Fórmula para Restaurar a Paz do Coração

Embora tenha Deus criado o homem para que vivesse num clima de paz, de harmonia e contagiante alegria, os seres humanos se debatem em meio à intranquilidade, confusão e luta, tanto na escala individual como na coletiva. Não há paz no mundo. Tampouco há paz no coração humano. A alma parece um despenhadeiro de paixões, um manancial de rancores e iras, uma verdadeira garganta em que o diabo converte a paz que Deus nos quer dar em catarata tumultuosa.

A causa básica e comum de todas as angústias humanas é o pecado. O pecado chega a ser o ocasionador de todas as nossas desditas, porque nos separa de Deus, única fonte de paz e bem-estar. E não há outra coisa, em todo o universo ou em nossa experiência, que possa segregar-nos de nosso Pai Celestial.

Portanto a única esperança que temos de reconquistar o gôzo da vida, é nosso retorno a Deus.

Mas eis que essa tarefa se torna impossível de ser realizada por nossos próprios recursos humanos, pois que o pecado abriu um abismo pavoroso entre nossa vida e o Céu. “Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os Meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os Meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos” (Isaías 55:9).

Pela violação voluntária da lei divina – que não é outra coisa que não o pecado – a natureza humana se tornou degradada e perdeu a inata capacidade que tinha originalmente de sobrepor-se ao mal e vencê-lo. Ademais, não há meio de o homem limpar seu passado cheio de transgressões, males e defeitos.

Esta impotência do homem, originada por sua própria escolha errônea, moveu a compaixão e misericórdia divinas, de tal maneira que o Rei da raça humana, dando expressão ao infinito amor que O caracteriza, resolveu enviar Seu Filho Jesus Cristo, a este mundo de dor e miséria, para construir, com Seu sacrifício generoso, uma ponte sobre o abismo do pecado, dando-nos livre acesso ao pai.

Isto é o que com palavras claras e diretas nos explica S.Paulo quando expressa: “Porque se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do Seu Filho…Por intermédio de quem acabamos agora de receber a reconciliação. Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo” (Rom 5:10-12).

Como se Produz a Reconciliação

De tamanha importância se reveste nossa reconciliação com Deus, propiciada pela morte de Jesus, e tão decisivas consequências tem na vida, que é para nós de grande interesse saber como se realiza esse processo que nos devolve a união com o Céu.

“Justificados, pois, mediante a fé” – diz São Paulo – “tenhamos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rom 5:1). Esta passagem inspirada apresenta quatro idéias fundamentais:

1) Somos justificados mediante Deus.
2) O somos pela fé.
3) Por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.
4) Desta sorte obtemos a paz.

Que é justificação? É simplesmente converter em justo o que é injusto. Para que necessita o homem ser justificado? Para resolver o problema do pecado, de sua separação de Deus, e para receber a paz.

Por que deve ser justificado o ser humano? Porque sua condição natural, é de injustiça, violação da lei divina, alienação de Deus. “Não há justo, nem sequer um…pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rom 3:10 e 23).

A justificação do homem, ao mesmo tempo que apresenta uma transformação na condição espiritual, determina reconciliação com Deus, com todas as suas benéficas consequências.

Embora por muito tempo alguns vivam na indiferença, aparentemente inconscientes de sua verdadeira situação, chega o momento em que o Espírito de Deus produz um impacto poderoso na consciência. Dão-se conta então de sua pecaminosidade, e exclamam com Jó: “Como, pois, seria justo o homem perante Deus, e como seria puro aquele que nasce de mulher?” (Jó 25:4). Ou, como os que escutavam a São Pedro no dia de Pentecostes: “Compungiu-se-lhes o coração e perguntaram: … que faremos irmãos” (Atos 2:37).

A única forma de conseguir a justificação é por meio da fé em Cristo Jesus, quer dizer, Sua aceitação como nosso salvador pessoal.

Jesus é o único ser que pode nos justificar, por duas razões. Em primeiro lugar porque viveu vida perfeita. Diz dEle o apóstolo: “Tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hebreus 4:15). A justiça absoluta de Sua vida, a perfeição de Sua conduta, a impecabilidade de Seu caráter, nos são atribuídas ou imputadas com base na nossa fé nEle. É um cheque espiritual passado em nosso nome, de um valor infinito, pelo amor divino, firmado pelo único que tem fundos para fazê-lo.

Em segundo lugar Cristo é o único que nos pode justificar, porque pagou com Sua morte vicária a culpa de nossa transgressão, saldando nossa dívida passada. São Pedro expressa a respeito: “Carregando Ele mesmo em Seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos aos pecados, vivamos para a justiça; por Suas chagas fostes sarados” (1 Pedro 2:24). E acrescenta: “Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento, que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo” (1 Pedro 1:18-19).

E São Paulo nos informa: “Aquele que não conheceu pecado, [Filho] Ele [Deus] o fez pecado por nós; para que nEle fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Cor 5:21).

Ocorria no antanho que entre as fileiras de escravos algemados que em fila indiana marchavam desde o coração da África até a costa, sob o chicote inclemente de quem os havia caçado como animais e submetido a toda sorte de penúrias e privações, alguns dos chefes das aldeias por onde passava a triste caravana descobria algum amigo. E então oferecia por seu resgate uma avultada soma de ouro ou prata, e assim o libertava de uma sorte ignominiosa e terrível, e talvez mesmo da morte.

Uma Transação Maravilhosa

O Filho de Deus, nosso melhor amigo, condoendo-se de nossa penosa condição, pagou pelo nosso resgate de uma vida de miséria e de morte eterna, não com “coisas corruptíveis como prata ou ouro”, mas com Seu precioso sangue, Sua própria vida.

E o homem aceitando pela fé a vida perfeita de Cristo e Seu sacrifício na cruz, obtém como dom sublime da graça divina a redenção, isto é, uma vida útil e feliz neste mundo, justificada, plena de harmonia com Deus, e em adição, a segura promessa da vida eterna no reino vindouro.

A esta transação maravilhosa alude São Paulo quando diz: “Justificados, pois, mediante a fé, tenhamos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rom 5:1). E ampliando os termos desta abarcante declaração afirma: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8-9). “Sendo justificados gratuitamente, por Sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Romanos 3:24).

Advirta-se um fato chave: a justificação, a salvação, a vida eterna, não se obtém como recompensa pelas boas obras, mas se recebe pela graça, quer dizer, como dom ou presente gratuito de Deus, com base na vida perfeita e no sacrifício vicário de Cristo, e mercê da fé e nossa aceitação dEle como Salvador.

Desgraçadamente, contudo, grande parte da humanidade tem errado o caminho a Deus e o método para conseguir a justificação: deixando de lado esta maravilhosa e singela verdade da justificação pela fé, buscando sendas que levam ao fracasso: a justificação pelas próprias obras.

Desde o dia em que Adão pecou, os homens vêm intentando ganhar o favor de Deus por meio de suas obras: penitências, peregrinações, castigos corporais, jejuns, donativos feitos com esse propósito deliberado, rezas, etc. Todas as religiões não cristãs baseiam-se na premissa fundamental de que o favor divino tem de ser ganho mediante as boas obras. E lamentavelmente, o cristianismo popular caiu nesta lastimosa deformação, olvidando a sublime verdade básica da Bíblia de que “pela graça sois salvos, mediante a fé”.

Paulo dizia: Quero “ser achado nEle [em Cristo] não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé” (Filipenses 3:9). Porque, segundo declara o profeta Isaías, “todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo de imundícia” (Isaías 64:6). “Visto que ninguém será justificado diante dEle [Deus] por obras da lei” (Rom 3:28).

O Céu, a salvação, a vida eterna, não podem ser comprados por nenhum preço. Constituem um dom gratuito do amor de Deus outorgado com base na nossa fé no Senhor Jesus e na aceitação de Sua perfeita justiça.Sem dúvida, o evangelho nos livra da escravidão do pecado, fortalece-nos a debilidade, dota-nos do poder divino e nos permite vencer o mal, de maneira que em nossa vida, se observem as boas obras que são resultado natural e insubstituível da verdadeira fé.

Com palavras objetivas e eloquentes, dentro de sua singeleza, um autor inspirado expôs o problema no seguinte parágrafo: “As boas obras jamais poderão comprar a salvação; são, porém, um indício da fé que opera por amor e purifica a alma. E se bem que a recompensa eterna não seja concedida em virtude de nossos méritos, será todavia em proporção à obra realizada por meio da graça de Cristo” (Ellen g.White, O Desejado de Todas as Nações, págs 230 e 231).

Recurso Poderoso ao Alcance de Todos

A fé é, pois, um recurso poderoso que está sempre ao alcance de todos.

Não se trata de mera crença ou posição intelectual, mas de uma atitude da alma, que informa toda a vida, e nos induz a uma entrega completa a Deus.

É uma confiança plena, cândida, infantil, na palavra do Senhor, que torna possível o cumprimento de todas as Suas promessas em nosso favor, como a confiança que em geral o filho deposita na palavra do pai, num lar bem constituído.

A fé é assim como as asas com que a alma alça vôo à região de luz e paz onde Deus mora, atravessando as densas trevas que nos rodeiam.

A fé é um princípio ativo que se manifesta na vida, numa transação de caráter espiritual: nossa total entrega a Deus e nossa voluntária disposição de observar Seus preceitos e mandamentos.

A fé é o fundamento da experiência cristã vitoriosa, e a própria base da justificação, que nos abre, por meio de Cristo um amplo caminho de acesso a nosso Pai celestial.

É um vínculo poderoso que nos une ao Céu com laços que nada, nem ninguém, pode romper.

A fé nasce de nosso contato com a Palavra de Deus, com base na leitura e meditação das Sagradas Escrituras.

Aumenta com o exercício, e propicia o clima que torna possível o cumprimento das promessas divinas.

Fórmula Resumida

Em síntese, “justificados, pois, mediante a fé, tenhamos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”.

“Tenhamos paz”. Está resolvido o maior problema do homem. Acabaram-se os conflitos que nos angustiavam, os temores, as dúvidas, a angústia. Reina em nós a calma e felicidade.

Porém obtemos a paz “por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”, a grande ponte estendida sobre o abismo que nos separa de Deus; o grande e único remédio para a enfermidade do pecado. É nosso Salvador pessoal, nosso substituto, nosso grande benfeitor, justiça nossa. Como Jesus acalmou as turbulentas águas do Mar de Tiberíades numa noite tempestuosa, sossegando os aterrorizados discípulos, dará paz ao coração atribulado, ao justificá-lo e reconciliá-lo com Deus.

E a paz que obtemos mediante Cristo, conseguimo-la pela fé, elemento maravilhoso do qual podemos valer-nos a todo instante. Por meio da fé realizamos a transcendental transação de aceitar a Jesus: aceitar Seu sacrifício, Sua justiça, e entregar-Lhe nossa vida para viver por Ele e obedecer-Lhe.

Assim haveremos cumprido com os têrmos desta singelíssima fórmula que nos trará “paz como um rio” em meio da turbulência social do mundo em que vivemos.

Extraído do livro “Paz na Angústia” de fernando Chaij, CPB -1967.

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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