito reconhecido e realçado que o modo como tratamos nosso corpo reflete a condição espiritual de nossa alma, pois nossos corpos e almas são um. Se poluímos o corpo com fumo, drogas, alimentos prejudiciais ou estilo de vida intemperantes provocamos não só a poluição de nossos corpos, como também a poluição espiritual de nossas almas.
O desafio que os cristãos adeptos do ponto de vista holístico da Bíblia enfrentam hoje é integrar tal visão mais plenamente a seus programas de ensino, pregação, instrução e assistência médica. A perspectiva bíblica da natureza humana nos desafia a preocupar-nos com a pessoa inteira. Isso significa que em nossa pregação e ensino, precisamos não só atender às necessidades espirituais da alma, mas também as necessidades físicas do corpo. Precisamos ensinar as pessoas não só a cultivar sua vida espiritual, como também cuidar de seus corpos físicos.
O evangelho não nos dá base para uma doutrina de redenção que salva a alma à parte do corpo ao qual pertence. A comissão evangélica não é salvar almas, mas pessoas inteiras. O que Deus juntou por ocasião da criação e redenção na cruz, nenhum cristão tem o direito de separar.
Na educação bíblica cristã o holismo significa que devemos ter por alvo o desenvolvimento dos aspectos mentais, físicos e espirituais da vida. Um bom programa de educação física deve ser considerado tão importante quanto o seu programa acadêmico e religioso.
Na medicina, o holismo bíblico significa que os médicos devem tratar a pessoa integral, incluindo a condição nutricional, espiritual, emocional e espiritual do paciente. O holismo bíblico nos desafia também a servir o mundo, e não evitá-lo.
Implicações Doutrinárias do Dualismo. As implicações doutrinárias do ponto de vista dualístico da natureza humana são até mesmo alarmantes. Muitas das heresias que perturbam o mundo cristão hoje derivam do dualismo. Por exemplo, o dualismo deu lugar ao desenvolvimento do engano popular da vida consciente após a morte que se está espalhando hoje como fogo na palha, um engano promovido de forma bem sucedida pela sutil loucura do movimento da Nova Era e pela pesquisa de experiências de quase morte. Esta última tem, por seu turno, fomentado tais crenças como a intercessão dos santos, a oração pelos mortos, indulgências, purgatório, religação da alma quando da ressurreição, o tormento eterno do inferno, uma visão etérea do Paraíso onde almas glorificadas passarão a eternidade em eterna contemplação e meditação.
É-nos impossível calcular o impacto negativo dessas crenças enganosas sobre a fé e prática cristãs. De um lado, essas crenças têm enfraquecido e obscurecido a expectativa da segunda vinda de Cristo. Se por ocasião da morte a alma do crente vai imediatamente para a bem-aventurança do Paraíso para estar com o Senhor, dificilmente haverá qualquer senso de expectativa para Cristo vir até aqui ressuscitar os santos adormecidos. A preocupação primária desses cristãos é ir para o céu para encontrar a Cristo imediatamente após a morte, conquanto isso seja com almas desincorporadas, não preparar-se a si próprios e outros para encontrarem a Cristo quando Ele vier a este planeta quando de Seu Retorno.
Na Bíblia, a esperança do Advento significa uma reunião real sobre a Terra entre crentes em seus corpos e Cristo no glorioso dia do Seu retorno. Dessa reunião de fato derivará uma transformação radical que afetará a humanidade e a natureza. Essa grande expectativa é obscurecida pela crença na imortalidade individual e no gozo celestial imediatamente após a morte.
O dualismo tem também contribuído para incompreensões sobre o mundo por vir. A maioria dos cristãos entende que o paraíso é um tipo de retiro espiritual em algum lugar do espaço, onde almas glorificadas passarão a eternidade em infindável contemplação e meditação. Como diz a letra de certo hino, “In mansion of glory and endless delight I will ever adore Thee in heaven so bright” [Na mansão de glória e infindável deleite eu para sempre Te adorarei no tão luminoso céu].
Essa visão etérea do mundo por vir tem sido mais inspirado pelo dualismo platônico do que pelo realismo bíblico. A visão bíblica do mundo futuro não é a de um retiro espiritual habitado por almas glorificadas, mas este planeta povoado por santos ressuscitados (Isa. 66:22; Apoc. 21:1).
Nas Escrituras, Cristo vem a segunda vez, não para ajudar os santos a escaparem deste planeta, mas para transformar a Terra devolvendo-lhe a perfeição original. Sim, o mundo do porvir é um mundo real, habitado, não por almas desincorporadas, mas por corpos ressurretos, ou seja, pessoas reais como você e eu.
Implicações Doutrinárias do Holismo. O ponto de vista holístico da Bíblia quanto à natureza humana pressupõe uma visão cósmica da redenção que abrange o corpo e a alma, o mundo material e o espiritual. A separação entre corpo e alma ou espírito é freqüentemente comparada à divisão entre o reino da Criação e o reino da redenção. O último tem sido associado em grande medida, tanto no catolicismo quanto no protestantismo, à salvação das almas dos indivíduos às expensas das dimensões físicas e cósmicas da redenção. Os santos são amiúde retratados como peregrinos que vivem sobre a terra mas são desligados do mundo, cujas almas na morte deixam de imediato seus corpos materiais para ascender a um lugar abstrato chamado “céu”. Esse ponto de vista reflete o dualismo clássico, mas fracassa, como veremos nesta série de estudos, em representar o ponto de vista holístico bíblico da criação humana e sub-humana.
Notamos que o dualismo tradicional produziu uma atitude de desprezo para com o corpo e o mundo natural. Esse distanciamento do mundo reflete-se em linguagem de hinos tais como “Este Mundo Não é Meu Lar”, “Sou um estranho aqui, o céu é o meu lar; a terra é um árido deserto, o céu é o meu lar”.
Tal atitude de desprezo para com nosso planeta está ausente dos Salmos, o hinário hebreu, onde o tema central é o louvor de Deus por Suas obras magníficas. No Salmo 139:14, Davi declara: “Eu te louvarei pois fui formado de modo tremendo e maravilhoso: grandiosas são as Tuas obras; isso minha alma conhece muito bem” (NIV). Aqui o salmista louva a Deus por seu maravilhoso corpo, um fato bem conhecido por sua alma (mente). Este é um bom exemplo do pensamento holístico, onde o corpo e alma são parte da maravilhosa criação de Deus.
No Salmo 92, o salmista insta todos a louvarem a Deus com instrumentos musicais, porque, diz ele, “Tu, ó Senhor, alegraste-me por Tuas obras; canto de alegria pelas obras de Tuas mãos. Quão grandes são as Tuas obras, ó Senhor!” (Sal. 92:4-5). O regozijo do salmista com seu maravilhoso corpo e maravilhosa criação baseiam-se em sua concepção holística do mundo criado como parte integral de todo o drama da criação e redenção.
Num estudo futuro veremos que a Bíblia não retrata o mundo por vir como um paraíso etéreo onde almas glorificadas passarão a eternidade trajando vestes brancas, cantando, tocando harpas, orando, perseguindo nuvens e bebendo leite de ambrósia. Antes, a Bíblia fala dos santos ressurretos habitando este planeta purificado, transformado e tornado perfeito por ocasião e mediante a vinda do Senhor (2 Ped. 3:11-13; Rom. 8:19-25; Apoc. 21:1). Os “novos céus e uma nova terra” (Isa. 65:17) não são um retiro espiritual remoto e inconsequente em algum recanto do espaço; antes, são o céu e a terra presentes renovados à sua perfeição original.
Os crentes entram na nova terra, não como almas desincorporadas, mas como pessoas ressuscitadas em seus corpos (Apoc. 20:4; João 5:28-29; 1 Tess 4:14-17). Conquanto nada impuro entre na Nova Jerusalém, é-nos dito que “os reis da terra trarão para ela a sua glória . . . a ela trarão a glória e honra das nações” (Apoc. 21:24, 26). Tais versos sugerem que tudo quanto tem real valor no velho céu e terra, inclusive as realizações da inventividade artística e conquistas intelectuais, encontrarão seu lugar na ordem da eternidade. A própria imagem da “cidade” transmite a ideia de atividade, vitalidade, criatividade e relacionamentos reais.
É pena que essa visão terrena fundamentalmente concreta do novo mundo de Deus retratado nas Escrituras tenha sido em grande parte perdida de vista e substituída na religiosidade popular por um conceito etéreo, espiritualizado do céu. O último tem sido influenciado pelo dualismo platônico, antes que pelo realismo bíblico.
Conclusão. Historicamente, duas visões principais, radicalmente diferentes da natureza humana, têm sido mantidas. Uma é chamada de clássica e a é conhecida como holismo bíblico. O ponto de vista dualístico mantém que a natureza humana consiste de um corpo material, mortal, e uma alma espiritual, imortal. A última sobrevive à morte do corpo e parte para o céu, ou purgatório ou inferno. Por ocasião da ressurreição, a alma é reunida ao corpo. Essa concepção dualística tem exercido um enorme impacto sobre a vida e pensamento cristãos, afetando a visão que as pessoas têm da vida humana, deste mundo presente, da redenção e do mundo do além.
Em tempos recentes, a visão dualística da natureza humana tem sofrido ataques de eruditos que reexaminaram o ponto de vista bíblico do corpo, alma e espírito. Eles concluíram que a visão bíblica da natureza humana não é de modo algum dualística, mas claramente holística. Muitas vozes de diferentes direções estão afirmando hoje que o dualismo está perdendo terreno e o holismo ganhando.
Este breve relatório sobre o debate em andamento da posição bíblica da natureza humana demonstrou a importância fundamental deste assunto para toda a estrutura das crenças e práticas cristãs. Faz-se, pois, imperativo que diligentemente examinemos o que a Bíblia realmente ensina sobre esse tema vital.
Referências
7. Oscar Cullmann, Immortality of the Soul orResurrection of the Dead? The Witness of the New Testament (N. York, 1958), p. 5.
8. C. H. Pinnock, “The Conditional View”, in Four Views on Hell, W. Crockett, ed., (Grand Rapids, 1993), p. 161.
9. Ibid., p. 162.
10. John W. Stott e David Edwards, Essentials, A Liberal-Evangelical Dialogue (Londres, 1988), pp. 319-320.