Fazendo o Melhor pela sua Família

De acordo com o filósofo francês Luc Ferry, autor do livro “Famílias, Amo Vocês”, ele afirmou que já na Idade Média o então filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), um dos principais pensadores do Iluminismo, abandonou seus cinco filhos sem dó nem piedade (Revista Veja, 22 de outubro de 2008, p. 20).

Você também pode cometer o mesmo tipo de abandono sem sair de casa. Quando você não oferece o melhor de si para sua família. A negação de si mesmo pode se transformar na principal causa do aumento nos índices de divórcios e do envolvimento de adolescentes com sexo, álcool e drogas. Onde a família vai chegar se continuar descendo nesse perigoso precipício social e moral?

O escritor Dennis Rainey, em seu livro Ministério com Família no Século 21, afirmou que uma criança criada num ambiente familiar estável por uma mãe e um pai que a amam, nutrem e ensinam a ela os princípios básicos da vida – honestidade, atenção para com os outros e responsabilidade, apenas para citar alguns – esta criança cresce normalmente e se transforma num adulto que, então, pode construir seu próprio casamento e formar uma família que vai repetir todo o processo.

Por isto, é importante atentar para o fato de que quando falhamos como pais, nossos filhos podem falhar como pessoas. Charles R. Swindoll afirma que há alguns anos leu um artigo no Los Angeles Times que trazia o conteúdo de uma carta escrita por uma mãe de 70 anos, que criou cinco filhos. Ela respondeu a pergunta: “Valeu à pena?”. Sua resposta diz que não porque apesar de todo o trabalho, esforço e investimento; um filho ficou perturbado a ponto de ficar várias vezes internado em hospitais psiquiátricos. Outro virou gay. Dois deles desapareceram e nunca mais deram notícias. E o outro acabou louco. Então, ela conclui: “Nenhum de nossos filhos nos deu prazer… fracassamos como pais e eles, como pessoas.”- Filhos: da sobrevivência ao sucesso, p. 9.

Realmente trata-se de um exemplo muito triste, mas evidencia a importância vital de fazermos o melhor por nossa família. Portanto, lembre-se de que o futuro de seu filho depende em grande parte da espiritualidade, caráter, nível de relacionamento conjugal e do tempo que os pais investem neles.

TEMPO

Um determinado estudo revelou em que lugares a criança passa maior parte de seu tempo:

 40% em casa.
• 33% dormindo.
• 26% na escola.
• 1% na igreja.

Geralmente, 73% do seu tempo a criança passa em casa. Então, nos vêm a mente algumas perguntas: O que estamos ensinando para nossos filhos em casa? O que estão ensinando para eles na escola? O que eles estão aprendendo na igreja? E com seus amigos?

ENSINO RELIGIOSO

“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele” – Provérbios 22:6.

A palavra aqui usada é o verbo hebraico HANAKH que significa “ensinar”, “instruir”, “educar”, “dedicar”, “consagrar”. Este verbo é usado apenas quatro vezes no Antigo Testamento, destas quatro vezes, apenas uma é usada no sentido de se dedicar a uma criança.

O texto sugere, nas entrelinhas, que quatro pessoas participam desta educação: Deus, os pais e a própria criança. Deve ocorrer uma combinação entre o esforço humano com o auxílio divino. Não obstante, a decisão final é da criança.

Em contrapartida a palavra criança foi traduzida do hebraico NA’AR. Esta palavra é aplicada em todo o Antigo Testamento desde uma criança recém-nascida até um jovem que ainda não casou e esteja sob a responsabilidade de seus pais. Portanto, a educação do seu filho envolve a infância (tempo em que você ordena com amor) e a adolescência (tempo em que você conversar como amigo).

A palavra-chave em Provérbios 22:6 é DEREK, que significa “caminho”. Como ensinar o caminho em que nossos filhos devem andar? É importante entender que a palavra caminho envolve princípios e conseqüentemente a formação do caráter.

Toda a família precisa entender que:

• Os pais não são perfeitos.
• Seus esforços, investimentos e conselhos são limitados.
• Chega um ponto em que nossos filhos devem escolher o caminho deles de acordo com as instruções, a natureza humana que possuem e o ambiente em que vivem. O próprio livro de Provérbios parece sugerir isto (30:18, 19).
• Seu filho não é você.
• Seus filhos apesar de ter os mesmos pais, o mesmo ambiente, a mesma educação são diferentes. Exemplos bíblicos: Caim e Abel; os gêmeos: Esaú e Jacó; os irmãos: mais velho e caçula: Eliabe e Davi.

Por isto, Charles Swindoll afirma: “As crianças são tão únicas quanto flocos de neve.” – Filhos: da sobrevivência ao sucesso, p. 24.

Diante de tudo isto o que os pais podem fazer?

ENSINAR O CAMINHO COM AMOR E SABEDORIA

Certa vez um camponês encontrou uma cobra que estava morrendo, como ele era um amante da ecologia e tinha uma admiração especial por serpentes. Decidiu correr o risco de ser picado e assim pegou o réptil com suas próprias mãos e o levou para casa. Em sua residência cuidou dela e fez tudo o que podia para salvá-la. Inclusive, a fim de acompanhar de madrugada o estado do animal decidiu colocá-lo em seu próprio quarto. Pela manhã encontraram o camponês morto.

Este homem usou o amor, mas não usou a sabedoria. O fato de tentar salvar o animal não foi errado. Errado foi a maneira como ele tentou fazer isto. O amor sem a sabedoria pode induzi-lo a fazer a coisa certa de maneira errada.

ENSINAR O CAMINHO POR PALAVRAS E EXEMPLO

Conta-se que aquela mãe levou para um sábio seu querido filho porque ele estava consumindo muito açúcar. Ela já havia falado muitas vezes e até brigado, mas a criança não parava de comer açúcar. Inclusive a própria mãe. O sábio então pediu que a mãe o trouxesse um mês depois. Passado este tempo a mãe trouxe a criança. Então, o sábio lhe disse: “Não coma açúcar.” E assim, apresentou razões, inclusive científicas, sobre os efeitos do açúcar na mente e no corpo. A mãe, surpreendida disse: “Por que o senhor passou um mês para dizer isso a meu filho?” Ele respondeu: “Porque há um mês eu comia açúcar. Eu não poderia ensinar a seu filho sem ser um exemplo para ele. Além do mais eu não havia estudado sobre o assunto com profundidade. A propósito, vocês aceitam um delicioso suco de laranja sem açúcar?”.

O que é mais importante na educação de uma criança? O amor ou a sabedoria? As palavras ou o exemplo? Pergunte a um pássaro qual das suas duas asas é a mais importante ou a um ciclista qual das duas rodas de sua bike é a mais importante; e você obterá a resposta.

VALORIZAR SUA FAMÍLIA COM ELOGIOS E GRATIDÃO.

Algumas vezes, só conseguimos enxergar a maravilha de família que temos quando a perdemos ou quando outras pessoas a elogiam. Não subestime sua família. Aprender a valorizar o cônjuge e os filhos que temos e as coisas que conquistamos na vida é uma questão de sabedoria. Não viva em função do que sua família não é a ponto de não contemplar as qualidades que seu cônjuge e filhos possuem porque saber que somos valorizados pode fazer toda a diferença entre ser feliz ou infeliz no lar.

Um grande amigo do poeta Olavo Bilac queria muito vender uma propriedade, de fato, um sítio, que lhe dava muito trabalho e despesa. Reclamava que era um homem sem sorte, pois suas propriedades davam-lhe muita dor de cabeça e não valia a pena conservá-las. Pediu então ao amigo poeta para redigir o anúncio de venda de seu sítio, pois acreditava que, se ele descrevesse sua propriedade com palavras bonitas, seria muito fácil vendê-la.

E assim Olavo Bilac, que conhecia muito bem o sítio do amigo, redigiu o seguinte texto: “Vende-se encantadora propriedade de onde cantam os pássaros, ao amanhecer, no extenso arvoredo. É cortada por cristalinas e refrescantes águas de um ribeiro. A casa, banhada pelo sol nascente, oferece a sombra tranqüila das tardes, na varanda.”

Meses depois, o poeta encontrou seu amigo e perguntou-lhe se havia vendido o sítio.

“Nem pensei mais nisso”, respondeu ele. “Quando li o anúncio que você escreveu, percebi a maravilha que eu possuía.”

Há dois segredos para valorizar sua família: o elogio e a gratidão. Faça isto em suas orações e comentários com a própria família e amigos. Esta atitude irradiará sua vida e a daqueles que estão ao seu redor gerando amor, alegria, auto-estima e satisfação. Pois, quando percebemos que nosso cônjuge e filhos se orgulham da família que têm nos sentimos as pessoas mais felizes do mundo.

Portanto, abra os olhos e também os lábios para reconhecer até mesmo o verdadeiro valor das pequenas coisas como o encanto de um sorriso, o sabor de um beijo e o calor de um abraço. Valorize sua família orando mais por ela, dedicando mais tempo para ela e conversando mais com ela.

Vida a Dois


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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